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Módulo 9 – ALTERAÇÕES GEOESTRATÉGICAS, TENSÕES POLÍTICAS E

TRANSFORMAÇÕES SOCIOCULTURAIS NO MUNDO ACTUAL

1. O fim do sistema internacional da Guerra Fria e a persistência da


dicotomia Norte-Sul

1.1. O colapso do bloco soviético e a reorganização do mapa político da


Europa de Leste. Os problemas da transição para a economia de mercado.

No inicio dos anos 80, a URSS encontrava-se numa situação preocupante, o sistema
vinha a degradar-se desde os tempos de Brejnev. Enquanto o nível de vida da
população baixava, o atraso económico e tecnológico, relativamente aos EUA, crescia
a olhos vistos, e só com muitas dificuldades o país conseguia suportar os pesados
encargos decorrentes da sua vasta influência no mundo
Em Março de 1985, Mikhail Gorbatchev é eleito secretário-geral do Partido Comunista
da União Soviética e inicia uma política de diálogo e aproximação ao Ocidente,
propondo aos Americanos o reinício das conversações sobre o desarmamento para
permitir à URSS utilizar os seus recursos para a reestruturação interna. O líder
soviético procura assim criar um clima internacional estável que refreie a corrida ao
armamento e permita à URSS utilizar os seus recursos para a reestruturação interna.
Neste contexto, Gorbatchev anunciou o seu programa de reformas designado
Perestroika.Perestroika
Este programa previa a alteração do modelo de planificação económica
em vigor desde Estaline, [descentralizar a economia], através da concessão de mais
Conceito:
autonomia às empresas, criação de um sector privado com Glasnost maior grau de flexibilidade
-para responder àsprofunda
Reestruturação solicitações do mercado e uma abertura social e política (glasnost,
do modelo
transparência), de modo a Gorbatchev Conceito:dos cidadãos e na viabilização da
incentivar a participação
soviético empreendida por
arealização
partir de de eleições livres e pluripartidárias – abertura democrática.
1958. - Vertente política da Perestroika que
procurou conciliar o socialismo e a
- Plano de renovação económica.
democracia.
Propostas:
Propostas:
- Descentralização da economia
- Apela à denúncia da corrupção.
(gestão autónoma das empresas que
se vêm privadas dos planos - Abolição da censura.
quinquenais, bem como dos avultados
subsídios que suportavam a sua falta - Abertura democrática – eleições
de rentabilidade. pluralistas e livres.

- Formação de um sector privado.

Consequências: Consequências:

- Deteorização da economia – - Abalo das estruturas do poder.


falências, desemprego, descontrolo
- Fim das Democracias Populares.
económico, pobreza, inflação.
- Vaga democratizadora – varre o leste
(1989) 1
O colapso do bloco soviético

As reformas liberais empreendidas por Gorbatchev tiveram grande impacto nos pais
do Leste Europeu.
A inflexão da política soviética e as duras críticas tecidas aos tempos de Brejnev
debilitaram a autoridade dos líderes comunistas dos países do Leste. Ao contrário do
que acontecera anteriormente, os partidos comunistas de leste não contaram com a
intervenção militar russa, para normalizar a situação. Confiante no clima de concórdia
que estabelecera com o Ocidente, Gorbatchev passou a olhar para as democracias
populares como uma obrigação pesada, da qual a URSS só ganhava em libertar-se.
A doutrina da soberania limitada foi, assim, posta de lado, e os países satélites da
URSS puderam, escolher o seu regime político. No ano de 1989, uma vaga
democratizadora varre o Leste, assistindo se a uma subversão completa do sistema
comunista. Na Polónia, Checoslováquia, Bulgária, Roménia, etc., os partidos
comunistas perdem o seu lugar de “partido único” e realizam-se as primeiras eleições
livres do pós-guerra. Desta forma, a cortina de ferro, de dividia a Europa, começa a
dissipar-se, as fronteiras com o Ocidente são abertas e nesse
Neste processo, a “cortina de ferro” que separava a Europa levanta-se, as fronteiras
com o Ocidente são abertas e, em 9 de Novembro, cai o Muro de Berlim e depois das
negociações entre os dois Estados alemães e os quatro países que ainda detinham
direitos de ocupação, a Alemanha reunifica-se (Tratado 2+4).
No mês seguinte é anunciado, sem surpresa, o fim do Pacto de Varsóvia e, pouco
depois, a dissolução do COMECON.
Nesta altura, a dinâmica política desencadeada pela perestroika tornara-se já
incontrolável, conduzindo, também, ao fim da própria URSS. O extenso território das
Repúblicas Soviéticas desmembra-se, sacudido por uma explosão de reivindicações
nacionalistas e confrontos étnicos.
O processo começa nas Repúblicas Bálticas, anexadas por Estaline durante a 2ª
Guerra Mundial.
Gorbatchev, que nunca tivera em mente a destruição da URSS ou do socialismo, tenta
parar o processo pela força, intervindo militarmente nos Estados Bálticos (1991). Esta
situação faz com que o apoio da população se concentre em Boris Ieltsin, que é eleito
presidente da República da Rússia, em Junho de 1991.
O novo presidente toma a medida extrema de proibir as actividades do partido
comunista.
No Outono de 1991, a maioria das repúblicas da União declara a sua independência.
Em 21 de Dezembro, nasce oficialmente a CEI – Comunidade de Estados
Independentes, à qual aderem 12 das 15 repúblicas que integravam a União

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Soviética. Ultrapassado pelos acontecimentos e vencido no seu propósito de manter
unido o pais, Mikhail Gorbatchev abandona a presidência da URSS.

Os problemas de transição para a economia de mercado.

A Perestroika tinha prometido aos soviéticos uma melhoria acentuada e rápida do


nível de vida. Mas, ao contrário do previsto, a reconversão económica foi um fracasso
e a economia deteriorou-se rapidamente.
O fim da economia planificada significou o fim dos subsídios estatais às empresas.
Assim, muitas unidades desapareceram e outras extinguiram numerosos postos de
trabalho, considerados excedentários.
Simultaneamente, o descontrolo económico e a liberalização dos preços
desencadearam uma inflação galopante que a subida de salários não acompanhou.
O desemprego, o atraso nos pagamentos das pensões e dos salários dos funcionários
públicos, bem como a rápida perda de valor da moeda significaram o fim das
poupanças de muitas famílias, que rapidamente se viram sem meios de subsistência.
Em contrapartida, a liberalização económica enriqueceu um pequeno grupo que, em
pouco tempo, acumulou fortunas fabulosas. De uma forma geral, a riqueza passou
para as mãos de antigos altos funcionários que aproveitaram as posições chave em
que se encontravam. Em meados dos anos 90, 455 do rendimento nacional
encontrava-se nas mãos de menos de 5% da população.
Os países de Leste viveram, também, de forma dolorosa, a transição para a economia
de mercado. Privados dos subsídios que recebiam da União Soviética, a braços com
uma redução das trocas na área do antigo COMECON e com as produções nacionais
alicerçadas em indústrias e equipamentos obsoletos os antigos satélites da URSS
sofreram uma brusca regressão económica. Tal como a Rússia, o caos económico
instalou-se, as desigualdades sociais agravaram-se, e a taxa de pobreza aumentou
num ritmo elevado.

1.2 Os pólos do desenvolvimento económico

• Hegemonia dos Estados Unidos: supremacia militar, prosperidade económica,


dinamismo científico e tecnológico. Consolidação da comunidade europeia; integração
das novas democracias da Europa do Sul; a União Europeia e as dificuldades na
constituição de uma Europa política.

• Afirmação do espaço económico da Ásia-Pacífico; a questão de Timor.

• Modernização e abertura da China à economia de mercado; a integração de Hong-


Kong e de Macau.

Os pólos do desenvolvimento económico

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Profundamente desigualitário, o mundo actual concentra a maior parte da sua riqueza
e da sua capacidade tecnológica em 3 pólos de intenso desenvolvimento: os Estados
Unidos, a União Europeia e a zona da Ásia-Pacífico. A este poder económico
concentrado, põe-se a hegemonia político-militar de um único país: os
Estados_Unidos.

Os Estados Unidos da América

Os EUA são o quarto maior país do mundo e o terceiro mais populoso. Um PNB de
mais de 10.2 biliões de dólares faz deles a primeira potência económica mundial.
Terra das oportunidades desde o seu nascimento, a América do Norte glorifica, ainda
hoje, o espírito de iniciativa individual e a imagem do multimilionário bem sucedido. A
“livre empresa” contínua no centro da filosofia económica do país e o estado
incentiva-a, assegurando-lhe as condições de uma elevada competitividade. Pátria de
gigantescas multinacionais, os EUA, vivem também de uma densa rede de pequenas
empresas.

Os sectores de actividade

Marcadamente pós-industrial, a economia americana apresenta um claro predomínio


do sector terciário. A América é, hoje, o maior exportador de serviços do mundo,
sobretudo, na área de seguros, transportes, restauração, cinema e música. Altamente
mecanizadas, as unidades agrícolas e pecuárias americanas têm uma elevadíssima
produtividade. Assim, e apesar de algumas dificuldades geradas pela concorrência, os
EUA mantêm-se como maior exportador de produtos agrícolas. Pelo seu dinamismo, a
agricultura americana alimenta ainda um conjunto de vastas indústrias. Este
verdadeiro complexo agro-industrial envolve mais de 20 milhões de trabalhadores e
representa cerca de 18% do PIB americano. Responsável por um quarto da produção
mundial, a indústria dos EUA sofreu, nos últimos 30 anos, uma reconversão profunda.
Os sectores tradicionais, entraram em declínio e, com eles, decaiu também a
importância económica da zona nordeste.

Novos laços comerciais.

O partido que os Estados Unidos retiram da sua implantação na América e na área do


Pacífico reforçou-se durante a presidência de Bill Clinton. Numa tentativa de
contrariar o predomínio comercial da UE, Clinton procurou estimular as relações
económicas com a região do Sudeste Asiático, revitalizando a APEC. No mesmo
sentido, o presidente impulsionou a criação da NAFTA, que estipula a livre circulação
de capitais e mercadorias (não de pessoas) entre os EUA, Canadá e México.

Dinamismo científico-tecnológico.

Liderando a corrida tecnológica, os EUA asseguram na viragem para o séc. XXI, a sua
supremacia económica e militar. Os EUA são, hoje, a nação que mais gasta em
investigação científica. Para além dos centros que dele directamente dependem, o
Estado Federal tem um papel decisivo no fomento da pesquisa privada. O avanço
americano fica, também, a dever-se à criação precoce de parques tecnológicos – os

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tecnopólos –, que associam universidades prestigiadas, centros de pesquisa e
empresas, que trabalham de forma articulada.

A hegemonia político-militar

A libertação do Kuwait (conhecida como Guerra do Golfo) iniciou-se em Janeiro de


1991 e exibiu, perante o mundo que a seguiu “em directo” pela televisão, a
superioridade militar dos Estados Unidos. O exército iraquiano, o 4º maior do Mundo,
com quase um milhão de homens, nada pôde fazer contra as sofisticadas tecnologias
de guerra americanas.
Este 1º conflito pós-Guerra Fria inaugurou oficialmente a época da hegemonia
mundial americana.
Assim, o poder americano afirmou-se apoiado pelo gigantismo económico e pelo
investimento maciço no complexo industrial militar. Os E.U.A. têm sido considerados
os “polícias do Mundo”, devido ao papel preponderante e activo que têm
desempenhado na geopolítica do Globo.
• Multiplicaram a imposição de sanções económicas como recurso para punir os
infractores.
• Reforçaram o papel da OTAN – função de velar pela segurança da Europa,
recorrendo, sempre que necessário, à intervenção militar armada.
• Assumiram um papel militar activo, encabeçando numerosas intervenções
armadas pelos motivos mais díspares.

A prosperidade económica americana

Nos anos 90 a economia americana parecia imparável, apesar dos sinais de aviso -
défice comercial e enorme dívida externa.
A prosperidade americana, assente nos princípios do comércio livre, é fortemente
abalada pelo 11 de Setembro de 2001, e em especial pelas medidas de segurança
tomadas após esse acontecimento (medidas de segurança - maior controlo sobre os
capitais e as pessoas que entram no país).
O sucesso da administração Clinton no controlo do défice orçamental, assim como as
medidas sociais e ambientais, são, em larga medida, apagadas pela administração
Bush (filho), com uma política neoliberal recusando aplicar medidas sociais e
ambientais importantes, mas, no entanto, continuando a gastar enormes somas na
guerra contra o terror e na Guerra do Iraque.
O furacão Katrina, veio mostrar as fragilidades sociais dos EUA, levantando-se a
questão entre os americanos, sobre o que vale mostrar poderio militar se não se
conseguem resolver os problemas internos? Cresce o descontentamento com Bush,
agravado pela crise que estala em meados de 2008, que leva à sua queda e dos
republicanos.
Barack Obama e os Democratas
Dá-se uma mudança de fundo na Casa Branca - entram os democratas com a vitória
de Barack Obama que coloca a tónica na resolução dos problemas sociais dos EUA,
implicando uma maior intervenção do Estado. Reconhece que o domínio americano
sobre o mundo está em declínio e que as medidas adoptadas em questões de
segurança estavam a contribuir para o desprestígio do país.

A União Europeia

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A construção europeia foi uma história de altos e baixos. Com períodos de grande
entusiasmo e outros de grande cepticismo, unir um velho continente, formado por
tantas nações orgulhosas e independentes, parece um projecto assaz ambicioso.
Etapa a etapa, no entanto, o projecto tem progredido, orientando-se por 2 vectores
principais: o aprofundamento das relações entre os Estados e o alargamento
geográfico da União.

Consolidação da comunidade: do acto único à moeda única.

Embora o tratado de Roma abrisse perspectivas para uma completa integração


económica e, até, de uma futura união política, o 1.º grande objectivo da CEE foi a
união aduaneira. Os estados membros acordaram o estabelecimento de uma política
agrícola comum, de acções concertadas de combate ao desemprego, de ajudas às
regiões menos favorecidas, de um sistema monetário europeu, entre outras medidas.
Apesar destes avanços, a comunidade enfrentava no início dos anos 80, um período
de marasmo e descrença nas suas potencialidades e no seu futuro. Os esforços do
novo presidente conduziram, em 1986 à assinatura do Acto Único Europeu, que
previa, para 1993, o estabelecimento do mercado único onde, para além de
mercadorias, circulassem, livremente, pessoas, capitais e serviços. Em 1990,
começam as negociações com vista ao aumento das competências da comunidade.
Estas negociações desembocam no célebre tratado da união europeia, assinado na
cidade holandesa de Maastricht. O tratado, que entra em vigor em 1993, ao mesmo
tempo que o mercado único, estabelece uma união europeia fundada em três pilares:
o comunitário, de cariz económico e de longe, o mais desenvolvido; o da politica
externa e da segurança comum; e o da cooperação nos domínios da justiça e dos
assuntos internos.
Maastricht representou um largo passo em frente no caminho da união, quer pelo
reforço dos laços políticos, quer, sobretudo, por ter definido o objectivo da adopção de
uma moeda única, de acordo com um calendário rigoroso e predeterminado. A 1 de
Janeiro de 1999, 11 países, aos quais viera juntar-se a Grécia, inauguram oficialmente
o euro, que entra, então nos mercados de capitais. O euro completou a integração
das economias europeias. A CEE tornou-se a maior potência comercial do mundo, com
um PIB conjunto semelhante ao dos EUA; o seu mercado interno, com mais de 355
milhões de consumidores (Europa dos 15), apresenta um elevado nível de consumo e
uma mão-de-obra muito qualificada; possui, também, uma densa rede de transportes
e comunicações.

Da Europa dos 6 à Europa dos 27

Anos 50 – Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos


Anos 70 – Inglaterra, Irlanda e Dinamarca – Europa dos 9
Anos 80 – Grécia, Portugal e Espanha – Europa dos 12
Anos 90 – Áustria, Suécia, Finlândia – Europa dos 15
2004 – Chipre. Rep. Checa, Eslovénia, Eslováquia, Hungria, Polónia, Letónia, Lituânia,
Malta – Europa dos 25
2007 – Bulgária e Roménia – Europa dos 27

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Em 1981, a Grécia torna-se membro efectivo da comunidade; a adesão de Portugal e
Espanha formaliza-se em 1985, com efeitos a partir do ano seguinte. A entrada destes
três novos membros colocou à CEE o seu primeiro grande desafio, já que se trava de
um grupo de países bastante atrasados relativamente aos restantes membros.
Em 1992, o Conselho Europeu de Lisboa recebeu, com agrado, as candidaturas da
Áustria, Finlândia, Suécia e Noruega, países cuja solidez económica contribuiria para o
reforço da comunidade. A Europa passa a funcionar a 15.
Entretanto, os desejos de adesão dos países de Leste eram olhados com apreensão,
limitando-se a comunidade, no início, a implementar planos de ajuda às economias
em transição.
Em 1 de Maio de 2004, a Europa enfrentou o desafio imenso, impensável, de unir o
Leste e o Oeste, o Norte e o Sul. Em 2007 entram a Roménia e Bulgária.

As dificuldades de construção de uma Europa política.

Nos últimos 50 anos, os europeus têm-se dividido no que toca ao futuro do seu
continente. O eurocepticismo e a resistência a todas as medidas que impliquem
transferências de soberania são comuns a vários estados-membros. O Tratado de
Maastricht para além de ter introduzido o poderoso elemento de coesão que é a
moeda única, criou, também, a cidadania europeia e alargou a acção comunitária a
questões como o direito de asilo, a política de imigração e a cooperação de assuntos
internos.
Cidadania europeia: Criada pelo tratado da União Europeia (Maastricht), a cidadania
europeia coexiste com a cidadania nacional tradicional, conferindo aos cidadãos da
União, designadamente, o direito de circular e de residir em qualquer território da
União, ter protecção diplomática, apresentar petições ao Parlamento Europeu e votar
(e ser eleito) em eleições para o Parlamento Europeu e em eleições autárquicas na
sua área de residência.
Todos estes assuntos interferem com as políticas nacionais, logo, a polémica instalou-
se. Alguns países (Reino Unido, Dinamarca, Suécia) recusaram adoptar a moeda única
(euro).
A forma relutante como muitos europeus vêem a união, resulta em parte, da fraca
implantação popular do sentimento europeísta.
A vontade de que os cidadãos dos estados-membros da União Europeia se
identifiquem com o projecto europeu nem sempre tem sido bem-sucedida. O
resultado da união política europeia seria um Governo europeu comum e um
presidente europeu, porém, este projecto transnacional colide com a figura do Estado-
Nação que, embora esteja em crise, ainda é válido para os europeus contemporâneos.

Novas perspectivas.

As dificuldades de uma união política viram-se substancialmente acrescidas pelos


sucessivos alargamentos da comunidade, que obrigam a conjugar os interesses de
países muito diferentes e a rever o funcionamento das instituições.
O Conselho Europeu de Laeken convocou em 2002, uma Convenção para o Futuro da
Europa.Desta convenção resultou um projecto de Constituição Europeia que prevê,
entre outras soluções inovadoras, a criação de um ministro dos Negócios

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O Japão

O designado “milagre japonês” beneficiou de uma conjuntura favorável. As ajudas


financeiras e técnicas, por parte dos EUA, permitiram uma rápida reconstrução
económica do Japão. Apesar disto, os japoneses também criaram condições
necessárias à sua prosperidade: um sistema político estável permitiu a actuação
concertada entre o Governo e os grandes grupos económicos. O Estado interveio
activamente na regulação do investimento, na concessão de créditos, na protecção
das empresas e o mercado nacional. Também canalizou a maior parte dos
investimentos públicos para o sector produtivo e absteve-se em matéria de legislação
social.
A mentalidade japonesa foi também um importante factor de crescimento. Dinâmicos
e austeros, completamente devotados à causa da reconstrução nacional e ao seu
trabalho em particular, empresários e trabalhadores cooperaram estreitamente na
realização de objectivos comuns.
Munido de mão-de-obra abundante e barata e de um sistema de ensino abrangente
mas altamente competitivo, o Japão lançou-se à tarefa de transformar na primeira
sociedade de consumo da Ásia.
O primeiro grande surto de crescimento ocorreu entre 1955 e 1961 quando a
produção industrial praticamente triplicou. Os sectores que adquirem maior
dinamismo são os da indústria pesada e dos bens de consumo duradouros. O
comércio externo acompanha também esta expansão.
O segundo surto foi entre 1961 e 1971, período durante o qual a produção industrial
duplicou e criaram-se 2,3 milhões de postos de trabalho. Este crescimento também
assenta em novos sectores, como a produção de automóveis, e televisões.
Tudo isto fez do Japão a terceira maior potência do mundo.

O espaço económico da Ásia – Pacífico

Nos anos 90 tornou-se um pólo de desenvolvimento intenso, capaz de concorrer com


os EUA e a UE. A economia desta região desenvolveu-se em três fases consecutivas:
em 1.º lugar emergiu o Japão; depois os quatro dragões (ou tigres) asiáticos: Hong
Kong, Coreia do sul, Singapura e Taiwan; os países do sudoeste, Tailândia, Malásia e
Indonésia, seguidos pela República Popular da China.

Os quatro dragões.

O sucesso do Japão serviu de incentivo e de modelo à 1.ª geração de países


industriais do Leste asiático. Não faltava vontade política, determinação e capacidade
de trabalho. Tomando como objectivo o crescimento económico, os governos
procuraram atrair capitais estrangeiros. A industrialização asiática explorou mão-de-
obra abundante e disciplinada, capaz de trabalhar longas horas diárias por muito
pouco dinheiro. Esta mão-de-obra esforçada e barata permitiu produzir, a preços
imbatíveis, têxteis e produtos de consumo corrente, que inundaram os mercados
ocidentais. Os “quatro dragões” constituíram um tremendo sucesso económico.

Da concorrência à cooperação.

Apesar do seu enorme êxito, os novos países industrializados (NPI) da Ásia


confrontavam-se com dois problemas graves: o 1.º era a excessiva dependência face

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às economias estrangeiras; o 2.º era a intensa rivalidade que os separava. Quando a
economia ocidental abrandou, nos anos 70, os países asiáticos foram induzidos a
procurar mercados e fornecedores mais próximos da sua área geográfica. Voltaram-se
então, para os membros da ASEAN, organização económica que aglutinava alguns
países do Sudeste Asiático.

Nascida em 1967, a ASEAN, agrupava a Tailândia, a Malásia, a Indonésia e Filipinas,


países cujas economias se encaixavam perfeitamente na do Japão e nas das quatro
novas potências: eram ricos em matérias-primas, nos recursos energéticos e nos bens
alimentares de que os cinco necessitavam. Agarrando a oportunidade, as duas partes
deram início a uma cooperação regional estreita: o Japão, a Coreia do Sul e o Taiwan
iniciaram a exportação de bens manufacturados e tecnologia para os países do
Sudeste e, obtiveram, em troca, os produtos primários que pretendiam. Este
intercâmbio permitiu a emergência de uma 2.ª geração de países industriais na Ásia:
a Tailândia, a Malásia e a Indonésia, desenvolveram a sua produção. A região
começou, assim, a crescer de forma mais integrada. O Japão e os “quatro dragões”
produzem mercadorias de maior qualidade e preço; a ASEAN dedica-se a bens de
consumo, de preço e qualidade inferior. Os estados do “arco do pacífico” tornaram-se,
um pólo económico articulado, com elevado volume de trocas inter-regionais.
O crescimento asiático alterou a balança da economia mundial, ate aí concentrada na
tríade EUA, Europa e Japão. Em 1997, Hong kong e Singapura colocaram-se entre os
10 países mais ricos do mundo. O crescimento teve, no entanto, custos ecológicos e
sociais muito altos, a Ásia tornou-se a região mais poluída do mundo e a sua mão-de-
obra permaneceu, pobre e explorada.

A questão de Timor

A ilha de Timor era desde o séc. XVI, um território administrado pelos portugueses.
Em 1974 a “revolução dos cravos” agitou também Timor-leste, que se preparou para
encarar o futuro sem Portugal. Na ilha, nasceram três partidos políticos: UDT,
APODETI e FRETILIN.
O ano de 1975 foi marcado pelo confronto entre os três países, cuja violência Portugal
não conseguiu conter. O nosso país acabou por se retirar de Timor, sem reconhecer, a
legitimidade de um novo governo. Em 7 de Dezembro de 1975, reagindo contra a
tomada de poder pela FRETILIN, o líder indonésio Suharto ordena, a invasão do
território. Assim, Portugal corta relações diplomáticas com Jacarta e apela às Nações
Unidas, que condenam a ocupação e continuam a considerar Timor um território não
autónomo. Os factos, porém, contrariavam estas decisões.
Os indonésios anexaram formalmente Timor, que, em 1976, se tornou a sua 27.ª
província. Apesar de consumada, a anexação de Timor permaneceu ilegítima.
Refugiados nas montanhas, os guerrilheiros da FRETILIN encabeçaram a resistência
contra o invasor. Quis o acaso que uma das muitas acções de repressão sobre os
timorenses fosse filmada: as tropas ocupantes abrem fogo sobre uma multidão
desarmada que homenageava, no cemitério de santa cruz, um independentista
assassinado. O massacre faz 271 mortos. As imagens, correram o mundo e
despertam-no para a questão timorense. Com a ajuda dos media, Timor mobiliza a
opinião pública mundial e, em 1996, a causa ganha ainda mais força com a atribuição
do prémio Nobel da Paz ao bispo de Díli.

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No fim da década, a Indonésia aceita, que o povo timorense decida o seu destino
através de um referendo. Entretanto, dá o seu apoio à organização de milícias
armadas que iniciam acções de violência e de intimidação no território. O referendo
deu uma inequívoca vitória à independência, mas desencadeou uma escalada de
terror por parte das milícias pró-indonésias.
Uma onda de indignação e de solidariedade percorreu então o mundo e conduziu ao
envio de uma força de paz multinacional, patrocinada pelas Nações Unidas. Sob a
protecção dessa força, o território encaminhou-se, para a independência.
A 20 de Maio de 2002 nasce oficialmente a República Democrática de Timor Leste.

A China

O arranque da China para o processo de modernização e abertura à economia de


mercado teve inicio nos fins da década de 70, altura em que Deng assumiu o poder. O
líder chinês iniciou um processo de grandes reformas económicas, lançando as bases
do desenvolvimento agrícola, industrial e técnico da China.
Seguindo uma política pragmática, Deng dividiu a China em duas áreas geográficas
distintas: o interior, essencialmente rural, permanecia resguardado da influência
externa; o litoral abrir-se-ia ao capital estrangeiro, integrando-se plenamente no
mercado internacional.
A China camponesa não acompanhará o surto de desenvolvimento do país. O sistema
agrário foi, no entanto, profundamente reestruturado. Em cerca de 4 anos as terras
foram descolectivizadas e entregues aos camponeses, que puderam comercializar os
excedentes, num mercado livre.
Quanto à indústria, sofreu uma modificação radical. A prioridade à indústria pesada
foi abandonada em favor dos produtos de consumo e a autarcia em favor da
exportação.
Em 1980, as cidades de Shenzhen, Zuhai, Shantou, Xiamen, foram dotadas de uma
legislação ultraliberal, as “Zonas Económicas Especiais” foram favoráveis aos
negócios pois o investimento Estatal estava ai concentrado, empresas de todo o
Mundo foram convidadas a estabelecer-se nestas áreas.
Desde 1981 que o crescimento económico da China tem sido impressionante.
Recém-chegada ao grupo dos países industrializados da Ásia, a China detém um
potencial muito superior ao dos seus parceiros, quer em recursos naturais, quer,
sobretudo, em mão-de-obra. Com mais de um milhar de milhão de habitantes, a
competitividade do país alicerça-se numa massa inesgotável de trabalhadores mal
pagos e sem regalias sociais.
Neste país socialista, as desigualdades entre o litoral e o interior e entre os ricos e os
pobres cresceram exponencialmente.
A aproximação da China ao Ocidente facilitou, após lentas negociações, o acordo com
a Grã-Bretanha e Portugal no sentido da transferência da soberania de Hong-Kong e
de Macau, a partir de 1997 e de 1999, respectivamente.

A Integração de Hong Kong e Macau

A aproximação da China ao Ocidente facilitou, após lentas negociações, o acordo com


a Grã-Bretanha no sentido da transferência da soberania de Hong-Kong, a partir de
1997, enquanto, em relação a Macau, a data acordada com Portugal foi o fim do ano
de 1999. Os dois territórios foram integrados na China como regiões administrativas

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especiais, com um grau de autonomia que lhes permite a manutenção dos seus
sistemas político e económico durante um período de 50 anos, segundo o princípio
“um país, dois sistemas”.

Hong-Kong tem-se mantido como um importante centro comercial e financeiro,


desempenhando um papel activo na atracção de capitais, enquanto Macau continuou
a destacar-se como um dinâmico centro de jogo, de turismo e de produção industrial
ligeira (têxteis e brinquedos).

1.2. Permanência de focos de tensão em regiões periféricas

Degradação das condições de existência na África subsaariana; etnias e Estados.


Descolagem contida e endividamento externo na América latina; ditaduras e
movimentos de guerrilha; a expansão das democracias.
Nacionalismo e confrontos políticos e religiosos no Médio Oriente e nos Balcãs.

Degradação das condições de existência na África subsaariana; etnias e Estados.

“Continente de todos os males”, a África tem sido atormentada pela fome, pelas
epidemias, por ódios étnicos, por ditaduras ferozes.
Desde sempre muito débeis, as condições de existência dos Africanos degradaram-se
pela combinação de um complexo de factores:
O crescimento acelerado da população, que abafa as pequenas melhorias na
escolaridade e nos cuidados de saúde;
A deterioração do valor dos produtos africanos. O progressivo abaixamento dos
preços das m matérias-primas reduziu a entrada de divisas e tornou ainda mais
pesada a disparidade entre as importações e as exportações;
As enormes dívidas externas dos Estados africanos.
A dificuldade em canalizar investimentos externos e a diminuição das ajudas
internacionais. Os programas de ajuda diminuíram, em parte sob o pretexto de que os
fundos eram desviados para a compra de armas e para as contas particulares de
governantes corruptos.
Imagens chocantes de uma fome extrema não cessam de atormentar as consciências
dos Ocidentais. O atraso tecnológico, a desertificação de vastas zonas agrícolas e,
sobretudo, a guerra são responsáveis pela subnutrição crónica dos Africanos.
A peste chegou sobre a forma da sida, que tem devastado o continente.
À fome e à “peste” junta-se a guerra. Nos anos 90, os conflitos proliferaram e, apesar
dos esforços internacionais, mantêm-se acesos ou latentes.
A instabilidade política: etnias e Estados

O sentimento nacional não teve, em muitos casos, outras raízes que não fosse a luta
contra o domínio estrangeiro. Era uma base muito frágil, que conduziu, desde logo, a
tentativas de secessão e a terríveis guerras civis.

11
O fim da Guerra Fria trouxe ao sub-continente alguma esperança de democratização,
já que os soviéticos e americanos deixaram de apoiar os regimes totalitários que
consideravam seus aliados. Abandonados à sua sorte, muitos não tardaram a cair.
Em muitas regiões, as grandes dificuldades económicas, as rivalidades étnicas e
religiosas, bem como a ânsia de apropriação de riquezas, fizeram aumentar a
instabilidade.
A persistência de uma sociedade em que os laços tribais se mantêm vivos e fortes
tem facilitado as explosões de violência. Embora o tribalismo concorra para estas
explosões de ódio, a verdade é que poucos são os casos em que, por trás, não se
escondem ambições políticas ou interesses económicos.

Descolagem contida e endividamento externo na América latina;

Os países latino-americanos procuraram libertar-se da sua extrema dependência face


aos produtos manufacturados estrangeiros. Encetaram, então, uma política industrial
proteccionista com vista à substituição das importações. Orientado pelo Estado este
fomento económico realizou-se com recurso a avultados empréstimos.
Nas décadas seguintes, estes empréstimos, mal geridos, tornaram-se um fardo difícil
de suportar.
Esta situação fez-se sentir com mais força nas nações latino-americanas, as mais
endividadas do Mundo.
A divida externa reflectiu-se no agudizar da situação económica das populações
latino-americanas, pois foi necessário tomar medidas de contenção económica como
despedimentos e redução dos subsídios e dos salários.
Face a tão maus resultados, a salvação económica procurou-se numa política
neoliberal. Procederam à privatização do sector estatal, sujeitando-o à lei da
concorrência e procuraram integrar as suas economias nos fluxos do comércio
regional e mundial.
O comércio registou um crescimento notável e as economias revitalizaram-se. No
entanto, em 2001, 214 milhões de latino-americanos viviam ainda mergulhados na
pobreza

Ditaduras e movimentos de guerrilha expansão das democracias

Em 1975, só a Colômbia, a Venezuela e a Costa Rica tinham governos eleitos. Os


restantes países encontravam-se sob regimes repressivos.
Nas décadas de 60 e 70, a América Latina conheceu um enfraquecimento dos
movimentos de guerrilha. Este fenómeno lançou-a num clima de guerra civil e
contribuiu para o atraso da região.
Nos anos 80 registou-se uma inclinação para a democracia. Concomitantemente, as
guerrilhas esmoreceram e algumas transformaram-se mesmo em partidos legais que
se integraram no sistema político institucional.
Embora firme, o caminho da América Latina rumo à democracia não está ainda isento
de dificuldades. As graves clivagens sociais, o aumento do narcotráfico, bem como a

12
corrupção e a violência herdadas do passado, continuam a comprometer a
estabilidade política e o futuro económico da região.

Nacionalismo e confrontos políticos e religiosos no Médio Oriente

A região do Médio Oriente é uma zona instável que tem assumido um protagonismo crescente
no panorama mundial. A riqueza petrolífera dos países do Golfo Pérsico e o avanço da luta
fundamentalista alteraram profundamente as coordenadas políticas internacionais.
O fundamentalismo emergiu no mundo islâmico como uma afirmação da identidade cultural e
de fervor religioso. Revalorizando o ideal de “Guerra Santa”, os fundamentalistas procuram
no Corão as regras da vida política e social para além da religiosa. Assim, rejeitam a
autoridade laica, transformando a sharia (lei corânica) na base de todo o direito, e
contestavam os valores ocidentais que consideram degenerados e malignos.

A questão israelo-palestiniana

Apoiados pelos Estados Unidos e pelos judeus de todo o mundo mobilizados pelo
sionismo internacional, os israelitas têm demonstrado uma vontade inflexível em
construir a pátria que sentem pertencer-lhes.
No campo oposto, os árabes defendem igualmente a terra que há séculos ocupam. A
sua determinação em não reconhecer o Estado de Israel desembocou em conflitos
repetidos que deixaram patente a superioridade militar judaica. Tal situação induziu
os Israelitas a ocuparem os territórios reservados aos Palestinianos onde instalaram
numerosos colonatos.
Neste contexto, a revolta palestiniana cresceu e encontrou expressão política na OLP
– Organização de Libertação da Palestina.
Na sequência de uma violenta revolta juvenil nos territórios ocupados - a intifada -, os
Estados Unidos pressionaram Israel para abrir negociações com a OLP que,
conduzidas secretamente desembocam no primeiro acordo iraelo-palestiniano.
Assinado em 1993, em Washington, o acordo estabeleceu o reconhecimento mútuo
das duas partes, a renúncia da OLP à luta armada, a constituição de uma Autoridade
Nacional Palestiniana e a passagem progressiva do controlo dos territórios ocupados
para a administração palestiniana.
Uma escalada de violência tem martirizado a região. Aos atentados suicidas, cada vez
mais frequentes, sobre alvos civis israelitas, o exército judaico responde com
intervenções destruidoras, nos últimos redutos palestinianos.

Nacionalismos e confrontos político-religiosos nos Balcãs

13
Criada após a 1ª Guerra Mundial, a Jugoslávia correspondeu ao sonho sérvio de unir
os “Eslavos do Sul”, mas foi sempre uma entidade artificial que aglutinava diferentes
nacionalidades, línguas e religiões.
Em Junho de 1991, a Eslovénia e a Croácia declaram a independência. Recusando a
fragmentação do país, o presidente sérvio Slobodan Milosevic desencadeia a guerra
que só cessa, no inicio do ano seguinte, após a intervenção da ONU.
Pouco depois, a Bósnia-Herzegovina proclama, por sua vez, a independência e a
guerra reacende-se.
Com a Guerra da Bósnia, a Europa revive episódios de violência e atrocidades que
julgava ter enterrado no fim da 2ª Guerra Mundial. Em nome da construção de uma
“Grande Sérvia” levam-se a cabo operações de “limpeza étnica”.
Finalmente, após muitos impasses e hesitações, uma força da OTAN sob comando
americano impôs o fim das hostilidades na Bósnia e conduziu aos Acordos de Dayton
(1995), que dividiram o território bósnio em 2 comunidades autónomas, uma sérvia e
outra croato-mulçumana.

No fim da década, o pesadelo regressa aos Balcãs, desta feita à região do Kosovo, à
qual, em 1989, o Governo sérvio tinha retirado autonomia. Face à revolta eminente,
desenrola-se uma nova operação de “limpeza étnica” que a pressão internacional não
conseguiu travar. A OTAN decidiu, então, intervir de novo, mesmo sem mandato da
ONU.

2. A viragem para uma outra era

Perante uns que temem o desenvolvimento desenfreado que conduza ao fim do


mundo, contrapõem outros com uma fé inabalável no ser humano e na esperança que
todo o desenvolvimento traga consigo o aumento da qualidade de vida num planeta
mais habitável.

No entanto, todos sabemos que, positiva ou negativamente, no centro da discussão


está o fenómeno da GLOBALIZAÇÃO, que acaba e acabará sempre por afectar os
comportamentos humanos.

Com o desmembramento do mundo comunista, consagra-se a democracia e a


economia de mercado. Esta joga-se já não por decisão dos governantes dos diferentes
países, cujo poder é cada vez menor, mas com base em determinações de entidades
supranacionais que parecem colocar em causa a existência do Estado-Nação.

O debate sobre a relação entre Globalização e desenvolvimento está na ordem do dia.


Neste debate surge a questão "A globalização diminui ou aprofunda as
desigualdades?". Se hoje as pessoas têm facilidade no acesso às novas tecnologias da
informação e da comunicação, também constatamos que este mundo global
radicaliza os conflitos étnico-religiosos e cria novas exigências ao nível da segurança.

2.1. Mutações sociopolíticas e novo modelo económico

O debate do Estado-Nação;

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O Estado-Nação surge como um dos principais legados do liberalismo no século XIX.
No século XX, os Estados-Nação registam uma expansão planetária, tornando-se o
elemento estruturador da ordem política internacional.
Reconhecem, todavia, os especialistas que a fórmula do Estado-Nação, considerada
modelo de organização política mais coerente do ponto de vista jurídico e mais justo,
se revela hoje ineficaz, face aos desafios que a nova ordem internacional provoca.
Um conjunto de factores determina a crise do Estado-Nação. São forças
desintegradoras a nível local e regional:
• Imensos conflitos étnicos;
• Nacionalismos separatistas basco e catalão;
• Crescente valorização das diferenças e especificidades de grupos e indivíduos;
• No plano supranacional, os processos de integração económica e política
afectam a confiança dos cidadãos nas capacidades dos estado-nação para
assumir as suas responsabilidades;
• Os mecanismos de funcionamento de uma economia globalizada criaram fluxos
financeiros a nível global que escaparam ao controlo e à fiscalidade dos estado-
nação;
• Questões transnacionais como a emergência do terrorismo e da criminalidade
internacional também contribuíram para a crise dos estado-nação.
Mais do que nunca, mostram-se necessários os esforços concertados de
autoridades supra e transnacionais para responder aos complexos desafios do novo
mundo que nos rodeia.

A explosão das realidades étnicas

As identidades agitam-se no mundo com uma intensidade acrescida desde as últimas


décadas do séc. XX.
Quase sempre, as tensões étnicas e separatistas são despoletadas pela pobreza e
pela marginalidade em que vivem os seus protagonistas, contribuindo para múltiplos
conflitos que, desde os anos 80, têm ensanguentado a África, os Balcãs e o Médio
Oriente, o Cáucaso, a Ásia Central e Oriental.
Ao contrário dos conflitos interestáticos do período da Guerra Fria, as novas guerras
são maioritariamente intra-estáticas.
• Na região do Cáucaso, as tensões étnicas mostram-se particularmente violentas
em território da ex-União Soviética;
• No Afeganistão, as últimas décadas têm assistido a um crescendo de violência e
desentendimento;
• No Indostão, a Índia vê-se a braços com a etnia sikh, que professa um
sincretismo hindu e muçulmano e que se disputa com a maioria hindu;
• No Sri Lanka, a etnia tamil, de religião hindu, enfrenta os budistas cingaleses;
• E no Sudeste Asiático, só bem recentemente (em 2002) Timor Leste conseguiu
libertar-se da Indonésia, depois de massacres cruéis da sua população.

15
Na verdade, o genocídio tem sido a marca mais terrível dos conflitos étnicos.
Multidões de refugiados cruzam fronteiras, chamando o direito à vida que as
vicissitudes da História e os erros dos homens lhes parecem negar. Os Estados
mostram-se impotentes para controlar as redes mafiosas e terroristas que se
refugiam nos seus territórios e actuam impunemente.

As questões transnacionais: migrações, segurança, ambiente.

Dificilmente vivemos imunes aos acontecimentos que nos chegam pelos media.
As questões transnacionais cruzam as fronteiras do Mundo, afectam sociedades
distantes e lembram-nos que a Terra e a humanidade, apesar das divisões e da
diversidade, são unas. Resolvê-las, minorá-las, ultrapassa o controlo de qualquer
Estado-Nação, exigindo a colaboração da ONU, de organizações supranacionais,
regionais e não governamentais.

Migrações

Em 2000 existiam no Mundo cerca de 150 milhões de pessoas a viver num país que
não aquele onde tinham nascido. Tal como há 100 anos os motivos económicos
continuam determinantes nas mais recentes nas migrações.
Mas os motivos políticos também pesam, especialmente se nos lembrarmos dos
múltiplos conflitos regionais das últimas décadas.
A este estado de tensão e guerra se devem os cerca de 20 milhões de refugiados que
o Mundo contabiliza no início do séc. XXI. O Sul surge-nos como um local de vastos
fluxos migratórios.
Os países com maior número de imigrantes encontram-se, no entanto, no Norte.
Sem que possamos falar num aumento de imigrantes relativamente à população total
do Globo, registam-se, no entanto, mudanças na sua composição. Há mais mulheres e
mais pessoas com maior formação académica e profissional que outrora.

Se, nos locais de partida, os migrantes significam uma fonte apreciável de divisas e
de alívio de problemas, já nos países de acolhimento provocam reacções complexas e
problemáticas – resulta em tensões e conflitos étnicos. Até em países ocidentais de
tradicional acolhimento os imigrantes defrontam-se com inesperadas rejeições. Desde
os choques petrolíferos, as dificuldades económicas e a progressão do desemprego,
os imigrantes são considerados como concorrentes aos postos de trabalho que restam
– o que origina reacções xenófobas.
É neste contexto de hostilidade, inesperada e indesejada em países democráticos,
que apreciáveis esforços se encetam para promover a interculturalidade.

Interculturalidade

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Perspectiva que se caracteriza pela valorização do contacto entre culturas diferentes
no sentido de promover mecanismos de interpretação, de compreensão e de
interacção entre elas. Distingue-se do etnocentrismo e do multiculturalismo: o 1º
obstaculiza o contacto entre culturas a partir do pressuposto de superioridade de uma
cultura dominante e da interpretação da outra à luz dos próprios valores; a 2ª limita-
se a constatar a diversidade de culturas, sem se preocupar em promover formas de
diálogo entre elas.

Segurança

Concertação, vigilância e cooperação.


Na aurora do séc. XXI, tais palavras revelam-se especialmente pertinentes, sobretudo
se tivermos em conta os problemas de segurança com que a Humanidade se debate.
Desde o 11 de Setembro de 2001 tornou-se impossível ignorar essa ameaça
internacional que é o terrorismo.
Embora o terrorismo não constitua um fenómeno novo, o terceiro quartel do séc. XX
assistiu a uma escalada terrorista que assumiu proporções inesperadas.
De facto, nas duas últimas décadas, o terrorismo transformou-se numa ameaça à
escala planetária. A Europa defronta-se com o terrorismo basco, irlandês, tchetcheno,
albanês, bósnio. A América Latina vê-se a braços com os actos terroristas ocorridos na
Colômbia. A América do Norte, como já o referimos, conheceu o atentado mais
violento de que há memória. A Ásia defronta-se com o terrorismo religioso e político.
Nem África escapa.
As redes terroristas são difíceis de combater, ajudam-se mutuamente, trocando entre
si informações, técnicas, pessoal, dinheiro e armas.
Associada ao terrorismo, encontra-se essa outra questão vital para a segurança
mundial que é a da proliferação de armas e da falta de controlo sobre a sua
existência. Já não bastam os países que se recusam a assinar tratados para a
limitação do armamento nuclear. Às temidas armas nucleares acrescentam-se outros
meios de destruição maciça: as armas químicas e biológicas. Por todo o mundo,
espalha-se um mercado negro de armamento, controlado por redes mafiosas, que
abastece os grupos terroristas. A moeda de troca é, frequentemente, a droga,
fomentando-se, assim, um outro perigoso tráfico para a segurança da Humanidade.

Ambiente

O ambientalismo constitui uma questão incontornável do nosso tempo e um desafio a


ter em conta no futuro.
A degradação do planeta acelerou-se no último século, devido ao crescimento
demográfico e das transformações económicas experimentadas pela Humanidade. A

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população mundial, que cerca de 1950 atingia os 2,5 mil milhões de seres humanos,
mais do que duplicou até ao fim do séc.XX. Ora, mais população significa um
acréscimo do consumo de recursos naturais, seja de solos, de água ou de matérias-
primas destinadas ao fabrico de bens essenciais…e supérfluos.
A destruição de florestas tropicais é um dos efeitos do crescimento demográfico e da
busca de recursos.
A busca desenfreada de terras e a sua exploração intensiva, acompanhada da
destruição de ecossistemas, tornam os solos mais vulneráveis à seca e à erosão.
Os atentados à Natureza prosseguem num rol infindável de exemplos. O progresso
industrial e tecnológico provoca avultados gastos energéticos e poluição.
Entretanto, misturados com a precipitação, os gases poluentes provocam as
chamadas chuvas ácidas, que corroem os bosques e acidificam milhares de lagos,
exterminando plantas e peixes.
Desde a década de 70, os cientistas revelam também grande preocupação com a
destruição da camada do ozono, essa estreita parte da atmosfera que nos protege
contra as radiações ultravioletas.
O “efeito de estufa”, ou aquecimento global, é outra das perigosas ameaças que
pairam sobre a Terra. Resulta das elevadas concentrações de dióxido de carbono na
atmosfera, proveniente do crescimento populacional, do desenvolvimento industrial e
da proliferação de veículos.
Por causa da camada de vida da Terra ser contínua e interligada e atendendo às
múltiplas agressões que sobre ela pairam, os cientistas lançam sistemáticos alertas
para o estado de perigo e de catástrofe iminente em que o ecossistema mundial
entrou.
Em 1992, a Cimeira da Terra avançou com um conjunto de propostas tendentes à
gestão dos recursos da Terra, para que a qualidade de vida das gerações futuras não
fique hipotecada. A tal se chamou um “desenvolvimento sustentável”.
E se os países desenvolvidos gastam fortunas com a limpeza de rios e edifícios, o
controlo de gases tóxicos, o tratamento de desperdícios e a reciclagem de materiais,
tais esforços de preservação do ambiente mostram-se terrivelmente comprometidos,
no superpovoado e pobre mundo em desenvolvimento.
De um desenvolvimento económico equilibrado e sustentável espera-se a saúde do
planeta e o bem-estar da humanidade.

Afirmação do neo-liberalismo e globalização da economia. Rarefacção da classe


operária; declínio da militância política e do sindicalismo

A afirmação do neoliberalismo e globalização da economia

Os choques petrolíferos dos anos 70, a inflação, o abrandamento das actividades


económicas e o desemprego, testemunhavam uma poderosa crise.
Denominada de neoliberalismo, uma nova doutrina económica propõe-se reerguer o
capitalismo tendo como grandes laboratórios a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.

18
Atento ao equilíbrio orçamental e à redução da inflação, o neoliberalismo, que
defende o respeito pelo livre jogo da oferta e da procura, envereda por medidas de
rigor. O Estado neoliberal diminui fortemente a sua intervenção económica e social.
Pelo contrário, valoriza a iniciativa privada, incentiva a livre concorrência e a
competitividade.
No mundo dos anos 80, caminhava-se a passos largos para a globalização da
economia.
A globalização apresenta-se como um fenómeno incontornável. Apoiadas nas
modernas tecnologias da informação e da comunicação (TIC), a concepção, a
produção e a comercialização de bens e serviços, bem como os influxos dos
imprescindíveis capitais, ultrapassam as fronteiras nacionais e organizam-se à escala
planetária

Os mecanismos da globalização

A liberalização das trocas

Os Estados recuam nas medidas proteccionistas e enveredam pelo livre-câmbio.


Desde finais dos anos 80 que o comércio internacional acusa um crescimento
excepcional, mercê de progressos técnicos nos transportes e da criação de mercados
comuns.
Em 1995, a Organização Mundial do Comércio entra em vigor. Tendo em vista a
liberalização das trocas, incentiva a redução dos direitos alfandegários e propõe-se
arbitrar os diferendos comerciais entre os Estados-membros.
Deparamo-nos, consequentemente, na aurora do século XXI, com um fluxo comercial
prodigioso, num mundo que quase parece um mercado único.
Às zonas da Europa Ocidental, da Ásia-Pacífico e da América do Norte, a chamada
Tríade, cabe o papel de pólos dinamizadores das trocas mundiais.

Um novo conceito de empresa

Possuindo uma tendência para a internacionalização, as grandes empresas sofrem


mudanças estruturais e adoptam estratégias planetárias.
Desde os anos 90, aumenta o número de empresas em que a concepção do produto
ou do bem a oferecer, as respectivas fases de fabrico e o sector da comercialização se
encontram dispersos à escala mundial.
Eis-nos perante as firmas da era da globalização, as chamadas multinacionais ou
transnacionais. É essa lógica de rendibilidade das condições locais que conduz, em
momentos de crise ou de diminuição de lucros, as multinacionais a abandonarem
certos países. Encerram aí as suas fábricas e/ou estabelecimentos comerciais, para os
reabrirem noutros locais. A este fenómeno chama-se deslocalização, sendo-lhe
atribuída a principal razão do desemprego crónico que grassa no Mundo.

A crítica à globalização

O crescimento económico proporcionado pelo neoliberalismo e pela globalização


suscita acesos debates em finais dos anos 90.

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Os seus defensores lembram que as medidas tomadas permitiram resolver a
gravíssima crise inflacionista dos anos 70, ao mesmo tempo que apreciáveis franjas
da Humanidade acederam a uma profusão de bens e serviços.
Já os detractores da globalização invocam o fosso crescente entre países
desenvolvidos e países em desenvolvimento, frisando que, nas próprias sociedades
desenvolvidas, existem casos gritantes de pobreza e exclusão. E apontam o dedo ao
desemprego, verdadeiramente incontrolável.
A alter-globalização contrapõe-lhe o projecto de um desenvolvimento equilibrado, que
elimine os fossos entre homens e povos, respeite as diferenças, promova a paz e
preserve o planeta. Porque “ um outro mundo é possível”.

A rarefacção da classe operária, o declínio da militância política e do sindicalismo

Factores que determinaram o desenvolvimento industrial e a rarefacção operária:

• Modernização do sector produtivo (novidades tecnológicas e automatização


dispensam operário)

• Declínio dos tradicionais sectores empregadores (desaparecem empresas com


muitos empregados que optam pela inovação tecnológica)

• Politicas neo-liberais (para os empresários é mais fácil despedir e contratar


empregados)

• Terciarização da indústria (dispensam a mão-de-obra, principalmente a não -


qualificada)

• Deslocalizações aumentam desemprego.

Factores da crise sindicalista:

• Rarefacção proletária

• Surto de individualismo e materialismo das sociedades modernas (muitos


esperam usufruir de conquistas e direitos reivindicados por outros sem prejuízos
salariais)

Declínio da militância política

Nas actuais democracias grande parte dos partidos funcionam como empresas que
tentam a conquista do poder político a ideologia política deu lugar ao (ultilitarismo),
Militância politica passa a carreira politica

Factores do declínio da militância politica:

• Descrença nos partidos políticos

• Descrença nas propostas políticas

• Poder dos mídia

20
2.2Dimensões da ciência e da cultura no contexto da globalização

Primado da ciência e da inovação tecnológica;

O crescimento económico proporcionado pelo neoliberalismo e pela globalização


suscita acesos debates em finais dos anos 90.
Os seus defensores lembram que as medidas tomadas permitiram resolver a
gravíssima crise inflacionista dos anos 70, ao mesmo tempo que apreciáveis franjas
da Humanidade acederam a uma profusão de bens e serviços.
Já os detractores da globalização invocam o fosso crescente entre países
desenvolvidos e países em desenvolvimento, frisando que, nas próprias sociedades
desenvolvidas, existem casos gritantes de pobreza e exclusão. E apontam o dedo ao
desemprego, verdadeiramente incontrolável.
A alter-globalização contrapõe-lhe o projecto de um desenvolvimento equilibrado, que
elimine os fossos entre homens e povos, respeite as diferenças, promova a paz e
preserve o planeta. Porque “um outro mundo é possível”.
A ciência e a inovação tecnológica continuam a ter uma predominância no sector do
investimento público, sobretudo naqueles países que não querem perder o “comboio”
do progresso e desenvolvimento.

Globalização

Estimula investigação cientifica e inovação tecnológica pelos governos e empresas


privadas para melhorar desempenhos na:

• Educação,

• No exercício profissional e Produção de bens e serviços

Objectivos do capitalismo neo-liberalista:

• Rentabilizar recursos humanos e materiais;

• Gerir empresas

• Dominar mercados

• Controlar informação

• Melhorar qualidade de vida das populações

Nas últimas décadas surgiram grandes inovações na área da electrónica da


informática (suporte físico da informática), nomeadamente:

• Invenção do microprocessador

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• Inovação das indústrias de electrodomésticos

• Inovação da indústria aeroespacial

Revolução da informação e da comunicação:

Revolução da Informação

A evolução das diversas formas de transmitir informação, como a televisão, o rádio e


o computador, fez com que se despoletassem uma série de alterações sociais,
económicas e políticas que alteraram profundamente a face do mundo antes desta
era, resultando como factor dominante a globalização ou a criação da chamada
"aldeia global".
O advento da Internet em 1969 marcou o contexto da globalização, tendo permitido
que uma base de dados gigantesca fosse partilhada em todo o mundo, com
possibilidade de acesso por qualquer utilizador, tendo o World Wide Web tornado
possível a partilha de informação em multimédia e hipertexto. Os Estados Unidos da
América passaram a dominar quase tudo ao que à informação diz respeito, seja
através de empresas como a Apple, a Intel, a Microsoft ou a IBM, seja por possuir
alguns dos bancos de dados de diversas áreas mais completos a nível mundial, seja
pela emissão e possessão dos meios de difusão informativa, como satélites (sendo o
primeiro satélite intercontinental americano o Telstar I, de 1962) e outros. A partir de
1980 e com o aparecimento da CNN (Cable News Network) iniciou-se um novo período
em que o espectador tem acesso à informação em primeira mão, sem filtros de
qualquer género e que cria uma situação de igualdade entre todos os públicos,
tornando muitas vezes urgentes as reacções políticas, sociais e económicas em
determinadas ocasiões e face a certos acontecimentos (conflitos, desastres,
crimes…). Por outro lado, a informação transmitida pode pecar pela imparcialidade e
pelo sensacionalismo, uma vez que a manutenção das audiências passa pela
renovação de notícias estrondosas que o espectador busca incessante e
sequencialmente. A difusão da informação ganhou uma dimensão política, uma vez
que, face ao impacto e monopólio que atingiram as associações ocidentais de
multimédia, interveio inclusivamente nas correntes de capitais e na orientação muitas
vezes decisiva da opinião pública. Tendo-se entretanto e progressivamente criado
códigos éticos no âmbito jornalístico, manifestaram-se contudo fortes oposições a
esta manipulação, como o processo instaurado por alguns países, através da UNESCO,
contra os meios de comunicação de cariz imperialista (que provocou a saída em 1985
da Inglaterra e dos EUA desta instituição), os ataques muçulmanos às antenas
parabólicas e a "Nova Ordem Mundial de Informação e Comunicação" praticada pelos
Países Não Alinhados, que combateu difusoras como a Reuters e a Associated Press. A
era da informação eliminou muitos hábitos humanos, como as brincadeiras de
crianças ao ar livre (que preferem desenhos animados e jogos de vídeo e
computador), as visitas a museus, a frequência de bibliotecas e as idas ao teatro e ao
cinema, uma vez que a tudo se pode aceder por meios informáticos. Estimulou
igualmente o sedentarismo e a sensação de inutilidade de cada ser para o Mundo ao
proporcionar a recepção de produtos em casa (alimentos, objectos), o trabalho a
partir de casa, as comunicações de qualquer género efectuadas sempre em e a partir

22
de casa... Por outro lado, o mais comum dos cidadãos pode tornar-se meio de
informação, com filmagens caseiras de acontecimentos fortuitos, formato adoptado
por muitos jornalistas e que, ao denunciar muitas vezes incompetências de
personagens e instituições, tornou, por um lado, estas filmagens provas aceites pela
lei, e por outro criou um tipo de jornalismo pseudo-justiceiro. Todos estes factores
induziram à difusão de um processamento de informação imediato e simplista, em
detrimento de análises mais profundas e contextualizadas, formatando muitas vezes
uma forma de pensar que não inclui a reflexão. Da mesma maneira, assistiu-se a uma
instrumentalização dos "media", por parte de determinados governos, para a
solidificação da ideologia e do poder, perceptível ou imperceptivelmente.

Revolução de telecomunicações

• Apoia estratégias empresariais das multinacionais (instrumento de globalização


e uniformização cultural pelos países ricos)

• Atinge de formas diferentes o mundo (países mais ricos com mais investimentos
e acabam por dominar os mais pobres – agravamento das desigualdades)

• Biotecnologia (inovação da ciência da vida):

Questões éticas da biotecnologia:

Ate onde podem ir os avanços da ciência quando a vida humana é o objecto da


investigação muita gente se interroga dos limites da ciência a dignidade humana
pode ser posta em causa se as experiências forem aplicadas para fins imorais e
perversos.

Vantagens da biotecnologia:

• Produção de alimentos transgénicos (numa altura em que se morre de fome no


mundo)

• Clonagem de animais e plantas (proporciona o aumento da produção agro-


pecuária)

• Uso de células estaminais na investigação médica (para produção de tecidos e


órgãos humanos para transplante e na medicina regenerativa

• Descodificação genética incluindo genoma humano.

O que vai proporcionar:

• Melhor qualidade de vida

23
• Maior longevidade dos seres humanos

Declínio das Vanguardas e Pós-modernismo

Nos anos 80 surgem novas concepções intelectuais e artísticas a que se deu o nome
de Pós-modernismo

Pintura:

Pintura mais autêntica e mais intensa liberta de convenções e de seguidismos


vanguardistas

Propõe-se a revitalizar a arte incorporando diferentes contributos e estilos do passado


(expressionismo, abstraccionismo, futurismo, dadaísmo ou surrealismo) e a pop-art
(1ª forma de arte pós-modernista)

Pintura Neo-expressionista

O expressionismo foi renascido na Alemanha caracterizando-se pela pintura figurativa


com formas distorcidas e com cores dissonantes

Pintura transvanguardista:

Surgiu na Itália com as preocupações pós-modernistas na pintura em que as figuras


deformadas e grotescas se revelam fortemente perturbadoras

Arte-vídeo:

• Tecnologias de informação como objecto de expressão criativa

• Utilização de tv e pc’s para manipulação de imagens e sons

Arte Graffiti:

Surge nos anos 80, em Nova York, nos corredores do metro e nos bairros degradados,
sem intenção artística, mas passando de poluição visual a embelezamento de
cidades.

24
Dinamismos socioculturais: revivescência do fervor religioso e perda de autoridade
das Igrejas; individualismo moral e novas formas de associativismo; hegemonia da
cultura urbana.

Desde as últimas décadas do séc. XX há uma revivescência do fervor religioso no


ocidente e no mundo

Na Igreja católica com João Paulo II que galvanizou populações por onde passava

Nos EUA incentivou a consolidação do fundamentalismo cristão, multiplicação de


seitas, sucesso dos videntes e da astrologia (ascensão do sentimento religioso, busca
do divino e da espiritualidade)

Individualismo moral e novas formas de associativismo

Novos ritmos de trabalho e de vida – favoreceram a desagregação das antigas


solidariedades e a crescente afirmação do individualismo moral

Motivos para existência de novas formas de associativismo:

Conturbações do mundo contemporâneo:

• Pobreza crónica

• Catástrofes naturais

• Violência dos conflitos armados

Novas formas de associativismo:

Associações de apoio a:

• Refugiados

• Emigrantes

• Marginalizados

• Idosos

• Toxicodependentes

• Vítimas de agressões

• Discriminados pelo racismo e xenofobia

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Não há uma área social que não tenha uma organização governamental, ou não, para
colaboração no seu apoio e resolução

Hegemonia da cultura urbana

A cultura urbana, antes associada apenas às grandes cidades, é hoje estendida a


outras zonas geográficas e a toda a população, revolucionando hábitos e costumes
tradicionais.

Sofreu alterações com as migrações de outras zonas geográficas, noutras áreas


periféricas desenvolveram novas práticas culturais caracterizadas pela multi-
culturalidade das populações (ex. cultura hip-hop: nasceu nos anos 80, nos bairros de
NY, hoje esta espalhada um pouco por todo o mundo).

3 Portugal no novo quadro internacional

A integração europeia e as suas implicações. As relações com os países lusófonos e


com a área ibero-americana.

Portugal: a integração europeia e as suas implicações

Perdido o Império Portugal vira-se de forma determinada para a Europa, fazendo


claramente uma opção europeia, apesar de haver aqueles que continuavam a preferir
a opção atlântica tendo por base as nossas antigas colónias.
A verdade é que, aquando da instituição do poder democrático em Portugal nos anos
70, a ideia que prevalecia às políticas de desenvolvimento territorial (regional ou
local) assentava principalmente num paradigma redistributivo, muito característico do
objectivo “coesão”: dar mais aos territórios pobres do que aos ricos, de forma que
aqueles pudessem, aos poucos, ir-se aproximando destes. Este paradigma
redistributivo continua, claramente, a ser importante em termos europeus.
O nível local da administração portuguesa é, assim, chamado a dinamizar a iniciativa
produtiva e inovativa, apoiando as empresas e outras organizações produtivas por
processos que vão do abaixamento dos custos de instalação, à promoção de
instituições formais ou informais de concertação e cooperação entre as unidades
económicas, passando pela função de amplificação da voz das empresas e
empresários da região ou de investimento activo na imagem externa do território.

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A nível das iniciativas do poder central refira-se a modernização das vias rodoviárias
portuguesas (empreendimentos co-financiados pelos fundos comunitários), que fazem
equiparar Portugal, neste aspecto, aos países mais avançados da Europa.

A opção atlântica

A opção atlântica, no entanto, não ficou esquecida como prova a fundação da


Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que é uma organização
assinada entre países lusófonos, que consolida a aliança e a amizade entre os
signatários. A sua sede fica em Lisboa.
A CPLP foi criada em 17 de Julho de 1996 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-
Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. No ano de 2002, após
conquistar a independência, Timor-Leste foi acolhido como país integrante. Na
actualidade, são oito os países membros da CPLP.
Apesar da iniciativa, a CPLP é uma organização jovem buscando pôr em prática os
objectivos de integração dos territórios Lusófonos. Em 2005, numa reunião em
Luanda, Angola, a CPLP decidiu que no dia 5 de Maio seria comemorado o Dia da
Cultura Lusófona pelo mundo.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa abriga uma população superior a 230
milhões de habitantes, e tem uma área total de 10.742.000 km² - maior que o
Canadá, segundo maior país do mundo. O PIB de todos os países, somados, supera
US$ 1.700 trilião. A CPLP já foi decisiva para alguns de seus países (na Guiné-Bissau,
por exemplo, a CPLP ajudou a controlar golpes de estado).

Relações com os PALOP:

Privilegiaram a vertente económica

• Para países africanos: poderia levar a mais investimentos externos

• Para PT: poderia aproveitar a promissora prosperidade dos novos países


para internacionalizar com sucesso sectores fundamentais da sua
economia e intermediar as relações da união europeia com países
lusófonos

Foram assinados acordos de cooperação económica e financeira no:

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• Turismo • Construção • Telecomunicações • Ciment
Civil os

• Energia • Banca • Desenvolvimento de infra-estruturas

Paralelamente à cooperação económica foram concedidos importantes apoios

• Educação • Cultura • Ciência

• Tecnologia • Saúde • Combate à pobreza

Para consolidar a identidade cultural lusófona dos novos países.

Comunidade de países de língua portuguesa (CPLP)

Foi constituída em 1996 por Portugal, Brasil e PALOP e foi alargada em 2002 com a
entrada de Timor

A comunidade traduz-se, pela concertação político-diplomática entre os seus


membros em matéria de relações internacionais como:

• Cooperação económica • Cooperação cultural

• Cooperação técnico- • Cooperação jurídica


científica

Contexto das relações externas portuguesas:

Brasil

O Brasil é um caso que merece destaque, devido à sua dimensão e à importância económica que tem
para Portugal, as relações económicas entre estes dois países intensificam-se nos anos 90. O nosso
país encontra no mercado brasileiro boas condições no investimento na metalomecânica, no têxtil, em
energias alternativas, no turismo e nas telecomunicações. A EDP, o grupo SONAE, a CIMPOR e a
Portugal Telecom são algumas das empresas portuguesas que têm beneficiado destes laços entre os
países. Estes laços também se intensificam no contexto dos fluxos migratórios.

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Relações com países ibero-americanos

Portugal membro de:

- UE (união europeia)

- PALOP (países africanos de língua oficial portuguesa)

- CPLP (comunidade de países de língua portuguesa)

- CIA (comunidade ibero-americana)

Propósitos da CIA (comunidade ibero-americana):

• Intercâmbio educativo, cultural, económico, empresarial, cientifica, técnico


(=CPLP)

• Constitui mais uma alternativa, em termos de história, língua e cultura, às áreas


anglófonas e francófonas

• Para a UE, o facto de PT e Espanha estar simultaneamente na CIA e na UE é


uma mais-valia

Objectivos de Portugal na CIA:

• Reforço da internacionalização da economia portuguesa para novos mercados


emergentes

• Benefício de intercâmbios estabelecidos no âmbito da cultura, educação,


desenvolvimento técnico-científico

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