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Português – Interpretação e produção de textos

Professora: Maria do Socorro Rodrigues Uliani

Aluno: _Gustavo Aguiar saporetti Data: _31/05/2011_

Texto 1 - BIBIANA

O verão se foi, entrou o outono e Bibiana – que esperava o primeiro filho para meados da primavera –
começava a ficar deformada pela gravidez. Seu ventre estava crescido, as feições um pouco intumescidas e o
busto mais cheio. Rodrigo contemplava-a numa confusão de sentimentos. A idéia de que ia ter um filho deixava-o
alvoroçado, orgulhoso, e ele contava os dias nos dedos, desejando que o tempo passasse e outubro chegasse
mais depressa. Havia, porém, em sua alegria um elemento de impaciência. Porque Bibiana como que se
desmanchava aos poucos ante seus olhos sempre gulosos. A rigidez de suas carnes dera lugar a uma flacidez
descorada e ela de repente como que se fizera mais adulta, mais mulher. E ele, que já não se podia entregar aos
mesmos excessos amorosos – pois além de ser obrigado a cuidados especiais com a esposa já começava a achá-
la menos atraente – ficava irritado com a situação e agora já pensava em outras mulheres.
Bibiana percebeu isso, mas não disse nada. Vivia em constantes acessos de nervos, chorava às
escondidas de medo de pensar no parto. Quando comunicava esses temores à mãe, D. Arminda, para a consolar,
dizia:
– Não há de ser nada minha filha. A tesoura de tua avó está aí mesmo.
Mas isso, longe de confortar Bibiana, dava-lhe um terror frio, pois achava horrível a idéia de cortarem o
cordão umbilicar da criança com aquela tesoura negra e enferrujada.
(Érico Veríssimo. Um certo Capitão Rodrigo. São Paulo, Globo, 1987)

Reflexões sobre o texto:


Neste texto, o autor faz a descrição de Bibiana, grávida de seu primeiro filho. Além do aspecto físico da
personagem, o autor descreve seu comportamento diante dessa espera. Não só o dela, mas também o de seu
marido, o capitão Rodrigo. Vejamos:

1. Como já estudamos, é impossível um texto ser inteiramente descritivo. Neste texto ocorre somente a descrição?
Por quê?
Não, porque o texto se desenvolve de forma narrativa, introduzindo personagens numa relação de tempo,
estado e mudanças progressivas, trazendo percepções de anterioridade e posteridade. Mesmo em
algumas partes descritivas, são apresentadas de forma subjetiva, onde o autor usa expressões denotando
sua visão pessoal.

2. De acordo com o texto, como se sentia Bibiana com a chegada do primeiro filho? Descreva-a.
Ela de repente se fizera mais adulta, mais mulher. Porém, percebeu que o marido não a via mais tão
atraente, mas, nada dizia. Vivia em constantes acessos de nervos, chorava às escondidas de medo de
pensar no parto, por vezes comunicava esses temores à mãe, que a deixava mais desconfortável, sentia
um terror frio com a horrível idéia de cortarem o cordão umbilical da criança com uma tesoura negra e
enferrujada.

3. Como você analisa o comportamento de Rodrigo em relação à Bibiana?


“Rodrigo passa a contemplar a esposa numa confusão de sentimentos. Havia um elemento de
impaciência. Ele estava obrigado a ter cuidados especiais com a esposa e não podia entregar-se aos
anseios amorosos, começando achá-la menos atraente, ficava irritado com a situação e agora já pensava
em outras mulheres.”
O comportamento de Rodrigo, foi reprovável, quando por uma circunstância adversa no seu
relacionamento amoroso, compromete seu interesse pela esposa, apresentando tendência à infidelidade,
aumentando assim, o desconforto dela, que percebe o desinteresse e irritação do marido.
Contudo, o trecho em questão, não relata envolvimento real com outras mulheres, e sendo ele um
homem na posição de Capitão, possivelmente era alguém de destaque e influência social, denotando
também virilidade. Nesta situação, precisaria ter convicções, valores e caráter bem desenvolvidos, para
não violar seus princípios matrimoniais.

4. Qual era o nível social dos personagens? Como se percebe isso?


Se compararmos com os tempos atuais, as informações trazidas no texto nos remete a ideia de uma
condição rudimentar, insinuando um parto doméstico com instrumento velho e inadequado, “aquela
tesoura negra e enferrujada”. Porém, como o trecho não nos indica a época, e na sua referência nos
informa que era a família de um Capitão, fica a impressão de serem de boa condição social em um tempo
mais remoto.
5. Por que a reação do casal diferia, já que ambos desejavam o filho?
A reação do pai era de euforia pela chegada do filho, mas, de frustração com a nova condição da esposa
que não lhe parecia mais atraente. Por sua vez, a esposa percebia a insatisfação do marido pela sua
condição e ficava nervosa, além do medo que sentia em pensar no parto.

Produção de texto

Conforme o texto lido, Bibiana e Rodrigo viviam sensações diferentes diante do nascimento de um filho.
Hoje, por várias razões, os pais utilizam outros recursos para realizar esse sonho.
Para que você possa expor a sua opinião sobre tais recursos, leia novamente o texto “Ilusões à venda”
(distribuído e lido na aula de 24/05) e o trecho, abaixo, de uma tese de mestrado, de Mauro Nicolau Junior, da
disciplina de Bioética e Biodireito (Universidade Estácio de Sá – R. Janeiro) que aborda esse mesmo assunto.

Texto 2 - Ilusões à Venda (texto distribuído e lido em sala, na aula de 24/05/2011)

Texto 3 –
“Durante muito tempo, assinalava François Jacob (prêmio Nobel de medicina em 1965 por pesquisas e
descobertas relativas às atividades regulatórias das células dividido com André Lwoff e Jacques Monod), tentou-se
ter prazer, sem filho. Com a fecundação in vitro, tiveram-se filhos, sem prazer e agora, consegue-se fazer filhos
sem prazer, nem espermatozóides! Será que teremos paz no mundo? Esse comentário ácido ilustra perfeitamente
como foi recebida pela opinião pública a grande questão familiarista do fim do século XX.
No início do século XXI, vivencia-se o dilema da incerteza, de complexidade, talvez, similar àquela
experimentada no período romano sucedido pelo cristão, quando se entendia que a vontade do homem era o
condutor e único propiciador da existência de filhos para, posteriormente, passar-se tal atribuição unicamente a
Deus. Convive-se, agora, com a possibilidade de ver a criação de pessoas e filhos, dependendo da vontade já não
mais de Deus ou dos pais, mas de terceiros, servindo-se de conhecimentos científicos que, por óbvio, não são
acessíveis à esmagadora maioria da população, carreando sérios e fundados temores quanto ao futuro e à própria
existência da raça humana como conhecemos hoje.” (Trecho extraído do trabalho de pesquisa de Mauro Nicolau
Junior.
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL, CLONAGEM DO SER HUMANO E SEXUALIDADE. OS EFEITOS PRODUZIDOS NA FAMÍLIA,
DO PRESENTE E DO FUTURO. O NECESSÁRIO OLHAR ÉTICO ANTE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS. http://www.justitia.com.br/artigos/14bxwz.pdf, 25/05/2011).

Produção de texto
O que você pensa sobre as propostas da ciência, com a criação de bebês em laboratórios? Lembre-se de colocar
um bom título. Seu texto deverá ter no máximo 25 linhas.

Como vêm ao mundo

Percebe-se o desenvolvimento das tecnologias em todas as direções, principalmente, na busca por


satisfazer as necessidades humanas, o que não ocorre apenas por solidariedade, mas também pelo interesse em
atender demandas. Portanto, não seria diferente o avanço da ciência em direção às necessidades de indivíduos
que desejam ter filhos e não podem, por alguma questão biológica.
Podem ser diversas as motivações das pessoas para demandarem a criação de bebês em laboratórios,
como: constituir famílias tidas como tradicionais; perpetuarem suas existências; ou simplesmente seguir os
instintos humanos que vão além de procriação, mas de criação, carregada de afeto, transmissão de valores e
experiências, enfim, formação de um novo ser que ajude a complementar e dar sentido à vida, que não consegue
ser vivida em solidão, mas com interação.
Será que a maioria dos que recorrem a estes artifícios e possibilidades, o fazem por egoísmo ou por
interesses escusos? Quem se lançaria numa jornada arriscada, penosa e onerosa para ter filho(s), com a ajuda da
ciência, sem entendimento do valor de tal fato? Não dá para generalizar e mensurar os interesses, mas, talvez, a
maioria busque tal caminho para alcançar um equilíbrio vital, que naturalmente não tiveram.
Muitos têm a condição de procriarem naturalmente, mas podem ser “casais”, homem e mulher, diga-se de
passagem, que se formaram num único momento, ou num namoro adolescente cheios de impulsos irresponsáveis,
ou indivíduos inconsequentes, “desprevenidos” de métodos anticoncepcionais, os quais tiveram a condição natural
de procriar, mas, que comprometem, em muitos casos, a boa condição da criação de um novo ser que vem ao
mundo cheio de novas necessidades, inclusive, de pais presentes e preparados.
Diante disso, o que importa não é o método para ter um filho, mas a convicção, a doação, a
responsabilidade que se tem que ter, para exercer a função de pai e de mãe. Porque, nesta condição, os
interesses próprios não podem prevalecer aos interesses de uma criança, no sentido de privá-la dos cuidados que
ela merece, independente da forma que foi concebida.

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