Está en la página 1de 6
y’ me Patick CHARAUDEAU fC (Mado de Eni Mendes) — AMS AS Chye) do sho ° o eo Pathos e discurso politico! CONSIDERAGOES INICIAIS “Anteriormente, tatei da questio das emogdes em relagio ao discorso das nidias, mnis particularmente da televisio, quando participei de um congress ccortido em Lyon no ano 2000, Assim senda, neste primciro momento, m= contentarei somente em setomar tlguns pontos que ji desenvalvi até ento © aque servirio de coasideragées no deserrolas de minha apresentagio. Inicisliente, nfo entrarei na discusslo em torno da escolha dos termos insis adequados a serem utiizados para se falar desta questo: pothoy, emer, lentinent, afi, pax, Cada um Gestes termos é suseetivel de sbarcar wea oslo especfia ¢ podemos garantr que cia wma destas nogdes depende de ttm poato de visa tedrico também espectfeo. No que me concerne, conten to-me, simplesmente, em dizer que seria nectstario diferendar a nogao de eentimento” di nogZo de “emogio”, Parece-ihe que 2 primeirs seria muito sais igada& ordem da mora, enquanto que a segund: seri, spbretade, gad ordem do sensivel. No entanto, isso tereceria wn longo desenvolvimento, tanto pela qual, no estudo que se segue, empregarcl estes termos indiferente- mente umn pelo outro. Asemogbes comorepreseatagao saciat | _-—Lrangaremnos-a-hipétese-de-que-as-emogées'st-originam-de-ams “racio- nalidade subjesva” porque ~ ¢ isso nos vem a feaomenologia — emanam de Tots da tadatora: at a finaizayio da provene eign este artigo co axighal em fants nto neve sifo ainda pablicada Trae de waa comunicagi fits ro cofSqaio Pathos eta as80: dou ds emoqies no dscaro® corsa de 234.24 de setae de 2005, em Brest (Uaiver~ sidnde da Brotanha ccidestal ). eunoseowassareumes | 741 tun svjcito do qual ee supée sec fundado de “intencionalidade". Séo orien tadhs em diregie a um objeto “imaginado” jé que este objeto € extirpado da realidade para se tornar um “real” signifcante. A relasio entre esse sujeito © esse objeto se faz. pela mediagio de representagbes. E pedo fato das emogaes se manifestacem em tm tujeito “em fungae de” alguma coisa que esse sujeito ce fa representar enquanto Gl, Digerno: que seja por isto que essas emogdes podem sec ditas representacisnais A piedade oxo dio que se manifesta em um fujelto nao & 0 simples resultado de uma pulsi, nem s¢ mede somente como ‘uina sensagto de excitesdo, como am aumento da adrenslina. A emogio pode tex percebida na representagio de um objeto em dlires2o 20 qual o suelte se qualéa stuayio de comanicagio e qual é o dispositive de toca? > qual £0 objetivo de persuasto que exige visudas de credibilidade e de cap tagio da parte da instincia discussiva? Isso nos conduz a declarar que a emosio nio pode ser tratadx da mesina ancire conforme a circalagzo da fala em um espaso privado ou em um espa {0 piblico" Este espaco pibice € susceptivel de ser por si s5 estruturado de diversas maneiras em diferentes “cenas discussvas” (cientifcas,juridicas,reli- iosas) em meio as qusis se encontra a cena politica que se diferencia, apesse do que alguns preconizam, da cena publicitéria eda cena miditica, mesmo que esufrsu das vantagens umas das outras, ‘Accena politica se caracteriza por um dispositive que posto a servigo de uma expectativa de poder, Esta time colaca cm presenga uma instin~ cia politica ¢ wma instincia cided. A instincia politiea esté toda direcionada twin “igir sobre 0 outro” que deve ser acompanhado de uma “exigtncie de submissio do outro”, o que explica que essa tensio seja ofientada ern diresio 4 peodugio de efeitos, No entanto, levando-se em consideragio que em wat tegime demoeritico 0 poder resulta, ao mestno tempo, de um “cosentimento” ~ (Hanna Arende), de uma “dominacio legitima” (vax Webcr) ¢ de ama “orga sizagao administratva’ (J. Habermas) a instdncia politica &levada 4 exereer este poder em nome de: : » um direito do qual hi ura parte que é consitufda pela lepitimidade asi- ‘utd peto jogo de representatiidade, da celegicio do poser pelo povo e, ‘numa otra parte que € adqaisica por estratégas discursivas de legitima {0 operacionalizedas peo sujeito politico, > um sadere um saber fice através dos qunis 0 Syeita pobtio teré recurso estratégis de construsfo de imagers de si mesma, ce maneira ase tomnar ——credivel zosolhosdxinsthaciacidal® etfordeerediilade) eatratvo (ether deidenticagio)!. O «hes de identfcagao entoca o problema da fon com os efitos do patie, que este busca tocar afeto do cidade, 1 Fyidenvemente, seria comenieme sprofindaresras dus nogées. 1 sts dotstipos de dder do pobtico sto deseitos em Le seer po win spate iu Lu cages da foo~ 206 | AseucxtesnonRsO > valor valores comuns, que 2 instancia politica ea instinca cidad supos- ‘temente compartilham para se fundis em ui certo ideal de “viver junto”. Agu ainda colocamos o problema da fronteire, dessa vez-entr:logese pa~ hos, ji que podemes zderir emodonalmente a vilores superiores. Vé-se que o discurso politico é um loger de wna verdade de mfos atndas, de faz-de-conta, jf que o que é considerado nfo & tanto a verdade desta fala langada publicamente, mas sua forga de *veracidade”. ‘A encena gi do pathos no diseusa populsta [Numerosos esctitos se dedicaram a tentar defini o fendmmeno politico que ecominarnos “populisma”. Nao the daremos uma nova definicae, mas ¢ con- ‘eniente sesumir algamas carscteristices recomentes para explicar o que esti va base desse ipo de discurso. (© populismo é um movimento de messa que nasceem urmasitusyio decri~ se tociel, A massa é uma agregagdo de individuos em torno de um inconsciente coletiva dizendo que ests agregago tem a pretensio de representa © povo na sua coberaria popular, O movimiento é orientado contraas elites, consideradas responsive’s pela sinuagéo de crise, sio impotentes para trazer uma solugo repaadora e até mesmo consideradas suspeitas de proteger seus privilégios de classe dominante. Mas este movimaeato mzis oa menos insurgente; em si mesmo nio organizjdo (nio é um movimento de paride nem sincicato),tem necessidade de se manifestar ¢ constituir urna forge de contra-poder, de se reunir scb a conduta de um lider que seja suficientemente casismatico para constituir uin suporce de identificasao para que esta agregagio ie individuos possa se amalgamar em um Ku ideal, representante transcendental de uma ‘nova, porém iluséria, entidade coletiva. ‘Assim, a reagdo emotional da massa face a ums crise, o julgamento das elites vistas como responsiveis e © aparigao de um lider permite que sejt cencensdrummadramatargia discursive que consisteem: + denunctar uma sivas de dedfnie da qual o povo €vitima, jogando com a t6piea da “angystia” “ura mnilhio de imigrantes, um milhio de desempre- gados” proferia sem rodcios, Jean-Marie Le Pen, hi alguas anos. Quanto mmaisas formulas sao simples, eisencializantes € ameasadoras, mais 0 feito ‘emocional visado terd chances de ter impseto; fe Es Le pines teanseroncs | 249 > designar a fonte do mal sob a figara de um culpado que nto deve estar Ueterminado de forma precisa e deve deixer pairar & impressio de que age 1a surdina; deve, também, clessificar as quest®es ern categorias especificas (a classe politica’, “as clitesfrias ¢ caleulistas” ou. établisement, como diz Le Pen para no empregar 0 termo consagrado esiallishment), de onde & postibilidade de jogar com a existencia de compl: (0 dtablizenens, que preciso derrubae por uma revulusao de saide police, de- signa dasse drigente que impe hajeo seu poder. Or dicitos do homem sto 5 stuns dla Lei, Ele tem seus evangelbos segundo Sis Treude Sto Marx, tem eeu leo, teu sequteto e seus pedeiros, O Panteon republieano & cea higar de elte, tem sus tito, Ble prega a monk.” Bneontramos aqui a tépica da “antipatia” como crientagdo do afeto contra ‘um agressor ou simplesmente contra sm inimigo. > Instaurarse como saltuder construindo para si uma imagem de poréncia através de um comportamento oratério feito de “demincias” (as wezes até mesmo de “gestos de indignasio") ¢ do lengamento de fiases de efeito ou ‘a manutensio da ironia. Trati-se de uma eategoria humoristics dif de manejar no campo poltico porque ironia, tendo sempre umn eftite des- truider, pode ser contra-producente, a nio sei eSpecificamente no-cas0 em {que sejao indicia de una posicko de forga, que seja provocadora (permitir- se ocupar 1 posigio do cinico). As ditas derrapalpens verbais de Jean Marie Le Pen nfo t&m outra finalidede sendo a de cdnstruir para si esse cébes de poténcin para incitar sea auditério a aliae-se a cle (pathos). Trata-se de wm ‘thes corn finalidades patémicast Bbeanevident gas puri de 1974, entra em nosso pus ichsieoftial- mentees eihées deestrngetos Mae ambi verdsde gue tes og fr enters de mrralinagi aukomstica enaiam est enidae etrangein de fraigrautee, gure to frncerss. Sia acre: fanceces do ipo Yala Miam Mism ‘queve tomou teeretirio do Estado ds Integrasa0". 3 Jean-Marie Le Ben, fers racte, 990, © Diseuvo de Jear-Mase Le Pen Saint-Frang Frdeng 24 €22 oatbro de 1991, 333. ____passoar eobre se quaie jf vieram nos dizer Bem im, mas-ato-se-tra-mais de— 20 | Asewogtesronocse Mas instaurar-se como silvador, nio ¢ somente invectivar o mundo, & também exiltar valores ¢ se fazer de porta-vor deles. Valowes communitirios, aque ce trata de passar do cessentimento'* A re-apropriagao de ums identidade origindsie “sim, nés somos a favor da preferéncia nacional porque nés somos pela vida contra a morte, pela liberdade contra a escravidio, pela existéncia contra o extingo”®. Valores comunitisios estes que se apéiam sobre diseursos exaltando outros valores como aqueles que remetem & nctureza ¢ a tudo 0 que original: [Nos somos cratura wvas {J N6sfezeenos parte di macuresa, nés obedecernos as suas eis. As grandes leis das espécies govemam tanbézn os homens, apesat de va inteligdaca Bs vozes, de sua valdade, Se nis violarmos esas leis natards, a ‘natureea no tardané» pedir a saa revanche contra n6x, Nox temos necessidade de segaeanga. E,por ise, n6s temot necesidade, ssim como os animais, de un tesvtSsio quea garinta para ns! Enaltagio igualmente de valores de filiagio e de hereditarieda acreditamos que a Franga ocupa um lugar singular na Europa ¢ no Mundo, porgiue nosso povo resulsa de uma fasio dnica das vierudes romanas, germini- cas e celtas”” Ou ainda: ~~ “oye se wate aqui, com cerena, de nosa tera, de nowas paisagiin eStafieate ‘como foram dadas pelo Ceiado, mat exabém exatarente como foram defen + Gils, conservadas e emblezadas por aqueles que povonram este teatro hd pailnios e dos quais somos os fthos. s De fato, encontremmor essa estratégia discursiva dramatizante em outros lideses politicos sem que soja levada a tui extremos, Neste caso, pode-se dizer aque esta estrtégia discursva de tendéncia populista & constizwtiva da demo 3 Em wlio a est gosto, ver neste mesmo col6quie (Nota da Tiadatora:“Fathos em to: 9 ‘us dasemogbes no eieaaro,ocoerda de 23.74 de seiexcbon de 2005, Buss (Universi ‘dade da Brecanha ocdental a contibuigfo de Mare Angenot Le let ch Jeane Mape Le Pen de 15 ma de 1991, p15, ‘8 Dscano de Jeans Marie Le Pen promansiado nz festa dos Wiurblane-rovge, in Fréent epi, p87. 7 Nur cali, La Documentation frangaite, 4d mao 1988, 1 Discurn de Jean-Marie Le Pen em Saiat-Frins, Préat, 1 ¢22 de extubro 1991p. paniesevsomorcnas | 251 cracia na medics em que o posicioncmento da instancia poltica a conduz a se opora umm adversiro, «$2 colocar como Hder incontestavel ¢ a exalt valores, deidealidade social. O recurso aos efeitos patemicas é constitutive do discursa politica. "Mas para termrinar com uma aota mis positiva desses efeitos patémicos citarei caso da “comandante Esther” mandatitia de EZLN, movimento 23- patista de libertagéo nacional dos fndios Chiapas conduzido pelo cariemstico ‘cubcomendante Marcos’. Trata-se de um discurso feito diante dos eteitos pelo poro paraa Cimara dos Deputados do México, El terminou seu diseuso—que ‘ere um apelo 20 reconhecimento dos indios do México como tendo parte in~ tegrante da nagio mexicans ~ geitande, por trés vezes, “Viva o México, grito qu: foi repetido ora coro, cada pronunciamento, pela Honordvel Assembiéia, Ota,este grito € 0 privilégio do Presidente da Republica mexicana que, a cada festa nacional, olanca do biledo do edificio da Constinuién, que € repetid em core pelo poro reanido na praga. A comandante Esther ~ € preciso lembrar que ch pronunciou seu diseurso mascarada — deixou os deputados de mios atedas, os frzendo se comunicar emocionalmente com esta india~ bein como com seu discurco por tris do qual se encontvava toda a comunidade indigena =e, 10 mesmo tempo, os obrigando a reconhecer que © movimento zapatista 1ndo & um movimento de dissidéncia identivdvia, mas, 20 contririo, de fasto identitisia com o povo mexicano. Eis um belo exemplo de estratégin de dra~ matizayo no qual vemos se misturat, por uma boa causa, wim efBos identitario (Nés, indios Chiapas; fazeraos parte do povo mexicano”), um eftito de fa- Hosatingindo a fibra patriética dos députados (voces, como nés,celebramos a gio mexicans) ¢ uma ponta de /oge! na exaltagio de um idealidade social (a unicidade do povo secesséria A constituigao da niga.

También podría gustarte