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PLANETA TERRA
Cuiabá , 2010
Instituto de Física
Av. Fernando Correa da Costa, s/nº
Campus Universitário
Cuiabá, MT - CEP.: 78060-900
Tel.: (65) 3615-8737
www.fisica.ufmt.br/ead
Estudando Sobre o
Planeta Terra
Autores
Corpo Editorial
• D e n i s e Va r g a s
• C a r l o s R i n a l d i
• I r a m a i a J o r g e C a b r a l d e Pa u l o
• M a r i a L u c i a C a va l l i N e d e r
FICHA CATALOGRÁFICA
M527e
Mello, Irene Cristina de.
Estudando Sobre o Planeta Terra./ Irene Cristina de
Mello; Lydia Maria P. L. dos Santos, André Luís Arabe M. de
Oliveira, Sérgio Roberto de Paulo.
Cuiabá: UAB/UFMT, 2010.
CDU 550.3
ISBN: 978-85-8018-007-7
Sumário
1. Estrutura da Te r r a : D a s u pe r f í c i e a o ce n t r o 01
2 . Estrutura da Te r r a : H i d r o s f e r a 29
3. Estrutura da Te r r a : A t m o s f e r a 69
Referências Bibliográficas 105
O lugar em que vivemos, que denominamos muitas vezes apenas como Mundo ou Planeta
Azul, já foi uma pequena massa de poeira. Mas, atualmente, com cerca de 4.6 mil milhões de anos
o nosso planeta Terra é o terceiro planeta a partir do Sol e o quinto maior do Sistema Solar, sendo o
mais massivo dos quatro planetas rochosos registrados pela ciência contemporânea. Não se trata de
um simples planeta, mas aquele que abriga os seres humanos e milhões de outras espécies de seres
vivos, sendo, até o momento, considerado cientificamente o único com existência de vida conhecida
em todo o universo, o que o torna ainda muito mais especial. Os seus minerais, em conjunto com os
produtos da biosfera, fornecem recursos que são necessários para suportar toda a população humana
habitante. Diante disso, fica evidente a importância de ampliarmos os nossos conhecimentos sobre
esse planeta, para que possamos aprender como preservá-lo e desse modo garantir a manutenção da
vida. Portanto, convidamos você a ampliar um pouco mais os seus conhecimentos sobre o fascinante
Planeta Azul.
Pa r a i n i c i a r a n o s s a c o n v e r s a , va m o s r e f l e t i r : Vo c ê já
pa r o u pa r a pe n s a r c o m o é o i n t e r i o r d a t e r r a ?
Por meio de estudos das propriedades físicas da terra, com a utilização da Geofísica, podemos enten-
der as estruturas no interior terrestre. E, utilizando a velocidade das ondas sísmicas, podemos calcular,
dentre outras coisas, a densidade das camadas principais e suas subdivisões, buscando, posteriormente, a
identidade das rochas presentes nessas camadas.
Geofísica é uma ciência voltada à compreensão da estrutura, composição e dinâmica do planeta Terra, sob a ótica
da Física. Consiste basicamente na aplicação de conhecimentos e medidas da física ao estudo da Terra, especialmente pela
reflexão sísmica, refração, gravidade, magnetismo, eletricidade, eletromagnetismo e métodos radioativos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org
Uma onda sísmica é uma onda que se propaga através da Terra, geralmente como consequência de um sismo, que
pode ser natural ou induzido.
O sismo é um fenômeno de vibração brusca e passageira da superfície terrestre, resultante de movimentos subterrâ-
neos de placas rochosas, de atividades vulcânicas, de abatimento de cavernas ou por deslocamento de gases no interior da
terra. Um exemplo é o terremoto. Em relação ao sismo induzido são aqueles associados às ações humanas, como exemplo,
explosões e quedas de grandes estruturas.
Fonte: http://pt.wikipedia.org
D” 2885
2900 Descotinuidade
de Gutenberg
NÚCLEO NÚCLEO
EXTERNO EXTERNO ferro + sulfeto
de ferro (líquido)
Profundidade
em Km Profundidade
em Km
5100 NÚCLEO
5145 NÚCLEO
INTERNO INTE RNO
liga de ferro-níquel
(sólido)
6400 6370
Figura 1A – A estrutura interna da Terra Figura 1B – A estrutura Interna da Terra
[Fonte: TEXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. [Fonte: THE OPEN UNIVERSITY. Os recursos físicos da
São Paulo: Oficinas de Textos, 2000] Terra – Bloco 1. Campinas: SP, 1994]
E a C r o s ta T e r r e s t r e ? O q u e s e r i a? Como é f o r m a d a?
A crosta terrestre é a porção rígida e externa que envolve a terra, onde podemos
encontrar desde rochas sedimentares, rochas ígneas e rochas metamórficas, bem como
seus subprodutos. Essa porção divide-se em crosta continental e crosta oceânica, essa
última por sua vez, assentada sobre o manto (ver figura 1A e 1B).
Segundo informações geofísicas e também das exposições rochosas, a crosta con-
Vp
materiais materiais Km zona
Km/s
0
sedimentos
4-5 sedimentos vulcânicos
Superior/
Epizona
xistos
Crosta Superior
xistos
granitos granitos
gnaisses
5, 5-6 migmatitos
Intermediária/
10–
Mesozona
anfibolitos
NÍVEL CRUSTAL
migmatitos
descontinuidade intrusões
de Conrad máficas
Crosta Inferior
~7
rochas máficas/
ultramáficas
gnaisse 20–
Catazona
Inferior/
6-7
descontinuidade
Moho 30–
8 Manto Superior
Figura 2: Estrutura da Crosta Continental
[Fonte: TEXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficinas de Textos, 2000].
O b s e r va ç ã o I m p o r ta n t e
Durante um sismo, dois tipos de ondas são observados: Tipo “p” e tipo “s”.
As ondas “p” ou primárias, possuem velocidades de propagação maior do que
do tipo “s”, vibram paralelamente à direção da onda e se propagam no ar, na água e em
corpos sólidos. As ondas do tipo “s” ou secundárias, são ondas transversais ou cizalhantes
e se propagam somente em corpos sólidos.
O Manto da Te r r a
O limite crosta-manto é marcado por uma brusca variação das propriedades elá-
ticas do manto, denominada descontinuidade de Mohorovicic (ver figura 1A). Abaixo
dessa descontinuidade, situa-se o manto superior, que se estende até 400 quilômetros
de profundidade (ver figura 1B). As densidades encontradas nesse intervalo variam de
3,2 g/cm³ no topo a 3,7 g/cm³ na base (ver figura 3). As rochas terrestres com densida-
de equivalente para esse intervalo seriam as ultramáficas, ricas em olivina magnesiana
e os piroxênios (rochas peridotitos e eclogitos).
Rocha CP (km/s)
Granito 6
Gabro 7
Peridotito 8
O Núcleo da Te r r a
Os m i n e r a i s e r o ch a s c o n s t i t u i n t e s d a c r o s ta t e r r e s t r e
S= O = 32%
8% O = 45,2%
% outros = 8% outros = 1%
Fe = 25 % Ti = 0,7%
7,4
M
Si = 14,5%
Mg
= 2 C
a = = 2 ,8
K = 1,7%
g=
Si % Na = 2,3%
Al = 8%
5,1
Fe
12
=
,5%
5,8
%
(a) Terra como um todo (b) crosta
massa = 5,98 x 1024 Kg (100%) massa = 2,40 x 1022 Kg (0,4%)
O = 44% 0 ,4%
=8
Si = 22,4% Fe
%
N
i=
8 ,6
Fe
5,
S = 14
2 out
=1
%
=
ou ro s
N t ro s =0
9,9
,4 %
Al a = 0 = 1
Mg
Ca = 1 , 8 % %
%
= 1 , 6%
,7%
Cl Na
Na Cl
b
a
Figura 5B – Arranjo espacial dos íons Na+ e Cl- no mineral Halita
[Fonte: TEXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficinas de Textos, 2000].
Agor a va m o s e n t e n d e r c o m o o c o r r e a f o r m a ç ã o d o s m i n e r a i s ?
N o m e n c l at u r a dos minerais
Auripigmento Calcopirita
amarelo amarelo-ouro
Amarelo-dourado
Hematita Cinabarita
marrom preto-avermelhada Preto
Vermelho-marrom Vermelho
Crocoíta Molibdenita
marrom-avermelhada Cinza
prateada
Amarelo
1
2Dureza Mineral Fórmula Química
3
4
Talco, (pode ser arranhado facilmente com a
5
6
1 unha)
Mg3Si4O10(OH)2
7
Gipsita (ou Gesso), (pode ser arranhado com
2
8
9 CaSO4• 2H2O
unha com um pouco mais de dificuldade)
PE NSE E R ESPONDA:
O giz risca o quadro ou é o quadro que risca o giz?
Por quê?
1 – Talco 4 – Fluorita
2 – Gipso 5 – Apatita 6 – Ortoclásio 8 – Topázio 10 – Diamante
3 – Calcita
7 – Quartzo 9 – Coríndon
Curiosidade:
Dureza da unha = 2,5
Dureza de uma moeda de cobre = 3.0
Dureza do aço de uma lima = 6.5
Fratura: denomina-se fratura, a forma como o mineral se rompe. As fraturas são clas-
sificadas em conchoidal: fratura com superfície lisa e curva, semelhante à superfície
interna de uma concha, muito comum nos minerais de quartzo; fratura fibrosa ou
estilhaçada: quando o mineral se rompe mostrando estilhaços ou fibras; fratura serri-
lhada: quando o mineral se rompe formando uma superfície serrilhada, com bordas
cortantes; fratura desigual ou irregular: superfícies rugosas e irregular.
Clivagem ao longo
Clivagem ao longo
de dois planos
de quatro planos
Figura 8 - Clivagens
Unidades f o r m a d o r a s d a c r o s ta
Cl assific aç ão d a s r o ch a s
At i v i d a d e
Diferencie basaltos e granitos, pesquisando estrututas, texturas e contituição minera-
lógica dos mesmos.
IM PORTANTE
Intemperismo constitui o conjunto de processos operantes na superfí-
cie terrestre que ocasionam a decomposição dos minerais das rochas, graças
à ação de agentes atmosféricos e biológicos.
D istr ibuiç ão e r e l a ç ã o d a s r o ch a s n a c r o s ta t e r r e s t r e
Quando nos referimos à crosta terrestre, estamos falando da camada sólida exter-
na do planeta. A crosta se divide em continental, que corresponde às áreas continentais
emersas, e crosta oceânica, que constitui o fundo oceânico. Estudos mostram que 95%
do volume da crosta é constituído por rochas cristalinas, ou seja, rochas ígneas e me-
tamórficas, sobrando apenas 5% de rochas sedimentares. Entretanto, quando falamos
em distribuição de rochas na superfície, os números se modificam para 75% de rochas
sedimentares e 25% de rochas cristalinas, isso significa que sobre as rochas cristalinas,
ocorre uma fina camada de rochas sedimentares. [Fonte: TEXEIRA, W. et al. Deci-
frando a Terra. São Paulo: Oficinas de Textos, 2000. p. 39].
O c i c l o d a s r o ch a s
Trata-se de um processo contínuo onde rochas antigas são renovadas. Vamos re-
cordar os 3 grupos de rochas: rocha ígneas, sedimentares e metamórficas. As rochas íg-
neas são formadas pela solidificação do magma, as sedimentares se originam através
da compactação dos sedimentos, processo esse denominado de litificação. As rochas
metamórficas têm origem quando rochas ígneas, sedimentares e até mesmo rochas me-
tamórficas, são expostas a altas pressões e temperaturas. Todas as rochas citadas acima
podem ser expostas na superfície terrestre por processos de movimentação crustal e/
ou atividade vulcânica. Uma vez exposta na superfície, as rochas serão atacadas pelo
intemperismo e reduzidas a fragmentos de rocha (sedimentos). Esses fragmentos se-
Em volta do magma
a rocha é transformada pelo
calor e forma rocha metamórfica
Intemperismo,
trasnporte e deposição Sedimentos
ão
siç
o
dep
e
rte
po
asnr
o, t
ism
Magma per
em
Int
Fusão
Calor e pressão
(metamorfismo)
Rocha
metamórfica Rocha
sedimentar
Plataforma
continental
Talude
continental
Metálicos
Não-metálicos
PETRÓLEO
Histó r ico
Hidrogênio 11-14%
Carbono 83-87%
Enxofre 0,06-8%
Nitrogênio 0,11-1,7%
Oxigênio 0,1-2%
Metais Até 0,3%
Origem d o pe t r ó l e o (R o ch a fo n t e)
A teoria mais aceita para a origem do petróleo é a orgânica, ou seja, tanto o pe-
tróleo como o gás natural são combustíveis fósseis, a exemplo do carvão. Sua origem
se dá a partir de matéria orgânica (principalmente algas), soterradas juntamente com
sedimentos lacustres ou marinhos.
Após o soterramento em ambientes que impedem a oxidação da matéria orgânica
Hidrocarbonetos gerados
0
Zona Imatura
Diagênese
1
Contagênese
Zona de Gás
Profundidade (km)
e Óleo
Óleo
Metagênese
3
Zona de Gás
Gás
4
M ig r aç ão d o pe t r ó l e o
Imaginem uma rocha formada por sedimentos finos, ricos em matéria orgânica
(rocha fonte), soterrados a uma profundidade mínima de 500 m. A pressão exercida
pelo peso das camadas sobre essa rocha, bem como a temperatura, induz que os hi-
drocarbonetos presentes nos poros dessa rocha migrem para cima, em um ambiente de
menor pressão e maior porosidade.
Rocha Capeadora
Ro
ch
aC Ro
Óleo ap
ead Óleo ch D
or a aC isc
Roc ha or
dâ
Ro
Ro Cap e a ap
c ha dora ea nc
ch
ia
Ro
Re do
aG
Óleo
ch
ser ra
v at
er
aR
ór i
ad
Rocha Capeadora
es
a Roc ha
or
er
Reserv
a
va
atória
tó
Gerad
ora
a b c
Figura 16 - Exemplos de trapas: (a) Dobra Anticlinal, (b) falha, (c) discordância
[Fonte: TEXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficinas de Textos, 2000]
Cu r i osi dad e
Em fun ç ã o d a d iferen ç a d e d ensi d a d es , q uan d o pre -
sentes n o s reser vat ó ri o s , o g ás o cupa a p o r ç ã o supe -
ri o r , se g ui d o pel o petr ó le o na p o r ç ã o interme d iária e
pela á g ua na p o r ç ã o basal .
Esse tema, Pré-Sal, constitui-se ainda em novidade, mas podemos definir Pré-Sal
como um conjunto de grandes reservatórios de petróleo e gás natural, mais antigo que a ca-
mada de sal neoapitiniano, que está localizado na região litorânea entre os estados de Santa
Catarina e Espírito Santo, em uma área de aproximadamente 800 km. Trata-se de uma
definição da geologia, que significa que a camada foi depositada antes do sal. Importante
ressaltar que, essas reservas encontram-se abaixo da camada de sal, por isso recebeu esse
nome e teriam se formado há mais de 100 milhões de anos, a partir da decomposição de
materiais orgânicos, à época em que os continentes se separaram.
E S u b s a l? O q u e s i g n i f i c a?
(Fonte: http://pt.wikipedia.org)
PRÁTIC A PE DAGÓGIC A
TE MA PARA DE BATE
Os oceanos, lagos e cursos de água, a água contida no interior da crosta e a existente na atmosfera
formam, em conjunto, a parte líquida da Terra, denominada de hidrosfera. Distribui-se na atmosfera
e na parte superficial da crosta até uma profundidade de aproximadamente 10 km abaixo da interface
atmosfera/crosta.
A água é a substância de maior quantidade na superfície do planeta, participando dos seus processos
físico-químicos como a dissolução de materiais terrestres e do transporte de partículas. Do total de 5,10
X 108 Km2 da superfície da terra, 3,10 X 108 Km2 são cobertos por oceanos, enquanto 1,85 X 108 Km2
de terra firme.
Rio Amazonas
Vapor de água
chuva
nos
cea
ua
Evaporação d o s o
’ ág
Esc
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ld
ltra
o
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N
rios
Lago
Vulcanismo
Água
Oceanos
ce
subterrânea
a
do
ad
lg
ua
sa
Su
ág
ua
ce
ág
bd
r fa
Água do mar
te
uç
In
Fluidos
ão hidrotermais
Água em rochas
metamórficas Ciclo hidrológico lento: dinâmica interna
Ciclo hidrológico rápido: dinâmica externa
Fonte: www.suderhsa.pr.gov.br
D e s e n v o lv i m e n t o
Como visto, a água dos oceanos, rios e lagos está sempre evaporando e o vapor
d’água fica misturado com o ar. A água retorna na forma de nuvens , chuva, neblina,
orvalho e geada. Como ocorrem estes fenômenos?
Material: 2 copos de vidro; sal de cozinha; um pequeno espelho; gelo picado; 1
colher de sopa; papel absorvente; água gelada
1. Usando papel absorvente, enxugue bem o copo por fora e coloque água gelada
no seu interior. O que você observa no lado de fora do copo?
2. Para ter certeza de sua resposta, passe o dedo do lado de fora do copo. A água
que está na parte de fora do copo veio de dentro? Por quê?
3. Aproxime de sua boca o espelho e sopre sobre ele até embaçá-lo. Passe o dedo
sobre o espelho. O espelho está molhado? De onde pode ter vindo a água que
se depositou sobre o espelho?
4. Pegue o outro copo e enxugue-o bem por fora. Coloque nele gelo picado e sal
em camadas alternadas até a metade da altura. Misture bem. Deixe o copo em
repouso durante 3 minutos.
5. Pegue no copo pela borda e examine-o por fora. Raspando com a unha, você
percebe bem o gelo que depositou aí.
Discutindo a at i v i d a d e
Com relação ao primeiro item do procedimento, as paredes do copo não são po-
rosas – assim, a água não pode tê-la atravessado. A água que apareceu no lado de fora
do copo só pode ter vindo do ar, pois somente o ar está junto ao copo, por fora. A água
estava no estado gasoso, misturada com o ar. Nesse estado nós não pudemos vê-la. Só
a vimos quando passou para o estado líquido, formando gotinhas grudadas no copo,
pelo lado de fora. O vapor d’água passou para o estado líquido porque o copo estava
frio e esfriou o ar em torno dele.
A água que se depositou sobre o espelho estava no ar que saiu de seus pulmões. O
ar que expiramos é quente e contém muito vapor d’água. Quando esse vapor encontra
o espelho, resfria-se e passa para o estado líquido.
Por que quando está chovendo, os vidros dentro do carro, com janelas fechadas,
ficam todos embaçados?
Por q u e s e fa l a d a c r i s e m u n d i a l d a fa lta d e á g u a ?
Você sabia que são necessários, até o produto orgânico estar pronto para o
consumo, de:
• 200 litros de água, em média, para cultivar uma espiga de milho?
• 1300 litros de água,em média, para obtenção de cada Kg de carne bovina?
• 150 litros de água, em média, para a obtenção de uma cenoura?
Como i d e n t i f i c a r a p r e s e n ç a d e á g u a n o s m at e r i a i s ?
Equipamentos Percentual
Pia de cozinha 33
Lavatório 10
Chuveiro 28
Tanque de roupas 5
Descarga 8
Torneira externa 3
Máquina de lavar roupas 12
At i v i d a d e
Vamos verificar a presença de água em alguns materiais?
Procedimento: Em cada material encoste uma tira de papel de cobalto. Qual (is)
material (is) contém água?
Água r ec i c l a d a d e n t r o d e c a s a .
Um projeto simples, que dá bons resultados tanto para o meio ambiente quan-
to para o bolso de quem o aplica. Assim é o sistema de reaproveitamento de água
doméstica inventado pelo casal Nicolau e Josita Priante. Reciclando a água usada
pela máquina de lavar para a descarga dos sanitários, o sistema, desenvolvido a
partir de 1998, gera uma economia de cerca de 9 mil litros de água por mês para
os seus inventores. A ideia tem dado tão certo que já ganhou o apoio da UFMT e
foi considerada um projeto de excelência pelo Prêmio Finep de Ação Tecnológica
de 2002.
Com o tempo, o balde e a caixa de descarga foram aposentados. O casal de-
senvolveu um sistema que facilitou o reúso. A água da máquina de lavar é levada
por canos para uma caixa d’água de 500 litros. Um motor joga essa água para ou-
tra caixa de 1.000 litros que fica em cima da casa. Dessa última, sai o encanamen-
to para a descarga do banheiro, num sistema independente daquele que transporta
água potável. A caixa principal da casa, embora ligada à caixa de reúso, fica isolada
por meio de uma boia, para não ser contaminada. A descarga, por sua vez, está
garantida mesmo que não se lave muita roupa. Nesse caso, a boia se abre e a caixa
principal abastece os banheiros.(www.metaong.info)
Um vaso sanitário comum consome em torno de 8 litros de água por des-
carga, enquanto uma lavagem completa em máquina de lavar roupas consome
cerca de 200 litros, sendo que 2/3 dessa água é utilizada para o enxágue da roupa.
Verifica-se, assim, o uso de água com alta qualidade e pureza para permitir lava-
gem e higiene de materiais e outro em que o líquido serve apenas como veículo
para transporte de matéria orgânica em suspensão, portanto, sem as mesmas exi-
gências de pureza do primeiro uso. O primeiro uso acarreta um consumo elevado
de água de qualidade, enquanto o segundo admite utilização de água de qualidade
bastante inferior.
A figura a seguir, ilustra o sistema de reúso de água do enxágue da roupa para
descargas domésticas. Somente a água do enxágue durante a lavagem da roupa é
utilizada nas descargas, pois, dessa forma, não é necessária a construção de sistema
de tratamento da água. A água da lavagem da roupa tem grande quantidade de
Água da Máquina
de Lavar
At i v i d a d e
O que você pode fazer para contribuir com a preserva-
ção da água: no banheiro, na cozinha, na lavanderia?
As propriedades pec u l i a r e s d a á g u a e d e t e r m i n a n t e s n a v i d a d o
P l a n e ta
A água possui propriedades peculiares que a tornam diferentes das outras subs-
tâncias, a ponto de ser considerada como uma das substâncias vitais mais importantes.
Na realidade é difícil pensar na vida sem a presença de água.
Q uais s ã o e s ta s p r o p r i e d a d e s ?
Por exemplo enquanto em outras substâncias a fase sólida possui maior densidade,
o gelo (água sólida), é menos denso que a água líquida. A água também possui alta
capacidade calorífica. Essas são duas propriedades determinantes para a existência da
vida.
A grande causa dessa diferença com as outras substâncias está relacionada com
as ligações químicas dos átomos da água, e das suas interações intermoleculares e par-
ticularmente as ligações de hidrogênio. Nesse momento vamos fazer uma pausa para
relembrar-nos dos princípais conceitos e princípios das ligações químicas
1. 1. E l e m e n t o s s e c o m b i n a m pa r a f o r m a r c o m p o s t o s
Existem hoje 118 elementos identificados e reconhecidos pela IUPAC (União In-
ternacional de Química Pura e Aplicada), órgão que normatiza os nomes dos ele-
mentos e compostos químicos. Os elementos a partir do urânio não têm ocorrência
natural e foram sintetizados em reações nucleares. Todos são radioativos e sofrem
decomposição espontânea, sendo que alguns têm meia-vida da ordem de frações
de segundos e somente foram sintetizados em pequeníssimas quantidades, o que
dificulta o estudo de suas propriedades. Alguns destes elementos podem ter sido
formados no início da Terra, mas devido à sua pequena meia-vida, já decaíram e,
portanto, não mais existem na natureza.
T r a n s m u ta ç ã o
Adaptação Freire, E. D.; Santos, L. M. P. L.; Alves,B.V. – Fascículo 3- “Transformações Físicas e Químicas” – Tomo 2 – NEAD/
UFMT
Grupo#
Período
1
2
3
4
5
6
7
Núcleo Elétrons
Os elétrons, partículas elé-
tricas negativas dos átomos,
participam interativamente
das ligações qímicas. Estão
distribuídos em torno do
núcleo dos átomos, em ca-
madas ou níveis de energia.
Os níveis de energia
foram numerados a partir Neutrons
do núcleo atômico, através Prótons
de números inteiros, designa-
dos pela letra n (n=1, n=2,...),
e podem ser também repre-
sentados pelas letras maiús-
K L M N O P Q
culas, K, L, M, ... Quanto
maior o valor de n, maior a
energia deste nível.
Os Elétrons dos átomos dos elementos químicos conhecidos até hoje são distri-
buídos em 7 camadas. A tabela abaixo mostra o número máximo de elétrons que cada
camada pode conter:
N 1 2 3 4 5 6 7
Camada K LM N O P Q
Número máximo de elétrons 2 8 18 32 32 18 8
• Grupo 16 – Calcogênios:
O, S, Se, Te, Po.
A designação deste grupo vem do grego (cahkos = mineral), uma vez que muitos
compostos de O e S com os metais têm importância como minerais.
• Grupo 17 – Halogênios:
F, Cl, Br, I, At
O termo halogênio deriva do grego (hals = sal e gennan = engendrar, formadores
de sais) devido ao fato destes elementos formarem sais com os metais com relativa fa-
cilidade.
K L M N O P
Be 2 2
Mg 2 8 2
Ca 2 8 8 2
Sr 2 8 18 8 2
Ba 2 8 18 18 8 2
K L M N
B 2 3
Al 2 8 3
Ga 2 8 18 3
K L M N
O 2 6
S 2 8 6
Se 2 8 18 6
K L L N O
F 2 7
Cl 2 8 7
Br 2 8 18 7
I 2 8 18 18 7
K L M N O
He 2
Ne 2 8
Ar 2 8 8
Kr 2 8 18 8
Xe 2 8 18 18 8
Como será visto no estudo das ligações químicas, os elétrons da última camada
determinam as propriedades químicas dos elementos e o tipo de ligação que eles for-
marão. Por esta razão, elementos de um mesmo grupo da tabela apresentam proprieda-
des químicas semelhantes e formam compostos com fórmulas semelhantes.
É importante ressaltarmos neste momento que a tabela periódica é uma ferra-
menta indispensável no estudo da química. Assim o comportamento químico de um
elemento pode ser previsto de acordo com a sua posição na tabela periódica.
Mas não podemos nos esquecer que um dado elemento não se comporta de acordo
com a tabela e sim que a tabela é que foi estruturada de acordo com o comportamento
dos elementos.
4. A c o m b i n a ç ã o d o s át o m o s d o s e l e m e n t o s
Os átomos dos elementos combinados uns aos outros formam a água, o ar, comi-
4.
da, roupas, casas, medicamentos e nossos próprios corpos. A tabela a seguir apresenta
alguns dos elementos que formam o nosso corpo.
Pela combinação precisa, em proporções bem definidas, dois ou mais elementos
podem formar uma substância pura, conhecida como composto.
Por exemplo, o sal de cozinha, é uma substância pura formada pela combinação
de dois elementos, o sódio e o cloro. O açúcar é outra substância pura formada pela
combinação de três elementos, carbono, hidrogênio e oxigênio.
Qualquer composto pode ser decomposto em seus elementos individuais, alguns
pela ação do calor ou luz, alguns pela corrente elétrica e alguns por reação com algum
outro composto ou com um elemento.
As características dos elementos mudam quando eles se ligam a outros através das
ligações químicas.
Nós podemos constatar isso no nosso dia-a-dia. O carbono é o elemento consti-
tuinte do carvão que usamos nas churrasqueiras. O oxigênio do ar é o gás que suporta
a vida e é consumido quando alguma coisa queima. Quando nós acendemos o carvão,
Passagem de elétrons
Filamento
elétrico
Esponjas Pilha Pilha
Lanterna Umidecidas
Acesa
Interruptor
H He
Li Be B C N O F Ne
Na Mg Al Si P S Cl Ar
K Ca
Tabela das estruturas Lewis dos primeiros 20 elementos da tabela periódica
pa r a f o r m a r c o m p o s t o s ?
7. A ligaç ão iônic a
Observemos agora o grupo dos metais alcalinos, no qual todos os elementos têm
7.
um único elétron na camada de valência. A perda deste elétron deixa estes elementos
com a camada mais externa com configuração idêntica à do gás nobre anterior a eles na
tabela. Por exemplo o potássio (Z=19) e o sódio (Z=11) ao perderem seu elétron mais
externo ficam com a configuração do gás nobre anterior a eles na tabela, ou o argônio
(Z=18) e o neônio (Z=10) respectivamente:
K L M N K L M
19
K 2 8 8 1 18
Ar 2 8 8
K L M K L
11
Na
2 8 1 10
Ne 2 8
Todos os metais alcalinos são bastante reativos. Por exemplo, cada um desses me-
tais reage com água produzindo hidrogênio, gás altamente inflamável. O calor liberado
nesta reação pode provocar a explosão do hidrogênio em contato com o ar.
Examinemos agora os halogênios (grupo 17), cuja camada de valência possui 7
elétrons. Se estes elementos receberem 1 elétron ficarão com a configuração do gás
nobre adjacente a eles na tabela periódica. Vejamos o cloro por exemplo:
K L M K L M
17
Cl 2 8 7 18
Ar 2 8 8
Exemplificando:
+ -
Na + Cl Na + Cl
átomo de átomo de cátion de âniom de
sódio (Na) cloro (Cl) sódio (Na+) cloro (Cl-)
A reação do sódio elementar (sódio metálico) com o cloro elementar (gás cloro)
produz cloreto de sódio representado por NaCl com grande liberação de energia. O
cloreto de sódio é o nosso conhecido sal de cozinha, composto extremamente estável.
Esta reação pode ser então escrita usando as fórmulas de Lewis:
+ -
Na x + Cl Na + Clx
Neste ponto alguém pode perguntar porque os metais alcalinos não podem ganhar
7 elétrons para formar o octeto ou porque então os halogênios não podem perder
seus 7 elétrons deixando sua camada mais externa com o octeto.
Se o sódio ganhasse 7 elétrons para completar o octeto ficaria com uma carga elé-
trica líquida -7. Uma vez que cargas de mesmo sinal se repelem, a acumulação de 7
cargas negativas em um mesmo átomo resultaria em uma partícula muito instável.
A perda de somente um elétron externo formando o cátion Na+, com uma única
carga positiva produz uma partícula muito mais estável do que a que resultaria do
ganho de 7 elétrons. O mesmo se aplica ao cloro. A partícula que se forma pelo ga-
nho de 1 elétron é muito mais estável do que aquela resultante da perda de 7 elétrons
transformando-o em um íon de carga +7.
K L M N
20
Ca
2 8 8 2
9
F 2 7
O cálcio precisa perder dois elétrons para ficar com 8 elétrons na última camada,
enquanto o flúor precisa receber somente 1. Desta forma serão necessários dois átomos
de flúor para receber os dois elétrons de cada átomo de cálcio:
F F -
Ca + Ca 2+ +
-
F F
ou Ca + 2 F Ca 2+F2- (CaF2)
Os cristais de cloreto de sódio que sacudimos nos nossos saleiros são formados por
iguais quantidades de íons de cloro e sódio. Cristais são estruturas sólidas bem defi-
nidas de substâncias que se formam pelo arranjo tridimensional de íons ou moléculas.
Compostos iônicos são sempre substâncias sólidas formadas pelo arranjo em três
dimensões dos ânions e cátions de modo que cada íon esteja sempre próximo a íons de
cargas opostas, maximizando assim a atração entre eles:
As fórmulas químicas de compostos iônicos
nos indicam a proporção em que os íons se jun-
tam nos cristais. O NaCl por exemplo tem 1 íon
sódio para cada íon cloro. Já o CaCl 2 tem 2 íons
cloro para cada íon cálcio.
9. 9. L i g a ç ã o c o va l e n t e
17
Cl: 2 8 7 - necessita de 1 elétron para atingir o octeto
6
C: 2 4 - necessita de 4 elétrons
8
O: 2 6 - necessita de 2 elétrons
Cada par eletrônico compartilhado forma uma ligação covalente. Assim o átomo
de carbono forma 2 ligações com cada átomo de oxigênio, também chamada de ligação
dupla.
7
N: 2 5 - necessita de 3 elétrons
N N fórmula estrutural
Inúmeros são os exemplos que poderiam ser apresentados aqui. Através da ativi-
dade prática descrita a seguir, você poderá prever a fórmula de muitas substâncias.
Material necessário:
• cartolina ou papel cartão;
• tesoura e caneta.
Regras do jogo:
1
H 4
C 2O
1
H
7. Atenção: Existe uma exceção: A carta 4C poderá também ligar-se a uma única carta
de 2O formando o CO, composto conhecido como monóxido de carbono.
8. Quando um jogador acaba suas cartas abaixando as seqüências possíveis, pegará o
biriba, continuando a jogar normalmente.
9. O jogador que acabar novamente com as suas cartas após pegar o biriba, encerrará o
jogo, ganhando 20 pontos.
10. As cartas das sequências abaixadas por cada jogador serão também contadas de acor-
do com as numerações respectivas. Os pontos das cartas que sobrarem na mão serão
descontados do total de pontos.
11. Ganhará o jogo aquele que tiver maior número de pontos.
H Cl H Cl
O cloro atrai os elétrons mais intensamente do que o hidrogênio, por isso diz-se
que o cloro é mais eletronegativo do que o hidrogênio.
Esta ligação é então chamada de covalente polar, uma vez que o par eletrônico fica
mais “próximo” do elemento mais eletronegativo.
Em uma ligação iônica ocorre a transferência de um elétron de um elemento para
outro. Na ligação covalente polar não ocorre a transferência do elétron, porém o com-
partilhamento do par eletrônico não é igual entre os dois elementos. Então a ligação
covalente polar pode ser entendida como um intermediário entre a ligação iônica e a
ligação covalente apolar, onde o par eletrônico é igualmente compartilhado pelos dois
elementos.
Linus Pauling (1901- 1994) propôs uma escala de eletronegatividade que permite
comparar os elementos em termos de sua afinidade por elétrons.
Assim, quando dois elementos se ligam, quanto maior a diferença de eletronega-
tividade entre eles mais polar será a ligação. Ou, se a diferença for muito grande, então
a ligação será iônica.
ch
O H h c
ch
H
h c
Os momentos dipolares das ligações O - H não se cancelam, pois não ch
têm a mesma direção, resultando em uma molécula polar. h c
Vocês já se perguntaram alguma vez por que a água e o óleo não se ch
misturam? A água é uma substância bastante polar, enquanto o óleo tem h c Figura 14 - Molécu-
características apolares. Duas substâncias polares como a água e o álcool por ch la de detergente ou
sabão
exemplo, se misturam completamente e não conseguimos distinguir a água h c
do álcool quando misturados. Já, uma substância polar e uma apolar não se ch
Os termos hidrofóbico
misturam, ou se misturam em proporção muito pequena, como no caso da
e hidrofílico referem-se
água e do óleo, e podemos ver as duas fases distintas. a substâncias que têm
E por que o detergente ou sabão permite solubilizar óleos e gorduras em água? A aversão ou afinidade pela
molécula do detergente ou sabão é uma molécula longa que possui duas extremidades água, respectivamente.
com características diferentes: uma longa cadeia apolar de átomos de carbono ligados
entre si por ligações covalentes (parte hidrofóbica) e uma extremidade com caracterís-
ticas de ligação iônica entre um átomo de oxigênio e um íon metálico, em geral o sódio
(parte hidrofílica).
11. L i g a ç ã o
nuvem eletrônica
+ + + + + mais externa são móveis, formando o chamado “gás
eletrônico”, conforme ilustra a figura ao lado.
Figura 17 - Modelo da liga- Este conjunto de elétrons “móveis” atraem os
ção metálica
íons positivos (que são os átomos menos seus elétrons
mais externos), mantendo-os unidos. Assim, como os
compostos iônicos, os metais também não são formados por moléculas e sim por uma
estrutura regular tridimensional de átomos.
A presença dessa nuvem eletrônica ao longo de toda a estrutura, na qual os elé-
trons podem se “mover” livremente, explica a alta condutividade elétrica e térmica dos
metais.
A c o r r e n t e e l é t r i c a n o s m e ta i s e a s “o l a s ” n o s e s tá d i o s d e f u t e b o l
12 . O que é ligaç ão d e h i d r o g ê n i o?
Estrutura do gelo.
Fonte: www.simbiotica.org
At i v i d a d e
Uma outra característica relevante da água, a qual se deve a variação da den-
sidade, é sua dilatação anômala. Ao contrário do que muita gente pensa, a água se
comporta como qualquer substância para intervalos de temperatura que vão de 4°C a
100°C. Ou seja, se aquecida, dilata; se resfriada, contrai. Entretanto no intervalo de
4°C a 0°C ocorre o oposto, ou seja, se eleva a temperatura ela se contrai e ao resfriar-se
se dilata. Baseando-se no arranjo molecular da água justifique tal fenômeno.
Por conta desse comportamento, a água permite a vida dos organismos aquáticos
nos lagos congelados. Quando a temperatura ambiente abaixa a ponto da água solidi-
ficar-se, inicia-se o congelamento na superfície do lago. Como o gelo é menos denso
que a água, o mesmo fica sobre a superfície da grande massa natural de água, isolando
do ar frio, o líquido que lhe fica abaixo, não permitindo seu congelamento. Os peixes
e plantas aquáticas dependem deste efeito para sobreviver nestes rigorosos invernos.
Sem este efeito isolante da superfície do lago, toda a água se solidificaria e os peixes e
plantas não sobreviveriam.
A a lta c a pa c i d a d e c a l o r í f i c a d a á g u a
A água é o solvente mais comum tanto na natureza como num laboratório quími-
co. Não é porém , um solvente universal , pois muitas substâncias são essencialmente
insolúveis em água.
A importância da água para os seres vivos, reside no fato da maioria das subs-
tâncias por eles absorvidas e todas as reações do seu metabolismo serem feitas por via
aquosa (meio fisiológico). Isso acontece porque a água, é relativamente inerte nesses
meios e por possuir a propriedade de dissolver um número muito grande de substân-
cias minerais (inorgânicas) e orgânicas, ácidas ou básicas, sólidas, líquidas ou gasosas,
facilitando assim a sua penetração, através das membranas celulares tanto de vegetais
quanto de animais e o seu transporte por todo o organismo.
É difícil imaginar a vida sem água. A maior parte da composição das células é
constituída de água; as substâncias químicas absorvidas do meio, especialmente os sais
minerais, devem estar na forma de soluções aquosas para atravessar as membranas ce-
lulares; a excreção de produtos tóxicos exige água; o transporte interno dos alimentos e
metabólicos, pela seiva ou pelo sangue, ocorre em meio aquoso; a regulação interna da
temperatura, em alguns animais é feita pela transpiração, ou seja, eliminação de água.
Como podemos, perceber a água está presente nos meios físicos e biológicos no
seu estado puro ou participando como solvente de muitas soluções indispensáveis à
manutenção e continuidade da vida em todos os seus aspectos.
Tendo todo este grau de importância, não quer dizer, voltando a frisar, que a
água dissolva todas as substâncias. É até difícil prever a solubilidade das substâncias
na água, pois são inúmeros os fatores que influenciam (estrutura molecular , polari-
dade das moléculas ..) No caso da água, a situação é extremamente complexa, pois
as interações e ligações moleculares são bem fortes. A água como solvente polar não
dissolve substâncias apolares ou pouco polares, tais como o metano, hidrocarbonetos,
compostos de carbono com longa cadeia apolar. Nestes casos a água interage tão fra-
camente com o soluto apolar que não há liberação de energia suficiente para romper as
interações e ligações das moléculas de água.
Cristal
de NaCl
Íons
solvatados
Na+
Cl-
Molécula
de água
Uma solução de água bem conhecida é a água dura. Esta solução tem certos íons
metálicos, como Ca+2 e Mg+2. Estes íons reagem com os sabões – que são sais de sódio
de ácidos orgânicos- dando precipitado pesado de sais de cálcio e de magnésio. Este
precipitado se firma nos tecidos lavados e aos tanques (anel de sujeira). A remoção des-
ses íons é chamada de abrandamento.
Por q u e a á g u a f o r m a u m a m e m b r a n a e m s u a s u pe r f í c i e a p o n t o d e
u m i n s e t o c a m i n h a r s o b r e e l a?
A capilaridade é um fenômeno físico que permite que a água consiga subir até a
mais alta folha de uma árvore, contrariando a atração gravitacional da Terra.
Como que ocorre? Para entendermos melhor vamos realizar a atividade: Por que
a água sobe?
At i v i d a d e – P o r q u e a á g u a s o b e?
Material: vários tubos de plásticos de diâmetros diferentes; um copo com água com
algum corante.
Modo de fazer:
1- Introduza uma das pontas de cada tubinho na água colorida;
2- Verifique se a água sobe até a mesma altura, em todos os tubinhos;
Interpretando....
As moléculas da parede do tubo atraem as da água. Por isso elas começam a subir
pelas paredes. Entretanto, como todas as moléculas de água estão atraídas entre si, as
demais também são arrastadas para cima, formando-se uma coluna de água que come-
ça a subir.
Com o tempo, a coluna aumenta e por isso vai ficando cada vez mais pesada. Até
que o seu peso é tão grande que a força de atração do vidro não consegue puxar mais
água, parando a coluna de subir.
Você deve ter observado que no tubo mais fino a água subiu mais. Por quê?
No tubo mais estreito, a coluna de água que se forma também é mais estreita. Por
isso, só quando ela fica muito alta é que seu peso se torna tão grande que as moléculas
de vidro não conseguem puxar mais água.
De acordo com o estudo acima, quais devem ser as dimensões dos diâmetros dos
tubos capilares existentes numa árvore, para que a água consiga chegar até o topo da
mesma? Existem outros fenômenos físicos, além da capilaridade, que justifiquem este
fato?
Ao longo desse nosso singelo estudo sobre a água, enfocando sua origem no Uni-
verso, no Planeta Terra, sua própria vida, sua dinâmica sobre a vida do Planeta, suas
propriedades perfeitas e inigualáveis, permitindo a compreensão deste elemento tão
vital e perfeito da Criação , vale a pena refletirmos um pouco sobre a nossa responsabi-
lidade diante do uso e consumo da água, como cita Frei Pilato Pereira:
P= F
A
No caso da atmosfera, a força é o peso de
uma coluna de ar sobre uma certa área. Ao ní-
vel do mar, a pressão do ar é de 1 atmosfera,
um valor que equivale a aproximadamen-
te 100.000 Newtons por metro quadrado.
Vista da Terra do espaço, revelando a espessura da atmosfera – Foto: blog.sccscience.com
d= m
V
A densidade pode ser medida de acordo com a sua definição, ou seja, aferindo-se a
massa e o volume da substância e dividindo os valores obtidos um pelo outro. No caso
de um líquido, podemos colocar uma certa quantidade num frasco graduado, obtendo
assim o seu volume. A massa pode ser aferida colocando-se o frasco vazio e com a
substância numa balança.
A densidade é um conceito que está relacionado com a flutuação dos corpos. Um
corpo tende a flutuar se a sua densidade for menor que a do meio onde se encontra.
Assim, o balão flutua porque a sua densidade é menor que a do ar. O iceberg flutua
porque a densidade do gelo é menor que a da água.
UAB| Ciências Naturais e Matemática | Estudando Sobre a Terra | 71
UAB| Ciências Naturais e Matemática | Estudando Sobre a Terra | 71
Peso e p r e s s ã o at m o s f é r i c a
Pe = mg
Ao nível do mar, g vale aproximadamente 9,8 metros por segundo (m/s2), ou, para
utilizar um número mais “redondo”, 10 m/s2. Isso significa que uma pessoa com 60 kg
tem um peso equivalente a 60 x 10 = 600N. O peso de um pacote de bolachas de 100g
é 1N e um pacote de um quilo de feijão, 10N. Assim, a força que devemos fazer para
erguer 1kg de feijão é 10N.
Já pressão, equivale a uma força aplicada sobre uma área (P = F/A). O valor ex-
perimental aproximado para a pressão atmosférica ao nível do mar é 100.000 N/m 2 ou
Pascal (Pa), que é a unidade padrão para a pressão. A que massa esse valor correspon-
deria sobre uma área de 1 m2? Se partirmos da expressão
P= F
A
e, no lugar de F, substituirmos pela força peso:
mg
P=
A
podemos isolar a massa:
m = AP
g
e, então, substituindo os valores (A = 1m 2, P = 100.000Pa, g = 10m/s2):
m = 1x100.000 = 10.000kg
10
Ou seja, a pressão atmosférica corresponde ao peso de um corpo de 10 toneladas
sobre uma área de 1m2.
T o r r i ce l l i e a p r e s s ã o at m o s f é r i c a
Hg
Esquema do método utili- UAB| Ciências Naturais e Matemática | Estudando Sobre a Terra | 73
zado por Torricelli para a
medida da pressão atmos-
férica.
Pa r t i ç ã o d e e n e r g i a n a at m o s f e r a
Qs = mcDT
Essa equação denota que tanto a variação de temperatura quanto a massa, são
diretamente proporcionais a Qs. Isso significa que, se duplicarmos a quantidade de
substância, precisaremos do dobro de energia para aquecê-la e, para elevarmos a tem-
Ec = 1 mv2
2
onde m é a massa da molécula e v sua velocidade.
Na atmosfera, uma importante componente da partição de energia é representada
pela mudança de estado da água. Na água líquida, as ligações intermoleculares (fre-
quentemente chamadas “pontes de hidrogênio”) são bastante fortes, o que exige uma
quantidade relativamente grande de energia para rompê-las.
Como é de conhecimento comum, a molécula de água é constituída por dois
átomos de hidrogênio (H) e um de oxigênio (O)(daí a denominação “H dois O” ou
- H2O). O átomo de oxigênio fica ao centro da molécula, ladeado pelos dois átomos
de hidrogênio. Contudo, esses não se encontram diametralmente opostos,
isto é, formando um ângulo de 180° entre si, mas sim um ângulo de 104°
(ver figura). Como o oxigênio tem uma tendência a atrair os elétrons dos
átomos de hidrogênio, a molécula apresenta uma carga líquida negativa
nas imediações do átomo de oxigênio e cargas líquidas positivas nas
proximidades dos átomos de hidrogênio, ou seja, a molécula é eletri-
+ +camente polarizada. Assim sendo, ela pode atrair eletricamente (ver
Representação esquemática de sobre a força eletromagnética no fascículo Origem do Universo), outras
uma molécula de água. O posicio-
namento assimétrico dos átomos moléculas.
de hidrogênio (representados em A polaridade elétrica da água está relacionada com algumas das
branco) faz com que a molécula
seja fortemente polar. mais comuns experiências do cotidiano, como por exemplo o fato de
Figura: Ciência Hoje. que, quando tomamos chuva, ficamos molhados. “Ficar molhado”
significa que moléculas de água ficam “grudadas” na superfície de nosso corpo
e roupas. O que impede que toda a água que atinge o nosso corpo escorra ime-
diatamente para o chão sob a força da gravidade é justamente a força elétrica que
At i v i d a d e s
U n i d a d e s de energia e potência
A energia pode ser medida utilizando diversas maneiras diferentes. Para mensurá-
la, diversas quantidades padrões, ou unidades, podem ser empregadas. As mais utiliza-
das no dia-a-dia são o Joule (o padrão internacional) e a caloria, que é muito utilizada
na área de nutrição. Note que Joule é escrito em letra maiúscula enquanto caloria é em
minúscula. Isso se deve ao fato que a palavra Joule corresponde ao sobrenome de um
importante cientista que, no passado, contribuiu significativamente para a construção
do conceito científico de energia: James Prescott Joule (1818-1889). Joule foi um dos
principais descobridores de que a energia se manifesta de várias formas e que quanti-
dades de energia podem se transformar de uma forma para outra.
A quantidade de energia correspondente a um Joule, 1J, adotada pelo Sistema de
Medidas Internacional (SI) equivale aproximadamente à energia consumida ao elevar
uma massa de 100 gramas a uma altura de 1 metro. Proporcionalmente, a energia que
gastamos ao elevar um pacote de 1kg de feijão a um metro de altura é aproximadamen-
te 10J.
A energia gasta para elevar um objeto de massa m a uma altura h corresponde a
uma quantidade conhecida como energia potencial gravitacional, que equivale a:
E pg = mgh
Po = E
t
Po = 2.500.000x4, 18 = 120W
60x60x24
Ou seja, nossa perda de energia devido ao metabolismo é equivalente ao
de uma lâmpada de 120W.
At i v i d a d e s
E f e i t o E s t u fa N at u r a l
pIV = fvT4
onde ξIV é o fluxo de energia na forma de radiação emitida por uma unidade de área da
superfície do corpo ou sistema (em unidades de W/m2), ε é a emissividade, um parâ-
metro constante com valor entre 0 e 1 e que depende do tipo de material que constitui
o corpo, T é a temperatura dada em Kelvin (T corresponde à temperatura na superfície
do objeto ou sistema, não sua temperatura interior) e v a constante de Stefan-Boltz-
mann, que vale 5,67x10-8 W/m2K4.
A Lei de Stefan-Boltzmann expressa o fato de que a emissão de radiação de um
corpo é proporcional à sua temperatura (na escala Kelvin) à quarta potência. Isso sig-
nifica que a quantidade de energia emitida é muito sensível com relação à temperatura
do corpo e, como maior a temperatura, maior a energia interna do corpo, significa que
a emissão de radiação se constitui numa formidável forma de regulação de temperatu-
ra: Se um corpo tem grande quantidade de energia interna, sua temperatura será alta,
consequentemente emitirá muita energia, tendendo a se resfriar rapidamente. Quanto
maior a temperatura, mais rápido se dará o resfriamento. Obviamente essa relação de-
sempenha um papel importante na regulação da temperatura da Terra.
Através da Lei de Stefan-Boltzmann é possível se estimar a temperatura da su-
perfície de um planeta, bastando igualar o fluxo de radiação solar que chega ao planeta
com o fluxo de emissão dado pela expressão acima. Considera-se, assim, que o planeta
emite uma quantidade de energia equivalente a que recebe. Tem-se então:
T 4 (1 - A) F
4v
e, substituindo os valores:
T = 4 (1 - 0, 3) 1370 = 255K
4 (5, 67x10- 8
Na escala Celsius, essa temperatura corresponde a 255-273=-18°C. Ou seja, a
temperatura média da Terra seria de 18 graus Celsius negativos.
Contudo, esse valor não corresponde à realidade. Medidas realizadas em estações
meteorológicas espalhadas pela superfície da Terra levam ao valor de 14°C, nos dias
de hoje. Esse valor inclui a temperatura média anual de pontos localizados no equador
bem como pontos próximos aos polos, levando-se em conta também todas as estações.
Entre -18°C e 14°C tem-se uma diferença de 32°C. Essa diferença se deve ao assim
chamado Efeito Estufa.
O termo vem do princípio de funcionali- Ondas
longas
dade das estufas utilizadas no cultivo de algu- Ondas
mas espécies de plantas, que, geralmente, são curtas
T = 2900 = 5800K
0, 5
Então, sabe-se que a temperatura na superfície do Sol é superior a 5000°C.
Ao contrário do espectro de emissão do Sol, o da Terra não apresenta um con-
torno suave (ver figura). Note como a linha o representando no gráfico é entrecortada
em quase toda a sua extensão. Tais entrecortes são provocados pela presença de vapor
d’água na atmosfera. Conforme já mencionado, a molécula de água é constituída de
um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio dispostos num ângulo de 104°. Esse tipo
de estrutura faz com que a molécula possa vibrar de muitos modos diferentes, cada
modo de vibração corresponde a um conjunto de comprimentos de onda, cuja radiação
P e s q u i s a s o b r e e s pec t r ô m e t r o s
(princípio de funcionamento)
http://www.las.inpe.br/~cesar/Infrared/detectores.htm
At i v i d a d e s
Camadas d a at m o s f e r a
Altitude (km)
troposfera. Acima de 20 km, se encontra a estra-
tosfera, onde a temperatura cresce com a altitude. Mesosfera
60
O limite superior da estratosfera é a estratopausa,
situada a cerca de 50 km, onde a temperatura é
aproximadamente igual a 0°C. Acima da estrato-
Estratopausa
pausa está a mesosfera, onde a temperatura decres-
40
ce com a altitude, até aproximadamente 90 km,
onde se situa a mesopausa, com uma temperatura Estratosfera
em torno de 100°C negativos. Finalmente, acima
da mesopausa está a termosfera, com um perfil de 20
temperatura novamente crescente com a altitude. Tropopausa
Deve-se entender, entretanto, que os valores
Troposfera
de temperatura ao longo da altitude variam com
a hora do dia, estação do ano, posição geográfica 0
e fenômenos atmosféricos. É importante também -123 -73 -23 27
levar-se em conta que, na termosfera, o conceito Temperatura ( C)o
(1) O2 + radiação UV → O + O
(2) O3 + O + M → O2 + M
(3) O3 + O2 + M → O3 + M
(4) O + O3 → 2O2
(5) O3 + radiação UV → O2 + O
Tal conjunto de reações faz com que exista uma dinâmica de criação e destruição
de moléculas de ozônio, que se concentram na estratopausa por uma combinação de
fatores: massa das moléculas de O3, quantidade de radiação ultravioleta, velocidade das
reações expostas acima, etc.
Uma leitura dessas reações pode levar a uma melhor compreensão dos processos
envolvidos: Na reação (1), a radiação ultravioleta dissocia moléculas de oxigênio (é claro
que isso ocorre com uma fração pequena do número total de O2 presente na atmos-
fera), transformando-a em dois átomos separados. Em (2), moléculas de ozônio (O3)
já presentes no ar, reagem com átomos de oxigênio dissociados, na presença de outras
moléculas (M), que são necessárias para que a reação ocorra, produzindo novas molé-
culas de O2. Em (3), moléculas de ozônio e oxigênio reagem, também na presença de
outras moléculas, produzindo novas moléculas de ozônio. Em (4), átomos dissociados
de oxigênio reagem com ozônio, produzindo moléculas de oxigênio. Finalmente, em
(5), a radiação ultravioleta dissocia moléculas de ozônio em moléculas e átomos disso-
ciados de oxigênio.
Essa última reação é bastante importante, uma vez que a fotodissociação das mo-
léculas de ozônio acaba consumindo significativamente a quantidade de radiação ul-
travioleta que atravessa a atmosfera, minimizando a incidência desse tipo de radiação
na superfície da Terra. Como a radiação ultravioleta pode provocar o câncer de pele, a
manutenção da quantidade de ozônio é uma questão importante para a saúde pública.
A emissão de gases CFCs na atmosfera, tem provocado a diminuição das concentra-
ções de ozônio na atmosfera, formando uma região particularmente tênue em termos
de concentração de ozônio sobre a Antártida (“buraco” da camada de ozônio). Contu-
do, esse tema será tratado em outro fascículo.
É importante compreender que efeito estufa e o papel da camada de ozônio são
fenômenos distintos. O efeito estufa envolve o papel o gás carbônico (CO2), além de
outras substâncias, na absorção de radiação infravermelha, contribuindo para a eleva-
ção da temperatura média da troposfera. A camada de ozônio (O3) absorve a radiação
ultravioleta, protegendo parcialmente a superfície da Terra da incidência desse tipo de
radiação.
O efeito estufa natural e a fotodissociação das moléculas de ozônio são os prin-
Por q u e o c é u é a z u l?
Todas as pessoas sabem que, durante o dia, a cor predominante do céu é o azul.
Como isso é possível se a cor predominante da radiação emitida pelo Sol é a amare-
la? A cor azulada do céu deve-se ao fenômeno da dispersão da radiação. Dispersão
é o termo que designa a alteração da trajetória da luz ou de qualquer tipo de radia-
ção devido à interação com a matéria. No caso da atmosfera, essa interação se dá
com as moléculas do ar. Dependendo do diâmetro dessas moléculas, a dispersão da
luz é maior para determinados comprimentos de onda. As faixas do espectro visível
com menor comprimento de onda se desviam mais ao interagir com as moléculas
de ar. Esse é um comportamento genérico da radiação visível e pode ser obser-
vado experimentalmente utilizando um prisma (um objeto transparente na forma
de cunha) – ver figura. Devido a esse fenômeno, a luz visível, para um observador
inserido na atmosfera, chega de todas as direções, enquanto que as outras cores –
principalmente o amarelo, incidem com menor desvio, ou seja,
na direção em que se encontra o Sol. Assim, somente veremos o
amarelo, durante o dia, olhando diretamente para o Sol.
Durante o pôr–do–Sol, o céu assume uma aparência ala-
ranjada. Isso se deve ao fato de que a radiação solar tem que
atravessar uma camada maior de atmosfera, então, a dispersão
maior do azul faz com que essa cor seja absorvida na sua maior
parte antes de chegar até o observador, restando apenas as cores
de maior comprimento de onda, próximas ao vermelho.
Ao olharmos para o céu podemos ver nuvens de diversos formatos, sendo comum
a brincadeira de encontrar formas de objetos conhecidos. A ciência, contudo, classifica
as nuvens segundo critérios baseados na dinâmica com que são formadas, altitudes
típicas em que se encontram, além de características visuais. Dependendo dessas ca-
racterísticas, as nuvens recebem diferentes denominações.
As nuvens são classificadas da seguinte forma:
• Stratus: São nuvens baixas (até 1000 m). Em geral abrangem uma área
grande quando comparada com a sua espessura. Normalmente têm colo-
ração acinzentada e são responsáveis por chuvas fracas (ou garoas). Podem
se apresentar como nevoeiro quando atingem o solo.
• Nimbostratus: São maiores, mais escuras e espessas que as stratus. São
responsáveis por chuvas contínuas de longa duração. Situam-se em altitu-
des de até 2000 m.
• Stratocumulus: São arredondadas, brancas ou cinzentas, e associadas a
chuvas fracas.
• Cumulus: Têm aparência semelhante às stratocumulus, mas são menores.
Têm aparência de chumaços de algodão.
• Cumuluninbus: São nuvens que podem se desenvolver até grandes alti-
tudes (superiores a 20 km), em forma de bigorna, e que estão associadas a
chuvas densas e trovoadas.
Cirrocumulus
Cirrus
Altocumulus
Altocumulus
(Sol parcialmente visível)
Núvens baixas
Fe n ô m e n os at m o s f é r i c o s
brisa brisa
Zonas de alta (H) e baixa (L) pressão na superfície da Terra em janeiro (esquerda) e julho (direita).
Note que, enquanto que as três regiões principais de alta pressão no hemisfério sul conservam suas
posições (embora mudem de tamanho), na parte central da Ásia, há uma zona de alta pressão em janeiro
que é substituída por uma zona de baixa pressão em julho. Imagem: www.andaman.org.
D OR E S , E . F. G. ; S A N T OS , L . M . P. L .; A LV E S , B . Tr a n s for m a çõ e s F í s ic a s e Q u í m ic a s Fa s-
c íc u lo 3 , Tomo I I . E d U F M T, N E A D, 2 0 0 2 . 2 a . e d . 2 0 0 2 . 10 8p.
Wa l l a c e , J. a nd Hob b s , P. - A t mo s phe r ic S c ie nc e – E l s e v ie r, 2 0 0 5.