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Director:
 Pe José Luís Costa
Data:
Outubro 2010
 Ano:
 I 
 . Nº:
1
Periodicidade:
 Mensal
novas opções
NA ABERTURA DA SEMANA DE PASTORAL SOCIAL CATÓLICA
COMO SAIR DE UMA SOCIEDADE “INDECENTE”?
BRUTO DA COSTA, PRESIDENTE DA COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ
O Combate à Pobreza não atinge as origens do problema
INTERROGAÇÕES DE LINO MAIA, PRESIDENTE DA CNIS
Há centros sociais paroquiais a mais e caridade a menos?
CUIDADOS CONTINUADOS
Memória e projecto de intervenção
Os tempos que se vivem não podem deixar de mo-tivar um início de discussão sobre a revitalização e o fortalecimento das instituições de solidariedade social no contexto da renovação de uma cultura solidária que, traduzindo a exigência ética da responsabilidade pessoal na consecução do bem comum, se baseie na mobiliza-ção do voluntariado social, na proximidade e no envol-vimento comunitário.
por: Costa Fernandes
LIDERES REAIS
Mantenho a missão profética, mas abandono a colaboração com o Estado
Os Mandamentos de La-dislau Dowbor têm um de-nominador comum: todos  já foram experimentados e estão sendo aplicados em diversas regiões do mundo, setores ou instâncias de ati-vidade. São iniciativas que deram certo, e cuja gene-ralização, com as devidas adaptações e flexibilidade em função da diversidade planetária, é hoje viável.
por: Ladislau Dowbor 
Por um novo modelo social
 
líderes reais
SEBASTIÃO ESTEVES, PRESIDENTE CENTRO SOCIAL E PAROQUIAL DE VILA POUCA DE AGUIAR
MANTENHO A MISSÃO PROFÉTICA, MAS ABANDONO A COLABORAÇÃO COM O ESTADO
Nos idos anos 80 a população de Vila Pouca de Aguiar pedia à paróquia um ser-viço de apoio social, especialmente para as crianças. E assim surgiu uma resposta de proximidade que ao longo dos tempos se foi desenvolvendo, até que uma inspecção da Segurança Social lança uma acusação com efeitos devastadores.Hoje a instituição prepara-se para fe-char, depois de ter garantido no Tribunal o reconhecimento do seu direito à honra e ao bom nome.Mas não há instituições sem dirigentes, e esta não se compreende sem o contri-buto do fundador principal, o Padre Se-bastião Esteves, hoje em recuperação no seu estado de saúde, abalado com o ataque do “Estado” como ele diz, “não só a mim, mas também à Igreja”.Recupera a saúde, sobretudo com o ânimo que recebe dos transeuntes na vila, como comprovámos: “no domingo não vim à missa, mas a minha neta disse-me que já foi o senhor padre a presidir”......., “olá, senhor padre, gosto em vê-lo, mais rijo”- ouvimos de outra pessoa.De facto a inspecção promovida pela Segurança Social teve um impacto enor-me na comunidade. A presença de inspec-tores na instituição depressa passou para os jornais, e a suspeita de prática de crimes incomodou toda a gente que, na dúvida, - para quem as teve- esperou pela decisão do tribunal.Esta foi totalmente favorável à Institui-ção e seus dirigentes, mas disso notícia pública pouco se viu, e atenção à mesma ainda menos.  Assim, além de terem sofrido um ataque feroz na sua honra e dignidade, a institui-ção e seus dirigentes vêem-se agora com uma sentença favorável, mas com o sabor amargo de que o “mal praticado e seus efeitos, ninguém o anula, e isso carrega-se com a vida, pois, acredite: não sou mais o homem que fui” – confessa-se o padre Esteves.E quem o houve acredita, porque se vê, além de se descobrir uma tristeza quem não tendo remédio, não é suficiente para lhe retirar um certo brilho nos olhos que o faz dizer-nos o que é mais importante: “Sabe, acima de tudo sou padre, e um pa-dre é um profeta”.“A Igreja não pode esquecer isto, nem os leigos, nem os padres, nem os Bispos, que me parece andarem um pouquinho esquecidos disto, não acha?”.Relativamente aos bispos não me pro-nuncio – disse – mas olhe que o senhor tem razão....“E sabe o que fiz depois de receber a sentença?” – pergunta-me o padre Esteves  já com a força do sorriso de um menino que encontra o brinquedo preferido: “Fui a Vila Real, à Segurança Social, dizer-lhes que não trabalhava mais com eles”. “E eles, logo a seguir, mandam para cá outra inspecção”..... “Sabe, ainda não fechamos de vez, por-que respeitamos os pais, as suas necessida-des, mas já não aceitamos inscrições para o novo ano”.Então e para onde vão as crianças, de-pois disso? - perguntamos“Já não estamos em 80; hoje a Câmara Municipal já tem uma boa rede, não há razão para que não cresça, e então a Segu-rança Social que a incomode, se puder.” Lembrei que na Semana de Pastoral Social realizada em Fátima se discutiu a natureza dos Centros Sociais Paroquiais e que a preocupção pela autonomia institu-cional preocupava muito gente, preocupa-da que estava com a tendência crescente de o “braço”institucional do Estado estar a intrometer-se abusivamente na intimida-de das instituições.“Pois, é isso, acrescenta o padre Esteves, por darem uma ajuda nas despesas dos utentes acham-se donos disto! Não que-rem aceitar a nossa realidade que acabou por cresceer com as regras deles”.“E quando verificam a nossa acção, fa-zem-no num papel de polícia como se os dirigentes das IPSS fossem um bando de malfeitores.... Isto tem-se agravado, pois muitas pessoas que fazem as inspecções são muito incompetentes na matéria e até parecem paus-mandados de alguém. E como a política muda, as coisas vão acon-tecendo aqui e ali, está a perceber?”Percebi e lembrei-me de situar esta ins-pecção e recordo-me de uma outra realiza-da em Alcanena.Disse ao Padre Esteves: “Sabe, o que me conta é muito semelhante, ao que aconte-ceu em Alcanena a uma instituição presi-dida pelo meu amigo Dr Ramos....“Ouvi falar, ouvi falar.... teve a mesma sina que eu. Foi no tempo do tal Simões de Almeida, o inspector ou lá o que esse senhor era. Ele esteve aqui, não posso es-quecer-me da cara dele.Simões de Almeida? PergunteiSim! Sim! Ele em pessoa Mas ele agora colabora com a CNIS, foi até apresentado as instituições numa As-sembleia Geral; apresentou a sua empresa bem como os serviços que presta às IPSS... disse eu.Está a ver ?! Cá por mim está tudo deci-dido. Fecho para o ano que vem. Acusação era muito grave Após a inspecção, o Ministério Publicou deduziu acusação contra a Instituição, o seu Presidente e uma funcionária. A acu-sação não podia ser mais grave: Fraude na obtenção de subsídio; Crime de peculato; Crime de abuso de poder; Pedido de In-demnização formulado pelo Instituto de Segurança Social.De todas estas acusações, o Tribunal Ju-dicial da Comarca de Vila Real absolveu os arguidos e condenou o demandante nas custas do processo.
 
novas opções . Outubro 2010 . página.3
Falando na sessão de abertura da Sema-na de Pastoral Social, dedicada ao tema do desenvolvimento solidário, Carlos Aze-vedo teceu duros reparos à situação eco-nómica e social, dizendo que o modelo económico “tem de ser revisto”. E acres-centou: “Há uma cultura der individualis-mo possessivo e de satisfação exacerbada, a contrariar.”Perante cerca de 500 participantes na iniciativa, o bispo auxiliar de Lisboa admi-tiu que a iniciativa da CEAS não pretende “fazer autópsia dos processos económicos e políticos, mas olhar de modo novo, crí-tico e exigente para o mundo económico e social”. Carlos Azevedo considerou ainda que a Igreja não ganha nada com “medidas legis-lativas que favoreçam” os valores católicos, se não se recuperar “a dimensão religiosa” e a “crise da fé”. E afirmou: “Como se tem verificado, a secularização não baixa com políticos de centro-direita. Os princípios morais têm de estar inscritos no coração das pessoas.”Dizendo que os cristãos não devem abdicar da intervenção política, Carlos  Azevedo acrescentou que os católicos são chamados a “reinventar o espaço público como lugar de deliberação e de diálogo em comum”. O presidente da CEPS dirigiu-se tam-bém às instituições sociais católicas, afir-mando que estas não são “meras agências de serviços”. Antes “têm, uma função éti-ca, política e relacional”. Os cristãos e as suas instituições sociais terão que ser “os primeiros praticantes de um modelo nas-cido da lógica do dom e marcado pela ver-dade”. E acrescentou que os participantes na Semana de Pastoral Social não preten-dem “dar recados ao Governo”, antes “fa-zer da caridade uma dimensão” da missão cristã na sociedade. “As consequências sociais da crise vão continuar a afectar os mais pobres durante vários anos, de forma mais intensa”, acres-centou o bispo. “Estamos convencidos de que a saída da crise não a sustentaremos com os mesmos processos que a produ-ziram.”“O corpo social está seriamente atingi-do e ferido. Crescem a incerteza e insegu-rança do emprego e angústia dois desem-pregados, aflição dos pobres, a solidão dos abandonados, sofrimento dos considera-dos supérfluos.
NA ABERTURA DA SEMANA DE PASTORAL SOCIAL CATÓLICA
COMO SAIR DE UMA SOCIEDADE “INDECENTE”?
O presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social (CEAS), D. Carlos  Azevedo, criticou o actual modelo económico “injusto, indecente, desigual, desproporcionado e que agrava a pobreza e a exclusão social”.
O presidente da Comissão Nacional  Justiça e Paz considera “diminutas” as po-líticas e programas de combate à pobreza em Portugal, porque não vão às origens do problema. Bruto da Costa afirma mesmo que, nos últimos dez anos, o número de pobres persiste.Frisando que, no capítulo da Acção So-cial o que se faz “é apreciável e necessário”, o responsável admite que “no que respeita ao combate à pobreza, verifica-se que o impacto dessa acção é muito diminuto”. “As razões para essa diferença parece es-tar nalguns factores identificáveis, o mais importante dos quais reside na limitação que os programas e políticas de luta con-tra a pobreza têm, de não poderem afectar privilégios, nem o padrão de desigualda-de que caracteriza a sociedade portugue-sa”, disse. Nesse sentido, afiançou, “tudo quanto se faz neste domínio é periférico e não toca nas causas da pobreza”.Para Bruto da Costa, outra das questões tem a ver com o facto de a maioria das acções abordar “problemas da privação e não atingir o problema da falta de recur-sos, que está por detrás da privação”.Segundo o presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), além dos aspectos “técnico-cientificos e políticos que interferem na luta contra a pobreza, existem aspectos éticos que, na perspecti-va cristã, requerem mudanças profundas, que constituem um problema de cultura e de pessoal”.Lembrando que a pobreza “não é um problema periférico”, nem “um fenóme-no casual”, mas “estrutural da sociedade”, Bruto da Costa defendeu que o verdadeiro combate à pobreza “exige mudanças so-ciais, que vão necessariamente bulir com situações de privilégios intoleráveis que convivem e contrastam com situações de pobreza e de miséria”.“Do Estado e das instituições que dele dependem não devem esperar-se mudan-ças apreciáveis” nas acções de luta contra à pobreza. Em parte, refere o responsável, “por razões eleitoralistas e noutra porque essa via corria o risco de se tornar violen-ta”. Resta por isso, admitiu, “o protagonis-mo da sociedade em geral, dos indivíduos, das famílias, das comunidades eclesiais e das empresas”.O presidente da CNJP lembrou que nos últimos dez anos, a pobreza em Portu-gal “mantém-se estacionária ou apresenta uma redução pouco expressiva”. “Ficamos a saber que a nossa pobreza é persistente, ou que o número de pobres que se liber-tam é igual ao dos pobres que caíram na pobreza”, constatou.“A questão que se põe é a de saber o que as pessoas e as instituições públicas e particulares, que trabalham na luta contra a pobreza, efectivamente desejam fazer e efectivamente fazem”, disse.Na óptica de Bruto da Costa, “as políticas redistributivas são necessárias”. Contudo, além destas são precisas “políticas que alte-rem a repartição primária do rendimento”, que “resulta da actividade económica nor-mal e se reparte entre a remuneração do tra-balho e a remuneração do capital”. E hoje “temos de acrescentar, entre remunerações do trabalho mais baixas e as mais altas”.
BRUTO DA COSTA, PRESIDENTE DA COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ
O Combate à Pobreza não atinge as origens do problema

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