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A primeira linha de defesa no

voleibol: o bloqueio
*Aluno do Curso de Especialização em
Educação Física Escolar Pablo Aires Araujo*
**Professor Adjunto do Departamento de pab_aires@yahoo.com.br
Desportos Coletivos João Francisco Magno Ribas**
Universidade Federal de Santa Maria, RS ribasjfm@uol.com.br
(Brasil)
Resumo
A literatura no âmbito do ensino dos esportes coletivos tem sido
caracterizada por descrições de técnicas das referidas modalidades,
praticamente desprezando a dinâmica de interação (cooperação e
oposição) peculiar a esse grupo de esportes e jogos. O presente artigo
tem como objetivo apresentar este recente olhar sobre os esportes
coletivos que insere a técnica nas referidas interações de jogo,
apresentando assim elementos referentes ao Processo de Leitura de
Jogo e o desenvolvimento do Processo de Tomada de Decisão a partir
do bloqueio no voleibol. Assim, apresentamos uma forma de
caracterizar o voleibol, onde as ações técnicas estão combinadas com
as ações táticas, indicando que o ensino dessa modalidade deverá
seguir a referida orientação.
Unitermos: Ensino. Esportes. Voleibol.

O bloqueio é uma ação técnico-tática defensiva e ao mesmo tempo ofensiva do


voleibol que consiste em interceptar ou amortecer o ataque da equipe adversária. Ação
defensiva é a de buscar interceptar a passagem da bola em sua própria quadra ou
amortecer o ataque, facilitando a defesa. Há também a ação ofensiva já que outro
objetivo é rebatê-la na quadra adversária através da invasão do espaço adversário
(bloqueio ofensivo). Esta característica é mais observada em jogadores mais treinados,
que possuem maior estatura e impulsão vertical mais desenvolvida.

Devemos enfatizar desde a iniciação até o alto rendimento, que logo após o jogador
participar do bloqueio, este irá realizar uma ação subseqüente. Caso o bloqueio ou a
defesa consiga evitar o ponto, os jogadores que participaram desta ação devem recuar
para a possibilidade de um contra-ataque.

Tanto para o aprendiz como para o jogador experiente entende-se que o participante
deverá realizar a ação de bloqueio com consciência e após uma criteriosa leitura e
análise da situação de jogo, elementos esses que serão apresentados no presente
artigo.
É importante destacar que apresentaremos o sentido do bloqueio em uma estrutura
de Voleibol esportivo institucionalizado, ou seja, as regras e o próprio sistema
desportivo dão a conotação final para essas ações de jogo, no caso, a vitória. Porém o
bloqueio fora desse contexto poderá dar novos sentidos a essa ação como, por
exemplo, em um jogo com aprendizes é muito comum a ação de bloqueio não existir.
Certamente que, dependendo da estatura dos mesmos nem seria possível e em muitos
casos também não haveria necessidade, porém o aprendiz deve compreender qual o
objetivo da ação de bloquear e a sua importância na composição do sistema defensivo.
Em nosso entendimento essa é uma das relações que devem estar presentes já nas
primeiras intervenções do professor.

A literatura atual vem tratando o ensino dos esportes coletivos de forma isolada e
desconexa do jogo, sem mostrar os elementos de leitura e muito menos as interações
de oposição que se estabelecem, impossibilitando o ensino e a compreensão técnica
no contexto do jogo (tática). É muito freqüente que as metodologias de ensino do
voleibol não respondam questões como: Qual o sentido do bloqueio no voleibol? Quais
as percepções necessárias para realizar um bloqueio eficiente? Quais as interações que
se estabelecem neste momento do jogo?

Estes elementos só têm sido considerados de forma sistemática a partir dos estudos
do francês Pierre Parlebas que há quase 40 anos vem construindo instrumentos de
análise da lógica interna de jogos e esportes. O referido autor, que possui vários livros
publicados sobre o tema, em 1999 lançou o léxico dos jogos e esportes (“Jeux, Sports
et Sociétés”) onde reúne as principais idéias da área, assim como descreve os
instrumentos de análise (PARLEBAS, 1999).

Este conhecimento vem orientando discussões e sustenta os principais autores que


produzem conhecimento acerca dos esportes coletivos nos últimos anos na Europa e
no Brasil. Autores como Claude Bayer (1994) na França, Graça e Oliveira (1995) que
coordenaram uma importante obra sobre o tema em Portugal, Hernández Moreno
(1994) e Riera na Espanha têm sistematizado este conhecimento em forma de livros,
onde vêm apresentando novas e importantes contribuições para o processo de Ensino-
Aprendizagem dos esportes coletivos. No Brasil, o professor Pablo Juan Greco da
Universidade Federal de Minas Gerais com forte influência desses autores e da
produção alemã, principalmente do professor Klauss Roth, escreveu, junto com um
grupo de colaboradores, a obra Iniciação Esportiva Universal em 1998 (GRECO, 1998).
Todos os autores acima citados, direta ou indiretamente, são influenciados pelo
conhecimento praxiológico.
O presente estudo surgiu de um projeto de ensino denominado “Princípios
Orientadores para o Ensino do Voleibol”, coordenado pelos professores João
Francisco Magno Ribas e Mauro Cesar Ribeiro Baldicera que aconteceu no primeiro
semestre de 2005 e contou com a colaboração dos seguintes acadêmicos do curso de
Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria: Marcelo Tiecher
Zimmermann, Evandro Togni, Everson Mateus Kayser Camargo e Pablo Aires Araujo. O
objetivo deste projeto foi propor um olhar do processo de ensino-aprendizagem que
remontasse a realidade mais próxima do jogo com base nas características do jogo
(cooperação/oposição), e que subsidiasse as leituras do jogo como forma de
antecipação das ações. O parâmetro utilizado para esta análise está calcado nos
elementos de análise de jogo da praxiologia motriz do sistema de classificação
(PARLEBAS, 1999), e na proposta da Iniciação Esportiva Universal de Greco (1998),
mais precisamente no que tange a oposição. Para isso, dividimos o jogo de voleibol em
seis momentos: saque, recepção/passe, levantamento, ataque, bloqueio e defesa.

Neste artigo apresentaremos esta reflexão do grupo em relação à ação do bloqueio.


Em um primeiro momento descreveremos a estrutura que foi utilizada neste estudo.
Em seguida, detalharemos as ações de oposição e cooperação que se dão no momento
do bloqueio. Em um terceiro momento apresentaremos as principais técnicas de
bloqueio. As possibilidades e o desenvolvimento dos processos de tomada de decisão
aparecem na última etapa deste artigo. Finalizamos o material tecendo algumas
considerações referentes ao estudo e possibilidades de desdobramentos.

Apresentando a estrutura utilizada

Após termos identificado as principais características do esporte de


cooperação/oposição (sistema de classificação e universais dos esportes coletivos) de
Pierre Parlebas e o estudo descritivo de Iniciação Esportiva Universal de Greco,
chegamos a seguinte estrutura para descrever os momentos do saque, recepção-
passe, levantamento, ataque, bloqueio e defesa: ações de oposição e cooperação,
principais técnicas, possibilidades técnico-táticas do processo de tomada de decisão e
desenvolvendo o processo de tomada de decisão. Na sequência apresentaremos uma
breve explicação de cada elemento desenvolvido neste estudo.

1. Ações de oposição e cooperação

Neste item, cita-se a relação de oposição e cooperação que acontece em cada


fundamento abordado, e faz-se uma análise crítica do quadro de Serenine, Noce e
Freire (1998, p. 254) da obra Iniciação Esportiva Universal, primeiro, em relação à
oposição e a seguir, em relação à cooperação.

Elementos relativos à oposição

O foco, neste momento, será direcionado ao outro lado da quadra, ou seja,


descrevemos as leituras de jogo em relação ao adversário (análise antecipada e
situacional), necessárias para a ação técnico-tática do jogo, assim como o
conhecimento prévio que se deve ter da equipe adversária.

Leitura de jogo do adversário

• Análise antecipada: Se refere às percepções do adversário que


acontecem um pouco antes da ação técnico-tática, ou seja, é o primeiro
nível de análise da disposição no espaço de jogo da equipe adversária e
as respectivas funções de cada jogador oponente.
• Análise situacional: Constitui-se em uma leitura quase que
simultânea da disposição final da equipe adversária e/ou na leitura da
ação técnico-tática dos jogadores adversários. Diferencia-se da análise
anterior por ser uma orientação mais concreta da ação ou disposição do
adversário, ou seja, a última leitura dos oponentes antes de executar
determinada ação de jogo. São leituras de jogo do adversário que
acontecem um pouco antes da ação que indicam a melhor opção para a
ação técnico-tática do jogo. Por exemplo, no momento da ação de
bloqueio o praticante deverá observar o posicionamento dos atacantes
da equipe adversária (saber quantos estão na rede, se há a possibilidade
de ataque de fundo de quadra, etc).
• Conhecimento técnico-tático prévio do adversário: Refere-
se ao conhecimento que se tem das ações técnicas e táticas da equipe
adversária que poderão ser adquiridas a partir da observação direta ou
vídeos. Estas informações poderão precisar ainda mais o processo de
leitura da equipe adversária, ou seja, saber das limitações e qualidades
de um jogador focalizará ainda mais o processo de leitura de jogo.
• Elementos de cooperação. Características técnico-táticas e
ações combinadas previamente da própria equipe: Neste
momento iremos indicar e descrever os processos de comunicações que
deverão ser estabelecidos em cada momento do jogo. Apresentaremos
assim os referenciais para construir o entrosamento do grupo, tanto em
situações de defesa como ataque. No caso do bloqueio, iremos apontar
para as combinações entre bloqueadores e demais defensores.

2. Principais técnicas:

Neste momento descrevemos algumas técnicas mais utilizadas pelos jogadores na


execução dos fundamentos desenvolvidos durante as ações do jogo, usando como
referencial teórico literaturas atualizadas e conceituadas, e com isso dando uma
orientação das principais formas de atuação na realização dos fundamentos.

3. Possibilidades técnico-táticas do processo de tomada de decisão:

Neste momento fizemos um exercício de apresentar, em um primeiro nível de


análise, as alternativas que o jogador terá para utilizar em cada momento de jogo em
função de situações que irão surgir no jogo. Não apresentaremos todas, e tão pouco
aprofundaremos, apenas mostraremos a necessidade de desenvolver este caminho no
processo de ensino-aprendizagem no voleibol.

4. Desenvolvendo o processo de tomada de decisão:

Desenvolvemos os elementos de tomada de decisão a serem observados a partir


das idéias de Serenine, Noce e Freire (1998, p. 254), bem como, e de elementos que o
grupo de trabalho considerou relevantes. Este desenvolvimento e evolução no
processo de tomada de decisão foram elaborados também, a partir de situações de
jogo, onde trabalhamos a partir de objetivos concretos.
Figura 01. Durante a ação de Bloqueio haverá uma oposição contra o ataque adversário ao mesmo tempo em que
haverá uma combinação com a defesa de nossa equipe objetivando cobrir os espaços e articular as ações nos
bloqueios coletivos (duplo, triplo). Na figura temos uma rotação onde o levantador está infiltrando.

As ações técnico-táticas e a leitura de jogo no bloqueio

1. Caracterizando as ações de oposição e cooperação

No voleibol devido ao fato da ação de bloquear ser realizada com pouco


deslocamento ou até mesmo nenhum, o ataque tende a ter maior êxito, porque o
atacante executa este fundamento deslocando-se mais facilmente. Para tentar diminuir
esta superioridade do ataque, o jogador/bloqueador, deve realizar uma série de
percepções relativas ao adversário (oposição) e considerar outras relacionadas à
própria equipe (cooperação). Segundo Serenine, Freire e Noce (1998), o que o iniciante
deve perceber, em relação à equipe adversária, são as características dos atacantes
(altura, estilo, tendência/direção), possibilidade de ataque de fundo, características e
tendências do levantador na distribuição, posicionamento do levantador,
movimentação dos atacantes e tipo de levantamento efetuado. No debate junto ao
grupo de trabalho achamos relevante inserir outra percepção, no caso, quem e quantos
são os atacantes.

Em relação à própria equipe o grupo achou pertinente uma observação, não citada
pelos autores, referente à armação do bloqueio, ou seja, se há possibilidade de
bloqueio duplo ou em algumas circunstâncias o triplo (alto rendimento).
Elementos relativos à oposição

Os elementos que devem ser levados em consideração pelo bloqueador, referente à


equipe adversária, possuem o objetivo de interceptar o ataque oponente ou facilitar as
ações de seus companheiros no momento de defender. Estas observações relativas à
equipe adversária são fundamentais para o êxito desta ação (bloquear). A
compreensão desses elementos facilitará em muito a ação do bloqueio bem como a
melhora do entrosamento por parte do bloqueio e da defesa que devem ter uma boa
comunicação para obter um maior grau de sucesso nas ações de defesa da equipe.

Leitura do jogo adversário

Análise antecipada

• Característica dos atacantes (altura): a visualização da


estatura dos atacantes torna-se relevante para a realização do
bloqueio. Considerando esta característica, o aluno/bloqueador,
poderá optar por um bloqueio visando interceptar o ataque ou
amortece-lo, facilitando o trabalho dos jogadores de defesa.
• Possibilidade do ataque de fundo: na iniciação dificilmente
teremos um aluno/jogador capaz de executar este tipo de ataque,
devido ao alto grau de exigência técnico/tática. Já em equipes
mais preparadas técnico-taticamente, é comum ter atacantes de
fundo para surpreender o bloqueio. Quando o levantador estiver
na zona de defesa este deverá infiltrar. Desta forma, terá a opção
de três atacantes na zona de ataque e a possibilidade do ataque
dos três metros. Quando o levantador estiver na zona de ataque
possui além de dois atacantes da rede, mais o ataque de fundo.
Cabe ao bloqueador identificar a existência ou não deste jogador,
considerando este elemento no Processo de Tomada de Decisão.
• Posicionamento do levantador: nesta situação, o
bloqueador deve observar se o levantador adversário encontra-se
na zona de defesa ou ataque, condição que irá implicar no
número de atacantes na rede (2 ou 3). Caso o levantador
encontre-se na zona de ataque, existirá a possibilidade da bola
ser passada de segunda, além dos ataques de rede e de trás da
linha dos três metros. Caso ele encontre-se na zona de defesa, a
opção de ataque da bola de segunda pelo levantador é
ineficiente já que este não poderá atacá-la acima do bordo
superior da rede. Por outro lado, nesta situação haverão três
atacantes na rede. Na iniciação dificilmente ocorre o caso
infiltração do levantador, o jogador que se encontra no meio da
rede geralmente executa a função de levantador.
• Quem são e quantos são os atacantes: Antes de começar o
rali, os jogadores que farão parte do bloqueio deverão observar
quais são os atacantes da rede e onde eles executarão o ataque,
bem como, quantos estão na zona de ataque. Na iniciação o
ataque contará apenas com os atacantes de ponta entrada e
saída, dificilmente existirá o ataque de fundo devido ao grau de
dificuldade dessa ação.

Análise Situacional

• Movimentação dos atacantes: O aluno deverá observar a


movimentação dos atacantes para marcar a região onde
possivelmente ocorrerá o ataque. Isso fará com que o bloqueador
não “caia” na finta do atacante. Na iniciação a movimentação
normalmente é mais simples não envolvendo finta.
• Características dos atacantes: essa questão refere-se às
características técnicas. Através desta percepção, o bloqueador
tentará interceptar o ataque pelo movimento de tronco, braço e
palma da mão do atacante. Na iniciação os recursos dos
atacantes são menos variados, mas devemos salientar que a
leitura no momento da ação deve ser realizada para o êxito do
bloqueio.
• Características do levantador: neste ponto, o aluno deve
observar se o levantador adversário possui a capacidade de
executar o levantamento em diversas direções, pois na iniciação,
o levantamento geralmente é executado para frente devido à
limitação técnico-tática. Quando os recursos do levantador são
maiores, no caso de categorias superiores, há a possibilidade de
levantamentos de frente, de costas, de trajetórias diferentes
(baixa, média e alta), distâncias diferentes em relação à rede
(perto e longe) e de diferentes velocidades (de tempo e chutada).
• Tipo de levantamento: esta é uma observação muito difícil
de ser feita, pois ocorre em frações de segundo. O bloqueador
deve estar concentrado observando o levantador no momento da
ação e somente depois do toque dele na bola, é que poderá
identificar o tipo de levantamento executado (alto, médio,
chutado, perto ou longe da rede, entrada ou saída...). Através da
observação dos movimentos corporais, pode-se perceber a
intenção do levantador, mas esta percepção ocorre somente com
a evolução técnico-tática do aluno e o aprimoramento da
capacidade de leitura do jogo. Existe ainda a possibilidade do
levantador, quando encontrar-se na zona de ataque, abrir mão do
levantamento e executar um ataque de segunda.

Conhecimento técnico-tático prévio do adversário

• Características dos atacantes: neste ponto, toda a equipe


deve observar as características dos atacantes adversários,
através de jogos gravados ou outros meios disponíveis, pois todos
os jogadores executarão o bloqueio durante a partida. As
características que devem ser observadas são: tipo de ataque
mais executado e os recursos técnico / táticos empregados
durante o jogo. Estas observações são importantes para saber se
o jogador adversário possui habilidade para atacar na diagonal e
paralela, se usa a largada, etc.
• Atacantes mais requisitados: saber quem são os jogadores
mais requisitados, ou os que possuem maior porcentagem de
acerto durante o jogo, facilitará a ação do bloqueio. Com esta
observação, a equipe pode optar em fazer uma marcação do
bloqueio mais atenta a estes jogadores. Tanto na iniciação como
no alto rendimento, existem jogadores que chamamos de
atacantes de segurança, que na hora de decidir o lance, a bola é
levantada para este jogador. Cabe aos jogadores identificar quem
são os jogadores com essa competência.

Elementos de cooperação: características técnico-táticas e ações combinadas


previamente da própria equipe
• Armação do bloqueio: existem três possibilidades de ações
do bloqueio: simples, duplo e triplo.

Na iniciação o bloqueio simples e duplo são mais utilizados, o bloqueio triplo é mais
difícil para os aprendizes pelo alto grau de aprendizado técnico / tático necessário e
por envolver também grandes deslocamentos. O bloqueio triplo pode ser ensinado só
que sua aplicação é mais complexa, sendo difícil de acontecer por causa das jogadas
serem com bolas médias na ponta, mas é interessante como desafio aos alunos.

Se não houver a possibilidade de bloqueio duplo, cabe ao aluno decidir se deixa à


paralela ou diagonal como opção para o ataque. Neste caso, o conhecimento das
tendências do atacante é muito importante, e também a disposição de sua defesa. No
caso da possibilidade do bloqueio duplo, cada jogador tem uma função, um marca a
diagonal e o outro a paralela.

Independente da função os bloqueadores devem estar entrosados para não ocorrer


erro de armação do bloqueio (bloqueio quebrado, espaços entre os bloqueadores, etc)
ou até choques entre companheiros de equipe.

2. Principais técnicas

A técnica do bloqueio consiste em posição de expectativa, execução e queda


(Bojikian, 1999).

• Posição de expectativa: junto à rede, o bloqueador está em


semiflexão dos joelhos. Os braços semiflexionados à frente do corpo com
as palmas voltadas para frente.
• Execução: o bloqueador estende o joelho dando impulsão para
cima e os braços também são estendidos, as mãos podem invadir ou não
o espaço aéreo adversário formando um obstáculo a passagem da bola.
Quando a bola tocar nas mãos deverá flexionar os punhos para enviar a
bola à quadra adversária.
• Queda: amortecer a queda com os joelhos flexionados, primeiro
contato na ponta do pé e depois distribuir o peso em todo o pé.

Técnica de deslocamentos
• Passada lateral: com os ombros paralelos a rede deslocar
com passadas laterais.
• Passada de frente e giro: desloca correndo, gira e salta no
momento do ataque.
• Passadas cruzadas e ajuste com passada lateral: desloca
em passada cruzada e faz o ajuste (momento de equilíbrio do
bloqueador para realizar a impulsão) em passada lateral.

O importante da passada na fase de aprendizagem é que o aluno experimente


várias formas de deslocar para encontrar qual passada é a mais rápida para seus
deslocamentos principalmente aos bloqueadores centrais que dependem da velocidade
de deslocamento para bloquear os ataques. O bloqueio por ser uma ação executada
muito próxima à rede, deverá ser bem treinada a fim de evitar o contato com esta e
também a invasão da quadra adversária durante a queda, o que pode favorecer o
adversário, na iniciação ocorrem muitos saltos com pequenos deslocamentos à frente o
que provoca este tipo de infração.

3. Processo de tomada de decisão no bloqueio: possibilidades e o


desenvolvimento dessas ações

Depois do bloqueador perceber a equipe adversária e sua própria equipe é chegada


a hora de entrar em ação. Segundo Serenine, Freire e Noce (1998) o processo de
tomada de decisão são bloquear ou defender, momento do salto, tipo de bloqueio e
direção a bloquear, mas entendemos que todas essas questões dependem da trajetória
da bola.

• Bloquear ou defender: Na iniciação devemos enfatizar que como o


bloqueio mais usado é o duplo, então sempre o aluno da ponta onde não
esta ocorrendo o ataque deverá descer para defender a diagonal curta
ou a largada em diagonal, mas isso depende da estratégia utilizada.

Na iniciação muitas vezes a bola é levantada longe da rede então os dois


bloqueadores das pontas terão que perceber a ação do atacante que geralmente irá
apenas colocar a bola em jogo, então deverão tomar atitude de recuar, porque a bola
geralmente vem de “graça”. No alto nível quanto a bloquear ou defender o jogador que
não participa do bloqueio desce para defender a diagonal curta ou participa do
bloqueio formando um bloqueio triplo, mas isso depende da trajetória da bola
levantada.
Os treinadores de alto nível definem estratégias levando em conta as características
do grupo chegando a ponto de não optar pelo bloqueio triplo confiando na sua defesa,
mas grande parte opta pelo bloqueio triplo sempre que possível.

• Momento do salto: Esse momento é fundamental ao êxito do


bloqueio. O momento depende da trajetória da bola e impulsão do
atacante.

A direção da bola, na iniciação, ocorrem erros no levantamento estando à bola mais


para o bloqueador do que para o atacante, sendo que o momento do salto não vai
depender do atacante, mas se a bola estiver em disputa neste momento os dois
deverão saltar juntos. Altura da bola influenciará o momento do salto. Para bolas altas
usadas geralmente na ponta, o bloqueador deverá saltar frações de segundos depois
do atacante.

Na bola de meio (rápida) onde a altura da bola é pequena, o bloqueador deverá


saltar junto com o atacante.

No ataque de fundo, onde a bola está um pouco mais longe da rede e altura de
média para alta, o bloqueador saltará depois do atacante.

Quanto à impulsão do atacante a literatura da área vem recomendando que o


bloqueador salte junto ou depois do atacante levando em conta sua impulsão.
Entretanto entendemos que o bloqueador deverá sempre que possível fazer com que
coincida o ápice de sua impulsão com o ápice da impulsão do adversário, considerando
as características de cada atacante.

• Tipo de bloqueio: Refere-se ao bloqueio defensivo e ofensivo. O


praticante deverá analisar as diversas situações de jogo e optar por uma
dessas formas de efetuar a ação de bloqueio. A forma defensiva se
caracteriza pela tentativa de amortecer a bola facilitando a ação da
defesa enquanto que na ofensiva o principal objetivo é fazer com que a
bola caia na quadra do adversário. Na iniciação o bloqueio defensivo é
predominante devido à limitação da estatura dos praticantes. Vencida
essa barreira da estatura o bloqueio ofensivo se torna predominante,
pois sua ação é mais eficaz na ação de neutralizar o ataque adversário.
• Direção a bloquear: Depende da trajetória da bola comentada
anteriormente e da leitura do adversário, sendo importante salientar o
braço de ataque.

A região marcada pode ser paralela ou diagonal em relação às linhas laterais da


quadra. O bloqueio simples deve acontecer com menor freqüência já que possibilita ao
atacante diversas possibilidades de ataque, assim como dificulta a ação da defesa que
deverá estar atenta a região da quadra que não foi coberta pelo bloqueio. O bloqueio
duplo, que se constitui na forma mais utilizada, cobre geralmente a paralela e a
diagonal deixando uma pequena região da quadra (diagonal curta) que será coberta
pela defesa. No bloqueio triplo a idéia principal é tirar a possibilidade de um ataque
mais potente fazendo com que o atacante ou explore o bloqueio ou coloque a bola. É
importante destacar que todas essas formações de bloqueio poderão ser modificadas a
partir de combinações entre bloqueadores e defensores (tática defensiva).

4. Desenvolvendo o processo de tomada de decisão

Devemos enfatizar que ações pensadas são tão, ou até, mais importantes no
processo de ensino-aprendizagem, quanto o gesto automatizado, os professores terão
que desenvolver o raciocínio de seus jogadores para não ficarem presos somente a
ações previamente condicionadas. Agora que o aluno desenvolveu ou está em fase de
desenvolvimento do processo, devemos aprimorar os elementos do bloqueio com base
na sua experiência e orientação do professor.

Quando o nível do jogo aumenta, os atacantes e o levantador terão maiores


variações de ataque e de levantamentos dificultando o bloqueio, onde o êxito
dependerá de questões físicas, técnico-táticas e psicológicas. No alto rendimento, a
capacidade física e técnico-tática dos jogadores são mais desenvolvidas e o bloqueio
será a maneira mais eficaz de interceptar um ataque potente.

Posicionamento dos jogadores

Esclarecer ao jogador para observar a posição dos jogadores / atacantes e do


levantador, pois com estas observações, estará ciente das possibilidades de ataque,
tanto na rede como de fundo. Uma forma de desenvolver esta tomada de decisão é
construir atividades onde os jogadores tenham de identificar quantas possibilidades de
ataque existe naquele rali, quem são os atacantes da rede, se existe a possibilidade de
ataque de fundo e se o levantador se encontra na zona de ataque. A cada rodízio,
mudará as características da equipe adversária referente ao ataque e cabe ao
professor induzir o aluno a perceber estas características a fim de facilitar o bloqueio. É
importante que o aprendiz reconheça que o bloqueio, a princípio, é uma ação coletiva
e a informação que ele obteve em relação à equipe adversária deve ser repassada aos
demais colegas.

Com a evolução técnico-tática as ações serão mais complexas apresentando mais


variações de ataque e o bloqueio terá que sofrer a mesma evolução para contrapô-las.

Movimentação dos atacantes

O aluno deve estar atento não somente à bola, mas também a movimentação dos
atacantes da sua região (trajetórias de deslocamentos e fintas). Em função dessa
movimentação do atacante é que o bloqueio poderá ajustar a região da quadra que
será coberta assim como o tempo da sua impulsão em relação à impulsão do atacante.
O desenvolvimento da percepção da movimentação dos atacantes poderá ser realizado
a partir de exercícios que enfatizem a variação de trajetórias e fintas dos atacantes.

Tipo de levantamento

A percepção do aluno deve estar atenta para o gesto do levantador e na análise


prévia da distribuição do levantador. Na iniciação geralmente o levantador faz a jogada
para a sua frente. A partir da evolução técnico-tática estas ações variam, como por
exemplo: o levantamento de costas. Deve ficar claro que a leitura do gesto vai facilitar
as ações do bloqueador que poderá antecipar sua ação. Desenvolver exercícios onde o
bloqueador perceba os gestos de vários levantadores para antecipar sua ação pela
leitura da técnica utilizada. Quanto à análise prévia na iniciação, não acarretará em
grandes problemas, mas quando o nível aumenta poderá causar grandes problemas,
pois o levantador analisa o bloqueio para depois realizar sua ação.

Considerações finais

O presente estudo, em linhas gerais, mostrou, de forma objetiva, que a ação técnica
em Jogos Esportivos Coletivos (JEC) se constitui em uma ação tática, que são
orientadas pelos elementos de interação do jogo (cooperação e oposição). No caso do
bloqueio, mais do que realizar uma boa execução técnica o participante deverá
considerar os elementos de oposição, ou seja, uma ação técnica orientada pela leitura
da ação do adversário (tática), bem como uma ação de cooperação junta ao restante
da defesa, onde, quanto melhor a comunicação (elemento que media a cooperação)
entre os companheiros, melhor será a possibilidade de êxito do grupo.

Com a proposta que discutimos no presente estudo, não implica em ignorar os


elementos da técnica de execução, pelo contrário, entendemos que os parâmetros aqui
discutidos dão ao participante condições de situar-se no jogo e dar sentido para as
suas ações. Para efetuar o bloqueio, o bloqueador deve orientar-se a partir das ações
de leitura do adversário e dominar algumas técnicas mínimas (deslocamentos, saltos,
etc). Sem isso, pouco adianta realizar o processo de leitura se não houver condições
técnicas de resolver o problema. Ademais, quanto maior o repertório técnico melhor
será a sua condição de resolver os problemas do jogo, dificultando inclusive a leitura e
opções táticas dos levantadores e atacantes adversários. Assim, é importante que as
orientações pedagógicas de ensino do voleibol considerem estes elementos, assim
como os espaços do jogo.

O presente estudo também parte do pressuposto que no momento em que se


desvela, de forma objetiva e consistente como buscamos desenvolver no presente
texto os elementos de leitura do bloqueio (ou de qualquer outra ação de jogo), o
participante, principalmente o iniciante, entenderá o sentido da referida ação no
contexto do jogo.

Na prática entendemos que o processo de ensino aprendizagem deverá seguir a


referida orientação, ou seja, não enfatizar somente a execução técnica nas aulas ou
sessões de treinamento, mas sim, realizar atividades que desenvolvam a leitura de
jogo assim como o processo de tomada de decisão, dentro das situações do jogo de
voleibol, no caso, saque, recepção/passe, levantamento, ataque, bloqueio e defesa, e
não mais, toque, manchete, bloqueio, fora das respectivas situações de jogo. Em
relação a esse aspecto sugerimos a metodologia da iniciação esportiva universal
organizada por Greco (1998) que propõe o desenvolvimento do ensino dos Jogos
Esportivos Coletivos incluindo os momentos posicionais, dentro das posições e espaços
de jogo, e situacionais, reproduzindo algumas situações do jogo no sentido de
desenvolver o processo de tomada de decisão.

Esperamos com esse texto fornecer subsídios para que o leitor problematize as
metodologias de ensinos dos jogos esportivos coletivos que tem predominado na
literatura atual, e, como proposta de reflexão, elencamos as seguintes questões: a
mera descrição de técnicas de execução leva a alguma alteração significativa nas
metodologias do ensino do voleibol? Com base nas reflexões propostas no texto, o
ensino e o treinamento devem ser organizados de forma diferenciada? Como? Existem
outras formas de compreensão da essência do jogo? Até onde as reflexões levantadas
neste texto poderão expressar novas formas de ensinar?

Referências

• BAYER, Claud (1994). O ensino dos desportos colectivos. Lisboa,


Dina livro.


• GRAÇA, Amândio; OLIVEIRA, José (org.) (1995). O ensino dos jogos
desportivos. 2ed. Porto: Universidade do Porto, Faculdade de Ciências do
Desporto e da Educação Física.
• GRECO, Pablo Juan (org.) (1998). Iniciação esportiva universal:
Metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube. Vol 2. Belo
Horizonte: Editora da UFMG.
• HERNÁNDEZ MORENO, José (1994). Fundamentos del Deporte:
Análisis de las estructuras del juego deportivo. Primera Edición.
Barcelona, Espanha: INDE Publicaciones.
• KRÖGER, Cristian e ROTH, Klaus (2006). Escola da Bola. Um ABC
para iniciantes nos jogos esportivos. 2ª edição. Traduzido por Pablo Juan
Greco. São Paulo: Phorte Editora, 2ª edição.
• PARLEBAS, Pierre (1988). Elementos de Sociologia del Deporte.
Málaga, Espanha: Junta de Andalucia/Universidad Internacional Deportiva
de Andalucia.
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