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Introdução
Actualmente, a sociedade internacional não é constituída apenas por estados. Para além
do estado soberano, existem muitas outras entidades que tornaram a sociedade internacional
mais vasta e plural.
A expressão Direito das Gentes recebe o favor de certa doutrina pois no seu sentido
literal engloba todos os sujeitos de direito internacional.
Em conclusão, trata-se de um problema menor pelo que Direito internacional e Direito
das Gentes são perfeitamente equivalentes.
O Direito Internacional Particular resulta das afinidades que surgem entre certos
estados. Ao lado da sociedade internacional surgem sociedades particulares. Há normas, assim,
de conteúdo mais específico, que se aplicam a sociedades mais particulares.
Fazem parte deste Direito internacional Particular as normas de Costume Regional e
Local e as que constam da maior parte dos tratados internacionais.
Com o nascimento dos estados modernos, surgiu o medo pois o novo status quo
comportava riscos evidentes, designadamente o da institucionalização de um clima de anarquia
e de violência entre aquelas comunidades soberanas que não se achavam limitadas por qualquer
autoridade política superior.
A doutrina da soberania formulada em 1576 por Jean Bodin na sua obra de Teoria
Política de República e os seus desenvolvimentos de Thomas Hobbes em Leviathan,
contribuíram para adensar ainda mais o receio do futuro previsível das relações internacionais.
Perante este cenário, tornou-se imperioso fundar as relações internacionais num ideal
unificador. Esse ideal seria o da submissão dos vários estados seculares a um conjunto de
normas reguladoras das suas relações recíprocas.
Em resumo:
● Permitir a coexistência entre estados heterogéneos e juridicamente iguais;
● Satisfazer necessidades e interesses comuns que começaram a surgir na sociedade
internacional.
Seguindo a teoria prosseguida por Marcello Caetano, entre outros sociólogos alemães:
→ No termo comunidade os factores de agregação sobrelevam os de conflito ou afastamento;
→ No termo sociedade os factores de conflito sobrelevam os de agregação.
Nas relações internacionais perpassam dois movimentos antinómicos. De um lado:
→ A tendência para os Estados afirmarem a sua soberania e independência; de outro:
→ A sua aspiração a uma verdadeira comunidade.
O Direito Internacional nasce destes dois movimentos de sinal contrário, tendo como
objectivo compatibilizá-los e harmonizá-los.
Em conclusão, se por um lado os estados são diferentes, por outro, eles submetem-se ao
Ordenamento Internacional.
Ver em pag 18
Capitulo I
I – introdução
1 – A personalidade jurídica
2 – Fontes de Direito
→ Ao costume (definir o que é). Este tende a assumir uma importância acrescida numa
sociedade descentralizada, desprovida de órgãos vocacionados para a criação autoritária do
direito.
→ Tratados ou convenções bilaterais (definir o que é).
→ Eram raros mas vislumbravam-se já alguns tratados multilaterais.
per se, levar a cabo estas tarefas. Os Estados autolimitavam-se na sua soberania para criar
normas.
Quanto à produção normativa, a imagem de marca do Direito Internacional é o
voluntarismo.
No que diz respeito à imposição de sanções, esta era feita em regime de auto-tutela.
Havia já tribunais internacionais mas a sua competência não era obrigatória por força de lei.
A reintegração dos direitos tende a ser de auto-reintegração e não de hetero-
reintegração.
O mesmo se diga quanto à efectivação das sanções contra os infractores. São notórios
neste período os abusos e as arbitrariedades. O recurso à força era um direito dos Estados.
Contudo, este direito não protegia, como é óbvio, os mais fracos.
4 – Principio da efectividade
Outra característica é a precariedade dos limites jurídicos no que diz respeito ao recurso
à força nas relações internacionais. Desde a paz de Westfália até ao século XIX, os Estados
tinham plena liberdade de fazer a guerra, de acordo com os fins, dos quais, aliás, eram únicos
juízes, que com ela visassem alcançar.
Daqui resulta que os princípios jurídicos internacionais não ofereciam aos sujeitos de DI
seus destinatários, uma protecção consistente.
Predomina também neste primeiro período o princípio da efectividade, ou seja, só as
situações que se encontrassem já consolidadas produziriam efeitos jurídicos.
A responsabilidade por factos ilícitos era, como nos diz Cassese, assunto privado entre
os Estados directamente envolvidos. A prática de acto ilícito fazia surgir uma relação jurídica
nova de carácter bilateral.
Por outro lado, a responsabilidade internacional neste período é colectiva, ou seja, eram
os Estados e não as pessoas concretas quem eram responsabilizados.
A responsabilidade internacional clássica tem ainda como característica o seu carácter
meramente reparatório, isto é, visava apenas reparar os danos ocorridos, o que se traduz única e
exclusivamente na reparação dos danos sobrevindos à prática de um acto internacionalmente
ilícito.
6 – Conclusão
Período que se inicia após a II Guerra Mundial. O Direito Internacional vai sofrer
profundas alterações e vai aproximar-se cada vez mais do direito interno.
Factores:
2 – Fontes de Direito
4 – Preocupações Ambientais
5 – Axiologia
6 – Responsabilidade Internacional
7 – Em síntese:
Capitulo II
I – introdução
O direito internacional público traduz-se num ordenamento jurídico autónomo, ele tem
uma qualidade jurídica – é pois um conjunto de normas que disciplinam, num dado momento, as
relações entre Estados.
Como é que as normas internacionais são recebidas na Ordem Jurídica Interna? Uma
vez recebidas, que normas prevalecem? Eis o enunciado da questão.
II – Soluções Teóricas
1 – Teses dualistas
Para os dualistas há duas ordens jurídicas diferentes uma da outra. As duas ordens
consubstanciam dois sistemas distintos e para que uma norma internacional fosse recebida teria
de ser transformada em Direito Interno.
Os postulados em que se alicerça esta teoria são o positivismo e o estadualismo. O que
está em causa é o consentimento do Estado. Este consentimento é fundamental.
Triepel, diz-nos que o direito interno traduz as relações internas, as relações entre o
cidadão e o Estado. O Direito internacional regula as relações externas, relações de Estado para
Estado. O direito interno tem como origem a vontade de um Estado, o direito internacional
traduz a existência de vários Estados.
2 – Teses monistas
Para os monistas existe uma essencial unidade do mundo jurídico. Existe um sistema
total de direito. É uma ideia que trata de unificar o direito internacional e o direito interno num
único sistema jurídico.
Autores como Grócio, Suarez e Victoria pretenderam fazer assentar o Direito
internacional num direito natural.
A unidade do direito radica no valor da dignidade da pessoa humana. Tanto o Direito
Interno como o D.I. radicam neste valor.
Fundamento material da tese monista: dignidade da pessoa humana.
Fundamento formal da tese monista: os pactos são para se cumprir. Influência de
Kelsen. Este princípio é transportado para o Direito Internacional a partir da segunda guerra
mundial.
Porém, existem variantes nas teses monistas. Monismo com primado do direito interno
e Monismo com primado do direito internacional.
Estas correntes falam-nos da prevalência das normas em caso de conflito.
Segundo esta técnica, a Ordem Jurídica interna aceita sem quaisquer restrições a
vigência das normas internacionais no plano interno. A norma internacional passa a produzir
efeitos mantendo a qualidade de norma internacional.
Dentro deste sistema, porém, a Constituição do Estado em questão, não deixa de impor
algumas condições, mas são meras condições de eficácia: por exemplo, publicação. Esta
condição é uma condição leve.
Esta técnica revela uma concepção monista do direito, mais precisamente do monismo
com primado do direito internacional.
Técnica da transformação
Aqui, a Ordem Jurídica já não aceita a vigência de forma automática. O Estado opõe-se
à vigência do Direito Internacional e vai impor condições em concreto: exige-se que o
legislador ordinário reproduza a norma através de um acto normativo da sua competência.
Como se vê, a norma internacional perde essa qualidade pois foi transformada em direito
interno.
Relativamente à problemática da interpretação e das lacunas, os critérios adoptados
podem já ser os do direito internacional.
Esta teoria reflecte uma concepção dualista do direito.
É um sistema que conjuga os dois últimos sistemas. Assenta numa distinção das normas
internacionais de acordo com o seu conteúdo. Assim, as normas internacionais respeitantes a
certas matérias, vigoram automaticamente no plano interno, as demais, necessitam de um acto
de transformação.
Esta técnica tem subjacente uma conjugação entre as concepções monistas e dualistas,
acerca do relacionamento entre a ordem internacional e a interna.
Em Portugal são os artigos 7º e 8º e 16º da CRP que nos falam sobre as relações entre o
Direito Internacional e o Direito Interno. Como vemos, no caso português, a questão da
recepção do direito internacional foi decidida ao mais alto grau – poder constituinte.
Artigo 7º
Artigo 16º
O artigo 16º/1 abre o catálogo de direitos fundamentais em sentido material. EX.: pactos
internacionais sobre direitos do homem.
O artigo 16º/2 tem a ver com a DUDH. Esta deve ser considerada como princípio de
direito geral ou comum. Embora não seja vinculativa, o nosso legislador constituinte veio
transforma-la em instrumento interpretativo da nossa constituição.
Só em situações muito raras será possível conflito entre normas de direito internacional
e direito interno.
→ Costume geral.
→ Tratados universais ou para-universais.
→ Princípios gerais de direito internacional reconhecidos pelas nações civilizadas.
No que respeita ao costume regional ou local, o que preside à sua recepção no direito
português é uma recepção semi-plena. O costume universal é incorporado no direito português
segundo a técnica de recepção plena.
Azevedo Soares
Apesar das divergências doutrinais, temos que fazer uma interpretação extensiva do
artigo 8º/1, defendida por Azevedo Soares. Neste sentido, integram e vinculam, o Direito
Português, os costumes bilaterais ou regionais em que cuja formação Portugal haja participado.
“Vigora no plano interno enquanto vincular o Estado Português”. Significa isto que
uma convenção internacional só começa a produzir efeitos na ordem interna quando começar
também a produzir efeitos na ordem internacional. O mesmo se diz para a situação inversa, se
na Ordem Externa a CI deixar de produzir efeitos, cessam também efeitos na ordem interna.
Este artigo foi acrescentado na revisão constitucional de 1982 para adaptar a CRP à
futura adesão de Portugal às comunidades Europeias e a um Direito com características
supranacionais.
Pela leitura do nº 3 do artigo 8º da CRP, facilmente se conclui que não é exigida
nenhuma formalidade para que os actos de Direito Comunitário vigorem na Ordem jurídica
interna. Esses actos gozam ainda de aplicabilidade directa.
Porem, este número impõe duas condições:
Afigura-se que os interesses gerais da União Europeia nos levem a ter que fazer uma
interpretação extensiva da expressão normas de sorte a permitir englobar também os actos.
O artigo 8/1 fala no direito internacional geral ou comum. No número 2 fala do critério
da fonte. O nosso legislador constituinte não seguiu o mesmo critério.
Contudo, entendemos que neste artigo o nosso legislador quis falar em três grandes
tipos de Direito internacional.
No número 1 do artigo 8º fala do Direito internacional geral ou comum.
No número 2 aludiu ao Direito Particular.
No número 3 a um Direito especial que emana de Organizações de Tipo União
Europeia.
Para a generalidade dos autores, este direito tem um valor supralegal, pois o Direito
internacional relaciona-se com o núcleo de princípios que vinculam todos os sujeitos de Direito
internacional. São normas de ius Cogens, imperativas, relativamente às quais se formou um
consenso geral e por isso não se poderia aceitar que uma norma interna contrariasse esses
princípios. No que diz respeito às relações com a CRP, a questão já é mais complexa.
Relativamente à legislação ordinária, não há grande contestação, a própria CRP, no
artigo 8/1, considera como fazendo parte integrante do direito português os princípios de direito
internacional.
Relativamente às relações com a CRP, este Direito Prevalece sobre as normas
constitucionais precisamente pelos mesmos motivos, embora este seja um ponto em que há
divergência doutrinal. Ainda assim, como permitir que uma norma constitucional viole os
princípios de um direito que é comum a todos?
No artigo 16/2 da CRP existe um indício desta superioridade do Direito internacional. A
D.U.D.H. é um preceito de Direito internacional Geral ou comum e a CRP manda interpretar as
normas constitucionais de acordo com a D.U.D.H.
Do ponto de vista prático não tem importância discutir este problema pois não se
concebe que um estado promulgue legislação contrária aos Princípios de Direito Internacional.
Quanto à constituição
Esta tese afirma que o direito internacional tem uma importância fundamental e por isso
deve estar acima da própria constituição. Esta tese baseia-se no artigo 27 da CV.
Uma vez que as normas de Direito Internacional das Convenções internacionais estão
sujeitas à fiscalização Constitucional, significa que essas normas são supra-legais, mas infra-
constitucionais. Artigo 278 e ss.
Há porém excepções a esta fiscalização da constitucionalidade. Ex.: os pactos civis e
políticos, bem como os económicos, sociais e culturais.
As relações desse Direito com a Constituição suscitam mais dúvidas. Contudo, a revisão
Constitucional de 2005 veio clarifica-las.
Segundo o princípio do primado do Direito Comunitário, o Direito Comunitário
prevalece sobre o Direito interno, artigo 8º/3. Este princípio resulta de uma exigência do próprio
Direito Comunitário. Foi um sentimento que se foi forjando na Comunidade Europeia.
Uma norma estadual que contrarie uma norma comunitária tem como consequência a
sua ineficácia e inaplicabilidade.
Relativamente às relações que este Direito tem com a CRP, temos aqui um problema
mais complexo. Temos que recorrer novamente ao princípio do Primado do Direito
Comunitário. Resta então saber se uma vez transferidas determinadas competências para a
União, o controlo da Constitucionalidade das suas normas também está a cargo da união: Uma
resposta positiva implica um grau de integração que ainda não existe. Ainda assim, é evidente
que o TC tem uma limitação no seu âmbito de intervenção. O TC deveria apenas, segundo
alguns autores, limitar-se a averiguar a compatibilidade das normas com os princípios
informadores e estruturantes da CRP.
Também o mecanismo do reenvio pré-judicial por parte do TC para o tribunal de Justiça
das Comunidades em matéria de interpretação e validade do Direito Comunitário traduz uma
intervenção de última ratio do exercício dos poderes do TC.
Por fim, o tratado da U.E., considerando obrigatórios para a união, como princípios
gerais de Direito Comunitário, quer os direitos fundamentais consagrados na convenção
europeia dos direitos do homem, quer os que resultam das tradições constitucionais comuns aos
estados membros, reduzem de forma significativa o campo de conflito entre as normas
constitucionais e o Direito Comunitário.
Capitulo III
I – Introdução
Fontes formais
a) Convenções internacionais;
b) Costume internacional;
c) Princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
Conclusões:
Falamos aqui dos actos jurídicos unilaterais, quer os dos Estados quer os das
Organizações internacionais. Por altura da feitura do Estatuto do TIJ, esta fonte não tinha a
importância que veio a ter mais tarde.
d) Foram enumeradas as fontes mas não se deu uma definição de cada uma delas. Existe
porém uma norma costumeira que nos diz em que consiste cada uma das fontes.
II - Convenções internacionais
1 - Noção
É um acordo de vontades que pode até nem ser simultâneo. Podem mais tarde associar-
se outras declarações de vontade. Os interesses podem até ser divergentes.
Os acordos podem ser entre Estados, podem ser entre organizações internacionais e
Estados ou apenas entre Organizações internacionais.
1ª Etapa: negociação
2) Dever de boa fé: dever de abstenção de actos que atentem contra o objecto ou fim da
Convenção Internacional.
Estes três efeitos estão previstos na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de
1969, nos artigos 10º, 12º e 18º.
3ª Etapa: aprovação
Todas as convenções têm que ser aprovadas pelo governo. Após a Revisão
Constitucional de 1997 o governo passou a aprovar apenas acordos em forma simplificada e a
Assembleia da República a aprovar acordos solenes e alguns acordos em forma simplificada.
Relativamente aos acordos em forma simplificada, o Estado fica logo vinculado. Nos
tratados solenes é necessária a ratificação prevista no artigo 135º CRP.
Ratificação: acto em que órgão competente que, via de regra, é o chefe de Estado,
declara a vontade desse Estado a ficar vinculado a esse tratado.
Ratificação imperfeita: acontece quando não observa regras prescritas na CRP. EX:
não ser aprovada pela A.R., excesso de forma… 107 e 108.
Se acontecer esta situação, importa saber quais as consequências no plano internacional
e no plano interno.
No plano interno o artigo que regula as consequências é o 277º da CRP. No plano
internacional é a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados no artigo 46º.
Consequências internas
→ Se nada se disser na Convenção e não houver acordos das partes, esta entra em vigor quando
todos manifestarem o seu consentimento. Artigos 24º e 25º da Convenção de Viena.
Uma convenção é registada junto do Secretariado das nações unidas. Se não for
registada não pode ser invocada junto dos órgãos das nações unidas. Contudo é perfeitamente
válida entre as partes. Artigo 102º da Carta das Nações unidas. Artigo 80º/1 Convenção de
Viena.
Um tratado que não seja registado permanece perfeitamente válido, simplesmente não
poderá ser invocado perante os órgãos daquela organização, em particular, perante o Tribunal
internacional de Justiça.
A tendência actual é a facilitar, o mais possível, a participação dos Estados nos tratados
multilaterais. Contudo existem tratados fechados que não permitem a entrada de novos Estados
por mera cláusula aí constante mas antes pela fixação das condições pelos Estados originários.
Nos tratados abertos basta um acto unilateral para permitir a um Estado fazer parte
desse tratado, sem que a isso se possam opor os contratantes iniciais.
Uma convenção internacional pode ser objecto de reservas pelos estados partes. Estes
podem concordar globalmente com o objecto e conteúdo do tratado, mas discordar de algum ou
alguns preceitos desse tratado. Esse Estado, ou não se vincula à Convenção Internacional, ou
então declara extinguir alguns preceitos ou modifica-los, atribuindo-lhes um significado
diverso, aceitável para si próprio. Artigo 2º/1 d); 19º a) e b) da Convenção de Viena.
Vigora neste domínio o princípio da liberdade. Mas, este princípio, como decorre do
artigo 19º c), em caso de silêncio do tratado, a reserva será permitida se não for incompatível
como o objecto e o fim do tratado.
Ver artigo 20º da CV
Com o mecanismo de reservas facilita-se a participação dos Estados nos tratados.
Como regra, as Convenções internacionais não produzem efeitos ultra partes (para
terceiros). Artigo 34º da Convenção de Viena – codificação de um costume preexistente. Os
efeitos jurídicos são assim relativos. Por vezes os tratados produzem efeitos para terceiros com
o seu consentimento. Há casos ainda que produzem efeitos para terceiros sem o seu
consentimento – autêntica excepção.
Há um acordo inicial entre dois ou mais Estados para vincular um terceiro Estado. Mas
terá de haver um novo acordo com esse Estado terceiro de forma expressa e escrita.
É este acordo colateral que constitui o fundamento jurídico da obrigação que passa a
vincular o Estado terceiro. Artigo 35º C.V. sem este acordo colateral, não há obrigação.
Há um tratado inicial entre dois ou mais Estados. Se algum dos Estados vier a assinar
um tratado com um terceiro sobre a mesma matéria e for mais vantajosa, aplica-se ao primeiro
tratado.
Há, assim, Estados que vão beneficiar de tratados em que não participaram. É muito
utilizado em tratados de taxas aduaneiras.
O consentimento do Estado é manifestado por antecipação, pois logo no tratado inicial
se previu que em acordos subsequentes com Estados terceiros, mais vantajosos, esses acordos
produziriam efeitos também sobre si.
Artigo 38º da CV
Estes tratados vão produzir efeitos para terceiros, por via costumeira,
independentemente do seu consentimento. Admite-se que uma convenção internacional possa
convolar-se em norma costumeira e tornar-se obrigatória para Estados não partes.
Há tratados que servem para instituir estatutos políticos ou territoriais. São tratados que
em virtude do seu conteúdo se impõem a terceiros independentemente do seu consentimento.
Ex: tratado de desmilitarização da Antártida. Como emerge desses tratados uma situação
objectiva, vão aplicar-se a Estados terceiros.
Para uma Convenção internacional ser válida é necessário que as partes tenham
capacidade. O consentimento das partes deve ser regularmente manifestado e é também
necessário que o objecto da Convenção seja lícito.
São os sujeitos de Direito Internacional quem têm capacidade para celebrar tratados -
Estados e as Organizações internacionais. Em certas situações específicas também os
movimentos de libertação nacional têm essa capacidade.
Os Estados por regra têm plena capacidade jurídica – artigo 6º CV. Há contudo duas
situações que podem anular essa capacidade:
Organizações internacionais
→ Se a Convenção foi concluída por um uma entidade que não é, sequer, sujeito de
Direito internacional, ou seja, não tem capacidade, a consequência é mais grave: será a
inexistência.
Irregularidades substanciais
Do ponto de vista substancial não pode, de igual modo haver vícios: concretamente,
vícios da vontade ou do consentimento dos negócios jurídicos. Esses vícios podem ser o erro,
dolo, corrupção e coação. Na Ordem jurídica interna esses vícios conduzem à anulabilidade dos
negócios jurídicos.
O artigo 48º/1 do CV fala do erro-vício. O artigo 49º CV fala do dolo. O artigo 50º da
CV fala da corrupção artigo 51º e 52º fala da coação.
Erro – 48º CV
Dolo – 49º CV
O dolo é também um erro mas provocado pela outra parte. A outra parte assume uma
conduta fraudulenta por forma a enganar aquele Estado.
O dolo provoca a nulidade relativa da convenção.
O representante do Estado é aqui encarado como individuo e não como órgão Estadual.
Podem estar aqui em causa diversos actos como violência física ou ameaça, violência contra a
sua família, divulgações de informações privadas susceptíveis de comprometer a carreira do
delegado internacional.
Aqui as ameaças ou o emprego da força dirigem-se contra o próprio Estado. Resta saber
se a coerção económica e política entram neste conceito.
A CV não esclarece este facto. Contudo, parece poder incluir-se neste conceito as
medidas de coerção económica, num certo limiar, nomeadamente quando estão em causa
Estados economicamente dispares no seu desenvolvimento.
Relativamente às consequências, na coação a sanção é a nulidade absoluta.
É ainda necessário que o objecto seja lícito, ou seja, não viole princípios fundamentais
de Direito Internacional, de Ius Cogens – não seja contrário à ordem pública internacional.
Artigo 53º e 64º da CV. Esta ilicitude origina a nulidade absoluta.
Nulidades relativas
Estão em causa vícios menos graves e estão em jogo os interesses particulares dos
Estados participantes. O que origina as nulidades relativas são a ratificação imperfeita, o erro, o
dolo e a corrupção.
Nulidades absolutas
Servem para sancionar vícios mais graves. Casos em que estão em jogo interesses gerais
da Comunidade internacional. O que origina as nulidades absolutas são a incapacidade das
partes, a coação e a ilicitude do objecto.
Três aspectos de distinção das nulidades relativas das nulidades absolutas: (artigo 42º e ss
da CV).
Direito a invocar
- Nas nulidades absolutas qualquer das partes na Convenção, mas apenas essas, o
podem fazer.
Há casos em que se admite anular apenas as cláusulas que sofrem de nulidade. É uma
excepção ao princípio da indivisibilidade. Como se mantém em vigor o restante texto do
tratado, estamos perante um caso que se chama – divisibilidade extintiva. Artigo 44º/2 e 3 da
CV.
Sucede que isto só é válido para as nulidades relativas. Portanto, tratando-se de coação
ou de incompatibilidade do tratado com uma norma do ius Cogens, (nulidades absolutas), vigora
o princípio da indivisibilidade.
Esta divisibilidade é obrigatória no erro e facultativa no dolo e na corrupção, pois nestes
últimos houve má fé.
Consiste em aceitar o tratado apesar do vício. Pode ser feito de forma expressa ou de
forma tácita. Artigo 45º CV.
- É possível no caso das nulidades relativas.
- Não é possível no caso das nulidades absolutas.
Em resumo:
Uma outra causa pode resultar do comportamento das partes. Já não se trata da vontade
mas de um comportamento contrário ao previsto na Convenção Internacional. ex.: violação de
disposições por uma das partes contratantes. Estado de guerra – Esta situação leva à caducidade
das convenções bilaterais e suspensão das convenções multilaterais entre os Estados
Beligerantes.
Costume derrogatório
É uma figura que serve para evitar que uma alteração profunda das circunstâncias que
rodeou a conclusão de uma CI, tenha como consequência um prejuízo injusto para uma das
partes – artigo 62º CV.
Se realmente houver uma alteração, as partes podem invocar este artigo. Contudo, só
certas alterações são susceptíveis de ser invocadas:
1) É preciso que essa alteração de circunstâncias seja fundamental, ou seja, quando as
circunstancias que existiam no momento da conclusão constituíssem a base essencial da
conclusão do tratado.
2) É preciso que essa alteração tenha como consequência uma alteração radical na
natureza das obrigações assumidas pelas partes.
Exceptuam-se de invocação de uma alteração fundamental de circunstancias as
situações de delimitação de fronteiras, pois estas criam uma situação objectiva – artigo 62ºCV,
as alterações que tenham sido provocadas pelas partes, bem como fica impedido de invocar a
clausula de extinção das CI por alteração fundamental de circunstancias os Estados ou os
Estados que aceitem expressa ou tacitamente a manutenção do tratado em vigor – artigo 45º CV.
Teoria da essencialidade
Há matérias, que pela sua importância, têm que ser objecto de tratado solene. Este
elenco de matérias não é exaustivo. Pode acontecer que na Convenção Internacional surja o
termo Acordo, mas pode efectivamente tratar-se de um Tratado solene. Perante isto tem pois
que analisar-se a CI e ver se estamos perante um Tratado ou um acordo em forma simplificada.
1 - Pró internacionalista
O PR é eleito. Ele pode dissolver a AR, demitir o governo, com que lógica ele pode,
sem mais, ser obrigado a assinar um tratado internacional? Ademais, com aquelas competências,
É uma outra fonte de Direito Internacional: artigo 38º ETIJ. Relativamente a esta fonte
parece haver aqui algo de paradoxal. Falamos em fontes formais para aludir às fontes de Direito
Internacional mas o costume não é uma fonte formal. As normas costumeiras resultam de
comportamentos dos Estados e outros sujeitos de Direito Internacional.
Contudo, trata-se de uma fonte formal pois trata-se de um procedimento.
As normas costumeiras pressupõem a conjugação de dois elementos: o elemento
material ou objectivo – prática, e o elemento psicológico ou subjectivo – convicção da
obrigatoriedade.
Este elemento consiste em determinados comportamentos que são levados a cabo pelos
sujeitos de Direito Internacional durante um determinado período de tempo, de modo constante
e uniforme. Estes comportamentos designam-se também de precedentes. Mas, com este
elemento, temos apenas os usos como por exemplo as regras de cortesia internacional.
Para que exista costume e não apenas os usos temos que aditar ao primeiro elemento um
segundo elemento que é justamente o elemento subjectivo ou psicológico.
A certa altura, entre os sujeitos de Direito internacional que levam a cabo os tais precedentes,
forma-se neles a convicção de que adoptar esses comportamentos é uma obrigação. Esses
sujeitos formam em si, ainda, a convicção de que se não obedecerem a esses comportamentos,
podem efectivamente ser sancionados.
O costume tem, contudo, alguns problemas de operatividade que resultam da sua
incerteza cronológica e da sua existência incerta.
Como a sociedade internacional não é tão institucionalizada quanto a sociedade interna,
o costume reveste no Direito internacional uma importância maior que não reveste na Ordem
Jurídica interna.
4 – Processo costumeiro
Para se saber se estamos perante precedentes, temos que ir, desde logo às práticas dos
sujeitos de Direito internacional que são os actos dos órgãos incumbidos das relações
internacionais.
Actos do Estado
Trata-se de actos praticados pelos órgãos estaduais e que contendem com as relações
internacionais. Ex.: os actos que promanam do Ministro dos negócios estrangeiros.
As tomadas de posição dos agentes dos Estados, no decurso dos processos judiciais
internacionais ou então em tomadas de posição junto das organizações internacionais, podem
desencadear um processo costumeiro.
As práticas das organizações internacionais, quer no seu plano interno, quer no seu
plano das relações internacionais, podem desenvolver um processo costumeiro.
Estas organizações são associações de pessoas públicas ou privadas que não têm fins
lucrativos e prosseguem inúmeros fins, de entre os quais fins humanitários. As regras por que se
regem certas destas organizações podem resultar em larga medida em normas de costume
internacional.
Porém, para que exista costume, é necessário também que os comportamentos sejam
constantes e uniformes.
Comportamentos constantes: verificam-se ao longo de um determinado período de
tempo. Hoje, todavia, diz-se que é preciso cada vez menos tempo e fala-se mesmo de costumes
selvagens.
Comportamentos uniformes: é necessária a concordância dos sujeitos de direito
internacional.
Costumes gerais
Os princípios gerais de direito são oriundos do direito interno dos Estados e são três as
razões que justificam esta opção:
1) Uma análise dos trabalhos preparatórios do artigo 38º do ETPJI revela que se
pretendeu aludir aos princípios consagrados nas diversas ordens jurídicas do mundo.
2) Os juízes do Tribunal internacional de Justiça podem recorrer aos Princípios Gerais
de Direito quando não encontrarem solução, nem nas convenções internacionais, nem no
costume. Radica aqui uma especificidade própria dos Princípios Gerais de Direito.
3) Os princípios gerais de direito só podem radicar no direito interno pois a eles se
recorre quando o direito internacional não dá resposta aos litígios.
O recurso aos princípios gerais de direito, em caso de lacuna, foi previsto porque à
justiça internacional subjaz um princípio de consensualidade.
3 – Modo de operar com os princípios gerais de direito: Dois requisitos para aplicar os
princípios gerais de direito:
Há autores que, a respeito da autonomia dos princípios gerais de direito, falam deles
como uma fonte “transitória e recessiva”, pois, alguns destes princípios podem converter-se em
costume, dada a sua sistemática aplicação, perdendo aí autonomia.
Porém, Nos domínios novos, os princípios gerais de direito ainda não foram aplicados e
por isso eles ainda são uma fonte autónoma.
V – Actos jurídicos unilaterais (outra fonte formal não mencionada no artigo 38º)
Os actos jurídicos unilaterais podem ser dos Estados ou das organizações internacionais.
É um acto imputável a um só sujeito de direito internacional, destinado a produzir determinados
efeitos jurídicos.
Os actos jurídicos unilaterais, além de contribuírem para a formação de normas
costumeiras eles não constam das fontes formais porque há época em que o Estatuto do TIJ foi
elaborado, estes ainda não tinham a importância que vieram a adquirir posteriormente.
Eles integram o elenco de fontes formais da nossa disciplina.
São actos que emanam de um só sujeito de direito internacional e destinam-se a
produzir determinados efeitos jurídicos. Criam direitos ou impõem obrigações, quer para o autor
desses acto, quer para terceiros. No primeiro caso são actos auto-normativos, no segundo caso
são actos hetero-normativos.
Para um acto jurídico unilateral ser fonte de direito internacional tem que ser autónomo.
Significa que têm que produzir efeitos por si próprios, não estando ligados a outra fonte de
direito internacional, dispensando-se ainda a aceitação pelos destinatários.
Reconhecimento
Protesto
Notificação
Promessa
Renúncia
Acto através do qual um Estado abdica de um direito próprio, do qual era titular. Um
Estado abdica de uma parcela de soberania.
Imputabilidade
O acto jurídico unilateral tem que ser imputável ao Estado. Deve ser emitido por um dos
órgãos que vincule o Estado no plano internacional.
Oponibilidade
É necessário que o acto jurídico unilateral seja oponível a terceiros e deve estar em
conformidade com o Direito Internacional. O acto jurídico unilateral não tem que ser aceite por
terceiro. Eles dispensam a aceitação de terceiros, até porque a maioria deles não têm que ser
receptíveis.
Publicidade
Decisões
Actos com força jurídica obrigatória. Impõem uma obrigação de conduta aos
destinatários.
Recomendações
Pareceres
Estas fontes não são formais porque não criam normas. São fontes auxiliares porque
ajudam a determinar o conteúdo das normas existentes. Dadas as características próprias da
sociedade internacional, a jurisprudência e a doutrina assumem no plano internacional uma
importância maior do que na ordem interna.
VI – Jurisprudência
Conjunto das decisões judiciais (ou arbitrais), sobretudo, agora, dos tribunais internacionais. Até
há pouco tempo essas decisões eram dos tribunais arbitrais. Com a criação do Tribunal
internacional de Justiça foi-se criando um corpo homogéneo de decisões judiciais.
Existe um prestígio das decisões judiciais que radica na objectividade e imparcialidade
nos procedimentos judiciais. Esse prestígio pode, contudo, ser um pouco abalado com o facto de
se permitir que os juízes discordantes possam publicar as suas discordâncias no acórdão, quer
através da sua opinião individual ou opinião dissidente, facto que passa uma idéia de divisão ou
de fractura num colectivo de juízes.
Opinião individual: opinião emitida por um juiz que concorda com a decisão, mas discorda do
fundamento da sentença.
Opinião dissidente: é o voto do vencido. É quando um juiz não está de acordo com a decisão.
VII – Doutrina
VIII – equidade
Segundo o artigo 38º ETIJ é necessária a autorização das partes para se recorrer a
critérios de equidade.
A equidade não é por certo uma fonte de direito, pois não serve para criar normas
jurídicas. Tratam-se de critérios de bom senso, idóneos, critérios que se aplicam no caso
concreto para os solucionar idealmente à luz do sentimento dominante de justiça. A equidade
desempenha assim uma função complementar ou de justiça correctiva, em relação às fontes de
Direito internacional.
Servem para corrigir as injustiças que resultam de uma aplicação mecânica das normas
jurídicas. Serve pois para atenuar a aplicação do direito.
Afasta-se o direito aplicável e julga-se apenas segundo critérios de equidade, desde que
as partes expressamente o prevejam.
Que equidade? Por nossa parte parece-nos que não deve admitir-se o recurso à equidade
contra legem, quer por razões de segurança jurídica, quer porque aceitar esse tipo de equidade
conduziria a um completo desvirtuamento da função jurisdicional.
Em conclusão, isto quer dizer que, em concreto, afigurasse-nos apenas viável o recurso
à equidade secundum legem e, mediante autorização expressa das partes, é possível o recurso à
equidade praeter legem.
Capitulo IV
I – introdução
II – Estado
1 - Noção
Um Estado pode definir-se como uma entidade composta por três elementos. População,
território e Governo. Mas há uma característica que é exclusiva do Estado e que permite
destaca-lo de outras entidades que, embora não desempenhem o papel de destaque dos Estados
no plano internacional, também reivindicam semelhantes características, que é a soberania. Os
Estados não se encontram organicamente subordinados a nenhuma outra entidade de Direito
Internacional.
O Estado é um fenómeno histórico, sociológico e jurídico que o direito analisa.
2 – Elementos constitutivos
2.1 - População
Estes conceitos não se confundem com o de população, pois há Estados que têm várias
nações, embora apareçam diversas vezes associados.
Nação pode definir-se como um conjunto de indivíduos ligados entre si por afinidades
de vária ordem: étnicas, linguísticas, históricas, culturais, religiosas etc, que manifestam
vontade de viver em comum.
Houve no século XIX a intenção de se fazer coincidir a nação com o Estado. Esta
tentativa tem hoje uma reminiscência no princípio do direito das nações à autodeterminação.
Porém, este direito vale apenas para certos povos, nomeadamente, para os submetidos a uma
dominação colonial.
Para se falar num Estado tem que se falar num mínimo de território. Há uma ligação
estreita entre território, população e governo porque a população é sedentária, pressupõem
desde logo um território e o exercício do poder político e administrativo implica a existência de
um território.
O território é delimitado por fronteiras. Não é obrigatório que essas fronteiras já estejam
plenamente definidas e, ainda, caso o Estado esteja envolvido em disputas territoriais, este facto
não obsta a que seja reconhecido como tal pelos seus pares. As fronteiras podem ainda ser
naturais ou artificiais. Do território fazem parte o domínio terrestre, fluvial, marítimo, lacustre e
aéreo. É neste espaço compreendido pelo território que o Estado vai exercer plena soberania.
São poderes que são inerentes ao Estado, que são próprios de entidades soberanas e são
exclusivos e praticamente ilimitados. São exercidos sobre as águas interiores e sobre o mar
territorial.
Mares interiores, baías etc. a linha imaginária é a linha normal de maré baixa e as águas
interiores são aquelas que se situam entre essa linha e o território, exceptuando, evidentemente,
as superfícies de água doce. Sobre estas águas interiores o Estado exerce soberania total ou
praticamente total.
A soberania é quase ilimitada e abrange até o direito de passagem inofensiva. A única
restrição diz respeito a certos ilícitos disciplinares e criminais praticados a bordo de navios de
guerra ou privados.
b) Mar territorial – Convenção de genebra sobre mar territorial art. 14/2 e C M Bay art.2
Vai desde a linha normal de maré baixa até uma distância de 12 milhas marítimas.
Compreende as águas, o leito e o subsolo do mar territorial.
1 Milha = 1850 metros aproximadamente. Aqui a soberania é quase total. Há uma
norma costumeira, já codificada na Convenção de Genebra, que estipula a liberdade de
passagem inofensiva de navios estrangeiros.
Já são poderes limitados. São poderes que derivam do direito internacional. São poderes
atribuídos, pelo que já não faz sentido falar-se em território. Só relativamente às zonas em que
os Estados exercem poderes de soberania é que se pode falar de território.
Faixa marítima com 24 milhas a contar a partir da linha normal de maré baixa. Aqui o
Estado exerce poderes de fiscalização, pois a zona contígua destina-se a prevenir ou a reprimir
quaisquer infracções às leis do Estado que possam ocorrer no seu mar territorial ou no seu
território costeiro: domínio aduaneiro, sanitário, fiscal e emigração.
b) Plataforma Continental
Conta-se a partir da zona normal de maré baixa até às 200 milhas marítimas. Os Estados
devem partilhar estas zonas com Estados sem território marítimo e com Estados em vias de
desenvolvimento. Os direitos estão nos artigos 56º e ss.
São zonas que se encontram subtraídas, tanto aos poderes de soberania, como aos
poderes de mera jurisdição.
Faixa marítima que se situa após as duzentas milhas. Vigora um regime de quatro
liberdades:
→ Navegação;
→ Pesca;
→ Sobrevoo;
→ Colocação de cabos submarinos, oleodutos etc.
→ Construção de ilhas artificiais;
→ Investigação científica;
Porém, com este regime de liberdade total, os Estados mais desenvolvidos saem
beneficiados. É um regime de internacionalização negativa pois é uma igualdade meramente
formal.
b) Zona ou área
Fundos marinhos e subsolos para além dos limites da jurisdição nacional. Solo e
Subsolo do alto mar.
O regime jurídico é diferente. Vigora aqui um princípio jurídico diferente. Foi criada
uma organização internacional “autoridade internacional para os fundos marinhos”, que se
encarrega de superintender na exploração e distribuição dos recursos da zona, mas de acordo
com o princípio da desigualdade compensatória, que se traduz em favorecer os Estados mais
desfavorecidos.
São os lagos que são superfícies de água doce circundada por terra. São-lhe aplicadas,
em princípio as normas dos mares internos.
2.3 - Governo
O Estado como entidade abstracta precisa de órgãos que o representem para exprimir a
sua vontade. Governo aqui significa exactamente o conjunto dos poderes públicos do Estado:
ordem política, legislativa, judicial e administrativa.
Os Estados gozam de liberdade no que toca à escolha dos sistemas políticos internos.
Há uma autonomia política e constitucional do Estado em que o Direito Internacional não se
imiscui.
O governo deve mostrar capacidade efectiva para levar a cabo todas as suas funções
conaturais ao poder estadual tanto no plano interno – manutenção da ordem e da segurança,
como no plano internacional – observância dos compromissos e obrigações internacionais.
3 – Competências do Estado
Competências internas
Competência territorial
Competência pessoal
Competências internacionais
Jus In Bello: resulta da necessidade de um conjunto de regras jurídicas que regulem o Estado
de guerra. Hoje designa-se por direito internacional humanitário. São normas atinentes ao tipo
de armamento que se pode utilizar. Convenções de Haia e Convenções de Genebra de 1949.
Normas primárias: são normas jurídicas que impõem a adopção de certo comportamento aos
destinatários.
Normas secundárias: são normas que estabelecem determinadas consequências jurídicas que
se ligam à violação das normas primárias.
4.1.1 – Pressupostos
Pode ser imputável quando tiver sido adoptado por órgãos estaduais ou órgãos que estão
subordinados à autoridade do Estado. Esses órgãos podem ser individuais, colectivos,
descentralizados ou centralizados.
Ocorrência de danos
É preciso que esse acto ilícito cause danos na esfera jurídica de terceiros.
É preciso demonstrar que aqueles danos foram causados por aquele acto ilícito em
causa. Estes devem, portanto, resultar ou ser consequência do facto praticado pelo agente.
Verificados estes pressupostos, pode dizer-se que um Estado incorre em
responsabilidade internacional.
Com o nascimento da teoria do Ius Cogens e das obrigações erga omnes foi ganhando
forma a ideia de ordem pública internacional. Certas normas passam a ter um valor superior e
por consequência passam a existir vários tipos de responsabilidade internacional. Por
consequência, as consequências jurídicas seriam também diversas.
A comissão de direito internacional veio pois fazer uma distinção entre crimes e delitos
internacionais.
Restitutio in integrum
→ O cálculo é feito à luz das normas de direito internacional e não de direito interno;
→ O grau dos prejuízos sofridos deve aferir-se por referência ao montante presente;
→ Deve ter-se presente que não é uma forma de sanção. Esta sanção não serve para
sancionar mas sim para reparar danos causados.
Satisfação
Forma de compensação dos danos que revistam um carácter moral, como por exemplo:
→ Um pedido oficial de desculpas;
→ A cominação de sanções internas ao agente autor do acto alícito;
Consentimento
Pode haver Estados que aceitem que outros infrinjam uma obrigação internacional.
Traduz-se num acordo entre o Estado autor e o Estado vítima, através do qual o agente consente
a adopção desse comportamento. Porém são necessários certos requisitos para que este
consentimento seja válido:
1) É necessário que esse consentimento tenha sido validamente prestado, sem vícios.
2) É necessário que esse consentimento seja claro e inequívoco. Pode ser tácito ou expresso.
3) Não pode ser meramente presumido. Tácito significa não expresso, ou seja, resulta de um
comportamento do Estado. Presumido significa conjecturado.
4) É necessário que esse consentimento seja imputável ao Estado.
5) Têm que ser respeitados os limites substanciais e temporais do consentimento. O estado autor
só pode praticar os actos que o estado lesado tenha consentido e apenas durante aquele tempo.
6) É irrelevante ao consentimento a prática de um acto ilícito que traduz a violação de uma
norma de Ius Cogens.
Requisitos substantivos
Requisitos procedimentais
1) O estado que actue em legítima defesa tem que comunicar ao Conselho de Segurança das
Nações Unidas as medidas que adoptou no exercício desse direito.
Contramedidas
Perante um acto internacional ilícito, admite-se que o Estado vítima reaja. São
faculdades reconhecidas pelo Direito Internacional.
1) Retorções
1) Represálias
São actos inamistosos e ilícitos. Mas essa ilicitude desvanece-se porque a represália é
motivada por um acto ilícito, prévio, por parte de outro Estado. Ex.: incumprimento de um
tratado.
Perigo Extremo
Estado de Necessidade
Casos em que um estado viola uma norma de Direito Internacional porque sofreu uma
ameaça a um seu interesse essencial que inclusivamente pode por em jogo a sua sobrevivência
enquanto Estado.
No estado de necessidade, teoricamente, também existe a situação de opção entre
cumprir e não cumprir a obrigação internacional. Porém, esta causa de exclusão da ilicitude é
diferente do perigo extremo porque o que está em jogo é a existência do próprio Estado e não do
agente do Estado ou pessoas à sua guarda.
Para prevenir o recurso abusivo ao estado de necessidade existem algumas cautelas:
Vozes contra
→ Admitir novas causas de exclusão da ilicitude pode levar ao fim do princípio da proibição do
recurso à força;
→ A figura da intervenção humanitária presta-se a alguns abusos; os Estados podem invocar
fins humanitários para intervenções que servem para o Estado satisfazer interesses próprios.
→ Não estão definidos com clareza os critérios substantivos e procedimentais que possam
legitimar uma intervenção humanitária;
Vozes a favor
Podemos concluir que a avaliação é casuística, mas também aqui pode nascer o
problema dos dois pesos e duas medidas.
A) Teoria Geral
1 – Evolução histórica
2 - Noção
1) Concluir tratados;
2) Jus Legationis – enviar e receber missões diplomáticas;
3) Direito a serem ressarcidas pelos danos que lhe tenham sido causados, através de uma
reclamação internacional;
Dado que as Organizações Internacionais não dispõem de território, elas têm que
concluir um tratado com um Estado membro para poderem funcionar nesse Estado membro.
3 - Classificações
Foi criada após a II Guerra Mundial, em 1945, em Ialta, depois das bases terem sido
lançadas na Conferencia de Bretton Woods, através da criação do FMI e do BIRD, pelas
potências vencedoras do conflito – EUA, União Soviética e Reino Unido e ainda da conferencia
de Dumbarton Oaks, no mesmo ano. Na conferência de São Francisco, em 26 de Junho de 1945,
foi aprovado o texto definitivo. A Carta entrou em vigor a 25 de Outubro do mesmo ano.
O seu principal objectivo foi evitar um terceiro conflito à escala mundial – garantir a
paz e a segurança mundiais. As potências vitoriosas procuraram instituir uma nova ordem
internacional.
4) Centro de encontro dos Estados da comunidade internacional (…) Artigo 1º/ 4 CNU
Os princípios pelos quais se pauta a ONU estão previstos no artigo 2º da CNU. Trata-se
de autênticos princípios fundamentais de direito internacional – direito constitucional
internacional.
Este é um dos princípios porque se rege a ONU. A própria CNU faz letra morta deste
princípio num outro preceito do mesmo documento. As potências vencedoras encarregaram-se
de atribuir a si própria uma posição privilegiada no seio da ONU.
Cumprirá aos Estados observar este princípio no cumprimento das suas obrigações
recíprocas.
Esta constitui uma das excepções admitidas ao princípio da proibição do recurso à força
nas relações internacionais.
Uma interpretação literal do artigo 51º conduz-nos a encarar a prévia ocorrência de um
ataque armado como pressuposto necessário da utilização da força em legítima defesa.
Os partidários da legítima defesa preventiva atestam que a legítima defesa pode pois ser
exercida na eminência de um ataque armado, pois isso contribui para a própria preservação da
paz mundial, além de que, esperar pelo ataque, pode significar para o Estado ofendido a sua
destruição.
As decisões são tomadas por maioria qualificada de nove votos. Porém, o procedimento
varia em função da natureza da questão que o conselho de Segurança vai apreciar. A natureza da
questão pode ser:
Por vezes surgem dúvidas relativas sobre saber se as matérias são de natureza material
ou procedimental. Se não se sabe, é preciso qualificar essa questão. O CS tem que fazer uma
votação para saber qual a natureza da questão. Porém, este acto de qualificação é em si
considerado um acto de natureza material, logo pode haver direito de veto, por parte de cada um
dos membros permanentes, a que a questão seja qualificada como processual. Num momento
subsequente, um dos membros permanentes pode vetar novamente. Eis-nos perante o chamado
sistema de duplo veto.
Com aquela qualificação inicial, salvaguarda-se o direito de veto dos membros
permanentes, pois se, qualificar a questão fosse considerada uma questão de natureza
processual, o direito de veto dos membros permanente ficaria congeminado.
De acordo com a letra do artigo 27/3, a ausência de voto afirmativo por parte de um
estado membro equivalia a um direito de veto. A verdade é que formou-se um costume contra
legem e a simples abstenção não paralisa a decisão, mas só um voto negativo produzirá esse
resultado.
Como órgão responsável pela manutenção da paz, sempre que um acontecimento ponha
em causa a manutenção da paz, o conselho de segurança:
1 – Qualifica a questão: tem que a qualificar segundo uma das três possibilidades da carta –
artigo 39 CNU
1 – Ameaça à paz
2 – Ruptura da paz
3 – Acto de agressão
1 – Medidas provisórias
3 – Sanções militares
São resoluções imperativas. Concebe-se uma ampla margem de discricionariedade.
Refira-se ainda que a ordem que aqui é exposta não é obrigatória para o conselho de
segurança das nações unidas. Assim, o CS, se assim o entender, pode optar por aplicar de
imediato sanções militares.
Ele foi criado para superintender na administração dos territórios sob tutela. Estes
territórios eram territórios em trânsito para a autodeterminação mas que ainda não tinham
condições para ser dotado de auto-governo e, portanto, careciam de uma administração
supervisionada internacionalmente.
Já não tem muita importância este órgão. Já esgotou a sua razão de ser. Desde 1994, ano
em que se deu a independência do último território sob tutela, que este órgão deixou de ter
importância.
O TIJ é órgão judiciário mais importante da comunidade internacional. Ele faz parte da
ONU e sucedeu ao Tribunal Permanente de Justiça Internacional da SDN. O estatuto do
Tribunal Internacional de Justiça é praticamente igual ao do da SDN.
O TIJ é composto por 15 juízes que são recrutados e eleitos segundo os critérios fixados
no artigo 2º do ETIJ e são eleitos pela AG e pelo Conselho de Segurança. A sede é na Haia, no
palácio da Paz – artigo 9º.
O TIJ exerce dois tipos de competência:
Refira-se que o TIJ não funciona como os tribunais internos dos Estados. À partida os
Estados não estão directamente submetidos à jurisdição deste tribunal. Pelo contrário, eles têm
que dar o seu consentimento – princípio da consensualidade. E como se atribui esses
consentimento? Diga-se desde já que os Estados podem submeter os seus conflitos à jurisdição
do TIJ já depois da ocorrência desses conflitos ou ainda antes.
1 – Acordo especial
Trata-se de um acordo através do qual dois Estados, que estejam em conflito, aceitam
interpor uma acção em tribunal para que este se pronuncie através de uma sentença ou acórdão.
2 – Forum prorogatum
Essa convenção versa sobre o problema geral da solução pacífica dos conflitos
internacionais, em que as partes acordam em submeter ao TIJ, quaisquer conflitos hipotéticos
que no futuro possam surgir entre eles.
2 – Cláusula compromissória de sujeição
Dois ou mais Estados Estados concluem uma CI sobre um qualquer tema e nessa CI
inserem uma cláusula (cláusula compromissória de sujeição), nos termos da qual será o TIJ a
julgar os casos que possam resultar da interpretação ou da aplicação dessa convenção.
Os Estados partes no Estatuto não ficam, ipso facto, vinculados a todas as suas
disposições. Existe uma particular cláusula pela qual eles não ficam automática e imediatamente
obrigados. Ela prevê que qualquer Estado parte declare, unilateralmente, que aceita no futuro a
jurisdição do TIJ. O Estado terá que fazer uma declaração e envia-la ao secretário das NU.
Cada Estado pode faze-la individualmente, não há, portanto, acordo com outros
Estados. Por isso, vai ser em concreto, por forçado encontro de dois consentimentos unilaterais,
que o TIJ vai exercer a sua jurisdição. A subscrição da cláusula é facultativa, mas uma vez
subscrita a jurisdição do TIJ é obrigatória. Daí o nome aparentemente paradoxal.
2 – Reservas de carácter substantivo – exclui litígios que tenham a ver com determinado
conteúdo.
Competência Consultiva – no âmbito da qual o TIJ emite pareceres consultivos. Artigo 96º
CNU
Esta competência pode ser desencadeada, quer pela Assembleia-geral, quer pelo
Conselho de Segurança. O tribunal internacional de justiça emite um parecer consultivo sobre
uma qualquer questão jurídica.
Também outros órgãos ou até organismos especializados das NU podem solicitar um
pedido de parecer ao TIJ mas mediante autorização da AG e apenas sobre matérias que tenham
a ver com a sua competência. 96º/2 CNU e 65ºETIJ.
Não se deve ter a ideia de que é um órgão meramente administrativo. Devido à paralisia
do Conselho de Segurança, o Secretário das Nações Unidas avultou algumas competências do
Conselho de Segurança e vê-se diversas vezes o secretário-geral a imiscuir-se em assuntos de
política e diplomacia. Artigo 99º. Detém assim hoje competências que vão para além das
previstas na Carta.
V – O indivíduo
Dualistas e voluntaristas
Monistas
Estes passaram de um extremo ao outro e vieram dizer que apenas o indivíduo é sujeito
de direito internacional, sendo o Estado como um instrumento de gestão de interesses
colectivos.
Acontece que aos poucos foram surgindo correntes mais moderadas e admite-se hoje
que para além do Estado há outros sujeitos de Direito Internacional. O papel do indivíduo tem
vindo a crescer e fala-se hoje numa mutação de paradigmas.
No direito clássico
O indivíduo não era sujeito de direito internacional porque não era destinatário directo
das normas internacionais. Para se ser destinatário directo era necessário que as normas de
direito internacional alterassem a esfera jurídica dos sujeitos de direito internacional. No direito
clássico só mediatamente as normas de direito internacional alteravam a esfera jurídica do
indivíduo.
Por este facto, assumia especial importância o instituto da protecção diplomática. Este é
um mecanismo indirecto de tutela de direitos individuais no plano internacional, que é activado
pelo Estado. Era o Estado da sua nacionalidade quem podia assumir a tutela dos direitos
individuais dos cidadãos, mas note-se que, embora prerrogativa exclusiva do Estado, este só
defendia os seus cidadãos se assim o entendesse. Para que o Estado pudesse exercer essa
protecção era necessários alguns requisitos:
→ Era necessário que o vínculo da nacionalidade em causa seja estável, efectivo e genuíno, e
consequentemente, oponível a terceiros, não podendo ser uma ligação oportunista, episódica.
→ É necessário que o indivíduo sofra um acto ilícito do Estado estrangeiro, nesses Estado,
provada que seja a relação de causalidade adequada.
1) Parte-se de um princípio que os cidadãos confiam nas vias de recurso ao seu dispor
nos países estrangeiros.
2) Os Estados, para que haja uma sã convivência, têm que confiar nos outros Estados
em matéria de administração de justiça, e, por isso, é, preciso por elementar prudência, que se
dê ao Estado estrangeiro a oportunidade de demonstrar que afinal não praticou qualquer acto
ilícito, ou, se o praticou, está disposto a ressarcir o particular.
→ Requisito clean hands - Seria ainda necessário demonstrar que o próprio individuo não
violou uma regra interna do país de residência. Este último requisito não é muito aceite na
doutrina porque se entende que mesmo que o individuo tenha violado uma lei interna do Estado
da residência, este tem direito a ser defendido.
Actualmente começa a surgir um novo paradigma. O indivíduo passou a ser SDI, facto
que lhe permite assumir internacionalmente, de forma directa, a tutela dos respectivos direitos,
com a correlativa subalternização, em tais casos, do instituto da protecção diplomática.
2 – Como órgão público, por conta do Estado ou agente do Estado; crimes under international
law
Temos como exemplos crimes contra a paz, crimes de guerra, crimes contra a
humanidade, genocídio. Neste tipo de crimes, o indivíduo já é sujeito de direito internacional
geral ou comum, pois o TPI está habilitado a julgar estes crimes, pelo que as normas se dirigem
directamente ao indivíduo.
→ DUDH – 1948;
→ Pactos Internacionais (1) sobre direitos civis e políticos e (2) e sobre direitos económicos,
sociais e culturais – 1966;
Princípio da Universalidade
Significa que deve haver um respeito e uma promoção dos Direitos Humanos mais
essenciais, independentemente dos particularismos regionais. Claro que os particularismos
regionais podem levar a uma certa flexibilidade na protecção desses direitos, mas de forma
alguma podem ser postos em causa. Admite-se diferentes culturas que flexibilizam os direitos
humanos mas sem por em causa o núcleo essencial dos Direitos Humanos. Deve salientar-se
que há um núcleo de Direitos Humanos que é objecto de um consenso mais ou menos geral na
comunidade internacional.
Obrigações que cada Estado toma para com a Sociedade Internacional no seu todo.
Todos os Estados têm um interesse jurídico na protecção desses direitos. Logo, qualquer Estado
pode intervir quando se violem esses direitos. É aqui que se funda a tese das intervenções com
fins humanitários.
Até certa altura os Direitos humanos eram assunto interno dos Estados. Mesmo aquando
da elaboração da Declaração, havia a oposição dos países de leste e dos afro-asiáticos. Porém,
operou-se uma mudança radical.
De qualquer modo, quem modelou o conteúdo essencial dos direitos humanos foi o
bloco dos países do ocidente e são tributários das concepções liberais e democráticas.
Em conclusão, estes instrumentos normativos atribuem directamente direitos e
obrigações aos indivíduos. Alguns destes direitos prevêem até a possibilidade de reacção a
instâncias internacionais para tutela desses direitos. Alguns direitos contidos nesses preceitos
constituem até efeito directo.
Sistema Europeu
Conselho da Europa
Programa normativo que terminou com a Convenção Europeia dos Direitos do Homem –
1950;
1 – Integridade física;
2 - Liberdade e tutela jurisdicional;
3 – Intimidade pessoal e familiar;
4 – Liberdade intelectual;
5 – Actividade política;
6 – Direito de propriedade e educação;
1 – Direito ao trabalho;
2 – Direito Sindical;
3 – Negociação colectiva;
4 – Segurança social;
5 – Assistência social e médica;
6 – Direitos de família;
7 – Trabalhadores migrantes;
Também aqui há um mecanismo de vinculação inédito dos Estados. Cada Estado pode
comprometer-se a adoptar cinco dos sete direitos previstos na Carta.
O sistema de controlo resume-se ao exame dos relatórios apresentados pelos Estados
partes, não estando previstas as queixas interestaduais ou individuais, como vimos suceder no
âmbito da CEDH.
Sistema Americano
O sistema americano tem por base a Convenção Interamericana de São José da Costa
Rica de 1969 e o Protocolo de São Salvador de 1968.
Estes instrumentos normativos enunciam uma série de direitos fundamentais da pessoa
humana. Muitos deles são decalcados da DUDH e dos Pactos. São declarações para o plano
regional. Um órgão não jurisdicional – a comissão Interamericana dos direitos do homem, o
outro jurisdicional, o tribunal Interamercano dos direitos do homem, encarregam-se de
assegurar a salvaguarda dos direitos consagrados naqueles instrumentos convencionais.
Sistema Africano
A Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos de 1986 constitui o normativo
fundamental. Fala-se em direitos dos Povos para se lhes garantir certos direitos como à
existência, descolonização.
Este sistema é inovador porque fala dos direitos do indivíduo, mas também dos deveres
para com a família, o Estado e Comunidade Internacional. Do ponto de vista da fiscalização,
não há nenhuma instância de jurisdição.
Tudo isto veio a culminar na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia em
2000, em Nice.
Capitulo V
I – Introdução
1 – Negociação directa entre os protagonistas desse conflito. É desde logo o mais desejável
método.
2 – Heterosolução – esses Estados aceitam uma solução que lhes é imposta por um terceiro.
Neste caso estamos perante métodos jurisdicionais, que podem assumir a forma de
arbitragem ou solução judicial.
3 – Autosolução – eles próprios chegam a acordo para solucionar o conflito, ainda que as mais
das vezes por influência de um terceiro. Porém, este terceiro limita-se a ajudar a encontrar a
solução.
Neste caso estamos perante métodos político-diplomáticos, os quais são susceptíveis de
encontrar concretização prática nos procedimentos dos bons ofícios, da mediação, do inquérito e
da conciliação.
II - Métodos político-diplomáticos
1 – Negociação directa
São dois métodos com origem consuetudinária, embora tenham sido codificados pelas
Convenções da Haia de 1899 e 1907. Entre ambos há apenas a assinalar o grau de intervenção
do terceiro.
Bons ofícios: há um terceiro imparcial que, fazendo uso da sua autoridade mora e
política, intervém mas limita-se a por em contacto as partes em conflito. Esse terceiro não chega
a fazer propostas de solução. Ele não interfere directamente na solução.
Mediação: aqui o terceiro, para além de tentar colocar face a face, à mesa das
negociações, os protagonistas da controvérsia, o mediador empenha-se na busca de uma solução
concertada.
2.3 – Conciliação - 43
Cada parte litigante apresenta os seus argumentos. As partes aqui são os Estados,
representados pelos agentes. Estes agentes estão normalmente acompanhados por advogados ou
consultores.
Estas fases são comuns a todos os processos judiciais. A conciliação baseia-se num
procedimento semelhante ao dos tribunais – Comissão de Conciliação.
3º Momento
É o momento da decisão. Essa decisão é aprovada por maioria, sendo que o presidente
do Tribunal tem voto qualificado. Esta decisão não se traduz numa sentença obrigatória para as
partes.
1.1.1 – Interposição da acção e fases do processo contencioso – 40º, 42º, 43º, 46º, 54º, 55º,
56º, 57º, 59º, 60º, 61ºETIJ
Este processo pode ser interrompido pelos incidentes processuais. Estes podem ser
suscitados pelo próprio Tribunal, pelas partes, ou por um terceiro. Estes incidentes processuais
podem assumir a forma de excepções preliminares, de medidas provisórias ou conservatórias ou
de intervenção.
2 – Outros dizem respeito à preservação dos direitos das partes na acção ou do efeito útil da
acção.
3 – Outros podem ainda ser relativos aos direitos dos Estados terceiros.
1) Ratione Materiae
Poderá o Estado demandado suscitar um incidente processual alegando por exemplo que
a questão não tem relevância internacional.
2) Ratione personae
3) Ratione temporis
Intervenção – 62º
Consiste num pedido feito ao TIJ por um Estado que não é parte na acção contenciosa
mas que entende que a sentença a proferir pelo TIJ possa afectar um interesse na sua ordem
jurídica.
Nem sempre o TIJ profere estas pretensões porque muitas vezes pode ser utilizado
abusivamente, com o consequente desrespeito pelo princípio do consentimento prévio dos
Estados que aceitaram a jurisdição do TIJ para um particular conflito.
2- Solução arbitral
A sua particularidade reside no seu carácter não permanente. Como são então
constituídos estes tribunais? São constituídos através de um acordo entre os Estados envolvidos
no conflito – compromisso arbitrário. Este acordo torna este método mais respeitador da
soberania Estadual.
O tribunal arbitral interpreta o compromisso de arbitragem mas se fizer um abuso nessa
interpretação pode levar a um excesso de poder.
O compromisso de arbitragem tem também que prever qual é o direito que se vai
aplicar. Se nada se disser ele aplica o direito internacional. Claro que uma cláusula especial do
compromisso de arbitragem pode prever que o tribunal decida segundo critérios de equidade.
Em princípio a sentença proferida é definitiva, a menos que as partes hajam convindo
no contrário. Se por ventura o Tribunal Arbitral julgar por exemplo uma questão diferente da
que lhe foi suscitada ou não seguir as regras substantivas previstas no compromisso de
arbitragem, a sentença arbitral será nula. O problema da nulidade será submetido a uma nova
arbitragem ou eventualmente ao TIJ, desde que observado o princípio da consensualidade.
Mas, há duas possibilidades de se pedir a revisão da sentença.
1 – Pedido aclaração da sentença - quando esta seja dúbia no seu alcance, e de rectificação de
erros puramente materiais.
2 – Descoberta de um facto novo - posteriores à prolação da sentença, susceptíveis de
influenciar o sentido da sentença.
Este pedido é feito nos mesmos termos em que se aceita no TIJ.
Verdadeiramente não se trata de um Tribunal permanente. Este Tribunal foi criado pelas
Convenções da Haia de 1899 e 1907. Tem uma designação paradoxal, mas de facto não é um
verdadeiro Tribunal.
Trata-se sim de uma lista internacional de juízes arbitrais. Os Estados pares nas
Convenções da Haia ficaram obrigados a nomear, por períodos de seis anos, quatro juízes
árbitros que no seu conjunto formam a lista internacional de árbitros.
Quando surge em concreto um litígio entre esses Estados, constituem-se em concreto os
juízes. Cada Estado litigante escolhe dois juízes, sendo que apenas um pode ser seu nacional.
Esses quatro árbitros nomeiam um quinto árbitro.
Esta lista permanente revela uma tentativa de integração. Existe ainda um secretariado
e, ainda, um modelo de regras. Acerca do procedimento arbitral a observar em caso de lacunas
no compromisso de arbitragem.
São convenções que dois ou mais Estados podem concluir de modo a assumirem que
será um Tribunal Arbitral a julgar futuros conflitos em que intervenham esses Estados Partes.
Trata-se de conflitos eventuais hipotéticos.
2 – Clausula arbitral
Clausula que se insere num Tratado prevendo que será também um Tribunal arbitral a
resolver possíveis conflitos que tenham a ver com a interpretação e aplicação dessa convenção.
3 – Compromisso arbitral
Tem a ver com os casos em que o conflito já surgiu. Traduz-se num acordo mediante o
qual as partes interessadas aceitam submeter a controvérsia à arbitragem.
Do compromisso de arbitragem devem constar:
- A indicação das partes litigantes e o objecto do litígio;
- A menção ao direito material e objectivo a aplicar;
- A forma de constituição do Tribunal e de nomeação dos juízes árbitros;
- O vencimento que estes irão auferir etc.;