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CAPÍTULO I
O funcionalismo e a comunicação:
considerações preliminares
A proposta de enquadrar as ciências sociais no paradigma das ciências naturais,
feita por Comte, foi levada a termo por Dürkheim. O positivismo foi a base filosófica da
concepção que desembocou no funcionalismo. Mas essa continuidade fundamental não
deve obscurecer o fato de que Dürkheim apresenta certas particularidades
epistemológicas. O modelo proposto por Comte para a sociologia era o da física: ele
defendia a necessidade de fundar uma "física social". Para Dürkheim, o modelo das
ciências sociais era o da biologia (notadamente sob a influência de Spencer), embora
reconhecendo que a sociedade possui uma infinidade de consciências e o corpo humano
apenas uma. Além disso, o pressuposto da existência de "conexões causais" era
defendido por Dürkheim, distinguindo-se do positivismo comteano que somente admitia
a formulação de leis que representassem a repetibilidade e a regularidade dos
fenômenos.
Esse tipo de investigação, que ficou conhecido como "análise de conteúdo", foi
definido por Berelson como "una técnica de investigación para la descripción objetiva,
sistemática y cuantitativa del contenido manifesto de las comunicaciones".5
A atualidade, de fato, sempre foi objeto de curiosidade para os homens. Mas com
o desenvolvimento das forças produtivas e das relações capitalistas a atualidade amplia-
se no espaço, ou seja, o mundo inteiro tornava-se, cada vez mais, um sistema integrado
e interdependente. A imediaticidade do mundo, através de seus efeitos, envolve então
uma esfera cada vez maior e constitui um sistema que se torna progressivamente mais
complexo e articulado.
Isso traz duas conseqüências básicas: a procura de mais informações e, pelo fato
de que tais informações não podem ser obtidas diretamente pelos indivíduos, surge a
possibilidade de uma indústria da informação. Que tais empresas sejam privadas e que
as notícias sejam transformadas em mercadorias não é de se estranhar, pois, afinal,
tratava-se precisamente do desenvolvimento do modo de produção capitalista. Logo,
desde o seu nascimento, o jornalismo teria de estar perpassado pela ideologia burguesa
e, do ponto de vista cultural, associado ao que foi chamado mais tarde de "cultura de
massa" ou "indústria cultural".
Notas de Rodapé