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Pré-História e Antiguidade Oriental

Mesopotâmia e Egito

“Abriram-se os olhos de ambos; e percebendo que


estavam nus, coseram folhas de figueiras, e fizeram
cintas para si.”
Gênesis, Cap. 3, Vers. 7

“E fez o senhor Deus a Adão e sua mulher túnicas de


pele e os vestiu.”
Gênesis, Cap. 3, Vers. 21

A sequência evolutiva da vestimenta humana foi exatamente essa. Primeiro as


folhas vegetais e, posteriormente, as peles de animal. Como nos diz a Bíblia Sagrada, no
antigo Testamento, o ser humano cobriu o corpo pelo caráter de pudor. Todavia, há
outras interpretações seculares que dizem ter os seres da condição humana coberto o
corpo pelo caráter de adorno e, também, pelo de proteção. Qualquer que tenha sido a sua
intenção, cobrir o corpo foi uma necessidade.
Sob o ponto de vista de adorno, foi uma maneira que o ser humano encontrou
de se impor aos demais, inclusive mostrar bravura ao exibir dentes e garras de ferozes
animais, além de ter a pele para cobrir o corpo com tangas e/ou sarongues e carne para a
alimentação. Há ainda o caráter de magia, ao associar os seus objetos de uso a poderes
fora dos normais.
O outro aspecto, o de proteção, está associado á questão de sobrevivência com
relação às intempéries, principalmente o frio. O ser humano protegeu o corpo com as
peles das caças e encontrou abrigo em grutas e cavernas nas quais deixou registros
iconográficos. Esses registros foram os que chegaram até nossos dias, visto que as
folhas e peles, por serem materiais biológicos, se deterioraram com o tempo.
As peles, inicialmente usadas com o próprio pêlo do animal, eram normalmente
de urso ou rena e passaram por processos de mastigação para serem amaciadas.
Posteriormente, passou a ser normal untar essa pele com óleos ou gorduras animais para
atribuir-lhe uma certa impermeabilidade e maciez, o que dava à peça uma maior
durabilidade. Na sequência de uso de recursos, utilizava-se um elemento advindo de
certas cascas de árvores ricas nessa substância, que realmente beneficiava com mais
apuro a pele do animal: era o tanino, liberado dessas cascas ao serem mergulhadas em
água. Tornou-se uma técnica de grandes resultados no tratamento das peles, que eram
presas ao corpo com as próprias garras dos animais ou mesmo atando-as umas às outras
com nervos, tendões ou até fios da crina ou rabo de cavalos.
Com a fixação do ser humano ao solo, ele deixou de ser nômade caçador/
colhetor para se estabelecer com a criação de gado e a prática da agricultura. Isso
também beneficiou a indumentária, visto que o vegetal linho lhe proporcionou, a principio,
a técnica de feltragem e, posteriormente, num processo evolutivo, a própria tecelagem.
Com o fabrico de tecido, mesmo de maneira primitiva e artesanal, houve um grande
avanço em técnica e aprimoramento.
Com esses tecidos, já se foi capaz de produzir saiotes e outras peças e
ornamentá-los com franjas, conchas, sementes, pedras coloridas, garras e dentes de
animais etc. Isso tudo aconteceu ainda na Idade do Bronze.
Antiguidade Oriental

Mesopotâmia

Região situada entre os rios Eufrates e Tigre, no atual Oriente Próximo, no atual
Oriente Próximo, na qual desenvolveram diversas culturas no IV milênio a. C., entre elas
as principais foram a sumeriana, a assíria e a babilônica. Essa região, não à sua época,
mas posteriormente, foi denominada de Mesopotâmia pelos gregos e o nome quer dizer
“entre rios”. De clima quente e solo fértil, a Mesopotâmia foi considerada o berço das
civilizações humanas, tendo os sumerianos até mesmo sido os que desenvolveram a
escrita, a cuneiforme, em aproximadamente 3500 a.C.
No que diz respeito à indumentária local, especialmente a dos sumerianos,
usava-se um saiote de pele com pêlo do animal chamado kaunakés, caracterizado pelos
tufos de lã visíveis externamente na peça.
Podemos notar que os mesopotâmicos já conheciam a tecelagem, entretanto,
ainda há características bem primitivas na maneira de se vestirem. Sendo a base de suas
roupas a própria pele do animal ou mesmo um tecido artesanal, esses tufos acabaram se
deslocando para as extremidades e se transformando em franjas, que, além de serem
utilizados como adorno, também serviam de acabamento para o tecido.
Os homens usavam seus kaunakés um pouco curtos, chegando à panturrilha, e
algumas vezes com o torso nu, ao passo que as mulheres vestiam seus trajes longos e
cobriam o colo.
Normalmente esses trajes, que cobriam todo o corpo de ambos os sexos, eram
enrolados, dando a aparência de uma roupa espiralada, como vemos nas esculturas e
pinturas da arte mesopotâmica. Com o tempo, esses trajes foram sendo substituídos,
especialmente pelos homens mais simples, por uma espécie de túnica com mangas.
O tecido predominante usado na região, para ambos os sexos, no apogeu de
suas respectivas culturas, foi o algodão – produzido na própria região ou vindo da Índia -,
além da lã e do linho; com o passar do tempo, tiveram acesso à seda da China. A
suntuosidade das roupas e seus complementos, como normalmente em qualquer outra
cultura, indicava a posição de prestígio do usuário.
Homens e mulheres costumavam ter os cabelos longos; e cacheá-los era muito
natural; inclusive os homens o faziam também com a própria barba, além de já usarem
brincos.
As cabeças, à exceção das coroadas, não eram muito ornamentadas, porém o
uso de um gorro, chamado pelos gregos de gorro ou barrete frígio, era adotado pelos
homens.
Como calçados, era comum o uso de um tipo de bota de couro com o bico
ligeiramente levantado, o que era uma característica oriental.

Egito

Como também na Mesopotâmia, no Egito o clima era muito quente; todavia,


suas roupas eram bem mais sucintas do que aquelas usadas pelos vários povos que
formaram a cultura mesopotâmica. Como roupas e complementos sempre foram, são e
poderão ser diferenciadores sociais, no Egito, elas também cumpriam essa função e
ganhavam a conotação de distinção de classes em que nobre e mais privilegiados se
diferenciavam em opulência daqueles de classes sociais menos favorecidas
materialmente, que, muitas vezes, andavam nus.
Pouca coisa mudou na indumentária egípcia no longo período de apogeu de
sua cultura faraônica, que durou aproximadamente 3.000 anos. Essas mudanças só
foram significativas quando ocorreram as invasões de outros povos em seu território,
especialmente os romanos.
O traje típico da indumentária egípcia era o chanti, uma espécie de tanga
masculina, e o kalasíris,a túnica longa, tanto masculina quanto feminina.
A cor predominante era o branco e a base têxtil era sempre a fibra natural
vegetal, especialmente o linho; todavia, o algodão também se fazia presente. A fibra
animal natural era considerada impura e, portanto, proibida pela religião local.
Essas roupas pareciam estar bem próximas ao corpo, porém talvez seja o
padrão estético da própria arte que dê essa característica à indumentária; contudo,
acredita-se também que essas roupas seriam costuradas nas laterais, dando à peça uma
espécie de elasticidade e maior aproximação ao corpo.
Havia também cones de cera colocados sobre uma peruca, que, com o calor,
derretiam e untavam a cabeleira e a roupa, aderindo o tecido ao corpo.
Um outro hábito comum entre os egípcios era o de raspar a cabeça, visto o
piolho ser uma das pragas locais e, por questões higiênicas, fazia-se necessário ter os
cabelos raspados. O que se vê de cabeleira na iconografia da arte egípcia são perucas,
comuns, em um primeiro momento, como proteção devido ao sol causticante que, mais
tarde, ganharam a conotação cerimonial e de status social. Essas perucas podiam ser de
cabelo natural ou de fibras vegetais, tais como o linho e a palmeira.
Para a dignidade faraônica e sua ostentação, tornou-se comum o uso do claft,
pedaço de tecido amarrado sobre a cabeça, cujas laterais lhe emolduravam a face. Tinha
a barba postiça de cerâmica, já que os pêlos do corpo, juntamente com o cabelo, eram
raspados.
Como adornos, os egípcios comuns usavam brincos, braceletes, colares mais
simples e, para os nobres, o famoso e requintado peitoral, uma espécie de colar enorme
que cobria o peito e, às vezes, também a parte superior das costas; feito de pedras e
metal precioso, além do uso de contas de vidro colorido, pois os nativos dominavam essa
técnica.
Para os pés, eram comuns as sandálias ditas de dedos, feitas em palha
trançada, para protegê-los da areia escaldante. Todavia, também era hábito andar
descalço.
Antiguidade Clássica
Creta, Grécia, Etrúria e Roma

Creta

Creta é a maior ilha situada no Mar Mediterrâneo. Teve o apogeu de sua cultura
entre 1750 a.C. e muito influenciou em sua época inclusive à cultura grega.
Pouco era sabido de sua história, a não ser especialmente pela mitologia,
quando, na segunda metade do século XIX, o arqueólogo inglês Sir Arthur Evans
descobriu o sítio arqueológico de Creta e, com isso, pode-se conhecer e estudar melhor
as questões minóicas.
No que diz respeito à indumentária local à época de seu apogeu, nota-se uma
considerável diferença entre as roupas masculinas e femininas. Os homens, com roupas
simplificadas de características ainda primitivas, usavam uma espécie de tanga com um
cinto e o torso normalmente nu; as mulheres, bem diferentes, usavam saias longas no
formato de sino com babados sobrepostos, uma espécie de avental na frente e nas costas
sobre a saia (lembrando a tanga masculina) e, na parte superior do corpo, portavam um
tipo de blusa costurada nos ombros, de mangas curtas, porém deixando os seios à
mostra – podendo ser associado à questão da fertilidade e fartura. As menos favorecidas
usavam só a saia. Acredita-se que essas roupas fossem de linho, lã ou couro.
Havia grandes diferenças entre as roupas masculinas e femininas, contudo, em
seus hábitos, havia pontos em comum. Um deles era o de afunilar muito a cintura:
homens e mulheres, desde crianças, assim o faziam com um cinto; outro aspecto foi o
dos cabelos longos em cachos, também usados por ambos os sexos.
Como adornos, tanto eles quanto elas usavam ornamentos como chapéus e
turbantes. Para os pés, em dias mais quentes, eram comuns as sandálias, e nos dias
mais frios era comum o uso de botas. Os cretenses também trabalharam muito bem o
metal, e o uso de jóias como alfinetes, colares, brincos etc. era habitual.

Grécia

A Grécia está situada na Península Balcânica, de litoral muito recortado, com


inúmeras ilhas e de clima quente. No período de apogeu de sua cultura, teve como centro
de sua organização política as Cidades-Estados, a crença politeísta e um apurado padrão
estético, que não só influenciou a seu tempo como até hoje o faz em grande parte do
mundo ocidental.
Falar da cultura grega, cuja maior prosperidade se deu entre os séculos VII a.
C., é falar de filosofia, de arte, de democracia, de conhecimento e de tantas outras
referências de cunho positivo.
A indumentária grega foi muito peculiar e o que mais podemos notar como
característica são os drapeados, muito elaborados e marcantes. Os gregos preocupavam-
se mais com os valores estéticos de suas roupas do que com o caráter de erotismo. Um
retângulo de tecido era suficiente para criar a peça mais característica de sua
indumentária: o quíton.
Homens e mulheres usavam-no, sendo os dos homens longos, para momentos
mais cerimoniosos, ou curtos para o dia-a-dia; e o feminino era sempre longo. O quíton,
ou melhor, esse retângulo de tecido, tratava-se da túnica dos gregos, colocada no corpo
presa sobre os ombros e embaixo dos braços, sendo uma das laterais fechada e a outra
aberta, que pendia em cascata. Prendia-se sobre os ombros com broches ou alfinetes e,
na cintura, amarrado por um cinto ou mesmo um cordão. Largo e comprido, possibilitava
criar o panejamento que vemos na maior parte das esculturas, inclusive o efeito
blusonado, ou seja, puxavam o tecido sobre o cinto para conseguir o aspecto de tecido
mais solto.
A palavra quíton quer dizer “túnica de linho”, sendo de fato o tecido mais usado
para a sua elaboração; porém, a lã também servia como base têxtil da peça.
No que diz respeito ao tingimento, os quítons eram de diversas cores e não
como sempre imaginamos, brancos ou da cor natural da fibra utilizada.
Com o passar do tempo, o quíton deixou de ser uma peça de um único
retângulo de tecido para ser composto de duas partes costuradas, muitas vezes
possuindo mangas.
Com relação aos trajes complementares, os gregos usavam mantos. Os
masculinos eram dois: a clâmide, mais curta, feita de lã grossa e considerada a capa
militar, ao passo que a himation era uma roupa civil, mais ampla e especialmente usada
em dias mais frios.
O manto feminino, por sua vez, denominado de peplo, era bem mais longo,
chegando aos pés.
Para os gregos, no princípio de sua civilização, antes do século V a. C. era
comum o uso da barba, que com o tempo passou a ser símbolo de seriedade e até de
senilidade; por isso, os mais jovens passaram a raspar suas respectivas barbas.
Já os cabelos masculinos eram curtos. Para as mulheres, além do cabelo solto,
era comum serem amarrados com fitas ou com chinós, espécie de suporte que prendia o
cabelo na nuca.
Entre os gregos, o hábito de andar descalço não era demérito algum, mesmo
quando houve o apogeu de sua civilização, portanto, dentro de casa, sempre andavam
dessa forma. Quando usavam calçados no dia-a-dia, eram sandálias, presas por tiras
amarradas aos pés e às pernas.
As jóias também faziam parte dos adornos das gregas; braceletes, colares,
brincos, anéis, alfinetes, broches e mesmo diademas complementavam suas roupas.
Com o passar do tempo, a indumentária grega foi se tornando luxuosa e
ostensiva, chegando mesmo a excessos, que não foi a característica de suas roupas no
período de maior prosperidade de sua cultura.

Etrúria

A Etrúria localizava-se na região da atual Toscana, Itália, e teve seu momento


de apogeu cultural por volta dos séculos VII a. C. e VI a. C. Os etruscos podem ser
considerados os antecessores dos romanos, que deixaram fortes marcas nos povos da
Península Itálica. Por não terem a escrita, o conhecimento de sua cultura veio pela
iconografia, especialmente a encontrada em seus túmulos.
Acredita-se que esse povo tenha vindo em migrações da Ásia Menor e ali se
instalou. Isso fica claro até mesmo na indumentária local, visto que inúmeras imagens nos
mostram nítidas referências orientais, além de alguns traços das roupas gregas.
Havia algumas semelhanças entre as roupas de ambos os sexos, porém elas
apresentavam diferenças não só na forma como também no comprimento. Os homens
usavam uma túnica e, por cima, drapeada nos ombros e no tórax, a tabena, tipo de capa
em formato semicircular, retangular ou mesmo semelhante a uma lua crescente. Pode-se
até considerar que essa capa tenha sido a que originou a peça que vai ser a grande
característica da indumentária romana: a toga.
As túnicas longas eram usadas pelos dois sexos, ao passo que as curtas
somente os homens vestiam. Era comum utilizarem cores em seus tecidos, e adornar as
bordas das tabenas também era habitual. AS mulheres, que sempre vestiam suas túnicas
longas, também a adornavam com cercaduras decorativas, e o manto, semelhante à capa
masculina, podia ser passado sobre a cabeça.
Os homens calçavam botas com o bico ligeiramente levantado, de influência
oriental, e sandálias, de influência grega.
Uma grande característica da arte e da indumentária etruscas foi a joalheria.
Essas peças em metal precioso e pedras preciosas, tais como alfinetes, colares,
braceletes, anéis, fivelas, coroas e outras até mesmo com caráter de proteção, são
verdadeiros objetos de arte, que demonstram apurado domínio de técnica aliado ao
extremo bom gosto.

Roma

A cidade de Roma, segundo a lenda de Rômulo e Remo, foi fundada no ano de


753 a.C. Com o passar do tempo, a cidade tornou-se a Roma republicana e
posteriormente, no seu apogeu, a Roma imperial. Seu declínio começou no século V da
Era Cristã, e a principal causa de sua queda foi a invasão dos povos bárbaros, não só na
maior extensão do território romano como também na própria cidade de Roma.
Se Atenas se impôs pelo saber, Roma se impôs pela força; todavia, nítidas
referências a valores gregos estiveram presentes no contexto da estética romana.
Assim como a Grécia recebeu influências cretenses, Roma recebeu influências
etruscas; inclusive na maneira de vestir. No que tange à indumentária romana, podemos
salientar que não só sofreu influências etruscas, como também que as principais linhas de
suas roupas foram adaptadas da dos gregos.
A peça característica da indumentária romana foi a toga, que nos permite fazer
a correspondência com o himation grego. Entretanto, vale notar que a toga também foi
uma evolução da tebena etrusca. Os romanos usavam a túnica e, por cima dela, a toga,
que era extremamente volumosa e denunciadora do status social daquele que a portava.
Quanto maior fosse, ou mesmo a sua cor, denunciava a condição de prestígio ou a função
de usuário. Era normalmente de lã e no formato de um semicírculo, o que favorecia o
denso e rico drapeado. Pessoas mais simples, como os trabalhadores e até mesmo os
soldados do exército, muitas vezes usavam só a túnica.
As roupas de campanha, por sua vez, eram compostas da túnica curta, do
saiote e da couraça, uma espécie de escudo de metal, no formato do peito para proteger
o tórax,e, nos pés, a calligae, um tipo e bota fechada.
As mulheres usavam a túnica longa e, muitas vezes, a stola sobre ela, que era
outro tipo de túnica, cujas principais características eram as mangas.
A peça para as mulheres correspondentes à toga era a pella, uma espécie de
manto que tinha o formato retangular, sendo esse detalhe a maior diferença em relação à
correspondente masculina.
Uma grande variação na moda feminina estava na mudança contínua de
penteados.
O luxo, em um certo momento, atingiu um esplendor tal que os excessos se
tornaram características da indumentária romana. Jóias de diversos tipos, como pulseiras,
anéis, colares, brincos etc., eram comuns para as mulheres. Para os Pés, predominavam
as sandálias.
Roma atingiu uma estrutura tamanha que o gigantismo do Império fugia do
controle dos governantes. As influências vindas de outras culturas, principalmente as
orientais, muito contribuíram para os excessos marcantes na indumentária romana, antes
mesmo da queda daquela que foi a sede do maior império da História ocidental.
A Idade Média
Povos Bárbaros, Bizâncio, Europa Feudal e Europa Gótica

Os trajes usados na Idade Média baseavam-se nos tipos que se tinham


desenvolvido próximo a meados do primeiro milênio, resultantes da mistura de modas
nativas com aquelas do final da Antiguidade.

Povos Bárbaros

O ano de 476 marcou a queda do Império Romano do Ocidente, terminando


assim o período da Idade Antiga e dando início ao da Idade Média. O marco foi a
deposição do imperador romano Rômulo, sendo colocado um germano no seu lugar.
A maior causa, porém não a única, da queda do Império Romano do Ocidente
foi a invasão dos povos bárbaros, principalmente os germânicos, no território de Roma.
Esse período de invasões e migrações se deu desde o fim do século IV, quando tribos
asiáticas passaram a pressionar tribos européias, tornando mais delicado o problema das
fronteiras do Império, o que culminou no século V.
Habitantes do norte e do leste da Europa, esses povos moravam em regiões de
condições climáticas bem desfavoráveis, onde o frio era intenso.
Em relação às roupas, esses povos trabalhavam muito a lã, mas também o
linho, o cânhamo e o algodão, para elaborar seus tecidos, criar túnicas, mantos e
espécies de calças.
Para os homens, as túnicas podiam ser mais curtas, de couro ou de tecido; eles
usavam calções curtos denominados de braies, ou mesmo as calças longas atadas às
pernas por bandas de tecido abaixo dos joelhos. Essas calças eram presas por um cinto
que envolviam o corpo por intermédio de passantes, cumprindo uma dupla função
protetora, pois, devido à sua condição de nômade, locomoviam-se sobre o lombo do
animal, precisando assim de uma proteção contra o atrito e também contra o frio, em
virtude das condições climáticas um tanto quanto hostis. Por cima, como proteção maior,
usavam um manto que podia ser de couro ou de pele animal, preso ao corpo por broche
ou alfinetes.
As mulheres vestiam-se com uma túnica longa presa por broches e atada ao
corpo por cintos, cujas fivelas se compunham de discos duplos de metal ocos, nos quais
levavam seus pertences. Sobre a túnica, usavam um xale também presa por broche ou
fivelas. Por baixo da túnica, costumavam trajar uma camisa geralmente de linho com
abertura frontal até o peito.
Homens e mulheres tinham cabelos longos e, para se protegerem usavam
toucas. Para os pés, eram comuns calçados fechados ou também sandálias em couros
atadas por correias e cadarços para ambos os sexos.
Com o tempo, essas tribos, devido ao contato com os povos das culturas
romanas e bizantinas, acabaram também se romanizando, passando a ter um gosto maior
por adornos e cores mais vistosas.

Bizâncio

Roma estava enfraquecida e a capital do Império foi transferida para uma antiga
colônia grega situada no Bósforo, que se chamava Bizâncio e cuja capital passou a ser
Constantinopla no século IV. Com o passar do tempo, já em fins do mesmo século, o
Império foi dividido em Império Romano do Ocidente e Império Romano Oriente. A região
Oriental estava mais fortificada em razão de diversos fatores socieconomico-culturais,
além da destruição da situação geográfica previlegiada, servindo de entreposto entre o
Oriente e o Ocidente.
O apogeu da cultura Bizantina ocorreu no século VI durante o governo do
Imperador Justiniano, cuja esposa era Teodora. A religião vigente era Cristã, toda via se
distanciando consideravelmente da Igreja Romana e, em meados do século XI (1054),
houve de fato a cisão entre a cristandade em Católica Romana e Ortodoxa Oriental.
O Oriente estava em condições gerais bem superiores às do Ocidente,
principalmente no que se diz respeito à economia. O luxo oriental sempre foi mais
ostensivo do que o ocidental e, em Bizâncio, não era diferente.
No que se refere às roupas locais, nunca na história da indumentária houve
uma aproximação tão grande entre roupas civis e religiosas.
A seda foi o principal tecido utilizado em Bizâncio, tendo sua produção sido
desenvolvido no próprio império, não sendo preciso, com isso, importá-la da Índia e da
China. Sua fabricação era monopólio do governo. Esse tecido normalmente só poderia
ser usado pelos altos funcionários da corte, e os tecidos mais opulentos e suntuosos eram
de uso exclusivo da família imperial. Como se não bastasse todo esse esplendor, as
roupas ainda eram bordadas com fios de ouro e prata, pérolas e pedras preciosas,
refletindo luxo e fazendo eco aos mosaicos das construções locais, que foi a arte maior
entre os bizantinos. A lã, o algodão e o linho também faziam parte da indumentária de
Bizâncio.
As influências recebidas pelas suas roupas eram diversas, em uma mistura
evidente de referencias romanas, persas e árabes e, graças a todo esse gosto requintado
e luxuoso, ostensivo em cores e elementos pingentes, Bizâncio também influencio a
indumentária da Europa Ocidental.
As cores estavam muito presentes não só para o casal imperial como também
para os mais privilegiados materialmente, além do uso da complementação ornamental
em bordados com cenas religiosas, motivos florais e até mesmo animais.
Como em outras culturas, a roupa bizantina também foi um diferenciador social.
Eram verdadeiramente hierárquicos e, quanto maior o prestigio do portador, mais
ornamentada se apresentava. Não havia nas peças um compromisso de sedução, muito
menos de utilidade, visto que a principal característica era de fato esconder o corpo, isso
também claramente evidenciado pelas formas amplas do corte que envolviam o corpo do
usuário. Pode-se perceber que essas roupas eram totalmente diferentes daquelas usadas
no período da Antiguidade Clássica, tanto na Grécia quanto em Roma.
Apesar das diferenças, a influência do corte do manto era nitidamente romana,
todavia, evoluiu ganhando maior comprimento. Esses mantos eram presos nos ombros
por broches os fivelas – verdadeiras jóias. A roupa em si, era muito semelhante para os
dois sexos, pois ambos vestiam túnicas com mangas longas até os punhos e, com isso, o
aspecto de orientalização ficou cada vez mais evidente.
Para os sapatos, não era diferente o excesso de ornamentação, normalmente
em seda, tendo também aplicações de pérolas e pedras.
Ainda hoje, os patriarcas da Igreja Ortodoxa em suas cerimônias religiosas
trajam paramentos muito parecidos com as roupas usadas pelos imperadores bizantinos.
O Império Romano do Oriente vai perdurar até 1453, data em que os turcos
otomanos tomaram Constantinopla e a saquearam, resultando assim no fim da Idade
Média.

Europa Feudal

Como dito anteriormente, a invasão dos povos bárbaros em território do Império


Romano Ocidental foi a principal causa de sua queda. Houve, com isso, um considerável
êxodo urbano para começar daí uma nova proposta de vida ligada ao campo.
Os centros urbanos, que passavam por grandes crises econômicas, a
decadência do comercio, devido aos baixos rendimentos; o declínio da autoridade
centralizada e o deslocamento para o campo fizeram aparecer um novo sistema político-
econômico associado a um senhor e as suas respectivas propriedades rurais. Assim
serviram os feudos, que não eram todos iguais, não obedeciam a uma mesma ordem,
sendo, porém, semelhantes em determinados aspectos. O rendimento estava centralizado
na produção agrícola e o poder político, nas mãos dos senhores das terras, que
ganharam significativa autoridade.
O sistema social que caracterizou a Europa ocidental na segunda metade do
primeiro milênio da Era Cristã foi exatamente o feudalismo, com o senhor e seus
vassalos. Estes prestavam serviços e obediência àqueles em troca da sobrevivência, que
normalmente era um pedaço de terra para trabalhar.
Houve uma grande queda na produção artístico-cultural neste, visto que as
referencias greco-romanas foram substituídas pelos valores dos povos invasores, além do
deslocamento para o campo e, conseqüentemente, a decadência cultural.
Ocorreu a tentativa de unificar a Europa sob o comando de um governo
católico, Carlos Magno, que privilegiava o ensino e as oficinas de arte. Esse sistema
obteve sucesso enquanto ele esteve vivo. Depois de sua morte e da divisão do reino entre
os herdeiros, o objetivo foi perdido, as oficinas por eles criadas foram de tremenda
importância no que diz respeito a produção cultural, e antecederam às dos mosteiros que,
após a desunificação européia, passaram a dominar todo o tipo de produção intelectual,
estando totalmente ligada às questões religiosas cristãs.
No que tange às roupas, o próprio sistema do feudalismo/ fassalagem
contribuiu para evidenciar as diferenças sociais entre senhor e empregado; todavia,
qualquer que fosse o grau de prestigio na sociedade européia ocidental, era bem inferior
àquele luxo ostensivo. Possivelmente, a principal causa das roupas dos europeus
ocidentais serem menos opulentas que as do Império Romano do Oriente fossem
econômica.
Assim como se perderam os valores culturais clássicos em privilégios daqueles
dos povos bárbaros, isto também aconteceu no que se relacionam à indumentária. Foram
surgindo singularidades isoladas que duraram até o inicio da Baixa Idade Média, quanto
as diversas culturas européias se reuniram em torno das Cruzadas passando assim a ver
uma certa uniformidade na maneira de se vestir.
A roupa usada pelos mais ou menos favorecidos materialmente falando, tinha
como principal diferença ostensivo e ornamentos, já que o corte era muito semelhante
para as distintas classes sociais. Até mesmo o tipo de fibra usada em suas túnicas,
fossem a lã ou o linho, era a mesma, distinguindo-se uma das outras na qualidade técnica
mais aprimorada de fiação para os privilegiados e aspectos brutos e fiados em casa para
a vassalagem (sistema social e econômico, oferece fidelidade e trabalho em troca de
proteção e um lugar no sistema de produção). Os mais favorecidos chegavam a usar até
mesmo a seda.
É claro que as roupas do dia-a-dia era menos suntuosa do que aquelas usadas
em momentos mais cerimoniosos. Estas obviamente eram inspiradas na corte de
Bizâncio. As silhuetas de quem as usavam não era o fator mais importante das roupas; o
grande diferencial era a quantidade de tecido usada para elaborá-las, que é uma outra
forma reguladora de diferenças sociais; assim como quanto às cores: os camponeses
portavam tonalidades discretas e sóbrias, ao passo que os mais afortunados as usavam
mais variadas e ostensivas.
A bonelli, tipo de túnica usada pelos homens deste período, foi à altura das
panturrilhas para os mais endinheirados, não chegando aos joelhos para os menos
favorecidos. Ela era presa ao corpo por um cinto. Por cima da túnica, havia uma capa
semicircular atada ao ombro por um broche, sendo forrada de pele para os dias mais
frios. Calções chamados de braies eram usados com meias por baixo das túnicas, longos
ou curtos aos joelhos, e amarrados com bandas de tecidos sobre a perna do joelho para
baixo.
Capa com capuzes, herdadas dos romanos, também fizeram parte da
indumentária desse período como forma de proteção contra as intempéries, uma vez que
a vida rural deixava as pessoas mais vulneráveis às inclemências. Para as campanhas,
era comum o uso do couro ou tecidos mais resistentes, inclusive túnicas, podendo ser
cobertas por placas metálicas também com o fator de proteção.
As túnicas femininas, com ou sem mangas, em função do clima, por sua vez
recebiam o nome de stolla e eram vestidas pela cabeça. Eram presas aos ombros por
broches e atadas à cintura por um cinto. Sobre os ombros, Seja como adorno ou
proteção, usavam um lenço denominado de palla; também usavam um manto longo que
chegava ao comprimento da própria túnica.
Os cabelos para ambos os sexos eram longos, porém normalmente presos para
as mulheres. Os calçados, tanto para os homens quanto para as mulheres, eram de
couros, dos quais saiam tiras para serem cruzadas e amarradas nas pernas.

Européia Gótica

Se a Alta Idade Média européia correspondeu a um período associado ao


campo, ao feudalismo por excelência, e de poucos recurso econômicos, o momento
seguinte, o da Baixa Idade Media caracterizou-se de maneira diferente. Com o passar do
tempo, houve o restabelecimento da economia urbana; o ressurgimento de uma
autoridade central; a aplicação de novas técnicas agrícolas desenvolvidas (o que
favoreceu o aumento da produção de alimentos) o reaparecimento do comercio citadino,
ou seja, a revalorização dos centros urbanos por toda a Europa, o que acarretou em novo
modo ligado ao comercio e à vida cultural. Isso tudo estava associado à solidificação das
monarquias européias, além do crescimento do poder da Igreja na autoridade do Papa.
No fim do século XI, o então Papa Urbano II convocou as cabeças coroadas e
todo o povo cristão para uma cruzada rumo ao oriente para salvar os lugares santos da
cristandade das mãos dos turcos pagãos, acusados de profaná-los. Não só se deu a
primeira Cruzada, como também se sucederam outras.
O retorno da vida citadina foi igualmente de significativa importante para a
igreja, visto que surgiram nesse momento as catedrais no estilo que muito marcaria a
arquitetura religiosa – a religião cristã estaria em plena efervescência. Em sucessão ao
estilo romântico de aspecto pesado, capesino e horizontalizado de fins da Alta Idade
Média, surgiu o estilo gótico, imponente, urbano e verticalizado. Assim ocorreu na Europa
cristã no momento máximo do Teocentrismo. A igreja sobrepunha-se a tudo, inclusive os
próprios monarcas estavam abaixo do Sumo Pontífice na escala social.
No que diz respeito às roupas, além de uma certa unidade visual adquirida pela
união dos povos das Cruzadas. A ida do europeu ocidental ao Oriente também influenciou
a indumentária desse período, passando a existir um certo aspecto de orientalização nas
vestimentas européias, principalmente nos tecidos, além obviamente das roupas
propriamente ditas e de técnicas específicas de corte. Com tudo, com as monarquias
estabelecidas em solo europeu, também começaram a aparecer as peculiaridades entre
as diversas cortes européias. Por tanto, de uma maneira mais ampla, vamos documentar
o que foi mais significativo.
Se as roupas do período anterior pouco ou quase nada marcavam a silhueta
dos corpos, sejam femininos ou masculinos, nesse momento, elas começaram a delinear
um pouco mais, especialmente a parte superior dos vestidos femininos ou masculinos,
nesse momento, elas começaram a delinear um pouco mais, especialmente a parte
superior dos vestidos femininos, que passaram a ter abotoamento lateral.
As mangas, por sua vez, cresceram muito e ganharam amplitude nas alturas
dos punhos. No século XII, por exemplo a justeza estava localizada no corpete do vestido,
ficando próximo ao corpo e a saia mais amplas, com planejamento mais volumoso. A
silhueta foi a magra e verticalizada, um eco à estética arquitetônica do período.
O uso de véus foi uma constante feminina no período gótico. De inicio, o véu
tinha influência oriental, mais, com o passar do tempo, foi ganhando características locais.
Uma moda feminina muito peculiar entre o fim do século e o início do século XIV foi a do
uso da barbette, que era uma banda de tecido que passava sob o queixo, elevada às
temporas e presa no alto da cabeça sob o penteado. Além dessa moda, enfeitar a cabeça
de maneira elaborada, com adornos e chapéus sofisticados chamados heninn, esteve
presente entre os hábitos femininos.
Se a indumentária para os dois séculos em quase nada se diferenciava na Alta
Idade Média, no período da Baixa Idade Média, ela começou a ganhar uma distinção: as
roupas masculinas sutilmente começaram a se encurtar, com o tempo, próximo ao fim da
Idade Média, Isso de fato aconteceu; ao passo que as femininas se mantiveram longas,
atingindo o chão.
Os homens usavam meias, fossem de lã ou de linho, muitas vezes coloridas,
que eram cortadas no formato da própria perna, além dos calções longos chamados de
braies, presos à cintura por um cadarço. As túnicas foram se encurtando transformando-
se assim no gibão, e os calções foram diminuindo a ponto de cada vez mais as pernas,
cobertas pelas meias ficarem à mostra.
Muito comum para a moda entre os meados dos séculos XIV e XV,
especialmente para os homens, foram os sapatos de bico pontudo, significando grau de
nobreza. Quanto maior o titulo do indivíduo, maior era a permissão de usá-los com bicos
extremamente pontiagudos.
A aristocracia desse período já não fazia mais em casa a suas roupas,
,andando elaborá-las aos mestres alfaiates das cidades.
Esse momento do final da Idade Média e principio do Renascimento foi de
estrema importância para a história da Indumentária, visto ter sido nesta passagem
cronológica que surgiu o conceito de moda. Essa referencia vem especialmente da corte
de Borgonha (parte atual do território Francês), uma vez que os nobres locais se
incomodavam com as copias de suas roupas feitas por uma classe social mais abastada,
os burgueses, também denominados de mercantilistas, que surgiram com as Cruzadas.
Inicialmente, de cunho religioso, as Cruzadas foram ganhando também o
caráter comercial ao estabelecerem o contato com o Oriente e terem acesso a inúmeros
artigos que o europeu ocidental desconhecia. Com o retorno à Europa, os cruzados
levavam mercadorias diversas, criando o comercio entre o Oriente e o Ocidente. Surgiu
então uma nova classe social endinheirada e que tinha condições financeiras para copiar
o que a corte usava. Os nobres, não gostando muito dessa idéia, começaram a
diferenciar, cada vez mais, suas roupas daquelas copiadas, criando assim um ciclo de
criação e cópia. Todas as vezes que isso acontecia, idéias diferenciadas advindas da
corte, surgiam e eram colocadas em práticas vestimentarias.
Aí está o conceito de moda numa acepção mais próxima da nossa realidade.
Surgiu como um diferenciador social, diferenciador de sexo (tendo em vista que as roupas
masculinas se encurtavam e as femininas permaneceram longas) pelos aspectos de
valorização da individualidade e com o caráter de sazonalidade, ou seja, um gosto durava
enquanto não era copiado, pois, se assim acontecesse, novas propostas suplantariam as,
então vigentes.
Percebemos, de um modo geral, que a indumentária desse período foi marcada
pelo uso excessivo de tecidos, e o corpo, ou mesmo sua silhueta, pouco ficavam em
evidencia, pelo contrário, o corpo era praticamente o suporte de muitos volumes têxteis.
A Idade Moderna
Renascimento, Barroco e Rococó
Meados do século XV (1453) à fins do século XVIII (1789)

Renascimento

O período denominado de Renascença ou Renascimento redescobriu os


valores do humanismo greco-romano. Artistas e filósofos tentavam recuperar referências
da Grécia e Roma Antiga. É lógico que o teocentrismo da Idade Média não havia sido
abandonado, porém as referências antropocêntricas ganharam um lugar de destaque no
pensamento renascentista.
Surgiu assim a Idade Moderna em terras da Península Itálica, especificamente
na cidade de Florença, e logo seus conceitos foram sendo difundidos por toda a Europa.
O comércio e a indústria expandiram-se; a religião católica foi abalada pelo
protestantismo; a vida cultural citadina ganhou forças nas mãos do mecenato; a
secularidade sobrepôs-se à religiosidade; a humanidade e seu talento foram valorizados,
entre outras características, assim se sucedeu o Renascimento.
Os tempos agora são outros e, no que diz respeito às roupas, elas também
mudaram. A indústria têxtil deu um grande salto em desenvolvimento. Cidades Italianas
como Veneza, Florença, Milão, Gênova e Luca foram responsáveis pela elaboração de
tecidos de primeira qualidade como brocados, veludos, cetins e sedas e, obviamente,
esse requinte refletiu nas roupas propriamente ditas.
As cortes européias já estavam muito bem estabelecidas e, sendo assim, houve
uma identidade própria de cada país nos seus respectivos hábitos de cobrirem o corpo e
adornarem-se. Em um primeiro momento, a influência maior veio das cortes italianas,
todavia, com o tempo surgiram influências alemãs, francesas, espanholas e inglesas.
De uma maneira geral, apesar das peculiaridades, a moda teve certa
similaridade, pois um povo acabava influenciado outros.
Para os homens a roupa característica desse período foi o gibão – o que
poderia corresponder na contemporaneidade ao paletó - , normalmente acolchoado,
podendo ou não ter mangas, abotoados à frente e com uma basque sobre o calção. As
mangas eram presas ao corpo da peça por atacadores e, para disfarçar, havia uma
espécie de adorno almofadado preso sobre essa união. Sobre o gibão, usavam a jacket,
ou uma túnica aberta à frente e de grande panejamento.
A parte inferior das roupas masculinas era composta pelos calções bufantes
que, a princípio, eram mais longos, porém, foram encurtados de uma tal forma que
ficaram muito pequenos. Sobre o órgão sexual usavam uma espécie de suporte que tinha
mais características de adorno do que de proteção, apesar de servir também para unir
uma perna de calça à outra. De efeito visual bem erótico, essa peça foi chamada, em
inglês, de codpiece; em francês, de braguette e, em português, de portapênis. Era, de
fato, um detalhe para evidenciar, ou melhor, exibir toda a masculinidade e virilidade do
portador. Nas pernas, usavam meias coloridas, muitas vezes com características
diferentes (cores e/ ou listras) para cada perna, o que simbolizava um código de
pertencimento ao seu respectivo clã, uma espécie de heráldica nas roupas. Essa moda foi
toda bem colorida e chamativa, sendo a masculina mais efusiva que a feminina.
Para ambos os sexos, especialmente para a moda feminina, era comum o
decote acentuado, que, com o passar do tempo, foi sendo velado e, como evolução do
efeito de acabamento próximo ao pescoço, surgiu um tipo de gola, denominada de rufo,
que se assemelhava a uma enorme roda, em tecido fino e toda engomada em efeitos
tiotados, que cresceu tanto que atingiu proporções inimagináveis. É lógico que toda essa
opulência era sinônimo de prestigio social, visto que o uso dessa gola até mesmo limitava
movimentos mais vigorosos. Era normalmente branca e podia, muitas vezes, ser ornada
(ou ser inteiriça) com rendas, que, por sua vez, também eram brancas e engomadas. O
rufo foi usado tanto por homens quanto por mulheres.
Para os pés masculinos, surgiram os sapatos de bico achatados e largo, que
eram bem mais confortáveis do que os pontiagudos do período anterior.
Esses efeitos de arredondamentos pode-se dizer que também eram reflexos de
arquitetura, uma vez que os arcos arquitetônicos então já não estavam tão pontiagudos
como as ogivas góticas.
Uma moda curiosa chamada de Iandsknescht veio da Alemanha, que podemos
traduzir como talhadas. Foi o hábito de cortar o tecido da roupa em tiras ou em pequenas
aberturas nas quais apareciam as peças de baixo, fosse a chemise usada sob o gibão ou
mesmo o tecido que unia as tiras do calção bufante. Esse detalhe foi comum para ambos
os sexos; contudo, foi mais evidente entre os homens.
A moda feminina também se diferenciava de acordo com a nacionalidade;
entretanto, era comum às européias, em geral, usarem um vestido denominado de
vestugado, que consistia em partes rígidas para o tronco e que, da cintura para baixo, se
abria em formato cônico com armações mais rijas ainda, quase não dando efeito de
movimento à peça e liberdade à usuária. As mangas desses vestidos normalmente eram
longas, largas e pendiam, muitas vezes, quase até o chão. Em seus vertugados, as
mulheres também faziam uso das talhadas, e adorvavam suas faces com a gola rufo.
Para os cabelos, em um primeiro momento do Renascimento, eram usados
adornos mais leves (comparados as do período anterior) como rendinhas, pérolas e
tranças enroladas sobre a cabeça, e um grande costume feminino foi acentuar a testa não
só esticando os cabelos para trás como também chegando até mesmo a raspá-los mais
próximos do alto da face. Esse hábito comum em toda a Europa.
Um costume muito marcante no período do Renascimento foi uso excessivo de
perfumes. Eram usados em profusão, não só sobre o corpo, mas também nas luvas,
meias, sapatos etc.
As jóias estiveram em voga tanto na Inglaterra quanto na Itália, e as pesadas
correntes de ouro eram muito apreciadas, além obviamente das pedras preciosas.
A moda feminina, assim como a masculina, foi um tanto quanto colorida;
todavia, uma certa referência oposta chegava da Espanha em meados do século XVI,
para ambos os sexos, foi o uso quase generalizado da cor preta. Esse país, por questão
de tradição cultural e religiosa, sempre manteve o rigor e a austeridade em suas
indumentárias, e agora, com a ascensão econômica, acabou influenciando com essa
moda o restante da Europa. Não só isso contribuiu, mas também o gosto pessoal por
essa cor pelo imperador espanhol Carlos V.
Com o passar dos tempos, porém ainda dentro dos padrões renascentistas, a
moda feminina do vertugado acabou se transformando na farthingale, que cresceu nas
laterais dos quadris, atingindo volumes inusitados. As armações eram de madeira, arame
ou barbatanas de baleia para sustentarem todo esse exagero.
Essa moda veio da Inglaterra em meados do século XVI e também no período
do Reanscimento surgiu uma peça de grande importância para toda a história da moda
que foi o corpete, que afunilava a cintura feminina de maneira bem significativa. Além do
verdadeiro afunilamento do próprio corpo, havia também, e mais acentuado, um grande
afulimento do próprio corpo, havia também, e mais acentuado, um grande afunilamento
visual, uma vez que o corpo ganhava o aspecto de ângulo agudo à altura do quadril
feminino, que direcionava o olhar para o órgão sexual. Esse detalhe, já usado com o
vertugado, ficava mais evidente ainda pelo acentuado volume das laterais das saias
quando transformadas na “farthingale”.
Com relação ao rufo, ele evolui e ganhou uma outra identidade, transformando-
se em um outro tipo de gola, também branca e rendada, em uma espécie de resplandor
que contornava a parte de trás da cabeça, tendo uma abertura frontal que valorizava o
decote do corpete. Essencialmente para as mulheres, essa foi a gola Médici.
A moda feminina foi ganhando um significativo compromisso de sedução ao
começar a evidenciar o colo com o decote e também a cintura com o corpete.

Barroco

Como continuidade do processo antropocêntrico advindo com o Renascimento,


o século XVII trouxe para a humanidade a Revolução Científica. A tentativa de conhecer
os segredos da natureza fez do ser humano um grande observador, que passou a
sistematizar com muito rigor as suas experiências. Nomes como Bacon, Galileu, Newtom,
Descartes e outros fizeram do século XVII um verdadeiro período de transformação
intelectual.
Nas artes da Itália partiu o estilo Barroco que se expandiu por toda a Europa e
pelo mundo ocidental até meados do século XVIII. Nome como Velazquez, Rubens,
Rembrandt, Caravaggio, entre outros, difundiram um estilo que foi tão expressivo, em
seus efeitos de luz e sombra nas pinturas, quanto ornamental e opulento na arquitetura,
buscando retratar a emoção humana.
O reinado de Luis XVI – o rei-Sol (1643-1715) – iniciou-se no decorrer da
Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Nesse período, nenhuma corte era capaz de ditar
modos e modas; não havia unidade nas vestimentas na Europa, que variavam de acordo
com cada país.
A Holanda, com seus burgueses ricos, por exemplo, recebia a influência
espanhola e, assim como também o protestantismo local, continuou a usar o preto com
muita austeridade. O rufo também era usado e, na realidade, tornou-se ainda maior.
De uma forma geral, para a moda masculina, o gibão ampliou-se e alargou-se.
Com os culottes, aconteceu o mesmo, além de terem ido até abaixo dos joelhos.
A renda estava muito em evidência em punhos e golas, tanto para homens
quanto para mulheres. Já não se usava mais o rufo, que havia se transformado no
cabeção – gola engomada, normalmente de renda ligeiramente inclinada para cima na
parte de trás, que parecia deixar a cabeça apoiada sobre uma base inclinada – e que vai
também se transformar na gola caída, que se apoiava enormemente sobre os ombros,
tanto para os homens quanto para as mulheres.
Para o gênero masculino, era muito comum o uso de botas, que eram
adornadas em seus canhões com magníficas rendas. Essas botas, que de início se
destinavam só para montaria, ganharam também o status de moda. Foi a época da
França dos mosqueteiros e da Inglaterra dos cavaleiros.
Para as mulheres, à exceção da Espanha, não se usava mais o vertugado e
sim uma sobreposição de anáguas sob uma saia mais arredondada.
Por volta da década de 40 do século XVII, os cabelos longos naturais
masculinos entraram na moda; porém, havia aqueles não muito dotados de cabeleira que
faziam usos de perucas e, sendo assim, as mesmas se tornaram um hábito de moda. A
peruca transformou-se num dos elementos mais importantes da elegância masculina de
peruca em Paris.
A partir de 1660, a corte de Versalhes começou, de fato, a se impor para o
restante da Europa com os novos padrões sociais, criando boas maneiras, etiquetas,
modos e, principalmente, moda.
Desse momento em diante, a moda masculina desenvolveu-se muito mais que
feminina. O pitoresco passou a ser uma marca registrada para ambos os sexos. A roupa
dos homens ganhou uma identidade muito marcante: o culotte. Ele tornou-se bem largo,
chegando até os joelhos, com ornamentos de bordados e rendas, assemelahndo-se mais
a um saiote curto do que a um calção.
Uma significativa quantidade de rendas enfeitava externamente o culotte, que
recebeu o nome de rhingrave, adquirindo nítidas referências feminilizantes.
Por volta de 1680, os excessos começam a perder espaço em favor de um
aspecto de esplendor. Por influência oriental, os homens começaram a usar uma espécie
de túnica longa que, com o tempo, foi se encurtando e se transformou na veste, que mais
tarde, por sua vez, transformou-se no colete, bem comprido de início, chegando à altura
dos joelhos. Usavam também o culotte, agora bem mais justo e, como complemento
geral, uma casaca. Os tecidos, veludos e brocados em especial, eram bem sofisticados.
Na última década do século XVII, surgiu para o homem uma espécie de gravata
de renda, ou mesmo de tecido adornada de rendas.
As meias de seda obviamente eram indispensáveis. Com relação aos adornos
de cabeça, os ingleses usavam chapéus de copa alta e abas longas, ao passo que os dos
franceses eram de copa baixa e abas largas. No que diz respeito a todo esse esplendor
dos homens, parece mesmo que o único elemento de masculinidade visível era um
pequeno bigode.
Para a moda feminina, havia também a correspondência de todo esse
esplendor. As mulheres usavam camisa de manga curta, havendo a sobrecamisa com
decotes acentuados e de mangas até os cotovelos. As cinturas eram finas, marcadas pelo
uso de um corpete rijo e apertado. Os tecidos também eram luxuosos e caros,,
predominando as cores como o vermelho-escarlate, o vermelho-cereja e o azul-escuro;
todavia, apareciam cores mais claras como o rosa, o azul-céu e o amarelo-pálido.
Nas cabeças, as mulheres não usavam perucas, adornavam-nas com um
penteado denominado de à la Fontage – nome originado do de uma das preferidas de
Luis XIV - , uma espécie de penteado com ares de despenteado, preso por fitas. Com o
tempo, incrementaram os cabelos com rendas, toucas e armações de arame para manter
de pé um volume tão alto.
Um complemento muito curioso de uso feminino foram as chamadas mouches
de beauté (moscas de beleza), que vigoraram na segunda metade do século XVII. Tinham
o aspecto de pintas; eram feitas de seda preta com desenhos inusitados que continham
um material colante por trás para serem aplicadas sobre a face. Com relação aos motivos,
podiam como sóis, pombas, carruagens e cupidos. Foi a pura essência dos excessos do
Barroco.

Rococó

Assim como o Renascimento foi o passo inicial para a Revolução Científica,


esta, por sua vez, foi, ao mesmo tempo, alicerce e alavanca para o Iluminismo do século
XVIII, estabelecendo assim o apogeu da modernidade.
Os pensadores do iluminismo eram chamados de philosophes, e tinham como
objetivo compreender a natureza, bem como a sociedade, por meio da razão. Paris foi o
epicentro dessa filosofia, irradiando a idéia e encontrando adeptos em toda a Europa e na
América do Norte. Essa afirmação da razão e da liberdade ecoou tanto no pensamento
político quanto no social e econômico.
As artes evoluíram do Barroco para o Rococó, que teve seu início em solo
francês. Se o Barroco já foi um exagero, o Rococó pode ser considerado “o exagero do
exagero”. Apesar dessa característica, foi uma arte tão requintada quanto aristocrática,
buscando se expressar mais pela leveza e pela delicadeza. O Rococó privilegiou valores
ornamentais e decorativos e toda essa opulência e luxo foram transportados para a moda.
O período de transição entre o Barroco e o Rocoó na França foi denominado de
Regência (1715-1730). Se o Barroco esteve associado a Luis XIV, o Rococó o foi com
Luís XV; e, enquanto da sua minoridade, houve a Regência de Philippe d´Orleans (1715-
1723). A moda, nesse momento, manteve-se com toda a pompa e rigor já existentes. Os
costumes de então privilegiaram a frivolidade. O aspecto de fineza e leveza eram maiores
do que na época de Luís XIV. As roupas estavam mais fáceis de serem usadas do que
aquelas do período anterior. A renda permanecia em rigor para os punhos das mangas de
camisas e os coletes eram sofisticadamente ornamentos. O volume das perucas diminuiu
um pouco, porém, agora, havia o hábito de empoá-las com pó branco. Na moda feminina,
a silhueta e a qualidade das roupas também mudaram. O penteado à la Fontange
desapareceu, predominando então um penteado baixo e empoado. Os volumes cônicos
das saias, por sua vez, foram mantidos com o uso de barbatanas de baleia.
O período do Rococó propriamente dito foi de 1730 a 1789, quando ocorreu a
inssurreição da Revolução Francesa. A falta de moderação foi a grande característica do
período antecedente, predominando em todos os setores os exageros. Decorar
excessivamente foi o valor predominante. Caprichos e bizarrices marcaram o gosto pela
excentricidade.
A moda feminina sob o reinado de Luís XV manteve o uso da maquiagem e dos
pós nos cabelos; os volumes de suas roupas dificultavam o caminhar. A flor foi o grande
ornamento, nunca tão usada como então em vestidos e cabelos, tanto as naturais quanto
as artificiais. Enquanto as saias dos vestidos estiveram bem volumosas, os seus corpetes
ajustavam consideravelmente o busto e a cintura. Os vestidos eram denominados de
aberto ou fechados. O primeiro era composto de corpete decotado em formato quadrado
com mangas até os cotovelos terminadas em babados de rendas e lacinhos de fita; foi
caracterizado como aberto pelo recorte frontal na sobre-saia que deixava aparecer a saia
de baixo repleta de ornamentos. O vestido fechado, por sua vez, mantinha as mesmas
características, todavia sem ter a sobre-saia aberta. Nas costas de ambos os modelos,
era comum haver pregas largas, denominadas de à Watteau, que pendiam desde os
ombros até o chão. Os volumes laterais das saias eram obtidos por armações,
denominadas de paniers (cesto, em francês), de galhos, normalmente de salgueiro ou
vime.
Tecidos como a seda e grossos brocados ornamentados com flores eram os
preferidos tanto pelas mulheres quanto pelos homens. O gosto pela inspiração na
natureza prevalecia. Delicados sapatos calçavam os pés femininos.
Os cabelos minuciosamente elaborados e empoados compunham o conjunto
ornando a face.
Pa os homens desse período, a toilette era composta de culotte justo até os
joelhos, camisa, colete, casaca, meias brancas e sapatos de saltos (mais baixos que os
do período anterior). Na moda masculina, pouca coisa mudou desde o final do reinado de
Luís XIV. Os coletes eram bordados e abotoados à frente, as casacas, também com os
botões frontais, passaram a ser bordados a partir da segunda metade do século XVIII.
Os cabelos, ou mesmo as perucas, eram amarrados atrás em rabo-de-cavalo.
As perucas podiam ser de cabelos naturais, crina de bode ou de cavalo e também de
fibras vegetais. Além de serem empoados (cabelos e/ ou perucas) de cinza ou branco,
hábito que vem desde o princípio do século XVIII e perdurou até a Revolução Francesa
(reinado de Luís XVI), ganhavam agora, sob Luís XV, um laço de fita de seda preta na
nuca e um outro na ponta do rabo-de-cavalo. Além do mais, usavam o chapéu tricórnio na
cor preta. Assim a França lançou moda e influenciou toda a Europa.
A partir de 1760, a burguesia campestre inglesa exerceu uma grande influência
na moda, prevalecendo uma nítida referência à praticidade e à simplicidade nas roupas.
Com o tempo, a aristocracia francesa começou a declinar em poderes políticos
e econômicos; todavia, ainda demonstravam riqueza por meio de suas roupas,
principalmente no último momento do Rococó, que foi de 1770 a 1789. Luís XVI subiu ao
trono em 1774, e sua mulher, a austríaca Maria Antonieta, tornou-se rainha da França.
O que muito marcou esse momento na moda feminina foram os penteados, que
já vinham se elevando desde 1760, mas, de fato, foram assimilados a partir de 1770.
Foram levados às últimas conseqüências em proporção e enfeites. Lembremos que as
mulheres não usavam perucas e seus adornos eram feitos com os próprios cabelos.
Utilizavam-se de recursos de enchimentos para obterem volumes consideráveis.
Untavam-nos para aplicar-lhes o pó e enfeitavam um suporte de crina de cavalo por trás
da cabeça, além do recurso dos alfinetes. Se o Barroco esteve associado às perucas e os
peruqueiros, especialmente masculinos, o Rococó foi ligado aos penteados enormes e
aos cabeleireiros femininos.
No final do Rococó, também foi comum entre as mulheres a saia de enormes
volumes laterais, obtidos com excessivos paniers, que, para passarem por uma porta, era
necessário abri-la em duas partes; da mesma forma que, ao sentarem num banco de
jardim, o ocupavam praticamente todo.
Os decotes dos corpetes tornaram-se mais profundos, muitas vezes ornados
sobre os ombros com um lenço branco quadrado dobrado em formato triangular
denominado de fichu.
A Idade Contemporânea
Império, Romantismo, Era Vitoriana e La Belle Époque

Império

O excesso de privilégios gozado pelas classes favorecidas francesas (clero e


nobreza) fez com que o terceiro estado, isto é, o restante da população, se rebelasse e
desse início ao processo revolucionário. A burguesia, que estava incluída no terceiro
estado, liderou a revolução mas o sucesso se deu por conta da participação de seus
outros representantes, os campesinos e os trabalhadores urbanos.
A Revolução Francesa deu origem a um processo gradual de mudanças sociais
que gerou a transição para outro momento histórico: a Idade Contemporânea. Após o
governo de um Diretório, seguido do de um Consulado, a frança passou a ser governada
por um sistema monárquico imperial, de 1804 a 1815, comandado por Napoleão
Bonaparte.
A identidade da moda Império culmina durante o reinado de Napoleão, mas, no
entanto, o processo de mudanças se iniciou antes. A partir de 1790 a palavra de ordem
era conforto, com roupas mais práticas e confortáveis. Os excessos vistos no período do
Rococó, com os Paniers, muitos bordados, corpetes, perucas, tecidos faustosos, foram
deixados de lado. Houve uma mudança drástica na forma de ser vestir e o gosto pela
natureza e as influências da vida no campo inglesas estiveram presentes também.
A “Anglomania” atingiu a vestimenta masculina no sentido de sobriedade. Eles
passaram a usar casacos de caça ingleses, botas, calças cada vez mais assimiladas e
parecidas com as de hoje, golas altas e majestosos lenços amarrados no pescoço como
adorno.
Para as mulheres a opulência também desapareceu, não havia mais nada de
ostensivo e extravagante. Usavam um vestido simples, similar a uma camisola solta, com
decote acentuado, geralmente de cor branca em tecidos vaporosos e transparentes como
mousseline ou cambraia. Um traço característico desse vestido era o recorte de cintura
alta, logo abaixo dos seios.
Tais linhas para homens e para mulheres são as que prevaleceram no período do
Império. Vale destacar as influências greco-romanas que estiveram destacadamente
presentes: os cabelos intencionalmente despenteados (Cabelos à Ventania) e a forte
lembrança das vestimentas gregas femininas.
As mulheres usavam longas luvas para se protegerem, quando os vestidos eram
de mangas curtas. A questão do frio era realmente um problema nesses vestidos de leves
tecidos e profundos decotes que deixavam o colo todo em evidência (quadrados ou em
V). Assim, entra em moda um acessório que vai ser usado em todo o século XIX, o xale.
Inicialmente importado da índia (Caxemira) e posteriormente fabricado na própria França.
Napoleão, fez algumas proibições que afetaram diretamente a moda. Em parte por
problemas políticos que enfrentava com a Inglaterra e por outro lado com intenção de
desenvolver a indústria têxtil francesa, proibiu a importação de mousseline da Inglaterra.
Buscava com isso fomentar a produção especialmente da seda de Lyon. Também proibiu
as damas de sua corte de repetirem em público o uso de seus vestidos. Intencionava
gerar um maior consumo têxtil e também fortalecer a França como divulgadora de moda,
uma vez que a vestimenta masculina era toda influenciada pelos ingleses.
Romantismo

O período do Romantismo correspondeu aproximadamente de 1820 a 1840. Antes


dele, contamos com o período de Restauração (1815-1820), de pouca identidade na
moda feminina, que foi uma espécie de transição do Império para o Romântico. Os
vestidos começaram a ficar mais ornamentados, com saias sutilmente cônicas, decotes
mais altos, mangas compridas e justas nos punhos, porém bufantes nos ombros.
A moda masculina, no entanto, estava bem aquecida, em plena transformação já
desde o período do Império. Surge, na Inglaterra, nesse momento de Restauração, um
estilo denominado de Dandismo, que foi mais do que uma moda, avançando para um
modo de ser, um estilo de vida. Este movimento surgiu pelas mãos de George Brummel e
teve seus dias mais gloriosos, efetivamente entre 1800 e 1830.
O modo de ser Dandy impôs-se e ditou regras. Propunha sobriedade e distinção e
foi referência para toda a moda masculina do século XIX. As roupas eram justas e não
podiam ter nenhuma ruga. Usavam casaco, colete, calção ou calça comprida, camisas
com altas golas e pescoços adornados com o Plastron, um lenço usado com sofisticados
nós e que deixavam a cabeça erguida, gerando certo ar arrogante, típico Dandy.
Os homens ainda contavam com um acessório que ficou marcado com ícone de
elegância, status e poder social, a cartola, que foi usada durante todo o século XIX.
O período Romântico propriamente dito defendeu as emoções libertas e pôs fim ao
racionalismo típico do Iluminismo. Este ideal iluminista, em um momento em que a
Revolução Industrial estava a pleno vapor, estava transformando os homens em máquina
e fez despertar o saudosismo. A proposta era um ser humano espontâneo e emocional.
Houve toda uma influência no processo criativo das artes, arquitetura, música, literatura e,
naturalmente na moda. A literatura romântica, abarcando a épica e a lírica, do teatro ao
romance, foi um movimento de vanguarda e que teve grande repercussão na formação da
sociedade da época, ao contrário das artes plásticas, que desempenharam um papel
menos vanguardista.
A pintura foi o ramo das artes plásticas mais significativo, foi ela o veículo que
consolidaria definitivamente o ideal de uma época, utilizando-se de temas dramático-
sentimentais inspirados pela literatura e pela História. Procura-se no conteúdo, mais do
que os valores de arte, os efeitos emotivos, destacando principalmente a pintura histórica
e em menos grau a pintura sagrada.
Para os homens o estilo Dandy permaneceu, quase inalterado. Foi comum para
eles, a partir de 1830 e até a Primeira Guerra Mundial, o uso de barbas. Neste momento
os homens estavam ocupados com o trabalho e coube às mulheres a exibição dos
poderes materiais da burguesia.
Elas buscaram inspiração no passado e resgataram os valores tradicionais. Os
tecidos listrados e florais foram comuns e as cores mais usadas eram tanto os coloridos
quanto o preto. A cintura volta para seu lugar e novamente passa a ser marcada pelo
corpete. As saias são usadas com anáguas e adquirem volume cônico. As mangas
passam a ser enormemente bufantes e foram denominadas de Mangas Presunto,
preenchidas com plumas e fios metálicos para dar o volume desejado.
Para a noite em especial, os decotes aparecem novamente. Eram em forma de
canoa, bem acentuados, criando o aspecto de ombros caídos. O xale manteve-se e podia
ser feito de renda, usado sobre os ombros, cobrindo o decote e as mangas, para os
vestidos que as tinham.
Os adornos em geral foram muito usados. Jóias como relicários, pulseiras, broches
e laços babados, fitas, flores. Nas cabeças usavam cachos caídos sobre a face,
sofisticados penteados, chapéus de palha ou cetim, do tipo boneca amarrados sobre o
queixo. Os sapatos tinham salto baixo e o leque era indispensável.
Era Vitoriana

O início da segunda metade do século XIX foi marcado por Napoleão III (França) e
pela rainha Vitória (Inglaterra). A burguesia estava com grande prestígio graças ao
processo da Revolução Industrial que estava caminhando bem e permitindo o trabalho
com negócios e comércio e a acumulação de capital dentro da sociedade de consumo
vigente.
O reinado da rainha Vitória é marcado pela instalação moral e puritanismo, ela era
uma figura solene. Em 1840 ela casa-se com Albert, e este se torna o Príncipe Consorte.
Esta época é tida como o apogeu das atitudes vitorianas, período pudico com um código
moral estrito. Isto dura, aproximadamente, até 1890, quando o espirituoso estilo de vida
“festeiro e expansivo” do príncipe de Gales, Edward, ecoava na sociedade da época.
Em 1861 morre o príncipe Albert e a rainha mergulha em profunda tristeza, não
tirando o luto até o fim de sua vida (1902). A morte do príncipe Albert marca o início da
segunda fase da era vitoriana. As roupas e as mulheres começam a mudar, os decotes
sobem e as cores escurecem. A moda vitoriana do luto extremo e elaborado vestiu de
preto britânicos e americanos por bastante tempo e contribuiu para tornar esta cor mais
aceita e digna para as mulheres. Mesmo as crianças usavam o preto por um ano após a
morte de um parente próximo. Uma viúva mantinha o luto por dois anos, podendo optar –
como a rainha Vitória – por usá-lo permanentemente.
A Era Vitoriana, que durou aproximadamente de 1850 a 1890, foi garantidamente
uma época próspera e os reflexos na moda foram evidentes. A exagerada Crinolina
representou todo o aspecto de esplendor e prestígio da sociedade capitalista. Tratava-se
de uma espécie de gaiola, uma armação de aros de metal usada sob a saia e que
permitia que esta obtivesse um enorme volume cônico e circular.
O ideal de beleza do início da era vitoriana exigia às mulheres uma constituição
pequena e esguia, olhos grandes e escuros, boca pequenina, ombros caídos e cabelos
cacheados. A mulher deveria ser algo entre as crianças e os anjos: frágeis, tímidas,
inocentes e sensíveis. A fraqueza e a inanidade eram consideradas qualidades desejáveis
em uma mulher, era elegante ser pálida e desmaiar facilmente. “Saúde de ferro” e vigor
eram características vulgares das classes baixas, reservadas às criadas e operárias.
Os vestidos femininos eram dotados de profundos decotes que deixavam o colo em
evidência. Ombros e braços também ficavam aparentes e os tecidos eram muito luxuosos
como a seda, o tafetá, o brocado, a crepe, a mousseline, dentre outros.
Este período marca o surgimento da Alta Costura, que veio acompanhada do início
do processo de valorização do criador de moda, permitindo a almejada diferenciação da
alta classe parisiense. O marco foi 1850, graças a Charles Frederick Worth e vale
destacar que este processo teve estreita relação com a Revolução Industrial e com o
prestígio financeiro de sua burguesia industrial. Ele foi um costureiro inglês que passou a
ditar moda em Paris fazendo as mulheres irem até ele; foi uma revolução na moda.
Ao passo que a moda feminina estava cada vez mais enfeitada, a roupa masculina
tornou-se uma roupa de trabalho, reflexo da sociedade produtiva da época. Para ele, fora
a gravata, cartola e barba, a sobriedade imperava e deixava transparecer um contraste
visual marcante entre homens e mulheres, fossem nas cores, nos volumes, nos tecidos
ou ornamentos. Assim, ficou evidente que o homem transferiu por completo para sua
esposa a conotação de exibição financeira: ela passou a representar a riqueza de seu
homem, deixando claro seu papel de esposa e mãe.
Com o passar do tempo, há uma evolução da Crinolina, que deixa de ser
completamente circular para concentrar seu volume da parte de trás, se tornando uma
gaiola reta da frente.
Mais para o final da Era Vitoriana, por volta de 1870/1890, a evolução continua e o
volume passa a ser apenas uma espécie de almofadinha na parte traseira das saias:
surge a Anquinha. Eram feitas de crina de cavalo no início e em seguida de arcos de
metal unidos por uma dobradiça que permitia que ela se abrisse ou se fechasse quando a
mulher sentava. O volume se concentrou, então, só no traseiro feminino. Os tecidos para
os vestidos passaram a ser os de decoração, usados em estofados e cortinas. Os
espartilhos eram indispensáveis e os detalhes cresciam cada vez mais, com o uso das
rendas em especial e também de laços e babados. Usavam leques, sapatos de salto alto,
sombrinhas, caudas nos vestidos e pequenos chapéus para o dia.
La Belle Époque

A La Belle Époque, ou Bela Época, representou o período de 1890 até 1914, tendo
como marco de seu fim o estourar da Primeira Guerra Mundial.
No campo artístico houve grande mudança de valores. Neste momento a referência
passou a ser a natureza, com suas linhas curvas e formas orgânicas. O estilo foi batizado
de Art Nouveau e representou grande singularidade no período. Como sempre se viu
acontecer, a novidade teve seus reflexos na área da moda e a mulher vai incorporar todos
os novos detalhes curvos. A cintura feminina se tornou mais fina e atingiu a menor
circunferência já vista em toda a história.
O ideal de beleza do período apontava para uma estreiteza de apenas 40cm e para
atingir tal objetivo, algumas mulheres chegavam a remover suas costelas flutuantes para
que conseguissem afinar ainda mais a cintura com o auxílio do espartilho. Assim, o que
teve início ainda na Era Vitoriana, se acentuou na Belle Époque, período que foi
caracterizado pela cintura ampulheta das mulheres –ombros com volume, cintura muito
fina e volume nos quadris.
A indumentária feminina marcou uma demasiada cobertura corporal, quando
apenas o rosto e as mãos se deixavam aparecer, quando ela não estivesse de luvas. As
golas eram muito altas e cobriam o pescoço e os detalhes como laços, babados, fitas e
rendas estavam em profusão.
Com o passar do tempo e o aproximar do século XX, as anquinhas
desapareceram. O que se viu foi uma saia em formato de sino, bastante apertada quase
impedindo o caminhar das mulheres. Usavam chapéus com flores, sobre os coques fofos
e a bota era indispensável.
Ainda no final da Era Vitoriana o hábito de práticas esportivas, em especial da
equitação, mas também o tênis, a peteca, o arco e flecha entraram em voga e se
consagraram na Belle Époque. Este hábito ligado o esporte trouxe para o guarda roupa
feminino a veste de duas peças, com ar masculino. A assimilação foi grande e em breve o
Tailleur (casaco e saia do mesmo tecido) foi adotado para o dia-a-dia das cidades.
O banho de mar também se tornou um hábito. A roupa para tal atividade ainda não
tinha nenhuma relação com as de hoje, uma vez que eram de malha, em geral de fios de
lã, cobriam o tronco e atingiam a altura dos joelhos. Ainda faziam parte da composição
meias e sapatos e muitas vezes uma capa por cima de tudo com intuito de proteção.
A moda infantil, pela primeira vez na história, começa a deixar de ser cópia da
roupa dos adultos. Por influência dos banhos de mar, surge a moda marinheiro, que ao
longo de todo o século XX vai ser relida.
Worth continua sendo um nome de destaque na Alta Costura, mas entram novos
no cenário, como Jacques Doucet e John Redfern.
Para o homem, as linhas do período anterior permanecem, mantendo a proposta
de praticidade e funcionalidade. O traje masculino era composto de sobrecasaca e
cartola, mas o terno era facilmente visto. As calças masculinas eram retas e com vinco na
frente, os cabelos eram curtos e o uso do bigode era bastante popular na época.

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