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‘AS TUTELAS DE URGENCIA EAS DE EVIDENC! BLS * ESPECIFICIDADES EEFEITOS = Maria Liicia Baptista Morals Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos ~ UNISINOS; Mestre em Direito Processual Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul ~ UFRGS; Professora titular da graduagdo e pés-graduago do Centro Universitério Ritter dos Reis ~ UniRitter ~ Laureate International Universities. SUMARIO: Introdugio; 1 Tutelas de urgéncla e a fungibllidade; 1.1 Aspectos contemporéneos ¢ futuros das tutelas de urgéncia; 1.2 As tutelas de urgéndia no oSdigo atual e o projeto do novo CPC; 2 Tutela de Evidéncia; 2.1 A flexibilizacéo do conesito da evidéncia; 2.2 Tutela de evidéncia provisional ou auténoma; 2.3 Tutela de evidéncla ~ urgéncia e risco de dano; 3 Concluséo; Referencias. INTRODUCAO © Judiciério brasileiro vive um problema que néo é exclusividade dele, mas que afeta diretamente o jurisdicionado, Trata-se da morosidade da Justiga. Foram multas as tentativas para resolver essa dificuldade, mas, até agora, nao fol obtido 0 sucesso desejado. A introdugio, no CPC, da tutela antecipada, para os procedimentos comuns, fol uma das alteracfes que tinham o objetivo de amenizar 0 problema da demora do processo. Até entéo, s6 havia, no CPC, a previséo da tutela cautelar e tutelas satisfativas, em procedimentos especiais. Na nova previséio da antecipagao de tutela, mesmo sem uma nomenclatura especifica, fol introduzida a tutela satisfativa provisional ou interinal e também a auténoma. A partir da previsio legal, a doutrina empenhou-se em fazer a distingéo entre os dois institutos. Assim, os autores perceberam, Inicialmente, a diferenca entre tutela de aparéncia e de evidéncia. Essa distincio servia para delimitar a tutela cautelar da satisfativa. © presente estudo tem como objetivo tragar a distincSo entre as tutelas de urgéncia e de evidéncia, partindo do surgimento da fungibilidade entre as medidas. Visa analisar as implicagdes praticas que a distinc&o oferece e, por fim, pretende fazer uma distinggo entre o concelto de evidéncia, utilizado no CPC atual e o do projeto do novo CPC. Consequentemente, faz a distingZo entre os tipos de tutelas de evidéncia e a andlise de questdes, como: a cognicéo, realizada para a obtencio de uma liminar e a exigéncia de perigo de dano. ‘Trata-se de tema de extrema Importéncia, tendo em vista que - apesar das tentativas de alteragdes procedimentals, previstas no projeto do novo CPC, com 0 objetivo de resolver o problema da morosidade - diante da questo estrutural ¢ de logistica, em que se encontra 0 Judiciério brasileiro, a perspectiva é que néo haja grandes avangos, apenas com alteracies de previséo legal. E, e continuaré sendo, extremamente importante a utilizacdo de tutelas de urgéncla e de evidéncla. Por outro tado, a proposta do novo CPC traz véries modificagées para as tutelas de urgéncias, previstas no CPC atual, ¢ que merecem ser abordadas. Por essa razSo, este artigo fol dividido em duas partes. No primelro item, serio tratadas as tutelas de urgéncia, cautelar e satisfativas, com uma abordagem ‘specifica sobre a5 correspondes espécles. Faz-se, Igualmente, uma comparagéo entre a legislacdo atual e 0 projeto apresentado. No segundo Item, serd tratada a tutela de evidéncia, com uma anélise do conceito, tipos e o eventual perigo de dano. 1 TUTELAS DE URGENCIA E A FUNGIBILIDADE ‘Apesar das diferencas, que realmente existem’, algumas situagbes permanécem em uma zona intermediéria, dificultando @ aplicacio prética e a atuacéo dos profissionals do Direito. A inseguranga na escola entre as duas formas de tutelas, por parte dos advogados - em razdo das divergéncias na Interpretacio, pela doutrina @ Jurisprudéncia -, fazia com que o prépric Jurisdicionado ficasse sem uma explicago ‘ou solugSo plausivel. Diante de tanta inseguranga, surgiu a necessidade da fungibilidade. 1 para alguns autores, as cautelares diferem, substancialmente, des antecipagies de tutela, porque néo satisfazem, de pronto, a pretensio do autor. As ages cautelares esseguram, apenas, 2 possibiidade {de realzagio do direlto no futuro. SILVA, Ovidio A. Baptista da, Curso de Processo Civ: proceso ‘eutelar (Qutela de urgénca), v.2 2.ed, rev. e atual. Rlo de Janelro: Forense, 1998, 0.37. No mesmo ‘entido, MARINONI, Lulz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil - Process Cautelar, 2 ed., v.a, S80 Paulo: Revista dos Tribunals, 2007, (Curso de processo civil; v. 3), p23 & ‘TAVARES, Femando Horta etal. Urgéncia de tutelas: por uma teoria da efetividade do processo Aadequada a0 Estado de Direlta Democrdtico = Urgency of guardianships : for a theory ofthe tffectiveness of the process adequate to the democratic rule of law. Revista da Faculdade Mineira de Direito, Belo Horizonte, BH, v.11, n.21 , 1° sem. 2008, p. 149, Para Cindido Rangel Dinamarco, hd um ponto de unio entre os dots institutes, que é o fetor tempo {0 processo e que faz com que 4 dstinggo entre eles no seja to importante. DINAMARCO, Céndido Rangel. Nova Era no Processo Civil. 5&0 Paulo: Malheitos, 2004, 0.55. Aiés, pode-se afimmer que existe outras semelhangas, como: a cognigso sumsria, @ ndo definitividade, a postergagso do ‘ontradit6rio para o deferimento da medida, sob a forma de uma liminar. {A verdadeira funcio das cautelares também é ponto divergente na doutrina. O posicionamento ‘predominante 0 de que a cautelar & um “instrumento do Instrumento” e que visa proteger © Fesultado dil do processo de conhecimento ou de execucfo. A protect se dé ao império da decisio {do Estado, que nBo pode se tornar indtil, 20 inal do processo, onde se desenvolve a acéo principal. Esses autores basearam-se nos primelros ensinamentos de Plero Calamandrel, para quer 2 instrumentalidade que vinculava a cautelar & agBo principal é a mals importante distinggo entre o processo cautelar e os demals. CALAMANDRET, Pero, IntrodusSo ao Estudo Sistemstico dos Procedimentos Cautelares. TraducSo: Carla Roberta Andreas! Bassi. Campinas: Servanda, 2000, p.42. No mesmo sentido: CARNELUTTI, Francesco. InstitugBes do Processo Civil. Tradugdo: Adrién Sotero de Witt Batista, v1. S80 Paulo: Classic Book, 2000, p.43. DINAMARCO, Céndido Rangel. Nova Era no Proceso Civil. So Paulo: Malhelres, 2004, ».53; THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direlto Processual CWi, 38. ed. v.1l, Rio de Janeiro: Forense, 2005, p.406. Ccontrapondo 0 posicionamento anterior, aparece Ovidio A. Baptista da Siva, para quem a cautelar protege no o resultado Gil do processo de conhecmento ou de execugio, mas, sim, 2 realizabiidade pritica do direlto da parte. referido autor argumentou que, se a cautelar visasse 2 proteglo da ‘Gecisdo do Estado, 0 julz deveria poder decidir, sempre, de ofcio e no, somente, em casas ‘2utorizados por lel. Este cltimo posiconamento é 0 que merece acolhimento. SILVA, Ovidlo A. Baptista da, Curso de Processo Cl: processo cautelar(tutela de urginca),v.3, 2.¢d. rev. © atual. Rio de Janeiro: Forense, 1993, p. 48. No mesmo sentido: MARINONE, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz, Curso de Processo Civil - Processo cautelar. 2. ed. v4, So Paulo: Revista dos Tribunals, 2007, p.26/27 @ TAVARES, Fernando Horta et a. Urgéncia de tutelas: por uma teoria da efetividade do processo adequada 20 Estado de Direto Democrético = Urgency of Guardianships : for a theory of the effectiveness of the process adequate to the democratic rule of law. Revista da Faculdade Mineira de Direto, Belo Horzonte, v.A4, n.21 , 1° sem. 2008, p.149. A distingo entre as tutelas de urgéncia, que parecia primordial, cedeu a necessidade de uma prestac&o jurisdicional mais efetiva’. Aliés, isto tem ocorrido frequentemente, H4 uma tendéncia atual do abandono da técnica, do formalismo, ‘em prol da efetividade e da celeridade processual. Inclusive, multas das mudancas de posicionementos, em termos jurisprudencial ¢ doutrindrio, ocorreram em razSo da incidéncia destes principios e o mesmo se verifica pela proposta do novo CPC, Visando solucionar as divergéndias da distinggo entre as tutelas de urgéncia e, prindpalmente, a falta de seguranga na aplicag&o prética dos dois institutos, o legislador alterou o art. 273, incluindo, nele, o pardgrafo 7°. A adoc&o do principio da fungibilidade decorre do fato de que o importante no & 0 nome do que foi postulado, mas a concreta necessidade da tutela Jurisdicional pretendida.” Antes que o legislador incluisse o referido pardgrafo ao art. 273, a doutrina jé questionava a importancia da distingdo, exatamente pela presenca de uma zona comum gnie ‘os dois institutos. Este era o posicionamento de José Carlos Barbosa Moreira,*. E importante relembrar que, apesar de a previséo do pardgrafo 7° ser no sentido de que, se for postulada a tutela antecpada, o juiz pode conceder a medida acautelatéria, em realidade, a doutrina entende que o inverso também é possivel.” A previséo do legislador nfo trouxe nenhuma grande novidade, pois, na prética, j4 eram concedidas medidas acautelatérias, no curso de processos de ‘conhecimento e de execucdo. A inovacdo, entretanto, foi a interpretago doutrinaria dada ao referido pardgrafo, Segundo ela, a antecipacio de tutela também pode ser concedida, mesmo que a tutela cautelar tenha sido postulada. Essa leitura do parégrafo, vislumbrava a possibllidade de que a tutela antecipada fosse, Inclusive, concedida com autonomia procedimental, o que, em regra, no acontece. A doutrina ja admitia a cumulaggo de um pedido acautelatério, felto em proceso de cognigéo. Este era o posicionamento, por exemplo, de Arakem de Assis® e José Roberto Bedaque.’ 2 Ver, sobre o tema; OLIVEIRA, Carlos Alberto de. Efetvidade e processo de conhecimento, Revista Forense, Rio de Janeiro, v.248, p. 67-75, out/Nov,/éez 1999, No mesino sentido, LIVONESI, André Gustavo, Fungiblidade das Tutelas de Urgéncla: a Tutla Cautolar e a Tutela Antecipada do att. 273, dio CPC., Revista Disitica de Direito Processual (RODP),n.28, jl.2005, P. 10. > LAGE, Livia Regina Savergnini Bissol. Aplicagso do principlo da funoibiidade entre as tutelas de Uurgéncla cautelar e genérica, Revista de Processo, S80 Paul, v.35, n.182, abr. 2010, p. 325. AMARAL, Rafael Lopes do, Fungiblidade das tutelas de urgéncia, Revista Dialtica de'Direito Processial (RODP), n.46, jan. 2007, p. 100/101. “para Moreira: "A prOpria ciéncla processual reconhece hoje aue muita do que se tentou fazer em Imabérla de distingdo rigorosa, de quase que separacia absoluta entre institutos, na verdade, Constituia uma preocupagse metocologicamente discutivel e, em certos casos, francamente fequivaceda, porque hé sempre uma passogem gradual de uma realidade a outra, e quase sempre so ‘depare uma espacie de zone de frontera, uma faixa chzenta, que nem o mals apareihade certéerafo Saberla dizer com preciso em qual dos dols terrenos estamos pisando.". MOREIRA, José Carlos Barbosa, A antecipagio da tutela jursdicional na reforma do ofcigo de provesso civil. Revista de Processo, 1.81, p.201. Marinoni a titdlera ensinem que: "Entretanto, acetando-se a possibildade de requerimento de tutela cautelar no processo de conhecimento, é corréto admit a concess30 de tutela de natureza “antecipatéria ainda que ela tenha sido postulada com o nome de cautelar, desde que devidamente Dreenehisos os pressupostos Inerentes & concesséo da tutela antecipatérla.”. MARINONI, Lulz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Cédlgo de Processo Civi. Comentado ert, por art. So Peulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 276, © ASSIS, Araken de. Fungibildade das medidas inominadss cautelares e satisfativas. Revista de Processo, S80 Patio, SP, Revista dos Tribunals v.25, n.100, out/dez. 2000, p. 40. 7 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutels csutelar tutela antecipada: tuteles suméries e de Ha uma relaggo possiyel entre os principios da fungibllidade © o da instrumentalidade das formas.® © primeiro significa que se pode conceder a tutela cautelar, se for uma hipétese de tutela antecipada ou vice-versa. O ultimo indica que, mesmo que o ato tenha sido realizado de maneira diferente, se atinglu 2 finalidade, ele no precisard ser anulado; pelo contrario, deveré ser reaproveitado. 0 principio da instrumentalidade das formas tem sido o norte do proceso civil, pols: hd uma tendéncia de abandonar o formalismo processual. ‘A doutrina predominante"® posiciona-se no sentido de que a tutela antecipada no pode ser concedida de oficio, inclusive pela propria previséo do art. 273, mas 0 magistredo pode revogé-la ou modificé-la, quando e como bem entender, desde ‘que em decisio fundamentada. Sendo assim, hé uma evidente flexibilizagso do prindplo da adstrigfo a0 pedido ou da congruéncia. Ndo se pode esquecer, entretanto, que, quando a tutela é antecipada, ela deve ser concedida dentro dos limites do pedido feito na inictal.'" © principio da fungibilidade deve, segundo 2 doutrina majoritéria, ser usado nas tutelas de urgéncia, em casos similares aos dos recursos, ou seja, quando houver divida e inexistir erro grosseiro.'* Inexistindo duvida na escolha do tipo de tutela de urgéncia, no se justifica a aplicac&o do principio. © juiz terd que ponderar, no caso concreto, a possibilidade de aplicagso do mesmo. ‘urgénca (tentative de sistematizacSo). Séo Paulo: Malneiros, 1996, p.291. * MELO, Gustavo de Medeiros. O principio da funsibiidade no sistema de tutelas de urgéncla: Um epartamento do processo civil ainda carente de sistematizacSo. Revista Forense, Rio de Janeiro, v.104, n. 398, ju/ago, 2008, p. 93. © OLIVEIRA refere que: “Como se verifica, o excesso de formalismo no contexto do direto brastiro decorre, em prinéplo, mais de cagusira do aplcador da lel ou dos demais operadores coedjuvantes ~ Gesetentos aos valores do processo, pouco aeltos ao manejo das possibildades reparadoras contidas: fo ordenamento out ansiosos por Feclter o seu trabalho ~ do que do prépro sistema normativo. Nesse Bspecto,infll também a excessiva valorizacSo do rito, com afastamento completo ou parcial da Substincia,conduzindo & ruptura com o sentimento de justia’. OLIVEIRA, Carlos Albertp de. Do Formalism no Processo Civil. Sse Paulo: Saraiva, 1997, p. 207. Para Theodore Xinior, "Ao contrério {do que se passa com 0 processo anglo-saxdnico ¢ o farts, em que o Direito Processial se epresent= ‘eracterizado por regres objetivas e funcional, ‘despreocupadas com o tecnicismo’, visando sempre, © sobretudo, propiciar 0 'acess0 & justge’e a ‘efetividade do processe’, 0 nass0 Direlto Processual ‘nsela por um primado téenico-cieniico e é dentre esse tecnicismo exacerbedo que suas regras S50 Interpretedas pela dautrina e apicadas pelos tribunals, quase sempre”. THEODORO JUNIOR, Humberto. Un novo Saigo de processo eNil para 0 Brasl. Revista Magister de Direlto Cll © Processuai Civil, Porto Alegre, v.7; 37, jul/ago. 2010, p.95. * Por todos, CARNEIRO, Athos Gusmiio, Da antecipacso de tutela, 6. ed., lo de Janeiro: Forense, 2008, p. 61. 4 BAUR, Fritz, Estudos sobre tutelajurice mediante medidas coutelares. Tradugso de Armindo Eéger taux. Ports Alegre: Fabris, £985, p.103. Para o autor, "0 juz no esté cerceado & opsdo entre deferir 6 provimento que fol requerido ov entBo indefer-a, mas ~ dentro do "limite extremo’ estabelecido pelo drelto material e pelo fim da tutela juridica pretendida pelo autor ~ pode determiner livremente } que tem por necessério para ® seguranga de urna pretensao ou de uma regulaggo transiéria de um estedo-de-colsas". * DIAS, Jean Carlos. Ainda a fungibildede entre as tutlas de urgénci. A stuel posi doutrnéra @ Jursprudencel sobre o tema, Revista Dialeca de Diet Procesual (RODP), N60, mar. 2008, p. 78. Harnonle Arenhart entendem que "Esse novo dlspostvo, patindo da premissa de que difcuidades Como es spontades podem ocorrer, tem por objeto peri que o Jus conceda a necesdra itis Agente no processo de conhetimento, e acs releveo requerimento realizado, quand for nebulosa 2 natareza do tte pastulad, vale dizer, quando or Funded razodvel oequivoco do fe" MARINO, Late Gutherme; ARENHART, Sérlo Cruz. Curso de Processo Civil -Processo de Conhecimento, 7. &, S80 Paulo: Revista dos Tribunals, 2007, . 228. (Grifo dos autores) ® BASTOS, Cristiano de Melo; MEDEIROS, Reinaldo Naria de, Tutelas de urgéncia eo principio da funglblidade como garantia de instrumentaidade e efetividade processual. Revista [OB de Direlto Civil ‘2 Processual CWvi, S80 Paulo, v.11, n.62, nov./dez. 2009, p.126. Até agora, a aplicacdo do principio da fungibilidade foi necesséria, pode-se dizer, imprescindivel. Nao se deve olvidar, entretanto, que os dois institutos séo distintos, Passa-se, a seguir, & andlise da evolucéo das tutelas de urgéncia, nos dias atuais e as perspectives mudangas. 4.1 ASPECTOS CONTEMPORANEOS E FUTUROS DAS TUTELAS DE URGENCIA A preocupagdo com a morosidade da justiga’’ néo é recente, Ndo basta, porém, apenas fazer uma critica 8 atual situacéo. £ preciso compreenséo a respeito do surgimento do processo civil brasileiro, para que se possa refietir e entender as propostas atuais. Acredita-se que, antes de mais nada, seja possivel pensar nos ensinamentos de Miguel Reale: “Opera-se, desse modo, através da histérla, 0 processo de “modelagem juridica” da realidade social, em virtude de sempre diversas e renovadas qualificagfes valorativas dos fatos’. 0 autor, conceituando modelo Juridico, escreve: {uJ em todas as espécles de ciéncias, Néo obstante as suas faturais varlagées, esté sempre ligado a idela de projeto, de planificago légiea e & representaco simbélica e antecipada’ dos Fesultados a serem alcangados por melo de uma sequéncia ordenada de medidas ou prescrigbes. Cada modelo expressa, pois, tuma ordenago ldgica de meios a fins, consttuindo, 20 mesmo tempo, uma preordenagdo l6gica, unitéria e sintética’ de relagoes socials. ® ‘Ainda, n&o fugindo dessa linha de pensamento e atestando a real ligacdo das alteragdes das legislacbes e a realldade e, também, parecendo prever a mutacéo entre privilegiar @ seguranca juridica e 2 celeridade processual, Miguel Reale, complementa: A *modelagem” da experiéncia juridica é feita, portanto, pelo jurista fem contato direto com as relagies socials, como o faz 0 socislogo, mas enquanto este se limita a descrever e explicar as relacbes existentes entre os fatos, em tetmos de leis casuais ou motivacionais, 0 furista opera mediante regras ou normas produzidas segundo 0 processo correspondente a cada tipo de fonte que espelha a solugdo exigida por cada campo de interesses & valores. De uma forma mais especifica, igualmente importante, tem-se a abordagem sobre 0 surgimento e formagtio do Direito Processual no Brasil, encontrada em um. texto de Daniel Francisco Mitidiero. Ele traz as caracteristicas do atual CPC e, Cappellett e Garth afirmaram: "O nove enfoque de acesso & justiga, no entanto, tem aleance muito ‘mals amplo. Essa “tercelra onda'de reforma inclu a advocaca, judicial ou extrajudicial, see por meio de advogados particulares ou pablices, mas vai além. Ei centra sua atenggo no conjunto geral de InsttuigBes e mecanismmos, pessoas e procedimentos ulizados para processar e mesmo preven Aisputas nas sociedades modernas, Nés 0 Genominarnos'o enfoque do acesso 8 justiga por sua abrangéncie”. CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso 4 Justia. Tradusgo: Ellen Grecie Northfieet. Porto Alegre: Sergio Ant6nio Fabris, 1988, p, 68/67. Também preocupado com 9 ‘morosidade da Justica, Watanabe posicions-se no sentido de que 0 acesso “a Justia seria esrespettado se nlo pudessem ser deferidas tutelas de urgéncia, pols & preciso uma prestaclo Jurisconal efetivae total. WATANABE, Kazuo. Assisténcia Judiciéria como Instrumento de Acesso & ‘rdem Juridica Justa. Revista da Procuradoria-Geral do Estado de So Pavia, n. 22, S80 Paulo, Jan/dez,1985, 9.134, 45 REALE, Miguel, Fontes e Modelos do Direto: para um novo paradigma hermenéutico. 2. t. Séo Paulo: Saraiva, 1999, p. 40, % REALE, Miguel. Fontes e Modelos do Direito: para um novo paradigme hermenéutico. 1. ed. 2t, S80 Paulo Saraiva, 1999 p. 40-41. consequentemente, a necessidade de uma reforma de paradigma. O autor ressalte também uma preocupacao, com a qual se compartilha, © CPC de 1973 primava pela seguranga jurfdica, enquanto o projeto no novo CPC tem uma preocupacéo mais voltada & celeridade e & morosidade da Justica.” ‘As tutelas de urgénclas foram pensadas, exatamente, com 0 objetivo de minimizar esse problema, pois néo seria possivel esperar o desenvolvimento de um procedimento demorado, para que, a0 final, o julz desse a tutela jurisdicionel."* Além das tutelas de urgéncia, outras alteragées foram e continuam sendo propostas, com 0 objetivo de eliminar os efeltos que @ morosidade produz e, para isso, esté em tramitagdo um novo Cédigo de Processo Civil brasileiro, © novo cédigo apresenta uma série de alteragdes, quanto as tutelas de urgéncia, ¢ o que se percebe é que todas as alteragdes propostas visam obter uma prestagdo jurisdicional mais efetiva e tempestiva, Humberto Theodoro Junior analisou 0 projeto do Cédigo de Processo Civil apresentou ciiticas & redagio. Destaque-se que 0 proprio autor faz parte da comissdo de juristes que elaboraram o referido documento; entretanto, em razéio da urgénda com que 0 documento fol redigido, 0 autor apresenta os defeitos fexistentes, Dentre outros, o autor critica 0 tratamento processual homogéneo, dado 8 cautelar e & antecipacdo de tutela, O autor critica, especificamente, o Fato de que 0 julz pode conceder de oficio, tanto um, quanto outro instituto, Ele admite que essa seja uma boa previséo para 4 tutela cautelar, mas néo para a antecipada,"” Em sentido contrario ao posicionamento anterior, aparecem Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Francisco Mitidiero. Os autores, ainda interpretando o CPC atual, afirmam que é possivel que 0 julz, “[...] em casos graves e de evidente disparidade de armas entre as partes, contudo, a luz da razoabilidade [...]" antecipe tutela.” ‘Acredita-se na pertin€ncia desse ultimo posicionamento, pois, nele, n&o hd a total ¢ absoluta concordancia de que o juiz, de offcio, defira uma tutela antecipada, mas Isso 6 considerado como possibilidade, em casos excepcionais e com anélise do caso concreto. Daisson Flach, analisando as propostas de alteracéo das tutelas de urgéncia, levanta uma questo interessantissima. Trata-se da proposta do novo CPC, no sentido de estabilizar a decistio concedida em tutela antecipada, com a justificativa de uma maior efetividade da prestacao jurisdicional. Em que pese a importancia da justificativa apresentada, 0 autor questiona: "[...] € possivel atribuir 0 selo da © patidiero conclu: "Ao lado desta estruture, 0 Cédigo Buzald acaba sencdlo um contra 2 realidade social ‘205 diretos proprios da cultura olfocentista, por forca do neutralismo inerente ao Processuslismo @ por ter levaclo em consideragao como referencal substancial o Cédigo Bevilaqua, o que redundow na onstrugdo de um processo civil individualist, patrimonialist, dominado pelos valores da tberdade © Ga segurancs, pensando 8 partir da idéia de dano e vocacionado to somente & prestago de ums futelajurisiicional repressiva, MLTIDIERO, Danial Francisco, O processuallsmo © a formagso do digo Buzald, Revista de Processo, S80 Paulo, v.35, 0.163 , p.165-194, malo 2010, p.193. 4 alvin ensina que 0 poder geral de cautela era o furdamento para 2 postulacso de tutela pretendido, fha busea de uma pretensso do direito do autor, em razBo da morosidade da Justiga. Aos povcos, n= ‘doutrina @ na jurisprudéncie, comeraram a ser concedidas medidas que nBo tinham somente cunho ‘ssecuratirio, preservativo, ras, sim, aquelas que traziam a possibiidade de realizagéo efetive de tim direlto material ALVIM, Arruda. A evolugso do direlto ea tutela de urgéncie, Revista Juridica, Porto Alegre, v.57, n. 378, abr, 2009, p. 33. + Humberto THEODORO JUNIOR, Primeiras abservacSes sobre 0 projeto do novo Cédigo de Processo Civil, Revista Magister de Direlto Civil e Processuai Civ, Porto Alegre, v.6, n. 36, P5-11, ‘malo/Jun.2010, p. 7. % MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Cédlgo de Frocesso Civil, Comentedo art. por art.. ‘S80 Paulo: Revista dos Tribunals, 2008, p.270, imutabllidade a decisies nfo submetidas a0 contraditério sem violago direta & Constituigao” ** © autor lembra que a doutrina, em geral, entende que a tutela oriunda de cognigéo plena e exauriente 6 a que resguarda os principios constitucionais. Ele acrescenta que hé uma preocupac&o doutrindria com o conflito entre a efetividade da tutela jurisdicional e a seguranga juridica, Conclui que permisso de que as tutelas de urgéncia, que so tutelas com cognicéo suméria e juizo de verossimilhanga, produzam colsa julgada merege um estudo mais aprofundado, pols trazem implicagies inclusive constitucionais.”* Fazem sentido as preocupagées do autor, pols 0 projeto estabelece que, defetida a liminar, sem que haja impugnacio por parte do réu e efetiveds a medida, ela se tornaré definitiva, Entende-se, porém, que hé, sim, uma mudanca de paradigma e que 0 valor efetividade do processo fol, para os mentores do novo CPC, mais importante do que a seguranca juridica, Para Lulz Guilherme Marinoni Danie! Francisco Mitidiero, a possibiidade de estabilizacSo dos efeitos da tutela de urggncia € uma “[..] tentativa de sumerizar formal e materialmente 0 processo, privilegiendo-se a cognigéo suméria como melo para prestagéo da tutela de direitos.” ‘Apesar da certeza de que viré uma enorme discusséo doutrindria sobre o tema e das implicagées préticas que a interpretacgo da previséo legal traré, entende-se que a mudanca serd adequada e que, apesar da sumariedade existente, ‘05 prine/pios constitucionals estardo sendo respeitados, pols € possivel a Impugnaco e a propositura da aco principal, com cognicéo plena e exauriente, Haverd, portanto, apenas a necessidade de provocacéo da parte.”* Observe-se, também, que, para que seja possivel a hipétese tratada, ou seja, a postulagdo de uma tutela de urgéncia, deferida sob a forma de uma liminar e a impugnacio, com a propositura de acSo principal posterior, é preciso admitir que a tutela antecipada pode ser concedida com autonomla procedimental Na redagéo atual do CPC, esta autonomia néo existia, em sua literalidade, mas era admitida por parte da doutrina. Nesse sentido, posiclonou-se José Roberto dos Santos Bedaque, para quem “Também no se pode afastar de forma absolute, como se pretende, a possibilidade de a antecipagéo de efeitos da sentenca final ser Fequerida. em procedimento auténomo, antecedente ao pedido de tutela cognitiva”’, A regra era, no entanto, a concesséo da tutela antecipada, no curso do 2 FLACH, Deisson, A estabilkdade e controle das decises fundadas em verossimithanga: Elementos para lima oportuna reescrta, Int ARMELIN, Donaldo (Coord,). Tutela de urgénca e cautelares: estudos em hhomeragem a Ovidlo A; Baptista da Slive, S80 Paulo: Saraiva, 2010, p.308. 2 FLACH, Dalsson, A establidade e controle des decistes fundadas om varossimihanga: Elementos para lima oportuna reescrita, In: ARMELIN, Donaido (Coord,). Tutela de urgéncia e cautelares: estudos em homenagem a Ovidio A. Baptista da Silva, So Paulo: Seralve, 2010, p.310/311. 2 MARINONT, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel Francisco. 0 Projeto do CPC: Criticas e propostas. S80 Paulo: Revista dos Tribunals, 2010, p.2i2. Costa conctutt “A marcha, entlo, segue rumo a uma tutela de urgéacia (e também de evidéncia) tornada cada vez mais auténoma em relacdo aos julzos plendris, com uma crescente sumerizaggo da justiga cll, que, felta de modo a respeltar as garanties processuais (aqui deve resiair a future iscussS0), pode adaptar o processo aus novos tempos e ajudar a superanso da notéria crise em que hos encontramos". COSTA, Guilherme Recena. Entre funglo e estrutura: Passado, presente e futuro {a tutela de urgandia no Brasil, In: ARMELIN, Donaldo (Coord). Tutela de urgéncia e cautelares: {studes em homenagem a Ovidlo A. Baptista da Silva. S80 Paulo: Saraiva, 2010, 675. 2 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutea coutelor e tutela antecipada: tutelas sumérias e de ‘rgéncia (tentativa de sistematizacéo). 4. ed. So Paulo: Malheiros, 2008, p.290. No mesmo sentido, { posiconamento de ALVIM, Eduardo Arruda, Irreversibildade de deciego antecipatéra de tutela & {iteltos fundamentals, Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 105, n. 403, maio/jun. 2009, p.142. processo, e a tutela cautelar é que poderla ser postulada de forma antecedente, preparatéria ou Incidente. Essa distingéo ndo aparece na proposta do novo CPC. Outra preocupagao doutrindria, com pertinéncia, € a de que o novo crc mistura e dé tratamento homogéneo a tutela cautelar e @ antecipatéria. Elas, em realidade, tém requisitos distintos. ‘© projeto do novo CPC generalizou e afirmou que as tutelas de urgéncia dependem, para sua concessao, do “perigo de dano iminente e de dificil reparacdo". Tém razBo Marinoni e Mitidiero, entretanto, quando afirmam que, tecnicamente, ‘esse é um requisito da tutela cautelar e, principalmente, quando criticam a falta de previsdo para as tutelas inibitorias: “é gravissima a sua omiss&o neste particular, Gado que os novos direitos, caracteristicos do Estado Constitucional, requerem de um modo gerai tutela Inibitéria contra o ilicito, independente da ocorréncia de qualquer espécle de danof...J”. **. Esse sempre foi 0 posicionamento de Ovidio 8. da Silva, pera quem a tutela cautelar é temporéria, enquanto a antecipacSo é proviséria, no sentido de que esta itima ser substituida por uma deciso posterior, e a primeira duraré até que perdure a situaco acautelanda’’, Por outro lado, a cautela serd concedida, quando houver 0 perigo de dano iminente ou de dificit reparacéo, logo, 0 perigo pela inutilidade do provimento, Para a concesséo da tutela antecipada basta 0 periculum in mora, ou seja, 0 perigo pelo retardamento do processo. Com base nas distingBes apresentadas, propde-se uma comparagSo entre 0 CPC atual e 0 projeto do novo CPC, no que tange as tutelas de urgéncias ¢ as de evidéncia. 1.2 AS TUTELAS DE URGENCIA NO CODIGO ATUAL E 0 PROJETO DO NOVO Pc, + 0 CPC atual néo faz a distingéo entre as tutelas de urgéncia e as de evidéncla, deixando @ andlise para a interpretacdo doutringria; = 0 projeto do novo CPC separa, claramente, as tutelas de urgéncia cautelar e satisfativas, tratando de hipéteses de tutelas cautelares e satisfativas provisionals e autinomas, sem usar esta ultima terminologia; + OCPC atual tem requisitos especificos para a concesséo de uma tutela antecipada e eles so mals rigidos do que os da cautelar;” +O projeto do nove CPC unifica os requisites para concessdo de todas as tutelas de urgéncia; > MARINONE, Lulz Gutherme; MITIDIERO, Daniel Francisco. O Projeto do CPC: Critieas e propostas ‘S80 Paulo: Revista dos Tribunals, 2010, p.107. 2» SIVA, Ovidio A. Baptista da. Curso de processo cv: processo cautelar (tutela de urgénela), v.3 2.4 Fey, @ atual. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 55. 2 SILVA, Ovidio A. Baptista da. Curso de processo civil: processo cautelar(tutela de urgBncla), v.3 2.ed. rev. e'atba, Rio de Janeiro: Forense, 1998, p.41. pata Takol "Hé evidentemente casos concretos ‘moldados’ para a aplicagao direta da fel, em que & SubsungBo do fato & norma pela Interpretaglo do julz 6 imediata; mas em casos difceis 6 cabivel falar-se em alternativas jurisdcionsls possivels, sempre com o auxlio do principio da proporeionalidade, @ com vistas ao fundamento maior de nosso Estado de Direlo, que ¢ a dignidade a pessoa humans. TAKOI, Sérgio Massaru. Principio constitucionals, tutela antecipada @ = proporcionalidade. Revista Dialatica de Direito Processual (RDDP), S60 Paulo, Distétic n.61, abr. 2008, p. 115. = No CPC atual, a cautelar pode ser postulada de forma antecedente, preparatéria ou incidental, e a tutela antecipada, no curso do processo, embora j4 houvesse alguns posicionamentos doutrinérios admitindo a postulaggo em separado; = 0 projeto do novo CPC permite, cleramente, a autonomia procedimental dos dois tipos de tutelas, sem distingéo; + No CPC atual, concedida a tutela acautelatéria ou antecipatéria, ela poderé ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, no curso do proceso; + No projeto do novo CPC, concedida a tutela de urgéncia, em sentido geral, e ndo havendo impugnagio da concesséo da liminar e a consequente propositura da ago principal, no prazo legal, haverd estabilizagéo da decisio, Essa establlizacao sé sera afastada, se for prolatada decisdo favordvel, em ago ajuizada por qualquer das partes, para esta finalidade; + A partir da interpretaco do CPC atual, a doutrina admite a concessiio de offcio da referida tutela; + No projeto do novo CPC, hé autorizacgo expressa para que, em casos excepcionals, o julz conceda, de oficio, as tutelas de urgéncia: cautelar e satisfativas; + 0 CPC atual é omisso quanto & tramitacdo prioritéria dos processos com postulagéo de tutelas de urgéncia; + Oprojeto do novo CPC prioriza a tramitagéo das tutelas de urgéncia. 2 TUTELA DE EVIDENCIA ‘Apesar de no constar, expressamente na legislago atual, a referéncia & tutela de evidéncia, como aparece no projeto do novo CPC, a doutrina percebeu a distinggo entre uma tutela de aparéncia e uma de evidéncia. Ha muito se discute a questiio da morosidade da justica e a implicagéo disso nna atuago do Estado, no momento de resolver os conflitos. © Estado proiblu a autotutela, mas no'esté sendo capaz de dar uma prestagéo jurisdicional tempestiva, efetiva. ‘Como referido anteriormente, as tutelas de urgéncia servem para minimizar problemas decorrentes dessa demora, Ao lado das cautelares, aparecem situacbes em que 0 Direito se mostra com um grau de probabllidade tdo elevado, que se torna evidente. Hé, por vezes, como demonstré-lo de pronto, e 0 julz, ao acolher o pedido de uma liminar, em algumas hipéteses, até decide de forma que os efeltos se tornam irreversivels. Existe consenso, na doutrina, no sentido de que, em uma hipétese como a descrita acima, seria’ injusto que houvesse 0 mesmo tratamento de uma tutela apenas aparente. A luz do cbdigo atual, essa percepcio Jé existe, sendo que ela ficou expressa com a proposta do novo CPC. A doutrina entende como denegagéo de justia nfo dar um tratamento diferenciado & tutela evidente, pois, certamente, haveria 0 sacrificio do autor, com © tempo do processo. 20 FU, Lui, Tutele de Saguranca e Tutela de Evidénca (fundamentos da tutela antecipade). S&o Paulo: Saraiva, 1996, p. 32%. Fazendo uma anélise doutrinéria, é possivel perceber que foram diversas as formas de abordagem da tutela de evidéncia. Constata-se que existiram muitas tentativas de encontrar os elementos que caracterizam, expressamente, a tutela de evidéncia; porém, quando se faz um confronto com as posigées doutrindrias e os exemplos oferecidos, percebe-se que, ora os autores falam de uma evidéncia, que apenas difere da aparéncia, ora falam de um grau de evidéncia tao elevado que beira & certeza do processo. Diante dessa situag&o e do confronto com 0 novo projeto do CPC, que traz uma proposta ainda diferente, passa-se, agora, & analise do conceito e a'sua evolucao. 2.4 A FLEXIBILIZACAO DO CONCEITO DA EVIDENCIA Quando entrou em vigor a atual redacao do art. 273, a doutrina preocupou-se ‘em tragar as distingbes entre as cautelares e a antecipagéo de tutela. Um aspecto salientado fol, exatamente, 0 relativo & diferenca entre o direlto aparente € 0 evidente. A medida acautelatéria deveria ser deferida, quando o direito fosse aparente e a tutela antecipada, em caso de direlto evidente, Para a concesstio de tutela com base em direito evidente, o julz deve observer 0 grau de probabilidade de existéncia do direito afirmado pelo autor & exigir dele a prova da verossimilhanga da alegaio. Esses so requisitos para a concessio de uma tutela antecipada, prevista no art. 273 do CPC. Essa técnica implica em dar &5 partes um equilibrio no processo, pois, se 0 direito do autor mostra-se evidente, ndo hé porque penalizé-lo com a demora para receber a tutela jurisdicional. A justificativa para o deferimento da tutela de evidénda, sob a forma de uma liminar, 6 o tempo dilatado do processo e a busca pela efetividade da tutela jurisdicional. Ovidio A. Baptista da Silva ensinou que, se a tutela fosse evidente, néo adiantaria oferecer a mesma protegio estatal dada a tutela de simples aparéncia, Como a cautelar. © autor exemplifica com a acéo de mandado de seguranca. Fle afirma que, como 0 direlto, nesta aco, € postulado,com base em direlto liquido certo, o Estado deve dar uma resposta mais efetiva, *! Luiz Fux, inicando a abordagem sobre o direlto evidente, cita como exemplos: 0 “[...] direito liquido e certo que autoriza a concesséo do mandamus ou 0 direlto documentado do exeqdente”.” Posteriormente, 0 mesmo autor pondera “[.] no exclulr a tutela da evidéncia qualquer que seja a pessoa juridica, quer de direito pablico, quer de direito privado.”” Lutz Fux esclarece 0 que um direito evidente, da seguinte forma: [uJ demonstrével prima facie através de prova documental que o Consubstancie liquido e certo, como também o é o direito assentado fem fatos incontroversos, notérios, 0 direlto a coibir um suposto atuar do adversus com base em ‘manifesta ilegalidade’, o direito caleado em questdo estritamente jurfdica, o direito assentado em fatos confessados noutro processo ou comprovados através de prova emprestada obtida sob contraditério ou em provas produzidas SILVA, Ovidio A. Baptista da, Curso de processo civ: processo cautelar (tutela de urgéncia), v.3 Deed, rev. @ atual, Ro de Janeiro: Forense, 1958, p. 61. » FUX, Luiz, Tutela de Segurance e Tutela de Evidéncla (fundamentos da tutele antecipade), So Paulo: Saraiva, 1996, p. 205. © FUX, Luiz, Tutela de Seguranca e Tutela de Evidéncia (tundamentos da tutele entecipada), So Paulo: Saraiva, 1996, p. 310 10 antecipadamente, bem como o dlrelto dependente de questo prejudicial, direlto calcado em fatos sobre os quais incide presungéo jure et de jure de existéncia em direitos decorrentes da ‘consumago de decadéncia ou da prescrigdo. * © mesmo autor, discorrendo sobre o tema da evidéncla, em rodapé explicativo, afirma: “f...) evidéncia é um critério a frente da probabilidade”, Efetivamente, as hipéteses descritas permite 0 deferimento de uma tutela com um grau de probabilidade téo alto que beira a “certeza”. Rafael Augusto Paes de Almelda afirma que probabilidade € menos que certeza e mals que verossimilhanca™”. Assim, os direitos evidentes, apresentados pelo autor, s80 provévels e, como afirma Plero Calamandrel, passives de serem provedos. Luiz Fux afirma também que, quando o direito for evidente, o julz pode conceder a tutela liminarmente © que, em alguns casos, o legislador fixou presungio legal de evidancia do direito. O referido autor exemplifica: “[...] quando a lesdo posse data de menos de ano € dla, e 0 ditelto & posse, assim evidenciado @ lesado merece protecgo imediata”.”® Constata-se, pelo exemplo, que 0 nivel de evidéncia, do caso da agéo de reintegracéo de posse, é diferente dos demals exemplos, na medida em que se distancia da liquidez e certeza. Como referido anteriormente, a concesséo de uma liminar, nesse caso, pode ser deferida com base em prova testemunhal produzida em audiéncia de justificagio e ndo, necessariamente, em prova documental. Por outro lado, nos exemplos do mandado de seguranga e de execucéo, 0 direito serd liquido e certo, ea prova sera, estritamente, documental. Afirma Luiz Fux que a “[...] evidéncla sugere sumariedace ‘formal’, como pretendem alguns, vale dizer: procedimento comprimido, que pode ordinarizar-se conforme considere ou néo evidente o direito alegado”, Mais adiante, ele completa: *Repita-se: @ liminar, in casu, & deferivel mediante cognig#o exauriente, decorréncia mesmo da evidéncia, diferentemente do que ocorre nos juizos de aparéncia (fumus boni jdris) peculiares & tutela de urgéncia cautelar ou de seguranca”. *” O autor exemplifica com a seguinte hipétese: Imaginemos, por exemplo, um caso pritico que nos foi dado examinar. Um cidadio adquiriu Imével mobiliado, por escritura poblica, tendo pago o preco adiantado no ato da escritura, conforme > FUX, Luz. A tutela dos Direltos Evidentes. Jurisprudéncia do Superior Tlaunal de Justiga. Disponivet fem?" chttp:/fodjur.s0.ov.br.> .Acesso em: 10,mar2011, 08. 2 FUX, Luiz, A tutela dos Diretes Evidentes. Jursprudéncia do Superior Tribunal de Justice. Disponivel fem; , Roasso em: 10.mar..2011, p5. °% ALMEIDA. Rafael Augusto Paes de. A cognigo nas tutelas de urgéncia no processo civil brasileiro, Jus hravegandl. Disponivel em: , Acesso em 11.mar.2011. Calamandrel traca a distinglo entre possjlidade, verossimilitude e probablidede, dizendo: *Possivel Go que pode ser verdadelro; verossimil 6 0 que tem aparéncia de ser verdadeiro. Provével seri, ‘imologieamente, o que se pode provar como verdadeire [..". 0 autor prossegue: * Quem diz que © {ato ¢ verossiml, estd mais proximo a reconhecé-lo verdadero que quem se limita dizer que & possival; © quern diz que é verossiml, j8 que va (si) além da aparéncia, e comeca a admitir que hé ‘roumentos pare fezer crer que & aparéncie corresponda a realidade. Mas trata-se de matizes paleologicas que cada julgador entende de seu modo.”, CALAMANDREL Piero. Direito Processual Civil iI, Traducdot Lulz Abezia e Sandra Drina Fernandes Barbery. Campinas: Eookseller, 1999, p. 276. 5 FUX, Luiz, A tutela dos Dirotos Evidentes. Jrisprudéncia do Superior Tribunal de Justica. Disponivel ‘em; http: //oajur.st.gov.br.> Acesso em i0,mar.2011, p.18. 3 FUX, Luiz. Tutele de Seguranga e Tutela de Evidéncla (fundarmentos da tutela antecipada), S80 Paulo: Saraiva, 1936, p. 310. " levrado pelo notério. Sessenta dlas apés aguardar a mobilia em seu imm6vel, Ingressou em julzo alegando que, por forsa do negécio pago adiantadamante, desfizera-se de todos os seus mévels de seu imével, por Isso’ encontrava-se em dificuldades, sem dispor de uma residéncla mobiliada conforme o pactuado e quitado. 0 juizo civel deferiu uma liminar satisfativa, determinando a colocagdo de toda a mobili no prazo de cinco dias. ImpBe-se esciarecer que 0 comando restou cumprido. * No exemplo em que 0 autor postula a entrega dos méveis comprados, o deferimento da liminar ocorreu com base em evidéncia do direito do autor, evidéncia essa demonstrada pela prova documental (escritura), mas discorda-se que a cognic&o realizada tenha sido exauriente. Entende-se que ela fol suméria, embora, no caso concreto, tenha, ao final, produzido o mesmo efeito de uma tutela definitiva. No momento do deferimento da tutela antecipada, o juiz baseou-se em um documento, que tinha de pronto a presuncao de veracidade, pois foi elaborado por um oficial pablico. A presungSo, entretanto, é apenas relativa. Para a concesséo da liminar, a questo da validade do documento néo fol examinada, pois no havia se estabelecido, ainda, 0 contraditério. Hipoteticamente pensando, porém, pode-se imaginar que seria possivel, diante de outra situacdo concreta similar, postular a anulagéo da escritura. Deferida a tutela antecipada, contudo, sob a forma de uma liminer, 0 julz, depois de examinar toda a prova € permitir a bilateralidade da audiéncia, prolataré uma sentenca mantendo ou revogando a tutela concedida, Prolatada a sentenca, af sim, a tutela seré exauriente, A distingfo no & facil, porque, mesmo sendo uma tutela de evidéncia e tendo sido deferida com cognicao n&o aprofundada, o resultado final serd de tutela definitiva, pois, por ser uma hipétese de tutela satisfativa auténoma, houve 0 esvaziamento do contetido da sentenca. Uma futura sentenca de procedéncia, rigorosamente, sé serviré para determinar arquivamento do felto. No mesmo sentido do posicionamento de Lulz Fux, aparece Luiz Guilherme Marinoni, que admite a possibilidade de deferimento de tutela urgente, com cognig&o exauriente, com sumariedade s6 formal e néo material. Teor! Albino Zavascki diverge dos autores mencionados anterfomente e afirma que a liminar de uma ag&o de mandado de seguranca é tutela satisfativa, mas & deferida com cognig&o suméria. *E no mandado de seguranga ~ para citar caso de tipico proceso sumério - 0 julzo sobre a liminar é de cognigo suméria, assim considerada porque menos aprofundada que a cogniggo - que é exaurlente - prevista para a sentenca definitiva”. Zavascki explica que néio hd como confundir cognicéo suméria e processo sumério: (© processo sumério de conhecimento 6 auténomo, porque gera prestago jurisdicionat definitiva, de cogni¢go exauriente (embora, como se fez ver, no absoluta), apta a produzir coisa julgada ‘material, A cognicso suméria é prépria de tutela jurisdicional ndo auténoma, de caréter temporério, Inapta a formar coisa julgada material, sempre relacionada 2 uma tutela definitiva & qual serve. Nos processos sumérios hé cognig8o exauriente, embora limitada & natureza da situago controvertida ¢ da reduc ~ horizontal ~ do objeto cognoscivel. E 0 concelto de ‘cognig#o suméria’, nos © FUX, Luiz, Tutela de Seguranca e Tutela de Evidéncla (fundamentos da tutela antecipada). So Paulo: Saraiva, 1996, p. 306/307. 2 processos sumérios, também hé de ser buscado tomando-se por referencia a peculiar cognigéo exauriente que nele se exercita. © autor admite que a cognic&o sumédria estd presente na tutela proviséria & enseja a julzos de probabilidade, verossimilhanga, aparéncia, fumus boni juris. Ele afirma, porém, que existem situacdes que excepcionam esta regra, em razso da urgéncia."' Segundo Zavasckl, estas tutelas podem ser definitivas, mas séo deferidas com base em cogni¢&o no exauriente. Ele exemplifica: Imagine-se a hipétese em que a eutoridade alfandegéria se nega a Iiberar a entrada no Pais de determinado cavalo de race, destinado a uma exposicdo de animals a ocorrer nos dias Imediatos, sob ‘legacio de que 0 animal deve ser previamente submetido a exeme pelos técnicos sanitérios que, entretanto, se acham em greve por prazo indeterminado. Provocado por mandado de seguranca, estara © julz dante de situacdo em que, qualquer que seja sua deciso liminar teré, do ponto de vista da satisfacdo do direlto, carster definitive: negada a tutela "proviséria’, o animal nto poderd participar da exposicSo, sendo absolutamente indtil a tutela Gefnitva; se ocorrer 0 contrério, ou seja, deferida a liminar, liberado 0 ingresso do animal no Pais, onde participou do evento e, {quem sabe, até }4 retornou ao Pals de origem, a sentenca definitiva J no teré qualquer razdo de ser. Percebe-se, pelo exemplo apresentado, que, no caso concreto, a tutela satisfativa com efeito definitive precisava ser deferida ou nSo com urgéncia, pois a hipétese €, como afirma Athos Gusmao Carneiro, de “irreversibilidade reciproca’.”” Portanto, no momento da concessdo da liminer, a cognig&o realizada fol suméria e ‘com a sentenca final. Mesmo que o processo tenha sumariedade formal, a cognicéo seré exauriente, Percebe-se que o julz nao pode ter deferido esta tutela de evidéncla, com ‘uma cognico exauriente, pois, no momento da concessdo da liminar, ele ainda nao dispunha de todos os elementos para former a sua convicgéo. Admitir essa possibilidade seria ir de encontro aos principles constitucionais do contraditério e da ampla defesa © exame néo havia sido feito no animal; fogo, a sua cognicgo foi apenas suméria, Em raz&o da urgéncia, o juiz, dante da evidéncia do direito do autor, teve Que usar o principio da proporcionalidade. Se em geral, porém, hé reverséo fatica, no caso concreto, a tutela concedida teve efeitos irreversiveis. Trata-se, portanto, de mais uma hipétese de tutela satisfativa auténoma. © préprio ministro Lulz Fux afirmou que 0 CPC atual tratou de hipétese de tutela de evidéncia e admite a tutela antecipada, com base em cognicéo suméria, © ZAVASCKI, Teori Albino, Antecipagio da tutela. 7. ed, So Paulo: Saraiva, 2009, p. 33. * ZAVASCKI, Teor Albino. Antecipago da tutela, 7. ed. SBo Paulo: Saraiva, 2009, p. 34. Eduardo Righi, tnalisando a ireversiblidade dos efeitos da tutela antecipads, & luz da Constituigdo Federal, conclu: "as tutelas entecipatérias que podem vir a ser Foticamente ireversivais enquadram-se nos chamados “casos extremos’, em que o confito entre seguranca e efetvidade 6 tBo profundo que apenas um doles poders sobreviver, J8 que a manutencdo de um Importaré o sacrifcio completo do outro. Logo, tome-se essencial o emprego do principio da proporcionalidadey...J". RIGHI, Eduardo, Tutslas de urgnela @ efetividade do processo. Revista Forense,Rlo de Janeiro, v.105, n.d01, p-151-186, jan,ffev. 2008, p. 158. © Para Carneiro, “E que em multos casos, realmente, ocore a ‘ireversibiidade reciproca, ou Soja, 2 nnegativa da sntecpagso 6 igualmente suscetivel de ocasionar 0 perecimento do alegado direito do ‘demandante, ou dano maior e irreversivel as suas pretensGes do que benefico ou vantagem a0 ‘demandado". CARNEIRO, Athos Gusmio, Da antecloacfo de tutela, 6 ed., Rio de Janeiro: Forense, 2005, p88. B no caso do Inc, 1 do art. 273“. 0 autor responde a critica a utilizagzo de cognicgo suméria para concesséo de tutela satisfativa. Afirma que isso no se aplica para a tutela de evidéncla, pois a cognigo € exauriente; portanto, néo hé porque ‘questionar a constitucionalidade, Luiz Gultherme Marinoni relaciona a situag&o de aparéncia @ a de'evidéncia & produgéo de provas. Quando n&o se pode, de pronto, produzir uma prova documental, a situaco ¢ de aparéncia; por outro lado, quando for possivel a referida prova, a tutela seré de evidéncia © autor esclarece: Quando os fatos néo podem ser evidenciados independentemente de instrugo probatérie, ou seja, quando as afirmagies dos fatos ino podem ser demonstradas através de prova documental anexa & petigo iniclal, estamos diante de uma situago de aparéncia. A Situago de aparéncia, quando ligada a uma situagso de perigo, portanto, é que legitima a tutela urgente de cognigéo suméria. A situagdo perigosa indica a necessidade de uina tutela urgente, mas % a aparéncia que conduz & tutela de cognicSo sumétia, Esta tutela ‘de cognicdo suméria, realmente, pode ser satisativa ou cauteler, conforme o caso. Mas pode acontecer que a necessidade da tutela lurgente se compatibilize com a cogniglo exauriente. Ou seja, em determinadas hipéteses, tfo somente a sumariedade formal é suflclente para tornar eficaz a prestagéo jurisdicionel. Uma conclustio que se pode tirar dos ensinamentos do autor é no sentido de que, além dos diferentes niveis de evidéncia, algumas vezes a tutela de evidéncia ¢ deferida em uma situagSo que demanda urgéncia, Em outras vezes, dispensa-se este requisite. O autor afirma, e com razdo, que quando a aparéncia estiver ligada 2 urgéncia, a tutela seré deferida com cognigao sumaria, Entende-se, realmente, que existem situagdes em que a tutela é de evidéncia, que, em havendo necessidade de deferimento da tutela, sob a forma de liminar, ha necessidade da prova documentai, como ocorre, por exemplo, no mandado de seguranga. Aliés, 0 mandado de seguranca, assim como uma agao de execu¢do, tem um procedimento sumdrio documental, pois nele nfo é permitida a produgao de outro tipo de prova. Na maior parte dos exemplos de tutelas antecipadas, onde o direito deve ser evidente e n&o simplesmente aparente (como na cautelar), a prova pode ser documenta! ou de qualquer outro tipo. Torna-se, claro, que 0 conceito de evidéncla * utilizado agora é no sentido amplo, sem ponderar as diferencas de niveis.“° “+ FUX, Luiz. A tutela dos Diretes Evidentes. Jursprudéncia de Superior Tribunal de Justia. Disponivel fem: http: odjur-st}gov.br.> Acesso em i0.mar.2011, p.1S. Por outro lado, divergindo deste posiconarnento, aparecem Galeno e Oliveira, quando afirmamn: "Por exceso, pode ser dispensada = {utela antecipada depois de realizada a instruZo, ou na hipétese do art. 273, I, em que 0 67980 jildidal, especialmente o de segundo grav de jurisdicSo, verificar manifesto propésito protelatério de {uslquer das partes, portanto jd se tom vericado cognicSo plena # exauriente". LACERDA, Galeno; OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de, Comentirios 20 cbdigo de processo civ, 3 ad.. Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. VII, tI, p19. ‘© MARINONI, Luiz Guifherme. Tutela Cautelar e Tutela Antecipatéria. S80 Paulo: Revista dos Tribunzis, 1994, p83. “ Lacerda @ Olivera, referindo-te 20 incso I do art. 273 concll: “A cogniSo, portanto, continua sendo incompleta, nao exauriente: nada Impede, por exemplo, venta a ser provado no curso do processo ‘que determinada alegagao face, a principlo considereda evidente, nfo corresponda exatamente & fealidade, Mesmo a prova documenta inito Its nBo retira& cognigéo prima facie, exercida na tutele ‘antecipada, a sun condigso de suméria, pols continua a trabalhar com a aparéncia, einda sujette 20 Crivo do contraditério, e8 instrugSo poders demonctrar a falsidade do elemento que servria de base ‘onviego inkcial do éroo judicial” LACERDA, Geleno; OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de. Comentérios 20 Cédigo de Proceso Civ, 3. ed...Ro de Janelro: Forense, 1998, v. VII, til, p.18 Se for considerado 0 fato de que a tutela antecipada nem sempre 6 deferida sob a forma de uma liminar, a concluséo retro fica cristalina. Quando a tutela for deferida liminarmente, pode, por exemplo, ser realizada uma audiéncie de Justificagéo para o deferimento da liminar, Nesse caso, seréo ouvidas as testemunhas do autor, e pode a tutela ser antecipada, com base nesta prova. & 0 que ocorre nas agbes possessérias. A tutela de evidéncia pode ser provisional - como, ein regra, acontece com as antecipages - ou aut6noma. Athos Gusmao Cameiro, analisando o risco de perecimento do direlto e a irreversibilidade da tutela antecipada, cita muitos exemplos de tutelas satisfativas auténomas, ou seja, tutela que, uma vez deferidas, terao efeitos irreversivels, Na sequéncia, 0 referido autor, conclui que “[...] agdo auténoma adequada aos casos de urgéncia urgentissima, suméria no rito e sumdria na cogni¢éo, mas com eficacia satisfativa plena (por certo, através de sentenga nado causadora de coisa julgada material)”, “”. Os exemplos apresentados por Athos Gusméo Carneiro s&0 tipicos casos de tutelas satisfativas auténomas, como as agées em que o autor postulava a liberacdo dos cruzados confiscados no plano Collor ou @ transfuséo de sangue, no autorizada por motivos religiosos Os dois exemplos merecem também uma anélise. Quando foram propostas as ages para a liberacdo dos cruzados - naquela época, chamadas de cautelares auténomas, pois tudo que era de urgéncia era cautelar ~, 0 pedido de concess&o da liminar era’ feito com base no perigo pela demora do processo. Seria impossivel esperar a tramitacéo de um processo, com procedimento comum, e aguardar a deciséo sobre se o valor deveria ou néo ser liberado, diante de obrigacbes assumidas ou necessidades urgentes do autor. Demonstrada a necessidade e diante do risco pelo retardamento do processo, 08 juizes concediam a liminar e, consequentemente, tudo que pretendia o autor, ou melhor, © dinheiro. Liberado o valor, nao havia mais o que fazer. A sentenca de procedéncia, em sintese, servia para determinar 0 arquivamento do proceso. Nesse momento, cabe langar as perguntas sobre os exemplos antes citados: que tipo de cognigéo realizava o julz? A tutela era de aparéncia ou de evidéncia? ‘A cognig&o, no momento da concesséo da liminar, era suméria"*, mas produzia efeitos definitivos. A tutela era de evidéncia, certamente, mas havia 2 urgéncia, pols o autor corria risco de dano, decorrente do tempo do processo e nao resultaria a Inutilidade do provimento para resguardar o direito da parte. No exemplo da transfusdo de sangue, o julz defere a liminar e os efeitos féticos seréio também irreversivels, H4 evidéncla para a concesséo da medida, e a cognigio realizada é também suméria, A tutela fol deferida em razio da urgéncia € com consequéncias ainda mais graves e que pesam na deciséo do magistrado. Repita-se, apesar disso, como haveré irreversibilidade da situac&o fatica, aquela decisfo, deferida sem uma cognigo mais aprofundada, assume o caréter definitivo e produz 0 mesmo resultado de uma tutela que tivesse permitido, antes de sua concess&o, todo o contraditério. © CARNEIRO, Athos Gusmio. Da antecipacio de tute, 6. e., Rlo de Janeiro: Forense, 2005, p.86 “ Seria poselvel equiparar esta hipétese aquelas que Kazuo Watanabe chama de plena e exauriente ‘secundum eventum probationls, mas £8, para se tomer exauriente, depende da produslo de proves, porque, no momento da concessao dela, ela era suméria (n80 completa). WATANABE, Kazuo. Da Cagnigdo no Processo Chil, 3 ed. S80 Pauio: Sarelva, 2005, p.128. 15 Observe-se que, em um primeiro momento, 2 doutrina ora inclula a hipétese de evidéncia, nas tutelas de urgéncia, ora a exclufa dessa hipétese. Por exemplo: Ovidio A. Baptista da Silva quando fez a referida distincao, abordou o tema dentro do capitulo da tutela urgente satisfativa auténoma e conclulu: No havendo, todavia, urgéncia que impeca a observancia da bilateralidade ‘da audiéncia, no seré legttima a concessio de liminares satisfatives e de efeitos irreversivets, sem que se estabelega 0 contraditério regular, mesmo que o direlto se mostre desde logo evidente ao magistrado. Os exemplos e as posiches doutrinérlas analisadas permitem que sejam langadas algumas concluses parcials, quanto & modificaco do conceito de tutela de evidéncia, A tutela de evidéncia era vista em um sentido mals amplo, pare distinguir 0 grau de verossimilhanca que o magistrado tem que analisar, no momento de conceder uma tutela acautelatérla ou antecipatéria. Portanto, adota-se, até aqui, o posiclonamento de que nem toda tutela de evidéncla decorre de direlto liquide e certo, e que nem sempre é absolutamente necesséria @ produgio de prova documental, para o deferimento da liminar e, ainda, que a cognigéo exercida para a concesséo das liminares, com base em direito evidente e urgente, & sumaria, Admite-se, Igualmente, que existem situagées de tutela evidente, sem urgéncia e com cognigio exauriente. Nao hd como fechar um conceito de tutela de evidéncia e ligd-lo sempre a direito liquido e certo, que demanda da produc&o da prova documental. Os diversos exemplos apresentadas pela doutrina e que acabaram de ser analisados demonstram Isso, pols so deferidos com base nao em simples aparéncia e tampouco em certeza. 2.2 TUTELA DE EVIDENCIA PROVISIONAL OU AUTONOMA Acredita-se que o ponto de partida das discusses seja a prépria compreens&o da evidéncia de um direito. Ela pode ser determinada por niveis diversos e néo apenas quando 0 direito for liquido e certo. © direlto é evidente, quando tiver um grau de probabilidade elevado e por ser mais do que verossimil. Ele pode ser demonstrado, através de qualquer meio de prova e ndo somente @ prova documental. Entretanto, existem situagdes em que, 0 direito evidente pode exigir de pronto, a referida prova, como € 0 caso dos procedimentos sumarios documentais. & mais do que a simples aparéncia do direito, prevista para as cautelares. Algumas vezes, supera a “verossimilhanga” exigida pelo art. 273 do CPC, para a concessio da tutela antecipada. © direito evidente pode ser deferido sob a forma de uma_liminar, antecipando-se, assim, efeitos da provével sentenca de procedéncia. Pode, inclusive, em sendo antecipado, ser capaz de resolver todo 0 mérito, mesmo que tenha sido deferida inidalmente, com base em cogni¢&0 no aprofundada. Para a concesséo da liminar, o juiz teré que se basear em alguma prova documental ou documentada, anexada a petic#o inicial ou com base em prova produzida antes da resposta do réu, dependendo do nivel de probabilidade. Essa prova & que dard a ele, o grau de probabilidade, necessério para o deferimento liminar. © SILVA, Ovidio A. Baptista da. Curso de processo civil: processo cautelar(tutela de urgéncia), v.23 2.0d., rev. &atual. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 75. 16 Para deferimento da tutela antecipada, durante 0 processo, 0 julz poderé se valer de melos de provas, diversos da prova documental, como, por exemplo, a pericial @ a testemunhal.. A liminar concedida, a partir de um direito evidente, pode ser uma medida provisional ou uma medida auténoma. A primeira produziré efeitos faticos reversivels, 6 proviséria e seré substituida pela decistio final, que teré cognico exauriente. A segunda tera efeitos irreversivels, definitivos e antecipard, de forma ‘total, 0 que fol postulado, A medida antecipatéria do direito evidente,no entanto, no momento de sua concessao, teré cognigao suméria. Se no for admitida esta concluso, o julz estaré diante de uma hipétese de julgamento antecipado da lide. Quando o julz, em uma ago de reintegracéo de posse, concede uma liminar, na aco de forca nova, ele defere 2 medida com base em evidéncias de que houve ‘0 esbulho possess6rio e a perda da posse; logo, que o autor tinha a posse. Essa decisio é passivel de reverso fatica. A posse que fol dada ao autor, no inicio do processo, poder ser devolvida ao réu. A deciséo pode ser cassada ou modificada, durante todo 0 processo, e poderd ser mantida ou rejeitada, na sentenga final. Por outro lado, quando o julz determina a realizacSo de uma transfusdo de sangue ou a libera¢éo dos animals, para a exposicio, os efeitos faticos sergio irreversivels, mesmo que deferidos sob a forma de uma liminar. A tutela ¢ de evidéncia e é satisfativa auténoma. ‘Assim, pode-se se afirmar que a evidéncia enseja @ concessiio de todas as tutelas anteclpadas, com diversos nivels de probabilidade, podendo ter efeitos féticos reversivels ou no, dependendo do caso concreto. 2.3 TUTELA DE EVIDENCIA ~ URGENCIA E RISCO DE DANO. utra questéo que envolve uma maior complexidade € a existéncla de urgéncia ou de risco de dano, nos casos de tutela de evidéncia. A luz do atual CPC, 2 doutrina examinou esta questo e, pelo projeto do novo CPC, o legislador posicionou-se no sentido de excluir os casos de evidéncia dos casos de urgéncia. Iniciatmente, & preciso néio esquecer que existem dois tipos de perigo de danos. © perigo de dano iminente e irreparavel, que € elemento do conceito da cautelar, porque gera a possibilidade de néo realizagio do direito afirmado pela parte e, também, 0 perigo que decorre do tempo do proceso, ou seja, da demora do processo.”" Esse tiltimo perigo est vinculado &s tutelas antecipatérias, que, por sua vez, so deferidas, como j4 mencionado, a partir de evidéncias e néo de simples aparéncia. E possivel que haja antecipacdo de uma tutela de evidéncla com risco de dano ‘ou sem risco de dano, Os exemplos examinados mostraram que, em alguns casos, © perigo de dano estava presente e eram situagées de urgéncia. ‘0 dano previsto decorre da impossibilidade de o Estado dar uma tutela cfetiva, tempestiva. Para no prejudicar o autor e néo Ihe causar danos paralelos, 2 tutela é autorizada. So as tutelas deferidas, com base, por exemplo, no Inciso T do © apesar de constar expressamente do inciso primero do art. 273 do CPC, 0 perigo de dano Iminente © irrepardvel, como requisto para concessBo da tuteleentecipaca, entende-se, concordando com Silva fe Marinon|, ue ele, na verdade, & um dos elementne da tutola Cautelar. O dano que surge na tutela antecipada decorre do tempo do processo. SILVA, Ovidio A. Baptista da, Curso de processo civ: processo cautelar (cutela de urgéncia), v.3 2.ed,,rev.e atual. Rio de Jeneiro: Forense, 1998, p. 41. MARENONS, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil -Processo cauteler. 2. ed, v. 4, Sf0 Paulo: Revista dos Triburas, 2007, 9.28. 5 SILVA, Ovidlo A. Baptista da. Curso de processo cli: processo cavtelar (tutela de urgéncia), v3 2.ed,, rev. € atual. Rl de Janeiro: Forense, 1998, p. 41. 7 art. 273 do CPC. Nestas situagdes, o autor recebe de pronto, 0 que receberia no final do processo, se o pedido fosse julgado procedente. Aigumas vezes, isso ocorre com efeitos reversivels; em outras, com efeitos definitivos. Existem hipdteses, porém, em que o perigo de dano néo existe e que a urgéncia ndo é um elemento determinante. A primeira é a prevista no inciso IT do art, 273 do CPC, que estabelece: *- fique caracterizado 0 abuso de direito de defesa ou o manifesto propésito protelatério do réu". Luiz Gullherme Marinoni e Daniel Mitidiero afirmam que “[...] essa tutela antecipatéria independe de perigo de dano. Baseia-se simplesmente na maior evidencla das alegacbes da parte autors quando comparadas com as alegagies da parte ré”. Teori Albino Zavascki, analisando o abuso de direito de defesa, conclui que as hipoteses de incidéncia so raras. Ele justifica, dizendo que o juiz pode ter poderes para impedir esses abusos, com base nos art, 125 e 130 do CPC. O autor afirm. Desse modo, 0s casos de abuso de direito de defesa podero ser prevenldos ou superados, no geral das vezes, ou pelo indeferimento de providéncias Impertinentes ou pela técnica do. julgamento antecipado da lide, que tornaré desnecessaria a antecipacao™ Quando o juiz entende que houve abuso no direito de defesa, significa que a defesa foi absolutamente infundada. H4, por parte da doutrina, uma divergéncia quanto a necessidade ou ndo de que o juiz encontre esta hipotese, apds a contestagio. ‘Segundo alguns, sé assim o juiz poderia concluir abusiva a defesa. E o caso de Daniel Francisco Mitidiero, que diverge de Cassio Scarpinella Bueno, pois, para 0 primeiro, para que ocorra a hipétese de procrastinacao, hd obrigatoriedade da manifestagdo do réu. Para o segundo, é possivel que ocorra tal hipétese, Independentemente de o réu ter se manifestado no proceso. °° Mitidiero conclul que a previstio do art, 273, II “f..] constitu sede normativa para tutela antecipatéria fundada na evidéncia da posicéo juridica de uma das partes e cujo pressuposto de aplicagso reside na auséncia de defesa séria articulada pelo demandado”. Lulz Fux concorda com Cassio Scarpinella Bueno e afirma: Assente-se, ainda, por oportuno, que no & preciso ao juizo aguardar a defesa para consideré-la abusiva, haja vista que nos OLIVEIRA, Carlos Alberto de, Perfil dogmético da tutela de urgéncia. AJURIS, Porto Alegre, n. 70) p. 244-239, ul/1997, p.223. 0 autor tem um posicionamento peculiar, quanto ao ine. 11, do art. 273, do crc. “No ge trata aqui, & evidéncla, de antecipagSo do efelto ou sfetto da sentenca de mérito, pis a propria autude do demandado 8 indica que, em regra, a causa encontra-se madura para julgamento, Podendo o érg8o judicial empregar perfeltamente o Instituto do julgamento antecipado da lide, Drevisto no art330", 0 autor afrma ainda: "De tal sorte; a aplicagéo do inc. If do art. 273 encontraré Campo propiio por ocasigo da prolacSo da sentenca de primelro grau, ou quando 0 processo chegar 120 julzo de apelagdo, momentos mals adequados para afericho de estar ocorrendo abuso de defesa ou ‘manifesto propsito protelatério". ' MARINONI, Lulz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Cédgo de Processo Civil, Comentado art, por art. ‘So Paulo: Revista dos Tribunals, 2008. ZAVASCKI, Teori Albino, AntecipagSo da Tutela, So Paulo: Saraiva, 2009, p. 82. 5 BUENO, Cassio Scarpinell. Curso sistematizado de dlrelto processual civil: tutela antecipade, tutela cautelar, procedimentos cautelares especificos. 2. ed. SEo Paulo: Saraiva, 2010. v, 4, p. 19. 5 tMITIDIERO, Daniel. Tutela antecipatériae defesa Inconsistente, In: ARMELIN, Donaldo (Coord.). Tutela de urgéncia «cauteleres: estudos em homenagem a Ovidlo A. Baptista da Silva. 55 Paulo: Saraiva, 2040, p. 339. casos de evidéncia & licto atender 0 requerimento de tutela antecipada, tal como se faz quando se analisa o pedido liminar de mandado de seguranca, protecSo possesséria etc. ‘A Insubsisténcia da defesa exercitdvel ou exercida, em resumo, ‘configura, para a lei, caso de direlto evidente, passivel de receber a antecipagdio final apés longo e oneraso procedimento. “7 Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Arenhart afirmam que, para a concesséo da tutela antecipada, prevista no art. 273, Ul, podem ser aplicadas duas técnicas, a da reserva da cognicSo da excecSo substancial indireta infundada e a monitoria. A primeira decorre do fato de que o énus de provar a exceco indireta de mérito é do réu, conforme art, 333, do CPC, e de ele nao pode usar esse énus para ganhar tempo no proceso. Se nao fosse assim, o autor seria penalizado em razéo do énus da prova ser do réu. Sensivel ao fato de que o “tempo do processo também é um 6nus", o juiz pode antecipar a tutela. ‘A segunda técnica, a monitéria, ocorre quando o autor cumpre o precelto do inelso I do art. 333 e produz a prova sobre o fato constitutivo, e o réu apresenta defesa de mérito inconsistente, mas que demanda a produgéo de prova. Nesse ‘caso, assim como no anterior, o Snus do tempo do processo no pode ser do autor, Segundo os autores, as duas técnicas citadas exigem direlto evidente do autor e 2 defesa infundada, que demanda provas.** No projeto do novo CPC, o legistador, no art. 285, separou as hipéteses que entendeu de evidéncia, daquelas de urgéncia satisfativas ou cautelares. No primeiro Inciso, tratou daquela previsdo do inciso II do art. 273 do atual cédigo. Daniel Mitidiero® entende que o art. 273, inciso II do CPC trata de tutela antecipatéria, fundada em direito evidente, ou seje, aquela concedida diante da maior probabiiidade do direlto de uma parte, no caso, 0 autor, Para o doutrinador, © que 0 se pretende é amenizar 0 problema com a demora do processo. Ele difere de Teori Albino Zavasck!, para guem a tutela concedida com base no intulto procrastinatério é punitiva do réu Jose Roberto Bedaque também entende que a tutela antecipada pode deferida com base no inciso II do art. 273, independentemente do perigo de dano concreto. © autor aproxima a situacéo concreta litigancia de mé-fé. Bedaque afirma que 0 objetivo da previstio legal é no sentido de acelerar o andamento do proceso e que “fue] @ existéncia do direlto & provavel ngo sé pelos argumentos deduzidos pelo autor, como por aqueles apresentados na defesa.” Mais a diante, 0 autor ensina: “Na Verdade, utllizou-se 0 legislador da técnica da antecipacio proviséria mediante cognigéo suméria, para punir ilfcito processual”.”" Aqui cabe uma ressalva, € evidente que o objetivo da previsio legal fol beneficiar 0 autor, em razéo do tempo do processo. A antecipaco, porém, ser cabivel, mesmo que este tempo no seja longo, ou que, concretamente, dele no decorra prejuizo. © FUX, Luz, Tutela de Seguranca e Tutela de Evidénca (Rundamentos da tutela antecipada). Séo Paulo: Saraiva, 1998, p. 347. MARION, Lulz Guilherme; ARENHART, Sérglo Crz. Curso de Processo CivilsProcesso de Conhecimento, 7. ed. S80 Paulo: Revista dos Tribunals, 2007, p.232/233. MITIDIERO, Daniel. Tutela antecipatéria e defesa inconsistante. In; ARMELIN, Donalo (Coord). Tutela de urgSncla e cautelares: estudos em homenagem 8 Ovidio A, Baptista da Sliva. S80 Pauio: ‘Saraiva, 2010, p. 338. © ZAVASCKI, Teor Albino, Antecipacio da Tutele, Sto Paulo: Saraiva, 2008, p. 77. © BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela cautelaretutela antecipada: tutelas sumérias e de ‘urgBnca (tentativa de sistematizagéo). 4. ed, Seo Paulo: Malheiros, 2008, .309 9 A previsio legal teve como preocupacgo a protecio do direito do autor, que, se mostrando evidente, tem obstado a sua efetivacée de pronto, pela intengo do réu de retardar 0 andamento do proceso. (0 “dano” que, para os autores, néo existe, em realidade, limita-se & questo do tempo, do retardamento do processo e a injustica que Isso pode significar. Se a demora do processo for vista como um énus, haveré a compreensso de que algum dano poderia ocorrer. Concorda-se com Bedaque, no sentido de que 0 dano concreto no ocorre e, mais, igualmente n&o se admite a existéncia de dano eminente e de dificil reparacéo, justificador da concessio da tutela cautelar. Por outro lado, também assiste razo ao autor, quando ele afirma que, no caso do inc. If do art. 273, 2 tutela é antecipada com base em cognicéo suméria. Portanto, o inciso If do art. 273, do CPC, permite o deferimento da liminar, antecipando uma tutela de evidéncia, que é concedida para eviter o dano decorrente do retardo do proceso € no do dano Iminente e irreparével, A cognicao realizada para deferimento da liminar 6 suméria. Entende-se pertinente a afirmacdo de Luiz Guilherme Marinoni, no sentido de que, se a antecipacdo da tutela foi deferida, com a postergacaio do contraditério, a cognicdo serd suméria, Caso contrério, ela seré exauriente.”* Outra hipdtese de tutela de evidéncia esté na previsdo do § 6°, do art. 273 do CPC, ou seja: “A tutela antecipada poderé ser concedida quando um ou mals dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se Incontroverso.” Previséo similar ‘existe no projeto do novo CPC, art. 285, Inc. II. Antes da andlise desta situago, cabe transcrever a ressalva feita por Céndido Rangel Dinamarco, ao tratar do tema: Se nenhuma outra parcela do pedido houvesse para ser decidida depois (apés a realizagio da prova), em vez de conceder a tutela antecipada o julz Julgaria antecipadamente o mérito (supra, n. 50), © para tanto, obviamente, ndo se preocuparia com os riscos da lereversibilidade. A circunstancla de haver mals algum petitum pendente néo compromete a seguranca para permitir que se produzam efeitos irreversivets.* Marcus Vinicios Rios Goncalves entende que, se a Incontrovérsia for em relacéo & totalldade dos fatos e no ocorrer hipétese de néo incidirem os efeitos da revella, o juiz proferiré 0 julgamento antecipado da lide. Mas, se apenas parte do pedido formulado ou um dos pedidos formulados se tornarem incontroversos, 0 Juiz deverd antecipar a tutela. © autor destaca, igualmente, que a literalidade do artigo pode induzir em erro, pois no hd obrigatoriedade de que exista, sempre, a cumulacéo de pedidos. Basta que um Unico pedido formulado seja impugnado s6 parcialmente, para que 0 restante seja Incontroverso, “ N&o se pode esquecer que, além de o pedido néo ter sido impugnado, para que ele seja, efetivamente, incontroverso, n&o pode ser duvidoso. © BEDAQUE, José Roberto dos Santos, Tutela cautelare tutela antecipada: tutelas sumérias e de lurgéncia (tentauiva de sistometizagio). 4. ed. S89 Paulo: Maihelros, 2008, p341. © MARINONE, Lutz Guilherme. Tutele Antecipada e Julgamento Antecipado:Parte Incontroversa da Demanda.‘5. ed. Sdo Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 145. & DINAMARCO, CBndido Rangel. A reforma da reforma, 3. ed., So Paulo: Matheiros, 2002, p.97. © GONCALVES, Marcus Viniclos Rlos. Novo Curso de Direlto Processual Civil, 3.ed., v.1. Séo Paulo: Saraiva, 2006, p. 303. 20 Outro aspecto polémico & que, apesar da critica felta ao sistema atual, a doutrina tem entendido que o legislador néo permitiu que parte incontroversa do pedido fosse, de pronto, objeto de sentenca de mérito®. 0 posicionamento predominanté na doutrina é 0 de que o mecanismo autorizado foi o da concesséo de uma tutela que antecipe essa parte incontroversa do pedido. Segundo a doutrina, @ antecipacdo com base na incontrovérsia do pedido pode ser deferida, mesmo que o resultado seja irreversivel. Aliés, é 0 que ocorreré ha pratica, Deferida a tutela antecipada, em razdo da evidéncia do direlto do autor, gerado pela prépria incontrovérsia, haver4 um provimento que, de regra, sé tornaré definitive. O fato de ter sido tide come incontroverso faré com que esse pedido seja, na sentenca, julgado procedente, Joao Batista Lopes, analisando a cognigio para deferimento dessa tutela, com base em pedido ou parte de pedido incontroverso, afirma que [...] a0 antecipar @ tutela nas hipéteses em exame, o julz pronuncia a certeza do direito, e, portanto, a cogni¢éo é exauriente”. No mesmo sentido Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Arenhart, para quem o Julz exercerd tutela exauriente, quando conceder tutela da parte incontroversa do pedido, Os autores afirmam: ‘Ap6s a Emenda Constitucional 45/2004, que instituiu 0 direito fundamental a durago razoével do processo, uma melhor anélise impée 2 concluso de que a tutela da parte incontroversa adquire estabilidade. © postulado constitucional_auténomo que dé fundamento ao direito fundamental & duracso rezoével (art. 5°, LXXVII, da CF), vinculando a interpretacSo judicial e, desta forma, ‘a compreenséo da regra do §6° do art. 273, faz obrigatoriamente surgir a interpretagio de que 2 tutela ‘da parte incontroversa da demanda, apeser de instrumentalizada através da técnica antecipatéria, néo pode ser modifieada ou revogada ao final do proceso." Os mesmos autores também apresentam duas técnicas para concessio de tutela antecipada, com base no referido paragrafo 6° do art. 273 do CPC. Trata-se da néo-contestacéo ou do reconhecimento juridico parcial e a técnica do Julgamento antecipado de parcela do pedido ou de um dos pedidos cumulados. Teor! Albino Zavascki questiona se a auséncia de impugnagéo resultaria, automaticamente, em incontrovérsia do pedido. O autor alerta que no, pols o julz, apesar da falta de contestagao, poderia entender inadequado 0 deferimento do pedido.® © autor usa, Inclusive, um conceito amplo de pedido incontroverso, ou seja, ° [...] seré considerado Incontroverso 0 pedido, mesmo contestado, quando os fundamentos da contestacio sejam evidentemente descabidos ou Improcedentes. Em outras palavres: quando nao haja contestacgo séria.”” Alids, 0 autor n&o menciona, mas esta questo est relacionada a do énus da prova. Pode ndo ter havido a contestacao ou a impugnacéo de determinado pedido; no entanto, se o autor nfo produziu’ a prova do fato constitutivo, 0 juiz néo é obrigado a acolher 0 pedido. 6 DINAMARCO, CAndido Rangel. A reforma da reforms. 3, ed, So Paulo: Malheiros, 2002, p. 95/96. © LOPES, JoBo Batista, Tutela antecipada no processo civil brasileiro, 3. ed., S80 Peulo: Revista dos ‘Tibunsis, 2007, p. 177/178. © MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: Processo de Conhecimento. 7. ed. S80 Paulo: Revista dos Tribunals, 2007, p. 235. Os autores informam, ern nota ‘de rodapé, que alteraram o posicionamento da sexta edicSo do iivro. © ZAVASCKI, Teor! Albino. Antectpa¢do da Tutela, $80 Paulo: Saraiva, 2009, p. 110/111. 2 Teori Albino Zavasckl conclui sobre a efetivagio da medida que antecipa a parte incontroversa do pedido, dizendo: [J o regime a ser adotado seré 0 mesmo da execucéo provisbria da correspondente sentenga de procedéncia: em se tratando de antecipaggo de prestagdo de fazer, nfo fazer ou entregar, 0 procedimento © os melos executivos previstos no art. 461 @ 461-A do Cédigo de Proceso Civil; e , em se tratando de prestacéo de agar quantia, o da execugS0 proviséria disciplinado no art. 475-0, antecedido, s€ for 0 caso, de liquidaco, caso em que 2 decisgo Interlocutéria que deferiu a medida servird como titulo executivo.”” Lulz Guitherme Marinoni, assim como Zavascki na citac&o anterior, analisa a natureza juridica do ato concessivo da medida, da antecipac3o ‘da parte Incontroversa do pedido e afirma: Poderia alguém dizer, contudo, que se a decisio que concede a tutela configura decis#o interlocutéria, e assim é Impugnével por melo de agravo, que néo é recebido no efelto suspensivo, esta deciséo pode ser executada na pendéncia do recurso, 0 que seria contraditério em relago 20 pedido que somente pode ser julgado ‘20 final (mediante sentenca, uma vez que 0 recuso af ‘cabivel (epelacio) deve ser recebido, em regra, nos efeitos devolutive € suspensivo. Esse contradicéo & fruto de politica legislative, e ‘também esté presente em relago & tutela antecipada baseada no art, 273, inc. I, uma vez que o legislador da ‘2 etapa da reforma’ alterou 6 art. 520 do CPC simplesmente para dizer que o recurso de apelacSo no deve ser recebldo no efeito suspensivo quando confirmar a tutela antecipatéria, esquecendo-se do caso em que julz no concede a tutela antecipatéria e, a0 final, estd presente 0 perigo ¢ evedenciado o direito. ” © projeto do novo CPC, no art. 929, trata do recurso de agravo e prevé a utlizagSo deste recurso para atacar as decisGes interiocutérias que versem sobre urgénda ou evidéncia e sobre 0 mérito da causa, além de outros dols casos. No pardégrafo tinico, o artigo prevé a néo incidéncia de preclusso de outras decisées, interlocutérias, proferidas antes da sentenca. Admite, porém, que @ parte faca a sua Impugnacdo em preliminar, nas raz6es ou contrarrazBes de apelacdo. Luiz Guilherme Marinoni! e Daniel Mitidiero, apés apresentarem como exemplo de deciséo interlocutérla, a que reconhece a “[ ...] existéncia, validade e eficdcia da convengSo de arbitragem [...] , criticam a previsio legal, afirmando: * ‘Ao condicionar a reviséo da deciséo interlocutéria de primeiro grau a0 advento do julgamento da apelacfo, corre-se 0 risco de despojar o Instituto da arbitragem de uma das suas principais caracteristicas: a tempestividade da tutela arbitral." Jaqueline Mielke Silva © José Tadeu Neves Xavier afirmam que a natureza juridica do ato que concede a tutela antecipada, antecipando a parte incontroversa do pedido, tem natureza de sentenca parcial. Os autores concluem que, diante do nosso sistema recursal, havera dificuldades praticas e que o legislador deveria ter criado um novo tipo de recurso”. 7 ZAVASCKI, Teort Albino, Antectpagdo de Tutela, S¥o Paulo: Saraiva, 2009, p. 116. } MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela Antecipada © Julgamento Antecipado: Parte Incontroversa de Demands. 5. ed. S80 Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 141. MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. 0 Projeto do CPC: Criicas @ propostas. Séo Paulo: Revista dos Tribunals, 2020. p.183. SILVA, Jaqueline Mielke; XAVIER, José Tadeu Neves. Reforma do Pracesso Civil, Porto Alegre: Juridico, 2006, p. 53. Neste masino sentido, SILVA, Ovidio A. Baptista da. Processo e Ideologia: pbaradigina reclonalista. lo de Janeiro: Forense, 2004, p.253. Também conclulu no sentido de que hi necessidade de um novo tipo de recurso, CAMBI, AccScio. Nove concelto de sentenca: sua jerbo 2 © projeto do nove CPC, no art. 158, §1° apresenta o novo concelto de sentenga: “Ressalvadas as previsdes expressas nos procedimentos especiais, sentenca € 0 pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 473 @ 475, poe fim & fase cognitiva do procedimento comum, bem como o que extingue a execucao” Pode-se verificar que houve um erro material, pols os casos de prolagSo das sentencas esto nos artigos 467 e 468 do projeto e n&o nos artigos citados. & possivel constatar, assim, que 0 projeto nao admitiu a Idela da sentenca parcial ¢ deixou bem clara, de forma expressa, a posigSo pela previsso quanto aos recursos. Entende-se que Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero tém razo, quando afirmam que o projeto deveria prever concelto de sentenca mals amplo, com 0 consequente: “[...] reconhecimento da existéncia de sentengas provisérias, temporérias e de sentencas que tratem definitivamente apenas de parcela do litigio ao longo do procedimento comum’””* Segundo os préprios autores menclonam, além disso, notério que o motivo determinante para no ousar, com uma alteracgo ainda malor, foi que teria que ter sido alterado, também, o sistema recursal. No projeto do novo CPC, o artigo 285, que trata da tutela de evidéncia, contém mais dois incisos, ou seja, o Il eo lV. Os incisos III e IV no podem ser interpretados em sua literalidade, No primeiro caso, isto ocorre, porque, se 0 autor tiver prova “irrefutdvel do direito alegado” e 0 réu no opés “prova inequivoca®, haveré 0 julgador que julgar antecipadamente a lide. © mesmo ocorreré se, no segundo Inciso, "a matéila for unicamente de direito e houver jurisprudéncia firmada em julgamento de casos repetitivos ou stimula vinculante.” Acredita-se que a Unica solucdo seré dar, & situagéo concreta, a interpretagao de Lulz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero, Nos dois incisos, deve-se considerar as hip6teses de cogni¢ao suméria. No inciso Ill, pode-se entender que a prova do autor ainda no permite o julgamento de pronto e o réu no apresentou provas suficientes para demonstrar 0 contrério, e, no IV, que hé a necessidade de concessao da liminar.”® Se a interpretacio dos autores, acima descrita, ndo for a adotada, sero dois, casos de julgamento antecipado da lide, nao tendo sentido a previsso do projeto no art, 353, 3 CONCLUSAO ‘epercussBo no ordenamento processual (na classificaglo das sentengas © no sistema recursal). Revista de Processo, S80 Pavio, v.35, n.182 , p.17-55, abr. 2010, p. 52. Rafael Corte MELLO, com base nes ensinamento de Ovidio 8. da SILVA, afrma que a definkividede no deve ser tida coro, elemento diferenciedor entre sentenga e deciséo interiocutéra. Existem interlocutirias que se tormam Acesso em: 11.mar. 2011. ALVIM, Eduardo Arruda. Irreversibilidade de decisSo antecipatéria de tutela e diretos fundamentals, Revista Forense, Rio de Janelro, v. 105, n.403, p.139-155, malo/jun. 2009. 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