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owt Fen tees Src ele Stace err Fa tapas = ARB caeomeencas a aS TBs caraocieso na ront SUMARIO Anesenracio ce 08 Ismon0gio n Conristo Liteeanio se 3 Prowestos POrMAs « 58 Crsioss « ie . 68 PAUNAS co ceeceeeseees 101 AwscAAs seceseees 19 Ocivenrass seeeee Gazeras De HoLanDa coves 187 Conewwsso, wees 14 TBiniocRaria: Opaas De MacHano pe Assis... 193 Somre: MACHADO DE ASSIS... 195 « po Caistsinas Machado de Assis publicou em vida quateo Heros de poe: mass Cpiidas, Halas, Amerconas e Oaidentas. Este iltimo eo reve edigio independence ¢ foi ineluido nas Poesia completes, publicadas em 1901. Essa edigdo, inttulada de poesias eom- pletas, na reaidade assemelha-se a uma antologia, organizada pelo prdprio Michado, que expurgou 27 pnemas dos tes livros De Crisis fo} comtado 0 maior nimen de poemas, 17 Liicia”, “O ditivio’”, “Fe, “A. casidade’, “A jovem cativa”, “No limias”, “Aspinagio”, “Embireagio” (de aurora de Faustino Xavier de Novels), “Cleepatsa", “Os atlequins”, “As ondinas”, Maria Duplessis, “As rosas", Ds dois horizemtes”, “Momte © astor também dei- Alverae”, “As ventoiahas” e “Alpujat sou em jornaiscsevistas dezeras de poemas no recolhidos em veo, Crisis velo a bame em 1864 e € considersdo pelos his- toriadozes da nossa ltersturs um livto de feigio romintica Machado de Assis, no entanto, no final de sua carrera, € visto consensualmente coma um paeta mais préimo a formalidade parmsiana, No entanto, nio se tendo deixado seduir por uma Unica eseoa, seria talvez mais corsero io definir Machado como romintico ou parnasiano, Melhor considerar que Machado, de pois de um inicio de catzeita, quando escreveu wma poesia de tendéncia subjetiva, operou numa linba de tansieSo entre as dduas correntes, sem filiae-se a qualquer uma dels. Ao tonar se um poets maclaro, com pleno dominio de sex ofici, reve Tou inequivoca originaldlade so iacorporar a seus poemas ama remitica de fundo filostico, materializeda auma dicgio muito. ppessonl, 4 mangem das einones ¢ dos preceitos mais adieu cas cocolisltereias. Assim, Machado tem o ditto de figuear aio, somente nas entologias que seinem os poctas romdnticos, mas nas dos parnasianos. Manuel Bandeiea ineluiu-o em suas das criteriosas antologias, a do Romanisme e a do Parnasianismo. ‘Na introdugio & antologia dos poetas romanticos, na qual estio selecionados os poemas “Visio”, “Noivado”, “Luz entre som- bra ‘nia da vizyem indians ii morte de Goncalves Dias” A flor do embirocu”, Manuel Bandeica tece 0 seguinte eo. mentirio: “Machado de Assis, Luis Guimasies e Lis Delfino sogobraram como puros soménsieos. As Odieais,onde se con- tm alguns dos mais admiréveis poemas da nossa lingua, aio de- vern nada ao romance ” Na antologia dos parnastanos repete ‘Manuel Bandeita quase 0 mesmo conceito: “Ao lado de Luis Delfino © Machado de Assis, romainticos passados a parnasin- ‘nos (.)." No variado eritério dos organizadotes ée aatologies, Ovsrie Duque-Esteada (Dugue-Bstradat (1913, p. 335) situa Machido entre os parnasianos, Ji Aller de Olives (Oliveira 1911, p.257) sem definir escola, segundo apenas o ctitério da lata de nascimento, intercala Machado de Assis entre Tobias Barreto e Fagundes Varela. Neste tipo de classificagio, ou pe- riodlzagio, ora meio aleatstia, ora com intengies diditicas, os esponsaveis pela edigao de antologias gersimente recanhecem {que Machado, apesar de inserido inicialmente na fase romint- a, sem aderir imteiramence 20 seu teceituiro, nfo ficou na his- Cotta iteriria como um tipico representante desse movimento, ‘Tendo publicado Crsildas dentro do masco romintico, supe rou a ideologia, a extétca eas técnieas do Romantismo, numa trjetévia soliieia em ditesio & consteugio de sua individuah dade Teri, (© que neorreu com Machado, em comparacdo sos poetas rominticos imporcantes, guise tudes mertos sind jens, fo ‘que cle, por sua telativa longevidade, ultrapassou 0 séeulo XIX, vindo a falecer em 1908, com 69 anos de idade. Teve tempo, pois, para transformar e amadurecer a sua poesia, aproveitan- do as ides do Parnasianismo ¢, finalmence, adquisie uma vo2 Jndependente live di obseevincia ieestia aos dames das es colasIiteriras, Pista leotae serena evelugio coincide com as t déncias de sen temperamento ¢ gostn, caeamente exidenciados ‘a sun prosa. A preocupagio com a forma, 0 eulko 4 pureva da lingua, o respeito a tndigio e o posicionamento eqiidistante a0 exptimir os mundos subjetiva e objetivo so alguns dos presse postos que deram a Machade 0 atu cle um clissico moderna. Concordla Sonia Brayner com este poato de vista “Como poeta, iniciou-se no Romantismo, caminhande geadativamente pata © Pernasianismo, com o velume de Ocidentaic” Brayner: 1981, p. 335), [4 Péricles Eugenio da Silva Ramos enfatiza aimportineia de Machado coma parnasiano, sem descactar o papel exercide Jo poeta como elemento de igacio entre 0s dois movimentos! ‘Por sua pregicio erfticae pelo exemplo de sua poesi, Machado Ge Assis é ni apenas um trago de unio entre Romantisine & Pernasianisma, como um legitimo precursor da segunde cor rente’” Ramos: 1967, p. 3) Crsiidas, Falnas © Americans estio ciccunscrivas 20 fini to de um comantismo contido, com tendéneiss classiczantes, ‘que reverencia de forma sutl a expresso arcaica de Gongabves Dias, o estilo sereno de Garrett € © quinhentismo camonigns Frusto Cunha, em resena das Poesiascoupictas, num julgamen toescessivamente severo, agrege-the a pecha de um “Sintsmo” ‘rexardado,referindo-se i diseuivelinlognci do porzugués Finny Blisio, Escreve Fausto Cunha Quando nos dxbracamas sabre a pwels de Macaca be Assis, wes que space din Fada come 9 Sinie-ses ops poe uma inguager classcizane (em conceaposiio “lingua bela" de Aenea) e meson luso eepical A sianzagio ct inguagem de Machado sceatuose com a asst dos 08 ‘Os temas de amor, os socials « mesmo os indianistas re ccebem um tratamento comedido ¢ slbto,além de um eaidado formal que aponta para a contencio vocabular, uma das earse- teristics de Machado, Tudo conforma um conjunto de proce- limentns que evita os dete ap gosto da scatimentaldade rorvintica, Esse postura acarrta uma ceria frieza ma febsieagio do verso ¢ uma distibuigio par. cimoniosa da carga emotiva, mas sem que com isto « poema se pefique no mirmore parnasiano, ara valorae Crisilidar em sus fei original, come Foi po blicads na edigio de 1864, 1orna-seimpeescindivel «andlise dos pocmes suprimidos quando da publicagio das Pasir competes, fem 1901. Um dos posmas mais hem reairados é “No lima”, sendo ditiil entender @ motiva de sua exclasio das Poesia em _phtas, uma ver que 0 poema conserva, ainda pata os dias de hoje, una qualidade excepcional. Trat-se de uma alegoria gue consubstancia,atavés de dois personagens, uma espécie de jogo diakitico entre Ela-Licperanga e ble-Decergome, Esteutarado em tercetos dantescos, com a excegio do quarto da iltima esteo- fe, escrito em forms de didlogo, este poerma dramtico inovs, principalmence pela adapragio da escriura do verso 20 ritmo € Js entonagdes da oraldade, ao mesmo tempo que ndo abandona as mals caboradas solugies lingistias do seme nob Em "NO limiae”, um diifano véu de melaneolia reeobee « polonia das vyozes ¢ mantém um som em surdlina ¢ usa colorago esmaccl- da, que dill as estridéncias de excessos roménticos. 108 da énfase © da verborragia, tio depois da primeica ¢ nica eigio de Crislidu® © processo de redueio de sua obsa postica 4 uma seleglo ensuta 6, para ele, definitva, resalta a concepeio estética de Machado de Assis fem sus maturidade. A moderna critica deve refazer a pereurso dda poesia machadiana, desde os seus primeitos poemas publi ccados em jor até « iltima formatacin das Poeias compl. ‘Coo isso seri possvel desvendar as transformagies do idtarivn «© da teniea do poeta, Por um processo que pademas classi car como de “ocullamento” (0 expurgo de alguns poemas) & possivelreconstitur os valores definvamente inconporados & estética pessoal de Machado, Feniimeno de lapidacio, & através dlesse processo de acultamento que se manifesta a sua concep. lo posta, na jogo ene o explcto ¢ 0 implicto,a dio €0 no site, Como num palimpsesto, os poeras excluides de edn de Crsiidasregisirar, in sbuatig,o teabalho de autoeriticn ¢ selegi executado pelo poets ao longo dos anos. Severo censor de 61 resmo, Machado demonstrou também apurado espisita rico, como se pode comprovar pels leitura de seus ensiosliteritos. 10 §, cas por cesias realmente complevas de Machado, resultou na edigio de ada psi de Macbas de Assis, da editora Record, 2008, (© trabalho de exegese dos poemas de Machado nie deve O cstabelecimenta do cos postico global, cingir-se apenas ae exame de seus poemas luz das modernas ‘Wenicas de intespreacio. K importante siaé-os diaceosicamen- te av momento cultural e historicw da eriago dos poemas, ses peitando o cddigo potticn da autor, seus pariunetzos estétcos, as suas inteneses ¢ propos, A simples uilzacio dos méxodos Sincebnieos d anise lsenivia, a linhs da entilistica espanhola fom alemt ou do mar catcirm anelo-americano, obscurcee vi ‘to hisviea,\ compreenso de-uma ob literia deve levar em cconsideracio 4 mutacio dos génetos, as modas, ¢ outros con dlicionamentos socials gue entraram na composigao da obra Asinterpretagdes estéicas ou histrcas, textaais ou contextuais, dle anise intsinscea ou extinseea, se tabalhadas em separado, ‘compromerem o entendimento global da obra. A estratéuia € leras obras do passado ni spenae sub a ditica da mexeraidade, ‘mas contextualizendo-as, se possivel, soi a perspectiva inter disciplines “Musa consolatris” abre as pigs de Cray, vee pb ado em 156, Fim 09.10, 1886 (e m0 em 1866, come informa a introduc das Posias completes, edigio da Comissio Machado de Assis) o poem Foi teanserito em Semana. A terceira publi- cago parece nas Poesia campitas, de 19. Em “Must consolatcx"” 0 poeta egregs uma qualidade mo- ra i clissica slegoria de uma simbslia entidade inspiradona. A musa de Machado no apenas inspita os poctas como, ¢ prin. cipalmente, consola-os das ilusdes perdidas, propiciando-thes a pa, Naima estofe, 1s Musa cunsoadoca Quando ds minha feoace de maneebo A chia lasio cas, bem como TPs amarea¢ seca Queo eho ana vitsgio do outus., ARI no ea si aig Acolhe-me, ~e haveri mink alms afta, Frm sez de algumas isos que tev, A. paz, sitimo bem, tino ¢ puro 1D posers romantica min hses apenas 4 erin litera \nscia, também, pela congsts at flict, pela eaizacie amorosa, pla pacicagzo de su alma tortura, pla superagio esse sofrimento existencial que 0 deprime, muitas vezes sem um motivo real aparente. Le maf desde exs a denominacio aque totulava 0 malestar do poeta auto-esilado do convivio da sociedade burguesa. O poeta encontasa a fuga, a0 sono, sa fantasia, na sublimagio de sos frustagBes oantdoro para a sua exclsio soca ‘ evacago da mass consoladora€ um tema recortente na cobra de Machado parece rela, mis do que mero topo lke- tro, un verdaeiro ane em busea de confore esis para « homkin pars o ain ois poemas de Cris, “Musu consulates” ¢ “tina "respectivamene 0 primeito 0 tltimo do lie, sm como fall tema a prépria poesia, sio 0s chamados, hoje em dia, de mera- poemas. No primeigo, a musa serve como refigio, que alvia 0s soffimentos do poeta, envolvendo-o num clima de psz e tran- illdade. “Uikima folha”, um poema mais longo do que "Musa consolatis", cea da possibiidace de a Poesia oferecer um es- cape ao “vo rumor dos homens”, Em coatraste com um certo pessimism posterior, ambos poemas revelam ¢ idealisme do jovem que acvedita nos poderes superioves e expistuis da are Quando este poeins apatece nas Paesatcampletas, Machado modifica © antepentttimo verso de: “Acolhe-me, — teri mi sha alma aflts”, para “Acolhe-me,—e haverd mina alma afi 1a,", Hsta segunda e defnicva redagio registen uma consteugio Dpastante eara. A justificativa, no entanto, & 12 versio ocortia uma reiterigio pobre do verbo ter. Assim, na version “Musa cunsolatrin”, de Cridlidas, de 1864, € de of sa prime! Semana, de 1866, ia-se Acallesme, ~¢terk minba ala afi, Fam sede lg ih queer, [Na versio das Posas comply, em 1901, dise a corregho: Acolhe-me,—ehaverd minha ama afta, Ties verde agua sos que teve, sta segunda versdo apresenta como que um ressaibo qui- snhentista, mas a escolha dos versos definitivos foi avertada com 4 tues dos verbos. Fica, no entanto, uma certa estrnheza pro-

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