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Antoine Prost
TRADUÇÃO
08-07528 CDD-907.2
Introdução.................................................................................... 7
Referências................................................................................... 273
Tal postura vai além da simples divisão das tarefas: mesmo que lhes
fosse oferecida tal oportunidade, inúmeros historiadores recusariam em-
preender uma reflexão sistemática sobre sua disciplina. Tal rejeição relativa
às filosofias sobre a história é considerada por Philippe Ariès, em seu livro
Le temps de l’histoire, como “uma insuportável vaidade”: “Elas são ignoradas
ou postas de lado, deliberadamente, com um simples dar de ombros, como
se tratasse de falatório teórico de amadores sem competência: a insuportável
futilidade do técnico que permanece confinado dentro de sua técnica, sem
nunca ter tentado observá-la de fora!” (ARIÈS, 1986 p. 216).
Abundam as declarações para confirmar a pertinência desse depoi-
mento. Tendo freqüentado assiduamente os historiadores, sem se eximir
de criticá-los, Paul Ricœur – em sua obra, Temps et Récit, I – cita a este
propósito, de forma um tanto pérfida, Pierre Chaunu:
A epistemologia é uma tentação que deveria ser afastada resoluta-
mente [...] No máximo, admite-se que seja oportuno que essa tarefa
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Resenha do livro de Marc Bloch, Apologie pour l’histoire, na Revue de métaphysique et de morale (LVII,
1949), em Combats pour l’histoire (FEBVRE, 1953, p. 419-438): “O autor não poderá ser acusado de
filosofar – o que significa, na boca de um historiador, estejamos certos disso, o crime capital” (p. 433).
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Ver a aula de Lucien Febvre em Combats pour l’histoire (1953, p. 3-17; em particular, p. 4).
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outros, e com pertinência, por todos. Daí, os “boxes” que não deverão
ser postos de lado pelo leitor afobado em chegar à conclusão: tais textos
constituem, muitas vezes, etapas essenciais da argumentação.
Como se pode ver, em vez de um manifesto pretensioso ou de um
ensaio brilhante, este livro é uma modesta reflexão com o objetivo de ser
útil: eis uma ambição de que sou capaz de avaliar a amplitude. Além
disso, trata-se de uma forma, semelhante a outras, de reencontrar a postu-
ra – tão apreciada pelos historiadores franceses – do artesão que explica o
ofício aos aprendizes...
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