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Capitulo 8 A ESCOLA COMO CONTEXTO DE DESENVOLVIMENTO: CONTRIBUICOES DA PSICOLOGIA ESCOLAR EDUCACIONAL Tolete Ribeiro da Silva Diva Albuquerque Maciel de um pr evolutivo continuo, Ela é fruto de luta de classes e de movimentos ideo- para que possam sociedade atual ¢ dizagem. © contexto escolar atual possui especificidades que o ca za como um lugar onde se adquire habilidades ‘Go ‘meio’ para outras atividades. E um lugar sociais ocorrem geralmente de maneira impessoal, na medida em que um professor cuida de vérios alunos simultaneamente, onde o agrupamento dos dé com base na idade s influéncias sobre os processos de ensino e apren- 268 Telete Ribeiro a Silva! Diva Albuquerque Maciel Com base nessa perspectiva, neste capitulo apresentamos algu- mas ideias que visam contribuir para @ compreensio da escola como um contexto de desenvolvimento humano’, A abordagem socioct trutivista é adotada para fundamentar a andlise do ambi conceitos bai lizamos umia revislo a respeito das fungBes sociais scando algumas questdes relacionadas as estratégias de promogao ideologica utilizadas pela ‘cages para o trabalho docente. Na terceira seydo, ideias sobre a promogio do desenvolvimento do educa A ABORDAGEM SOCIOCULTURAL CONSTRUTIVISTA: UMA. ALTERNATIVA PARA A COMPREENSAO DO AMBIENTE, ESCOLAR sta’ constitui uma pers- ‘A abordagem sociocultural construt pectiva teérica findamentada no construtivismo de Piaget, na epistemo- logia personolégica de Stem e na pers ica iniciada por Baldwin, Mead, Vygotsky e seguidores ner, 2004; Madu- inco, 2005; Valsiner, 1989, 1012), Ela tem como presst- postos basivos a nogdo de social dos processos psicolégicos supe- riores e a participacdo ativa do sujeito na produg&o do seu processo de desenvolvimento, papel ativo e singular da pessoa no processo de transmissdo ‘cultural e as interagies que estabelece em umn ambiente sociocultural: jem as bases para 0 conceito de desenvolvim se di a medida que st influenciado por mecanismos de canalizago cultural que, por ‘sua vez, so orientados por limites presentes no contexto sociocultural solvimen- bord "Para uma sompreensto mais arofundada da escola como contexto de da Pare II deste ivo, jos capil ___ACiéncia do Desenvolvimento Humaso 269. freee & Mattel, 1995; Branco & Valsiner, 2012; Madureira & Branco, O cariter dialtico dessa concepedo de desenvolvimento relacio- mes pra, 4 possibilidade de emergéncia de novidades e de expres- réprios a essa cultura (Br: 2004; , & Valsiner, 2004). Ao mest liza esse processo, 0 siner, 1993; Valsiner, 1989). ‘Nessa perspectiva teérica, 0 modelo de (Maciel, Branco, & Valsiner, 2004; 0 transforma e se apropria do rho mundo externo. Partindo dos conceitos de “internal de George Mead € do conceito de “imitaglo persist “0 impl alizada com base nos instrumentos p: A cultura coletiva oferece sugestdes sociais, mensagens codifi- ccadas que, constantemente e de forma redundante, afetam as pessoas em rento através de uma estimulagdo massificada. Dessa maneira, mente coletivos tém um forte impacto sobr j (Valsiner, 1994). Reconhece-se, assim, tanto o papel quanto sua interdependéncia em relago a0 contexto idos pelo mesmo. A esse re Valsiner ¢ Cairns (1992) cutem © conceito de ‘separagao incl ‘© qual pressupée “interdeper déncia entre o fendmeno e 0 contexto (ou entre diferentes aspectos do 20 Iolete Ribeiro daSilva / Diva Albuquerque Maciel contexto). Ao mesmo tempo, esses diferentes aspectes, mutuamente coe- tes interigados, so mantides diferenciados” (p. 24). E tamibém se oode explear op mecanismos através a atividade semiética desempenha um renciagio, como na autonomia do sujeit 1994, 1995, 1998, 2000, 2012). Qutras pessoas, ott outros-s participa do processo de sociais ou estabelecendo co & Valsiner, .g0es sociais geralmente en de poder em que um pares 60 “expert fétanto, ambos podem participar ativamerte, contribuindo para 0 processo de aves coleti- sendo construtor do Dessa maneira, cada vos, exerce um papel compartilhados pelo grupo pelos individuos que, em seus dda cultura coletiva. Isto aplica-se entre adultos e criangas que ocorrem no contexto familiar ¢ escolar, mas também, entre pares. Nesses ambientes mensagens culturais sao ativamente comunicadas ¢ processa- das por esses atores. Através da interagaio com memiros do grupo e da participago em praticas sociais historicamente construidas, a crianca incorpora ativamente, isto é de maneira singular, formas de comporta- ‘mento consolidadas e se toma, aos poucos, participante de uma cultura. ambiente escolar e os processos interacionais que nele ocor- rem constituem os contextos de desenvolvimento, Portanto, no modelo de desenvolvimento delineado peta abordagem sociocultural construt encontramos embasamento para compreender os processos edt consular @ 2* seglo do capitulo 3, imttlada “Contribuigdes senso do suit”, A Cincia do Desenvolvimento Humano 2 que ocorrem na escola, bem como para analisar o trabalho pedagégico. ‘Compreender 0 papel ativo do individuo e a influéncia cas rlagbes sociais, valores ¢ conhecimentos culturais sobre 0 desenvolvimento pode favore- cer a construgdo de uma atuay ional que seja transformadora da realidade educa consti de form ‘mo uma pritica soc pulsionam o desem Isto permite entender a educagio co- S educativas como fendmenos que im- 0 € 8 contetidos escolares como “saberes ‘educagdo situa-se em uma carta cultural ‘basal que realiza uma fungao fatica, isto é, dotando-as de caritereducativo”™ 77) entende que a educagio €, 20 mesmo tempo, um proc ferencial de mudanga a servigo de uum novo tipo de sociedade. ado entre 0 aluno, 0 con- teiido © © professor, em um determinado context, que ocorte 0 proceso ative de construgao do conhecimento. Esta visdo integra as nogdes de (p. 90). No mesmo elaciona os pressupostos bisicos da escola s6 . que afirmam que as fungdes ‘mediadas,historicamente desen ‘om um ponto de partida para considerar as caracter cas da escolarizagdo formal como um contexto de de: que uma teoria compieta do desenvolvimento humano precisava levar em imudangas ocorr m Iolet Ribeiro da Silva! Diva Albuquerque Maciel isticicas emergiv a educago. ue esia envolveu pare completar- ‘ontogenético, pergunia-se: qual &0 impacto do envolvimento fe da escola formal sobre o desenvolvimento individual? 4. no nivel microgenétieo, como se entende passo a passo 0 processo de ensino-aprendizagem? (p. 88) (Grifos nossos) interessa, sobremaneira, discutir as acerca dos niveis filogenético e histé- «escola como ¢% escola para ot ESCOLA: INSTITUICAO SOCIAL INVENTADA EM UM PROCESSO HISTORICO ‘Ao falar sobre a génese da escola de massas, Enguita (1989) dis- cute algumas mudangas nos sistemas escolares eas associa drctamente aos i Jo existentes em cada epoca, Refletindo sobre essa rela- agririo, predominante até, aproximadam : urbano-industrial, predominante a partir da revolu¢do industrial. N {o agrario, a cultura era compartlhada e adquirida por todos os membros de ‘uma comunidade durante suas atividades cotidianas. Apesar da diversidade de grupos que podem ser identificados nesse modelo, uma caracteristica ccomum a todos eles era a produgao familiar em pequena escala, No modelo urbano-indust ser realizada em um cenirio especialmente preparado ‘A firm de atender as citavam cada vez mai mente o tempo de formagio ¢ as exi do modelo urbano-industrial estabs a educagdo das criangas e jo- ins marcos histéricos que fazem referén- A Evolugao dos Modelos Agrario e Urbano-Industrial: Marcos Histéricos, nao havia uma pessoa especialmente responsvel pela aprenciam na prépria familia, imitando os a (Aranha, 1996) i a familia medieval na sducagio das criangas, pois, conform torno dos sete anos de idade eram enviadas a out na fungio de aprendizes, reizarem tarlas domésticas © aprender um ofico. Na idade média, a educagao tinha a finalidade de salvar a alma humana e a ago pedagégica era dominada por uma visio teocéntrica. No final desse periodo, a expansio do comércio e da burguesia fazem surgir ‘novos rumos para a ciéncia ¢ edueagio. A escola tinha um papel marginal, 190 de preparagdo para o mundo do trabalho. ), foi somente no sécu Nos séculos XV e XVI, com o renasciment nova imagem de homem. Ha uma retomada de valo movimento de contrarteforma jé a defesa de uma escola para todos No século XVII, ainda havia um ambiente de contradigdes entre racia ¢ a burguesia, que se refletia na educagdo. As escolas conti- ministrando um ensino conservador, que priorizava uma instru- igiosa e disciplinar. No século X inismo e a revolugao industrial e burguesa criaram um ambiente favordvel & contestagdo. Se- gundo Aranha (1996), de maneiras diferentes, ‘Com a consolidagio dos Estados nacionais, o incremento do ca- pitalismo ¢ a expansio do comeércio, as relagdes cntre os homens sofrem alteragdes caracterizadas, principalmente, pela divisio de classes, esera- vvismo, restrigdo da mulher ao lar e @ posses € a io das terras pelo Fstado, que influe io do modelo urbano-industrial io sobre a histria da educagdo, igo burocr para preparar s que fossem cavazes de exercer fungdes admi- istrativas € legnis e que mantivessem . maquina estatal funcionando. ‘mudangas influenciaram o surgimento de uma concepedo de escola, conde o saber era restrito a uma elite dominante, ‘No século XIX, o capitalismo se expande, co luc geram uma grande expectativa ido as exigéncias de qualificagio profissional. E nesse contexto que, de acordo com relato de Aranha (1996), ocorre um movimento em prol da universalizagio do ensino com o estabelecimento da escola elementar, gratuita e obrigatéria Paralelamente & expan: ‘una preocupacio com & formagio de uma consciéncia nacional e patriética do cidadio. Acentuam- -se, também, os cuidados com a metodologia ¢ surgem as ciéncias huma- dofensores entre os empresérios que passaram a ver na educago do povo uma ferramenta de dominagao, o que pode ser percebido na atirmagdo de Condorcet (1847, conforme citado por Enguita, 1989, p. 112): ‘cordar-thes seus deveres; por que, entdo, no desejar que uma instru- fo bem dirigida thes ceis de serem seduridos mais adiante, taisdispostos a cederem & voz da verdade? ra a educago mo- mi-la. Com a prolife- ___ A Cigncia do Desem escola, A partir dessa preocupagao, a énfase se desloca da educagdo 1 ‘iosa e do doutrinamento ideolégico para a disciplina material e @ org um virtudes importantes para Ihes isso. Os alunos deviam, lo olhar atento do professor, primeiro 5, prsOes, se constituir em uma habitagio especializada na fungao de Frago ¢ Escolano (1998), a necessidade de espago ¢ edi 6 rma que se estabeleceu eorias, desde a escola nova até 0 c procuraram contribuir para o enfrentamento do fracas As correntes arquitetOnicas vinculadas ao modernismo voltaram jue a escola deveria ocupar no espago urbano, ‘estivel na sobrevivéncia do bem-comum ¢ a crianga participava de dades comunitarias, cujos resultados tinham um certo grau de ime crianga é expectadora de atividades constante m idanga de. idades no tém nexo apar ez & Del Rio, 1996, ago com a context influenciaram na organiz (1996) afirmam que esses valores do beneticio @ longo tros. As concessdes que, desde o principio do século, vém sendo feitas 0 produtora dessa mesma Sociedade, m0 ‘@.auto-destruigo sem o concurso dos Fa, Se Se projetam modos de atividade socialmente siznificati- vos para todas 0s individuos da comunidade. (p. 208) Para converter-se em forga, entretanto, as escolas nfo podem ser vistas somente como locais contraditérios, onde se reproduz a ideologia dominante, mas como um dos espagos de ia, de transformacdo e instrumento A escola pode propiciar, de forma sistematica, 0 aces- 00 saber iente acumulado e necessério & compreensdo da prti- cea social na 0 se insere, Para tal, é importante trazer para o deba- te as questdes do cotidiano, de forma a desvelar 0 curriculo oculko e apri- morar a capacidade de didlogo, de anilise, de tomada de decisées, a elabo- ragdo de propostas de ago e o engajamento coletivo nessas propostas. Ao educar os estudantes para viverem em sociedade, como agentes criticos, instrumentando-os com conhecimentos ¢ habilidades necessirias para faze- ‘A Ciéncia do Desenvolvimento Humane ‘em uma leitura da realidade de forma auténoma, a escola contribui para a cconstrucio de uma sociedade mais democratica e solidria. ‘mecanismos de canalizagao cultural. AAs escolas podem se constituir em contextos de desenvolvimen- blemas adquiridas na escola sio a base do conhe interagdo professor-aluno fomece ao aluno, de ums 4 seguir, analisamos algumas es- ‘ratégias utlizadas pela escola para cumprir sua Fungo social. ‘studs sobre a escola. O primeiro concebe a escola com fo, que difinde conhecimentosacumulados pela bu ; a visto de que a escola é a inst utilizads para inculear ba ce valores que interessam as classes dominantes, © Quadro 1, a seguir, foi elaborado com base em andlise de Sa- ‘viani (2012) sobre as principais caract de duas tendéncias peda- ‘g6gicas, O primeito grupo representa as teorias ndo criticas que encaram a ecucagio como a (educagio tradicional, das teorias eriticas que se empenkam em. a educagio a partir io-econdmica que condiciona (por exemple, teoria do escola como aparetho a forma de manifestaco do fendmeno edues ideoligico do Estado e a teoria da escola dual A Cigna do Desenvolvimento Humeno 279 Condigdes histéricas estruturais, mencionadas anteriormente, permitiram o fortalecimento da i relagdes de produgio. Para discutir essa ideia 2 compreender as especifi cidades da escola como institui¢do, é importante refletir sobre as estraté- gias utilizadas por ela para promover a identificagio com os sistemas ideolégicas dominantes Inicialmente, é levado em conta que a organizagio simbélica da escola reflete 0 lugar ocupado por esta em nossa sociedade (Valsiner, 1989), Esse lugar deve ser compreendido a partir do paradoxo que existe entre 0 discurso sobre a importincia social da educagao, as condicdes de trabalho dos profissionais da educagio, o status dos professores 0 us0 histérico que as instituigdes oficiais tém feito da escola, De acordo com Valsiner, embora a escola nio seja controlada somente por uma institui- go, estas se fundem aparentemente em tomo de uma ideologia. Essa | ideologia, presente a decoragao da escola, nos rituais e em diversos va- EDUCAGAO 7 Instrument de equalzayio social © superagao da margnalidad= fungao reforgar os lagos soci, romo- ver a coesA0 e garani a integranao de todos 8 nv iduos no cose social 7 Febrero nerenie @ sodedade 0 | ¥ Falor de marginalzaqso ‘ergo de reorgar a dominazSo e legt- mar a marginalizapso rmarginalidade social 6 a produgao de ¥ Forga homogeneizadora, que tem por Y Inteamerte dependente da estravra rmarginaede cultural escolar. social Y Sua foma especica de reproduzir @ YA odveagao tem autonomia frente a Y Geradora de marginalidado cummings a ‘sociadade o trabalho escolar e a formagao dos alunos, Segundo MeLaren (1992) e Valsner (1989), a escola funciona is. Ahora do rectio, as reunides eas festa, por exemplo, estio entranhados de ideologias culturais e sociais. Ao colocar os alunos para tomarem parte desses rituais, a escola influencia na formagio da cultura pessoal desses ahines, pois, segundo Vlsine, e frequente partici- pagdo nessasatvidades faz com que, gradativamente, a5 sugestoes sociais 4 Subjacentes a ela sejam inferalizadas por meio dos mecanismos de cana lizagio cultural. A ceunido de professores é um desesriuas, que segundo McLaren (1992), “fancionam paca injtar uma renovagio de compromisso | para com as motivagies e valores dos participantes do ritual” (p. 27) / Paca promover a idenifcagdo pessoal com as ideologias domi- i nantes, diferentes profissionais (professors, dretor, pedagogo, psicdlo- £0) S20 investidos de poderese papéis que fazem do ambiente escolar um campo de lata pelo poder, de forma explicta ou implicta. Segundo Bourdieu e Passeron (1975), o poder exercido ao ambiente escolar € © poder simblico, coneretizado através da imposicdo de significagbes eo- mo leitimas. Por meio da violencia simbelica, a ordem toma-seeficiente porque aqueles que a executam, a reconhecem e eréem n The obedigacia WARGINALIZAGAO 7 Fenbreno acidental que afeta indi | movida a

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