Assumiremos, concludentemente, que as intervenções humanitárias são actos materiais
intentadas, em princípio, por uma organização internacional Universal (CSNU, à luz do
art. 39º, da CNU) ou, à luz da Lei do desdobramento funcional da ONU, endossadas à um grupo de Estados ou uma organização de dimensão regional, cujo elemento teleológico comungado e exclusivo deve, manifestamente, ser o de subtrair os destinatários humanos – Sujeitos do Direito internacional humanitário – de uma situação de violação massiva e sistemática dos seus direitos e/ou de insegurança e, em prol dos quais, arrogam-se, aqueles, do direito legítimo e legal do uso da coerção física acometidas à autoridade soberana do Estado intervencionado.
O transcurso da conceituação e formatação legal da Intervenção Humanitária afigura-se
atravancado de plúrimas controvérsias dogmáticas e jurídicas; porquanto, da assunção, hodierna, no seio da Comunidade Internacional, do respeito dos direitos humanos, como referencia axiológica digna de se erigir como um princípio jurídico internacional provido de eficácia erga omnes (art.55º, da CNU), segue-se, todavia, flagrantemente, face à consciência o prurido de congeminações de natureza e complexidade diversas sendo certo que, as mais cáusticas são inerentes aos “dogmas”da soberania dos Estados e, neste contexto, a pergunta que, com irredutível petulância, teima em se não calar é: como fazer vingar, plenamente, o respeito dos direitos humanos, no concerto das nações (nas circunstâncias em que ocorram violações massivas dos direitos humanos), em harmónica conjugação, se possível, com os não menos hipersensíveis valores jurídicos da auto-determinação e independência dos povos(n.º 4, art.2º, da CNU) e, ainda, com o da intervenção (n.º 7, do art.2 da CNU) e do não uso da força nas relações inter-estatais (n.º 4, do art.2º) ?