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ORDEM DOS DOMINICANOS

O século XIII, dentro da História da Igreja, é marcado por grandes acontecimentos,


além de inúmeros grupos heréticos (cátaros e valdenses), surgem também as ordens
mendicantes, como franciscanos e dominicanos. Contrapondo-se ao clero rico,
descomprometido da época, eles retomam a imitação de Cristo, e realizam, de fato, um novo
impulso vital na Igreja. “O imenso êxito que os Mendicantes alcançaram prova que eles
corresponderam às expectativas do tempo. As vocações afluíram torrencialmente.”1
Os franciscanos formam a primeira grande ordem mendicante. Francisco de Assis
(+1226) é o representante mais célebre do ideal da imitação de Jesus na vivência da pobreza.
“Em 1300, os franciscanos constituíam 1400 comunidades e 35 mil membros.”2
Contrapondo a tendência franciscana, mendicante, mas sem instrução, Domingo de
Gusmão funda uma nova ordem, constituída de pregadores, homens preparados para
converter os hereges. Para os dominicanos o estudo é fator fundamental. “Em 1300, existiam
600 comunidades e mais de 12 mil membros.”3 Grandes nomes viriam pertencer a essa ordem,
como Alberto Magno, Tomás de Aquino, Catarina de Siena.4 Outros dados ainda nos revelam
com maior clareza as dimensões que a Ordem tomou: “teve 7000 membros em 1256, 10000
em 1303, repartidos por 600 conventos, e 20000 em 1337”.5
Contrapondo o “Poverello de Assis” ao “Pregador” podemos observam com certa
clareza as diferenças entre os dois. O primeiro com sua simplicidade e pobreza busca chegar
ao coração dos pobres, enquanto que o outro, por meio, de elevadas elucubrações esforçava-se
por apresentar a verdade aos hereges.

São Domingos e São Francisco colocaram-se na escuta atenta do apelo de Deus e


das exigências do século, respondendo à vocação específica com um fervor
extraordinário, estimulante entre os seus discípulos personalidades notáveis que
deram origem a uma espiritualidade diferente, ainda que semelhantes nas origens. 6

1
ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 1993. p. 182.
2
BESEN, José Artulino Besen. Francisco, Clara e Domingos. Disponível em:
<www.pime.or.br/missaojovem/mjhistdaigreja.htm>. Acessado em: 05 mar 09.
3
Idem.
4
ROIO, José Luiz Del. Igreja Medieval. São Paulo: Ática, 1997, p. 93.
5
ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas, p. 182.
6
SECONDIN, Bruno; GOFFI, Tullo. Curso de espiritualidade. São Paulo: Paulinas, 1994. p. 137.
4

1 BIOGRAFIA

Filho de Joana de Aza e Félix de Gusmão, Domingos nasceu na zona de fronteira do


Reino de Castela. Em Caleruega (Espanha) por volta de 1170. Seus pais pertenciam à pequena
nobreza guerreira, encarregados de conquistar as praças militares da fronteira com o sul
dominado ainda pelos muçulmanos.
Domingos, que teve desde cedo inclinação para a vida religiosa, vai em 1189 estudar
para Palência, tornando-se, após a conclusão dos estudos membro em 1196, do cabido da sua
Diocese natal, Osma.
Em 1203, o bispo de Osma, Diego de Azevedo, escolhe-o para ser companheiro de
viagem até a Dinamarca, onde o rei de Castela lhe havia confiado a missão de trazer uma
princesa para o filho. Durante a viagem, Domingos ficou impressionado com o
desconhecimento da doutrina cristã dos povos da Europa do norte e o terrível avanço das
doutrinas heréticas, tornando-se-lhe evidente que era necessário evangelizar aqueles povos.
Em 1205, Domingos e Diogo, realizaram nova missão ao norte da Europa. No sul da
França, encontraram legados do Papa que pregavam contra as heresias dos Albigenses e
Cátaros. Estes dois grupos, defendiam uma vida apostólica, baseada na vida de Cristo e dos
primeiros apóstolos. Um modo de vida simples que em tudo contrastava com o cerimonial, as
hierarquias e poder financeiro e político de grande parte das estruturas da Igreja do seu tempo.
Tiveram grande adesão popular em virtude do seu carisma e honestidade de vida. No entanto,
tornaram-se heréticos, ao defenderem ideias contrárias aos fundamentos da Igreja, razão pela
qual o Papa resolveu intervir, enviando legados seus para catequizar, pregar, converter e
denunciar os erros dos heréticos.
Diogo e Domingos, perante a evidência das dificuldades sentidas na missão dos
legados papais optam por uma simplicidade semelhante ao estilo apostólico e mendicante,
pois que os legados, até aí, deslocavam-se com grande pompa, criados, e riquezas.
Posteriormente, os legados deixam-se convencer, despachando para casa tudo o que fosse
supérfluo, na condição que Diogo e Domingos os acompanhassem e os dirigissem na missão.
5

O Papa Inocêncio III, descobrindo virtualidades nesta novo forma de pregação,


aprova-a, em 22 de dezembro de 12167, mandando Diogo e Domingo para a “santa
pregação”. Diogo, sendo bispo, por razão das suas responsabilidades e não podendo ficar
muito mais tempo naquela região regressou à sua diocese, falecendo pouco tempo depois.
Domingos continuou na região, muitas vezes sozinho, mas não sem a ajuda de alguns
companheiros.

1.1 A FUNDAÇÃO DA ORDEM

Pouco antes ainda da morte de Diogo, Domingos se sentiu inspirado por Nossa
Senhora, em Prouille, a fundar um convento onde recebesse mulheres e moças que
renunciassem às heresias. Em 1208 teremos a cruzada dos albiegenses provocada pelo
assassinado de um legado. Após a cruzada a qual, segundo Rops8, Domingos não participou, o
mesmo se estabelece na cidade de Toulouse, e ali, em 1215, reuneu os primeiros
companheiros para a fundação da comunidade. Fora motivado pelo bispo cisterciense de
Toulouse, Foulques, Domingos torna-se chefe de uma comunidade de missionários
diocesanos, sob a autoridade do bispo, a qual nominou de Ordem dos “Irmãos Pregadores”.9
Entretanto, o Concílio ecumênico de Latrão (1215), viria a proibir a constituição de
novas ordens e exigia que se adotasse uma regra que já existisse. Daí que resolvem adotar a
de Santo Agostinho. “Seriam, portanto, cônegos pela Regra, monges pelo espírito e
missionários pelo modo de vida. Estavam encontrados os dados fundamentais da futura
Ordem.”10
Tal determinação durou somente até a morte do então papa Inocêncio III, que foi
sucedido por Honório III que, ciente da problemática herética, confirmou formalmente a
Ordem.

Domingos foi pessoalmente responsável pela adoção de uma vida austera: pobreza
individual e comunitária, abstinência de carne, jejuns, silêncio, ofícios à meia-noite
e disciplinas frequentes. Os dominicanos, como os franciscanos, deveriam viver de
esmolas. Dada a importância do estudo para sua missão, os serviços litúrgicos e
outras atividades se reduziam ao essencial.11

7
Verbete: Domingo de Guzmán. ANCILLI, Ermanno. Diccionario de espiritualidad. Tomo I, Barcelona:
Herder, 1987. P. 639.
8
Cf. ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas, p. 176.
9
Cf. Idem, p. 177.
10
Idem, p. 177.
11
DOMINICANOS. In: NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA: Versão 1.11. Rio de Janeiro: Encyclopaedia
Britannica do Brasil Publicações Ltda, 1999. CD-ROM.
6

Em 1220 os elementos constitutivos da nova Ordem já estavam determinados,


entretanto, somente em 1228 é que mesma estará decodificada.

Paralelamente à fundação da Ordem masculina, nasceram outras instituições. A


Ordem feminina, que havia precedido a dos Pregadores em Nossa Senhora de
Prouille, desenvolveu-se numa Ordem contemplativa e em breve assumiu uma
grande importância, quando as religiosas de Santa Maria do Trastevere, em Roma,
resolveram colocar-se sob a obediência dominicana. Mais tarde, a Ordem
contemplativa completar-se-á com “Ordens terceiras regrantes”, dedicadas ao ensino
e cuidado aos doentes.12

Igualmente ocorreu com o “Poverello”, aos poucos surgiu também uma Ordem
Terceira, diferente da franciscana na origem, mas que aos poucos foi trilhando os mesmos
passos.
Aos poucos, a pequena Ordem, que começara com não mais que dezesseis irmãos,
adquiriu proporções continentais, instalando-se nas principais cidades da época (Roma, Paris,
Bolonha). 13
Anos depois Domingos retorna a Espanha, onde estabeleceu uma fundação, depois,
dirigiu-se a Madrid, caminhando e pregando intrepidamente, mesmo já estando doente. Então
retorno a Bolonha, bastante exausto, pôs-se a caminho pela última vez e foi a Veneza, onde
delegou a autoridade da Ordem ao cardeal Hugolino.
Retorna com uma grande enxaqueca e disenteria, antes de morrer chamou para si os
doze irmãos mais velho de congregação, deu-lhes as últimas recomendações e confessou-se
publicamente. Morre em 6 de agosto de 1221. Logo adquiriu fama de santo, e foi canonizado
por Gregório IX em 1234.
Encarregados de executar a Inquisição, ficaram conhecidos por seu rigor e ortodoxia.
A ordem atingiu o apogeu em meados do século XVIII, quando chegou a congregar cerca de
trinta mil membros. Extinta pela revolução francesa, voltou a ser aceita em seu país de origem
em 1839.14

1.2 A ORDEM NO BRASIL15

12
ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas, p. 180.
13
Cf. Idem, p. 180.
14
Cf. DOMINICANOS. In: NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA.
15
Cf. DOMINICANOS. In: NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA.
7

A Ordem chegou ao Brasil em 1878, por meio de dois frades de Toulouse que
estabeleceram-se no Rio de Janeiro, entretanto a febre amarela impediu-os de dar seguimento
ao trabalho. O primeiro mosteiro foi fundado somente em 1882, em Uberaba MG. No
princípio, fixaram-se no interior e sua atividade tinha caráter missionário. Somente mais
tarde, fundaram-se mosteiros nos principais centros urbanos, como Rio de Janeiro (1927), São
Paulo (1938) e Belo Horizonte (1946). O primeiro mosteiro brasileiro de freiras dominicanas
estabeleceu-se em 1930, em São Paulo.
8

2 ESPIRITUALIDADE

Domingos tem por mérito ter sido o primeiro a realizar a síntese religiosa do dualismo
ação-oração.16 Sendo que, dentre os principais impulsos dados pelo santo estão o
estabelecimento de pregadores oficiais para a Igreja com profundo conhecimento da doutrina.
Com ele é restabelecida o direito aos padres de pregarem, pois neste período tal empreitada
estava reservada somente aos bispos. Com a obrigatoriedade do estudo aos seus clérigos fez
elevar-se o nível intelectual dos sacerdotes.
A espiritualidade de sua ordem era inspirada no modelo dos apóstolos no cenáculo,
Domingos levou as extremas consequências esta premissa espiritual. Esta vida espiritual
baseada na vivência dos apóstolos correspondia à vida comunitária (At 4,32), à oração em
comum (At 2,46), e ao mandamento de Jesus que pregassem (Mt 28,18-20). A imitação dos
apóstolos se articulava entre a meditação e a ação. Eram ainda missionários por excelência
motivados pela omissão do clero secular e o avanço dos hereges.
A novidade reside no fato de conciliar a vida monástica contemplativa e a pregação.
Ao que Tomás de Aquino dizia ser a pregação uma atividade “é uma continuação, não uma
distração, da contemplação, uma vez que falar de Deus é ainda um falar de Deus.”17 Por isso,
o dominicanos outorgavam a si mesmos o título de uma ordem contemplativa que transmitia
aos outros os frutos da própria contemplação. Os dominicanos expressam, com peculiaridades
próprias, uma teologia da mente e do coração, animados pelo amor e o Espírito Santo.
Como a Lei suprema da nova ordem era a pregação, os religiosos eram dispensados
das observâncias regulares e a recitação solene do ofício divino toda vez que o estudo ou a
pregação exigisse.18 É interessante destacar ainda que as Constituições de São Domingos
deixam claro que a recitação das Horas devem ser ditas “breve e sucinta” para não prejudicar
os estudos.19
Entretanto, para não se reduzirem ao intelectualismo, Domingos orienta que o
pregador deve nutrir o coração. Deve ser antes um homem de reza do que um homem da fala.

16
Cf. Verbete: Domingo de Guzmán. ANCILLI, Ermanno. Diccionario de espiritualidad, p. 640.
17
SECONDIN, Bruno; GOFFI, Tullo. Curso de espiritualidade, p. 132.
18
Idem, p. 129.
19
Idem, p. 130
9

Domingos ainda acreditava que algo mais poderia alimentar a espiritualidade de sua ordem, a
pobreza.
Inicialmente motivado pelo exemplo que vira quando lutava contra os cátaros, e
principalmente a partir do exemplo de Francisco de Assis, ao qual teria conhecido
pessoalmente. Para ele o fato de não possuírem qualquer bem os tornavam mais livres para o
serviço de Deus.20 “Estavam determinadas as características da nova Ordem: pregadores e
21
homens de estudo, homens da palavra e da pobreza.” Os dominicanos popularizaram a
devoção do rosário, por eles usado como parte da indumentária regular.22

20
Cf. ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas, p. 177-179.
21
Idem, p. 178.
22
Cf. DOMINICANOS. In: NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA.
10

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cada período da História da Igreja é dotado de infinitas manifestações do Espírito,


quando se acredita que a Igreja já não sobreviverá mais ai então Deus suscita algo de novo.
As ordens mendicantes são mais uma prova de que Deus age no momento certo em vista da
salvação dos homens, entretanto, é necessário, da parte humana a abertura a esse Espírito, que
procura suscitar sempre o novo na Igreja.
Vivemos na atualidade mais uma grande crise, de sentido, de fé, de valores, de
rumo... Um daqueles momentos em que o mundo clama por algo novo, urge de libertação, de
transformação, e é justamente nessas ocasiões que surgem novos fenômenos. Também a
Igreja Católica deve abrir-se a inusitado, aos devaneios do espírito humano, sempre
alimentados pelo discernimento da sua milenar sabedoria, da sua tradição, magistério e pela
Sagrada Escritura.
Pois, como se pode percebeu com esse trabalho, o mesmo espírito de pobreza que
impulsionava aos heréticos, faz surgir, na própria Igreja, grupos que repudiavam a acúmulo e
esbanjamento de riquezas por parte dessa mesma Igreja. Uma vez que, nem tudo que surge ad
extra da Igreja Católica deva simplesmente por isso ser rechaçado. Tudo isso sem prescindir,
como exemplificou Domingos e seus seguidores, do estudo e da oração, que darão aos passos
da Igreja firmeza e juízo.
11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANCILLI, Ermanno. Diccionario de espiritualidad. Tomo I, Barcelona: Herder,


1987.
BESEN, José Artulino Besen. Francisco, Clara e Domingos: o retorno ao Cristo
pobre. Disponível em: <http: www.pime.or.br/missaojovem/mjhistdaigreja.htm> Acessado
em: 05 mar 09.
DOMINGOS DE GUSMÃO Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/domingos_de_gusmao> Acessado em: 05 mar 09.
NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA: Versão 1.11. Rio de Janeiro: Encyclopaedia
Britannica do Brasil Publicações Ltda, 1999. CD-ROM.
ORLANDIS, José. História da Igreja: I. A Igreja antiga e medieval. 8 ed. Madrid:
Palabra, 1998.
ROIO, José Luiz Del. Igreja Medieval: A cristandade latina. São Paulo: Ática, 1997.
ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 1993.
SECONDIN, Bruno; GOFFI, Tullo. Curso de espiritualidade: Experiência,
sistemática, projeção. São Paulo: Paulinas, 1994.

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