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A Feiticeira do H é o Carma

Cid Oliveira - http://portodoceu.terra.com.br/filorelig/prafalar-0712c.asp

É indiscutível que a lei do karma, tal como explicitada nos textos sagrados hindus, se
relaciona com os ritmos celestes e, portanto, com as configurações planetárias
estudadas pela astrologia. Tanto que, a astrologia na sua forma hinduísta e tibetana é
exercida tendo como pano de fundo exatamente a lei do karma. O que é
perfeitamente coerente, no âmbito dessas tradições orientais, pois essa lei se insere,
harmoniosa e integralmente, no conjunto de outras concepções - como as de dharma,
samsara, varna, etc.- que fazem parte da cosmovisão daqueles povos.

Indo direto ao assunto, lembro que o conceito de karma tem três acepções principais
no oriente (1).

1- Karma é a ação primeira e original que dá origem à manifestação; é o arquétipo de


todas as ações posteriores. Esse primeiro ato é a ação sacrificial de Purusha, o
princípio ativo da manifestação, a partir da qual o mundo
surge. Esta concepção acarreta que, tanto a manifestação
cósmica como um todo, quanto o homem são em última
instância karma. São ambos, no fundo, um conjunto
complexo de ações e reações; de relações, portanto. Por isso,
o Mundo e sua condição atual surgem como resultado de
todas as ações e reações passadas.

2- Karma é a estrutura sutil da realidade temporal; é o que


continua quando a aparência imediata dos elementos se
dissolve ou é transformada. É o núcleo da pessoa que
permanece e por isso transcendente a toda individualidade. É
aquilo que todos os seres existentes têm em comum. A
mensagem dos Upanishads acentua esse aspecto do karma,
que também está subjacente em outra escolas como Yoga ou
o Budismo (2), por exemplo.

3- Karma é karmamarga, isto é, uma via da ação correta, dos


bons atos; um caminho para a liberação e realização da
humanidade. A ação é inevitável e só não provocará Shiva Bhairava - Índia
obstáculos se realizada de modo correto e com um espírito
correto. É exigido aqui um desapego dos frutos futuros da ação no momento mesmo
de sua realização; e não uma negação ou desapego da ação ou dos atos. O Bhagavad
Gita é o melhor exemplo dessa atitude.(3)

Dessas três visões a que nos interessa inicialmente é a primeira, que afirma ser o
karma o conjunto das condições objetivas da circunstância, do Mundo, e que surge da
totalidade de todas as ações passadas ¾ nossas, de nossos ancestrais, do meio social,
etc. Assim, assumir o karma é simplesmente aceitar de modo inteligente a realidade
em seu conjunto, ou seja, o estado atual de existência.

O problema é que um ocidental, criado num ambiente judaico-


cristão, e naturalmente propenso, portanto, a enxergar as coisas
desde seu particular ponto de vista, acaba por compreender a
noção de karma segundo o critério de responsabilidade individual
perante a um Deus criador, que é parte verdadeira do conjunto doutrinal de suas
crenças, mas que não se harmoniza, de jeito nenhum, nem com o conceito verdadeiro
de karma, nem com as outras doutrinas a ele associadas e muito menos com as suas
conseqüências.

Quando um hindu ou um budista exercita a identificação consciente com o próprio


karma, compreendido como um amplo tecido de ações e reações que em larga medida
o transcendem, ele aceita as condições da existência tais como são e coloca-se numa
posição totalmente diferente da postura tipicamente cristã de responsabilidade
pessoal frente ao julgamento de um Ser superior.

Por outro lado, para o cristão o que realmente conta são os


erros cometidos de modo consciente e voluntário, deixando-se
de lado os erros praticados por automatismo, os erros dos
outros seres e todas as ações forçadas pelas circunstâncias,
segundo o exposto na doutrina dos pecados mortal e venial.
Resumindo, no cristianismo não se leva em consideração,
exatamente, quase tudo o que forma o karma para doutrinas
hinduístas e budistas.

Apesar dessas diferenças gritantes, a mescla artificial do


ponto vista religioso e sentimental cristão, de
responsabilidade pessoal frente a um Deus criador, com a
Buda visão intelectual hinduísta do karma já distorcida pelo ponto
de vista "ocultista" - que surgiu no ocidente no princípio deste
século - se disseminou a tal ponto que faz parte hoje das crenças indiscutíveis das
ideologias da nova era. Fabricou-se assim umcarma, ao gosto ocidental e moderno,
vestido de adereços e atavios para lembrar o oriente, mas completamente diferente e
até mesmo antagônico ao conceito hinduísta original de karma. E karman (4) virou
carma. E, com uma força tão grande quanto seu coeficiente de ilusão, instalou-se na
língua, nos usos e costumes.

O Carma com "C"

Hoje a palavra carma tem múltiplos usos. Tenho uma coleção de exemplos. Outro dia
estava num ônibus quando uma garota, que estava sentada na minha frente,
levantou-se de repente, e quase gritando pediu ao motorista para descer, enquanto o
namorado perplexo lhe perguntava porque ela estava acabando o namoro daquele
jeito. A resposta imediata e definitiva da mocinha foi: - Porque você é um carma. Já
testemunhei também, o uso dessa palavrinha com o sentido contrário quando ouví de
um rapaz a razão porque continuava vivendo com uma mulher que o humilhava e
traía: -Relação fatal, cara. Ela é meu carma.

Não sei, se por causa dessas e outras, estou vendo carma por
todo lado. Mas, por incrível que pareça, para mim é líquido e
certo que as características do carma (com c), que esbocei
antes se aplicam ipsis litteris à feiticeira do H. Afinal, como o
carma ela também, diz-se, vem do oriente, e como ele também
comprova seu pedigree quando exibe sua tenda, os turbantes
de seus assistentes, um e outros véus; e mais ainda, quando se
propõe a oferecer os mesmos prazeres das huris, descritas no
Alcorão. No entanto, isso não é suficiente para esconder (nem a
produção do programa pretende) o carregado sotaque
paulistano da menina, uma suposta dança do ventre com coreografia baiana e que,
exatamente ao contrário das dançarinas árabes, é com os glúteos, bem brasileiros,
que ela exerce um controle sobre a mente e a vontade de seus admiradores.

De modo igualzinho, o carma que se instalou na cabeça da maioria do distinto e


espiritual público é tão indiano quanto a feiticeira do H é arábica. No fundo, não passa
tudo de um "negócio das Arábias". E é no mundo dos negócios mesmo que se
encontra outra das muitas semelhanças entre o programa da feiticeira e o carma new
age. O show da feiticeira se estrutura sobre as leis do mercado: vamos aplicar tanto,
vamos ganhar um quanto e a diferença, o lucro é o que interessa. E mais o índice do
Ibope, é claro. Enquanto isso o povão hipnotizado bate palmas para o pouco de alívio
e divertimento que se lhes concede. Pois, não é esse mesmo espírito que preside
tanto o uso quanto a concepção comum de carma?

"Nós espiritualistas acreditamos que estamos todos aqui para pagar o


carma de outras vidas. À medida que vamos acumulando um saldo
positivo de boas ações podemos evoluir espiritualmente até encontrar
Mestre Jesus(sic). E isso só se consegue resgatando nossas dívidas
cármicas", afirma o guru Nadharanda.(5)

Esse mistifório é uma perfeita amostra de


até onde pode chegar a deturpação sofrida
por um conceito metafísico oriental, ao ser
ele enfiado nos moldes estreitos de
compreensão da mente material-
contabilista do ocidente, que entende tudo
sob as categorias de pagamento, saldo
dever, haver, dívida. O que o espiritual
guru esqueceu, ou muito provavelmente
nem sabe, é que a idéia de evolução
espiritual das almas desencarnadas
Blavatsky e Kardec: os "ricardões da evolução mística
subindo degraus cósmicos é filha bastarda
do evolucionismo biológico e materialista
de Darwin. Os ricardões foram Alan Kardec e a Madame Blavastiki que deram um
sentido místico à palavra evolução, aplicando-a a uma pretensa vida espiritual. O que
também, sem dúvida, desconhece o luminoso guru é que, quase ao mesmo tempo, a
teoria de "sobrevivência do mais apto", do mesmíssimo senhor Darwin, foi
transplantada por Hebert Spencer para as ciências sociais, como um princípio
sociológico, que foi se transformando depois, até tornar-se em argumento ideológico
para justificar, a posteriori, a concorrência capitalista. Esses dois desenvolvimentos da
teoria evolucionista de Darwin, junto com os questionamentos dos socialistas, do
princípio do século, sobre as desigualdades sociais conformaram a idéia de carma
surgida no ocidente e em vigência até hoje.

Mesmo o mais embotado dos cérebros, depois de conhecer essas raízes da evolução
cármica, pode compreender agora o porque do uso das palavras evolução,
pagamento, saldo positivo e resgate da dívida num argumento que se pretende
espiritualista. Tenho forte esperança que o senhor Nadharanda, se, por acaso, ler
essas mal traçadas linhas, compreenda também e possa, pelo menos, seguir o
exemplo de sinceridade de Madonna, que se confessa "a material girl", e se declare
coerentemente "a material guru".

A única diferença que vejo entre a feiticeira do H e o carma é que o público da farsa
televisiva não leva a sério a encenação armada para manipular a fantasia dos
marmanjos; enquanto que o pessoal esotérico leva a sério, de modo comovente, os
devaneios cármicos ensinados e aplicados por aí para mantê-los além da imaginação,
sem consciência dos males a que estão sujeitos.

Qualquer doutrina que misture, de modo antinatural e irresponsável, conceitos de


uma tradição com os de uma outra expõe seus adeptos a sérios perigos. É impossível,
portanto, ser um híbrido de cristão e hinduísta sem arriscar, de algum modo, a
inteireza da personalidade.

Um dos males da pregação cármica é que ela introjeta nos seus partidários uma
incapacidade total de discernir a diferença entre reconhecer os próprios erros e aceitar
a realidade em torno; e essa situação produz um estado psíquico que facilita
enormemente o controle da mente e da vontade deles.

Ora, a astrologia cármica, um dos subprodutos da ideologia da nova era, é um


desenvolvimento secundário dessas idéias. Ela se compõe, precisamente, do
amálgama disparatado dos conceitos já deturpados do carma e samsara hindus com
teorias ocultistas ocidentais sobre outras vidas - absorvidas sem exame por certos
astrólogos - e somados às técnicas da astrologia ocidental. Como conseqüência faz
parte da astrologia cármica a crença numa evolução espiritual através de
reencarnações, e seus seguidores acreditam que a carta natal concebida nos moldes
ocidentais contém informações sobre as vidas passadas do indivíduo e afirmam,
ainda, a capacidade que têm seus praticantes de decifrar essas informações para o
cliente e aconselhá-lo a respeito do sentido último de suas vidas. Como prova disso,
assim falou Richard Brown:

"Enquanto a astrologia convencional se preocupa em usar a carta natal


para fazer um esboço da personalidade da pessoa, na astrologia cármica
nós assumimos que os indivíduos já a conhecem bastante bem. Assim,
nós enfocamos a carta astrológica, não em termos da personalidade,
mas em termos espirituais. A carta natal é realmente um registro
contábil espiritual. Ela mostra créditos e débitos, contas a pagar e contas
a receber de encarnações anteriores" .... "A astrologia cármica responde
à pergunta "por que?" A resposta a essa pergunta "por que?" se
fundamenta naquilo que trouxemos de outras vidas para esta vida. A
astrologia cármica assume que você já sabe que tipo de pessoa você é,
mas que agora está questionando como isso aconteceu, e o que fazer
dessa situação". (6)

Essa interpretação, finalista e cármica do horóscopo, que considero abusiva,


fundamenta a pretensão que têm os astrólogos, como Mr. Brown, de serem capazes
de revelar aos seus clientes o "por que?" último e cósmico de suas vidas. Como se
admite que o cliente já se conhece, estão excluídas as explicações internas. Sobram
as explicações externas das ações passadas, obtidas através da decifração cármica do
recado dos astros. (7)

Aliás, um dos motivos do interesse, de certos indivíduos, pela astrologia cármica é


justamente o desejo de encontrar uma explicação externa para seus atos, de modo
que possam livrar-se da consciência de culpa individual e de suas conseqüências,
através da transferência de suas responsabilidades para os astros ou para uma outra
vida.
Dentro da ideologia religiosa e progressista propagandeada pela nova era, o "viver
sem culpas" é um dos engodos oferecidos à humanidade. O sentimento de culpa é
amplamente condenado pela maioria das pseudoreligiões da moda, como um resíduo
careta de tradições repressivas e sem nenhuma função na nova era aquariana de
progresso, liberdade e realização da consciência cósmica. O sucesso da astrologia
cármica se deve, em larga medida, ao fato de que ela oferece, implicitamente, uma
possibilidade de viver sem culpas. Viver sem culpas, neste caso, é conseguido
simplesmente pela destruição da idéia mesma de culpa, através da aplicação de um
amálgama incoerente feito de uma forma ambígua de astrologia e de conceitos mal
compreendidos das tradições orientais, manipulados a partir de uma perspectiva
cristã. Tanto a causa quanto a responsabilidade pelos infortúnios do indivíduo são
transferidas para bem longe dele: espacialmente para os astros e temporalmente para
uma outra vida.

A conseqüência pavorosa disso tudo é que na tentativa de exterminar a consciência de


culpa se destrói junto com ela a única solução, universalmente recomendada, para
essa questão. Tanto os rituais purificatórios das tradições orientais, quanto as lições
claríssimas do simbolismo contido nos mitos dos heróis gregos, como o rito cristão
recomendam o uso da consciência de culpa como veículo para o exame corajoso dos
próprios atos, para o reconhecimento dos erros cometidos, para o arrependimento,
para a promessa de tentar não repetir os mesmo erros e finalmente para a reparação.

Mas, apesar de todas as contorções mentais que oferece a astrologia cármica para
suprimir a idéia de culpa, o sujeito continua a senti-la. Presa da angústia e do
remorso sente-se vítima dos astros, da fatalidade ou dos deuses, como se fora um
desgraçado herói trágico. Incapaz de reconhecer sua responsabilidade pessoal e de
arrepender-se tem sua vontade enfraquecida e se submete facilmente ao poder de
qualquer um outro que lhe ofereça uma explicação capaz de abafar os reclamos de
sua consciência, por mais inverossímil e impossível de verificar que seja. (8) E como
num ciclo vicioso ela é oferecida pelo astrólogo cármico de plantão.

As explicações fatalistas da astrologia cármica associadas à presunção (falsa) de que


a carta astrológica é capaz de fornecer informações sobre as vidas passadas são
extremamente eficazes para escamotear a responsabilidade pessoal do indivíduo por
seus erros. Como se baseiam largamente em descrições de outras vidas, têm um forte
apelo imaginativo que sugestiona o cliente. Além disso, o freguês não tem como
comprovar a veracidade das descrições de suas encarnações passadas. Assim, só lhe
resta, com muita fé, se entregar completamente nas mãos do astrólogo. A influência
do astrólogo sobre o cliente, que se expõe a tal situação, é propriamente anti-
humana, pois provoca a anulação da vontade, a faculdade que o marca exatamente
com sua humanidade, que se expressa de modo pleno no ato livre e responsável, a
única coisa capaz de livrá-lo de seus problemas.

Espero que todos envolvidos com esse tipo de prática, examinem de modo isento,
honesto e inteligente as informações e questões aqui levantadas. Quanto aos
astrólogos, na medida em que são orientadores e formadores de opinião, fazer uma
observação de suas próprias consciência é condição essencial para a investigação de
suas responsabilidades no uso dessa mistura de crenças religiosas com carta natal,
que, sem dúvida, prejudica o indivíduo, a astrologia e a religião.

Notas:
(1) - Para compensar e evitar os riscos do resumo, e para quem quiser fazer um
estudo mais profundo do assunto é bom ler: René Guénon, L'Erreur Spirite e L'homme
et son devenir selon le Vedanta, Villain et Belhomme, Paris, 1974; Raimundo
Panikkar, Myth, faith and hermeneutics, Cross-Cultural Studies, ATC Publications,
Bangalore; Ananda Coomaraswamy, On the one and only transmigrant, Selected
Papers, Princenton University Press, 1977; Cid de Oliveira, Os enigmas do carma,
apostila de aulas, Rio, 1993. Brhadaranyaka Upanishad, Srimad Bhagavad Gita
Brashya of Sri Shankaracarya com atenção aos comentários de Sri Shankarya,
tradução do Dr. A.G. Krishna Warrier, Sri Ramakrishna Math, Madras, 1983.
Brahma Sutra Bhasya of Sri Shankaracarya.

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(2) - Neste sentido, karma e o conceito de consciência se confundem, como mostra a


resposta de Kongtrul Rinpoche, um dos maiores lamas tibetanos, à seguinte pergunta:
If there is no soul or ego or whatever you want to call it how can we understand the
continuity of reincarnation?
H.E. Jamgon Kongtrul Rinpoche: There is no soul because there is no fixed concrete
entity, but there is a consciousness that creates the cycle of birth and rebirth. After
all, we cannot establish the self as having any basis in reality--it cannot be proven to
exist. How can some thing that does not live in the world take on different lives?
Therefore the only basis for this whole cycle, whatever basis there is for it, has to be
discovered in consciousness. We should remember that whatever it is that says "I" is
using a word for some thing that doesn't really exist. What does occur is that
consciousness creates different situations and then "I" steps in and associates itself
with the situations. The process of "I am reborn" or "I am a soul" gets started with the
process of grasping onto or stepping into the cycle of consciousness. The teaching of
Phowa gives a technique for the intentional removal of consciousness from the body
at the point of death so it does not seek a negative rebirth. It is said that one should
allow consciousness to transmigrate, but not the "I".

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(3) Ver Bhagavad Gita Bhassyam XVIII,2- 25, com atenção para 5 e 6. 5- "The work
(karman) of sacrifice, gift-giving, and penance should not be relinquished; it must
necessarily be accomplished; for, sacrifice, gift-giving, and penance purify wise men.
6- But even this works, Arjuna! Must be done without attachment to them and to their
fruits: this is my firm and most valid decision.". A recomendação de Krishna é
absolutamente correta porque a ação (karman) não é o oposto da ignorância (avidyâ)
e, portanto, não pode afastá-la. No entanto, o conhecimento dissipa a ignorância
como a luz dissipa as trevas. E mais ainda, tanto a ação (karman) quanto seus frutos
são transitórios e momentâneos; ao contrário o Conhecimento é permanente e
definitivo e pode-se dizer o mesmo de seu fruto, que não é distinto dele.
Shankaracharya afirma claramente que só existe um meio de obter a Liberação
completa e final: o Conhecimento. Assim, só existe uma saída: se se tem que agir
(karma) de qualquer jeito, que se haja de modo desapegado dos frutos da ação.

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(4) Karman é uma palavra que significa ação e vem da raiz kr - fazer, agir, realizar. O
conceito, e mesmo a palavra sânscrita, é encontrado em quase todas tradições
religiosas asiáticas desde o bramanismo mais antigo até o moderno budismo japonês.
A forma correta desse substantivo neutro é karman. Tornou-se usual carma e o
neologismo cármico é inevitável. O dicionário do Aurélio Buarque registra carma e
cármico. Aqui, usei karman e karma (com k) sempre que me referi aos seus
significados originais e verdadeiros. Para as inovações ocidentais reservei carma (com
c).

O verbete no Dicionário do Aurélio é este: carma[Do sânsc. Karman.] S. m. Filos. 1.


Nas filosofias da Índia, o conjunto das ações dos homens e suas conseqüências. [Liga-
se o carma às diversas teorias de transmigração, e por meio dele se definem as
noções de destino, do desejo como força geradora do destino, e do encadeamento
necessário, por força desses dois fatores, entre os diversos momentos da vida dos
homens.]

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(5)- O guru Nadharanda, apesar do nome com vago sabor indiano, é argentino
radicado na Califórnia e dá workshops, sobre terapia de vidas passadas, com grande
sucesso de público.

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(6)- Informo aos incrédulos que Mr. Brown não é discípulo do guru Nadharanda, mas
é astrólogo cármico e tem página na internet, onde se encontra o texto que traduzi
acima e cujo original em inglês transcrevo: "Where conventional astrology is
preoccupied in using the natal chart to outline a person's personality, in karmic
astrology we assume the individual has a pretty good idea of that. Thus we view the
astrological chart not in personality terms but in spiritual terms. The natal chart is
actually a spiritual balance sheet. It shows assets and liabilities, accounts payable and
accounts receivable from previous incarnations." "Karmic Astrology answers the
question: Why?... The answer to that question, "Why?", lies in what we bring into our
present life from our past lives. Karmic Astrology assumes you already know what sort
of person you are but are now wondering how that came to happen and what can be
done about it."

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(7)- Numa posição completamente oposta, afirmo que a interpretação da carta natal
deve ser vista como uma proposta do astrólogo, que será discutida com o cliente, e
não uma resposta autoritária, fatal e acabada imposta a ele, que avilta sua vontade e
tira sua liberdade.

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(8)- Ver Olavo de Carvalho, Astros e Símbolos, Nova Stella Editorial, São Paulo, 1985,
cap VII. Ali o autor descreve o processo psicológico que atua neste caso da seguinte
maneira: "Mas, se o indivíduo pode rejeitar o conceito de culpa, não pode se impedir
de sentir culpa. E o resultado final desse processo é que, quanto mais ele embota sua
consciência de culpa individual, mais se sente culpado pela realidade em torno, em
cuja conta ele pretendia debitar essa culpa. Ele entra assim num processo de auto-
defesa versus auto-inculpação, processo esse que é um verdadeiro curto-circuito
cerebral, e que constitui uma das sintomatologias mais freqüentes nos meios
"ocultistas". ... "Muitas pessoas que vêm ler seu horóscopo estão apenas buscando
uma explicação "kármica" para seus males presentes, na esperança de aliviar suas
culpas e angústias, sem dar-se conta que essa explicação poderá ter por único
resultado fazê-las sentirem-se culpadas de ter Saturno em tal ou qual casa, ou Marte
no Ascendente, isto é, fazê-las saírem do âmbito das culpas humanas reais para o das
culpas "mágicas" e subconscientes.

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