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10 Bill Green & Chris Bigun Esto as escolas lidando com estudantes que sio fundamen- talmente diferentes dos/as de épocas anteriores? Uma questo subordinada 6: tém as escolas ¢ as autoridades educacionais, desenvolvido curriculos baseados em pressupostos essencial- mente inadequados e mesmo obsoletos sobre a natureza dos/as estudantes? ALIENIGENAS NA SALA DE AULA Em suma, estamos preocupados com a emergéncia do que estamos chamando de sujeito-estudante pés-moderno — isto é, com uma compreensio das populacées escolares contemporaneas que considere a juventude como um sujeito exemplar do pés-mo- detnismo. Em particular, estamos interessados em desenvolver uma melhor compreensio de um fenémeno que é cada vez mais visivel nos debates atuais: a emergéncia de um novo tipo de estudante, com novas necessidades e novas capacidades. Hé uma evidente necessidade de se teorizar a juventude contemporanea como um fendmeno de impressionante comple- Xidade contradigio; de pensé-la, nos termos de Grossberg p : : i (1988, p. 126), “como um campo de priticas, experiéncias, ae CRG da eee Mea identidades ¢ discursos diversos e contradit6rios". © ponto im: HOUgad ete AAR Mao ete eee x portante a registrar aqui é a convergéncia dos discursos contem- , posto declinio da vida contempordneas Pordneos sobre a juventude, sobre a cultura da m(dia e sobre 0 pos-modernismo. A presente configuracio social, que pode ser faracterizada como uma “paisagem da informagao” (Wark, 1988), precisa ser entendida como uma condigao cultural espect- fica. Essa condigio foi descrita por um analista como “um con- fexto afetivo particular, o qual exerce um papel determinante na forma como a juventude € construida e vivida”. Trata-se, em suma, da pés-modernidade. Entretanto, como argumenta Uma equipe de pesquisadores/as da Faculdade de Educa Grossberg, “este contexto nao € suficiente para compreender 0 da Deakin University esta atualmente explorando, com financi omportamento da juventude. Se a juventude vive na pés-moder- mento do Conselho de Pesquisa Australiano, a telagio entre hidade, também vive em muitos outros lugares e contextos” e, experincia estudantil e a cultura da informagio, com referén jrtanto, “nossa interpretacéo do comportamento da juventude especfica escolarizacao pés-compulsbriac& politica de reteng We reconhecer as contradig6es geradas a partir dessa real com- escolar. A questio organizadora de nossa pesquisa é: xidade histérica” (Grossberg, 1988, p. 124). Embora reconhe- 05 esse iltimo ponto, nossa atencZo aqui esta focalizada mais cificamente no processo de escolarizagao, na cultura popular Sfcolanatio de nel ptund }|pss-modernismo. Cscolarzagg aque se releem en ator OE ACR Pe Como Grossberg ¢ outrosjas autoresias pertencentes a ta Tt: havide, nos limos anos, no campo da politica educacio- nal, um interesse crescente pelo problema das taxas de reten= ¢io escolar, com referéncia especifica & fase pés-compulséria da escolarizacao, ' Esse interesse combina-se com um forte sentimen= to de urgéncia para produzir um crescente panico moral em tornt da questao da *juventude” — ou talvez, mais precisamente, dé “problema da juventude”, Isso ocorre no contexto de uma exp: Neste ensaio, exploramos a tese de esta emergindo uma nov. geragio, com uma constituicio radicalmente diferente. Alé disso, propomos, de forma algo provocativa, que se pense e questo em termos anslogos aos da ficcdo cientifica, como us espécie de fantasia especulativa — neste caso, mais especificame te, como uma ficcdo ou fantasia educacional, A questio alienigenas em nossas salas de aula? 1 Na Aust, coment s0 gull se referem os ators cscolazagio val ates 10" série, gue ass es 40 dos estudos culturais tém argumentado (p. ex., McRobbie, 1986; Roman & Christian-Smith com Ellsworth, 1988), a cons- trugio social ¢ discursiva da juventude envolve um complexo de forcas que inclui a experiéncia da escolarizacio, mas que, de forma alguma, esté limicada a ela. Entre essas forcas e fatores esto ‘os meios de comunicacio de massa, 0 rock ¢ a cultura da droga, assim como varias outras formacdes subculturais, Até o momento, entretanto, educadores/as, professores/as, pesquisadores/as ¢ ela- boradores/as de politicas no tém considerado essas perspectivas € questoes como sendo dignas de atencio. Por exemplo, entre a imensa quantidade de discursos ¢ deba- tes produzidos por pesquisadores/as educacionais oficiais, hd uma pesquisa recentemente publicada, patrocinada pelo Departamen- to de Emprego, Educacio e Treinamento, intitulada Senior stu- dents now: The challenges of retention (Batten, Withers, Thomas, & McCurry, 1991). Apesar de sua utilidade ¢ interesse, esse estudo nos impressiona especialmente pelos limites do tipo de imaginacio investigativa educacional ai demonstrada, Sentimos que € cada vez mais necessério pensarmos de uma outra forma, que € cada vez mais necessario pensarmos de forma diferente — isto &, achamos que é preciso reimaginar essa questo, escrevendo ficgdes educacionais muito mais interessantes ¢ desafiadoras do que as que um relatério como esse tem a oferecer. Em nosso estudo, examinamos o estudante-sujeito pés-mo- derno no contexto mais amplo do curriculo secundério superior, Ievando em conta 0 cenério educacional e culcural mais amplo existente fora do sistema formal de escolarizacio. Essa idéia é consistente com o recente argumento que assinala a existéncia de um importante deslocamento — da escola para a midia eletrOnica de massa como 0 “contexto socializador eritico”, Essa perspectiva vé a midia, pois, como centralmente implicada na (re)produgio de identidades e formas culturais estudantis (Hinkson, 1991). Além disso, argumentos em favor da necessidade de se anali- sar pedagogias exteriores a0 processo de escolarizacio (p. €X. iroux, 1992; Schubert, 1986) e de uma desvineulagao entre curticulo e escolarizagao sublinham a importincia de pesquisas que estejam orientadas por perspectivas teéricas mi valor de investigagdes desse tipo fica reforgado qui em conta as limitagées de grande parte da pesquisa educacional tradicional, sobretudo sé considerarmos que essas pesquisas tém tum evidente interesse na manutengo das formas educacionais tradicionais e, por isso, compreensivelmente, tendem a submeter mudangas radicais do tipo das que sio abordadas aqui a um processo de normalizagao (no sentido de Foucault). Podemos abordar essa questio através dos conhecidos con- ceitos de “acomodacao” ¢ “assimilacao”. As diferengas radicais que estamos assinalando aqui, com respeito a novas formas de subjetividade e identidade estudantil, nao estardo sendo simples- mente ineorporadas e acomodadas 3 norma (no sentido de Fou- cault) dos modos convencionais de pesquisa? Nesta dlrima década do século XX, podemos nos limitar a acomodar a assimilar a diferenga ¢ 0s desafios que nos confrontam em tantas frentes, simplesmente trazendo-os para dentro dos quadros de referéncia normativos atualmente existentes? E essa uma resposta adequada, no apenas para os desafios que atualmente enfrentamos em nossas salas de aula, mas também para os desafios globais ¢ ecossistémicos? Como argumenta Ellsworth (1990), num contex- to ligeiramente diferente, é cada vez mais crucial aceitar a idéia de “diferenga nao-assimilada”. Conseqiientemente, argumenta- ‘mos que é importante interagir ativamente com os novos insights ¢ imagens proporcionados pelo pés-modernismo cultural e pela nova ciéncia. Como tem sido assinalado por varios/as analistas (p. ex., Best, 1991; Haraway, 1991; Hayles, 1990; Csicsery-Ronay Jr., 1991, p. 61), parece haver uma convergéncia geral e extrema- mente produtiva entre a teoria social ¢ a ficgio cientifica, Sent ‘mo-nos, assim, justificadas em explorar 0 conceito de “curriculo cyborg”, baseando-nos, particularmente, em trabalhos recentes de Hayles, Haraway e Virilio, entre outros. (IN)FORMANDO A NAGAO ALIENIGENA Existem alienigenas em nossas salas de aula? Colocar essa questo implica também perguntar imediatamente: qual é 0 ponto de vista —literal e teoricamente — em relagio ao qual se esté falando de “alienigenas”? Pois os/as estudantes podem ver os/as educado- como alienigenas, mas esses/as tltimos/as podem perfeita- a forma, ver os/as ¢ “alien{genas” em questo aqui: a nova “estirpe de deménios”, ou talvez, simplesment: isto 6, esses “outros” que entram em nossas salas de aula e semingrios e nos miram a nés, seus outros; cesses outros que deliberadamente se fazem a si mesmos “outros”, 20 mesmo tempo que nés fazemos deles os nossos “outros? (embora eles o facam de forma diferente — e isso é importante). Osjas educadores/as ¢ também os administradores/as nao sao 0s tinicos a ver com alguma preocupagao 0 aparecimento em cena daquilo que chamamos aqui de alienigenas. Os pais e as mies, também tém expressado esse tipo de preocupagio, assim como 0 tem feito, de forma mais geral, a esfera piblica convencional (a opiniio publica). Tem havido, recentemente, na Austrdlia e em outros paises, uma onda crescente de panico moral, cujo foco é 0 suposto desvio da juventude contemporanea — nio apenas sua diversidade ou sua diferenca mas, mais radicalmente, sua alteri- dade, e a ameaga que isso apresenta para o/a observador/a, para 0 olhar do ego, para 0 olhar do sujeito, para o eu. Esse desvio oficialmente representado ¢ construfdo nao como a mudanca que tio claramemte parece ser, mas como uma questo de deficiéncia, de incompletude e de inadequagao. O tom é fortemente apoca- liptico e a mudanga é concebida como patologia. A juventude era, antes, vista como algo do qual, ao final, a pessoa acabava se livrando, como um estégio temporario no movimento em diregio & normalidade, a ser superado na totalidade, na completude da fase adulta. Essa passagem ordeira tornou-se agora carregada de uma incerteza arbitréria. Cada vez mais alienados/a, no sentido clissico, os/as jovens so também cada vex. mais alienigenas, cada ‘yez mais vistos como diferentemente motivados/as, desenhados/as ¢ construidos/as. E, dessa forma, se poe a horrivel e insistente possibilidade: eles/as nao esta apenas nos visitando, indo embo- 1a, em seguida. Eles/as esto aqui para ficar e esto assumindo 0 comando, Ha uma cena memordvel no E.T. de Spielberg, em si mesmo uma fantasia filmica sobre infincia e alienigenas, na qual o outro ponto de vista, o ponto de vista do outro, é expressivamente representado. E a cena na aula de Ciéncias, na qual vemos 0 professor — aqui simbolizando as adultos em geral — movimen- tando-se pela sala e dando instrug6es sobre ligioa ser aprendida, E uma ligao de Biologia, ¢ a atividade em. ‘ de sapos, que sio vistos é presos em garrafas de vidro, aguardando sua sorte — uma questao de vida e morte, literalmente, de ciéncia e natureza. A cena desenvolve-se por si mesma, reunindo, de forma belissima, a miitua identificagao entre a crianga ¢ 0 alieni- gena, entre a (des)humanidade e o significante transcendental ¢ ambivalente do extra-terrestre. E inteiramente pertinente para nossas preocupagées aqui, observar, em primeiro lugar, que se trata de uma narrativa de ficedo cientifica, de uma fantasia tecno-cultural e, em segundo lugar, que 0 professor é visto da cintura para baixo, sendo descrito, assim, de forma bastante eficaz, como um ser distante ¢ abstrafdo, desconhecido e desco- nhecivel, ao menos, para nés, os/as espectadores/as, embora a narrativa funcione para sugerir que as criancas af descritas — ou talvez mais particular e apropriadamente, 0 garoto que € 0 principal personagem humano no filme, como uma espécie de Qualquer-Crianga — estio posicionadas e dispostas de forma similar, Quem sio os alienfgenas na sala de aula? Sao osias estucdantes ou os/as professores/as? Nao sero os adultos, de forma geral, que deverio ser vistos, cada vez mais, como alienigenas, vistos a partir do outro lado (Hebdige, 1986)? Tendo em vista que sera a juventude que herdaré a terra, que € ela que jf habita © futuro, em muitos sentidos, ndo deverfamos contemplar a possibilidade de que somos nés os/as que estamos sendo, assim, cada vez mais, transformados/as em “outros/as", com nossos poderes se desvanecendo, no momento mesmo em que os exer cemos, cada vex. mais estrangeiros/as em nossas prOprias salas de aula ¢ na cultura pés-moderna, de forma mais geral? E essa espécie de ansiedade quase inconcebivel que anima e dirige boa parte do debate contemporineo sobre a interface entre a cultura juvenil e as novas tecnologias do texto, da imagem e do som, O espectro do pés-modernismo assombra os lugares anteri- ‘ormente sagrados pelos quais nossa propria geragao uma vez se movimentou com grande confianga, como o tinha feito a geracio antes de nés. Agora, as fundagoes tremem, para dizer 0 minimo —na verdade, elas jé so poucas e tendem a diminuir, ou assim 0 que parece. Vivemos com essa grande incerteza, assim como nossos/as filhos/as — uma observagio familiar, quase banal, muito repeticla em piiblico e em {6runs profissionais. Mas o ponto que unfatizaclo aqui € que cles/as vivem essa incerteza de forma diferente, sempre envolvidos/as j4, como esto, neste “jogo nervoso”, no “jogo do futuro”. ‘Com isso em mente, podemos retornar A nossa hipétese (0 provocacio, se quiserem) original: que um novo tipo de subjeti- vidade humana est se formando; que, a partir do nexo entre a cultura juvenile a complexo crescentemente global da midia, esta emergindo uma formacao de identidade inteiramente nova. Des- crevemos esse fendmeno, por enquanto, e com toda a divida devida, utilizando o termo “subjetividade pés-moderna”, compre= endendo por isso uma efetivacio particular da identidade social ¢ da agéncia social, corporificadas em novas formas de ser € tornar-se humano. A relevancia dessa linha de argumentacio para a escolarizacao e para os estudos de midia é ébvia. Antes de mais nada, parece evidente que est sendo construfda, atualmente, uma nova relagio entre a escolarizagao € a midia, Mas existe uma justificativa ainda mais ébvia para reavaliar, urgentemente, essas instituig6es, suas priticas e as correspondentes interrelag6es entre elas, E que nao se trata apenas da crescente penetragao da midia’ no processo de escolarizacao, mas também, de forma mais geral, da importincia da mfdia e da cultura da informacdo para a escolarizacao e para formas cambiantes de curriculo e de alfabe- tismo, com todos os problemas e possibilidades daf decorrentes. ‘Uma questio relacionada, embora ainda pouco clara e compreen- dida, é a de um importante deslocamento da escola para a midia como 0 “aparelho ideolégico de estado” dominante (no sentido althusseriano). Na assim chamada virada pés-moderna (Hinkson, 1991), 0 curriculo tende a se desvincular da escola, o que impoe uma reconceptualizacio tanto do curriculo quanto da escola, uma reconceptualizagio que seja feita de acordo com as condig6es modernas e para as condigGes pés-modernas. Tradicionalmente, a escolarizagao tem funcionado nao ape- nas como o local do processo de “socializagao/subjetivagao” (Donald, 1985), mas também como seu mecanismo central. Como tal, de uma forma ou de outra, o processo de escolarizagao tem estado envolvido na (re)formacio compuls6ria de massa dos/as jovens desde a fase pré-escolar de suas vidas atéa fase ps-escolar, 2 Expresses extaidasd odo grupo aurraliano Collectors, escrita por Mark Seymour ca 4 isto é, até a sua entrada na forga ¢ no mercado de trabatho, De forma crescente e importante, entretanto, tem se desenvolvido, além disso, uma fase intermediaria ¢ um espaco de transigio concebidos de forma um tanto diferente, cuja ambivaléncia tem se tornado cada ver mais marcada, 4 medida que os tempos mudam e 0 nexo tradicional entre 0 emprego e a economia totna-se cada ver mais problemitico. Este espaco tornou-se co- mhecido, de forma algo curiosa e certamente bastante irénica, como “escolarizagio pés-compulséria”” Nosso trabalho atual focaliza especificamente, embora nao exclusivamente, essa fase da escolarizacio, investigando as vidas de jovens de 16/17 anos & medida que entram e saem da escola. De particular relevancia para nosso estudo é o papel da cultura dda mfdia nos mundos vitais desses/as jovens € a relagao entre essa cultura ¢ sua escolarizacio, Nao obstante a natureza contestada e controvertida do termo, estamos tentando compreender o fend- meno € as questdes politico-curriculares que ele gera, utilizando © pés-modernismo como referéncia. Entre tudo que pode, foi e ser4 dito sobre essa questo e, no obstante sentengas intelectuais, -vanguardistas tal como aimplicita no titulo de um ensaio recente, “0 que era 0 pés-modernismo2” (Frow, 1991), a descricio que Hayles (1990) faz. daquilo que ela chama de “pés-modernismo cultural” ¢ particularmente relevante para nossos propésitos neste censaio. Ela faz uma conexao entre desenvolvimentos contempo- Hincos na cigncia, de um lado, € na teoria cultural, de outro, ligando assim “p6s-modernismo(s) desnaturalizagio da expe- riencia”. Ela define o pés-modernismo cultural como a “compre- nso de que aqueles elementos que sempre foram pensados como sendo os componentes invariantes essenciais da experiéncia hu- mana nio sio fatos naturais da vida, mas constrag6es sociais (Hayles, 1990, p. 265) —em suma, nao “natureza”, absolutamen- te, mas sempre jf “cultura”. Sua descrigo implica, além disso, que os fendmenos relacionados ao pés-modernismo nao devem ser compreendidos nos termos binarios da distingao entre natureza e cultura e sim como novas formas de vida — fundadas na efetiva- cio da tecnologia como segunda natureza € como organizada, irredutivelmente, pelo principio da representacao, Ela faz uma importante distincio, imediatamente pertinente para nossa tarefa ure aqueles/as que teorizam € analisam 0 pos-mo- dernismo — aqueles que escrevem e pesquisam sobre ele — ¢ “aqueles que o vivem” (Hayles, 1990, p. 281). Significativamente, a dicotomia qne ela aponta é uma dicotomia geracional. Depois de analisar a forma como se tem escrito sobre o pés-modernismo © quem tem escrito sobre ele, ela diz: A questdo € muito diferente para aqueles/as que vivem o pés-modernismo. Para eles/as, a desnaturalizagio do tempo significa que eles nao tém qualquer histdria. Viver 0 pés-mo- dernismo é viver da forma como se diz que os/as esquizofré- nicos/as vivem, num mundo de momentos presentes ¢ desconectados, momentos que se chocam mas que nunca formam uma progressio continua (e muito menos I6gica). As experiéncias anteriores das pessoas mais velhas agem como Ancoras que as impedem de entrar plenamente na corrente p6s-moderna, uma corrente constituida de contextos agrega~ dos ¢ de tempos descontinuos. Os jovens, carentes dessas Ancoras e imersos na TV, esto numa melhor posi¢ao para saber, a partir da experiéncia direta, 0 que significa nao ter nenhum sentido de hist6ria, o que significa viver num mundo de simulacros ¢ ver a forma humana como provis6ria, Pode-se argumentar que as pessoas que, neste pafs, mais sabem o que significa sentir (0 que é diferente de conceber ow analisar) 0 pos-modernismo, tém, todas, menos de 16 anos (p. 282). Existe muita coisa a ser decifrada nessa passagem, muito mais do que 0 espaco 0 permite. Assim, retirada do contexto, seria facil interpretar erradamente alguns dos pontos que ela levanta, con- siderando-os como extremistas ou como demasiadamente gene- ralizadores. Por exemplo, a afirmagio de que “aqueles/as que vivem o pds-modernismo... nao tém qualquer hist6ria” —c, além disso, “nenhum sentido de hist6ria” — precisa ser compreendida néo apenas em sua relacio intertextual com a descricéo, agora quase candnica, do pés-modernismo, do capitalismo de consumo e da esquizofrenia como a condigao mesma da subjetividade e da textualidade pés-moderna (Jameson [1984]), mas também em relagao a descrigao que Hayles faz do que ela chama de “desna- turalizagio do contexto” (Hayles, 1990, p. 269). Esse processo. est vinculado aos novos desenvoivimentos tecnolégicos ¢ cultu- rais, © especialmente a televisio, A com (re)organizadores da agio e do significado humanos. Precisamos também levar em conta, como observa Grossberg (1988, p. 125), que “se a juventude vive na pés-modernidade, ela também vive em muitos outros lugares e contextos” — um dos quais é consti- tufdo, naturalmente, pelos espacos regulados ¢ pelas temporali- dades distintivamente texturadas e constritas da escolarizacéo moderna ou modernista, Entretanto, 0 que devemos enfatizar aqui € sua afirmagao conclusiva, de que aquelas pessoas que “mais sabem 0 que significa sentir (0 que ¢ diferente de conceber ou analisar) o pés-modernis- mo tém, todas, menos de 16 anos”. Nosso préprio trabalho toma ssa distin¢ao como um indicador aproximado de uma importante ruptura geracional e cultural. Essa ruptura ¢ descrita por Dator (1984, p. 362) como um “fator importante de transformagao na vida social contemporanea: a tensao entre a cultura juvenil global (especialmente do Terceiro Mundo) do futuro versus as culturas crescentemente gerontocriticas do Ocidente”. Ele vincula essa ruptura a cmergéncia, entre outras coisas, de “um novo mundo, completamente diferente, constituido pelas culturas do robo, dos cyborgs, das quimeras, dos extra-terrestres... € do pés-homo sapiens” (Dator, 1984, p. 363). Embora sua andlise acrescente uma nova dimensio ao argumento (a dimensio de uma politica pés-colonialista), um fato continua sendo central: a juventude como 0 sujeito par excellence do pés-modernismo, especialmente em sua inflexdo tecno-cultural, Para Hayles 0 que caracteriza 0 pés-moderno é, acima de qualquer ontra coisa, a nogao de desnaturalizagao e, especifica- mente, a desnaturalizagio da linguagem, do tempo, do contexto finalmente, do humano. Como escreve ela: “O pés-moderno antecipa e implica o pés-humano”. Além disso, “embora essa quarta onda ainda ndo tenha alcangado seu pico, est, inegavel- mente, crescendo em alcance ¢ forga” (Hayles, 1990, p. 266). Neste ponto, é preciso evocar a importancia e a relevancia do trabalho de Haraway (1991). Em particular, é central aqui sua imagem, evocativa ¢ deliberadamente ambivalente, do cyborg. Nos termos originais de Haraway (1991): “Um cyborg é um organismo cibernético, um hibrido de méquina ¢ humano, uma lc realidade social ¢, ao mesmo tempo, a potentes fusdes ¢ a perigosas possibilidades, que pessoas pro- sressistas podem explorar como parte de um trabalho necessitio politico” (p. 154). Para Hayles, o interessante e fascinante sobre 0 trabalho de Haraway é “sua visio do pés-moderno como p6s-humano” (Hayles, 1990, p. 284). Ela também enfatiza como tais linhas de argumentacao e especulagio sio profunda ¢ funda- mentalmente perturbadoras, vinculando-as com os efeitos deses- tabilizadores associados com o pés-modernismo, a cultura juvenil ¢, de forma mais geral, com as novas tecnologias, especialmente para as geragoes estabelecidas (p. 282). Registrando sua ambivaléncia (Hayles, 1990, p. 285), uma ambivaléncia que nés préprios partilhamos, ela se pergunta sobre as conseqiiéncias dessa desnaturalizacao do humano. Confronta- dos com o prospecto dessas formas programadas de descorpori- ficagio tecnolégica, somos obrigados a reavaliar nossas Prioridades, nossos investimentos, nossos compromissos e nossos descjos; a pensar muito cuidadosamente sobre os problemas e as possibilidades desses processos. Educacionalmente, somos leva- dos a avaliar 0 nexo cada vez mais importante entre a cultura da midia e a escolarizagao pés-moderna, bem com os movimentos em diregao a informatizagio e & tecnologizacio do curriculo, tais como os que ja sio aparentes em nossas escolas ¢em nossa politica educacional atual, Como educadores/as, devemos avaliar aquilo que ja esta ocorrendo em nossas salas de aula, quando os/as alienigenas entram e tomam seus assentos, esperando (im)pacien- temente suas instrucdes sobre como herdar a terra. O que descre- vemos como o “curriculo cyborg” nao € 0 produto de alguma fantasia intelectualizada. Ao invés disso, argumentamos que ele ja estd conosco e esti nos refazendo, no momento mesmo em que n6s ensinamos e eles/as aprendem, PANICO ESCOLAR E CULTURA POPULAR: CONECTANDO TECNOLOGIAS Tendo em mente que estamos preocupados tanto com a alienaga0 no sentido classico (p. ex., Fensham, 1986; Williams, 1976, pp. 29-32) quanto com 0 sentido algo mais especullativo que introdu- zimos aqui, é importante relembrar que tem especialmente nos anos 80 ¢ inicio dos 90, sobre as formas de construgio da juventude e sobre importancia da cultura popular. Nesses debates, a cultura da midia — talvez a televisio em particular, ao menos até 0 momento — tem aparecido de forma central, 20 ponto de ser o objeto par excellence do panico moral pés-moderno, Esse debate, entretanto, s6 pode ser compreendido se levarmos em conta os nexos entre a juventude, a culeura popular e os meios eletrnicos de massa. ‘Como em outras partes do mundo ocidental, a Austrélia tem testemunhado uma grande ofensiva cultural desde o final dos anos 70, uma ofensiva que continuou durante todos os anos 80, orquestrada e plancjada pela “Nova Direita”, Como Apple (1988), entre muitos/as outros/as, tem corretamente argumenta- do, deve-se compreender essa ofensiva ndo apenas como uma resposta direta de parte do bloco dominante-cultur suposta “crise” no processo ordenado de “reproducao” social e econdmica, mas, também, de forma irOnica, como uma agio que retoma ¢ reformula a propria tese da reprodugao, com suas correspondentes retoricas e estratégias politicas. O efeito disso é uma énfase renovada na produgao cultural, especificamente por parte (¢ em favor) dos interesses da Direita e seus/suas eleitores/as. Uma das caracteristicas centrais dessa ofensiva cultural tem sido os ataques insistentes & escola piblica, 4 pedagogia da alfa- betizacio, ao progressismo educacional, & juventude contempo- nea e a cultura popular. As manchetes de jornais, tais como “Escolas Geram Viciados em Cultura Popular” (1991) falam por si mesmas. A matéria em questao comega da seguinte maneira: “De acordo com um relatério ontem liberado, os departamentos estaduais de educagio esto produzindo uma geragio de adultos viciados em cultura popular (televisio, video e jogos de compu- tador), uma geragio sem qualquer sentido de histéria’. Esse relatério, encomendado e financiado pelo Instituto de Questdes Pablicas, uma das principais ¢ mais representativas instituigdes de pesquisa da Direita, na Austrélia (Kenway, 1990), colocava, espe- cificamente, a cultura popular contra a cultura alfabética © a literatura de “qualidade” contra a televisio. Invocando a retérica bastante familiar da geracio perdida e da patologia da aautora do relatério, Dra. Susan Moore, é citada a vida adulta muito menos informados do que precisariam est tanto sobre o mundo em que vivem quanto sobre seu lugar nel Eles nada sabem sobre a continuidade humana e 0 que ou povos, em outras €pocas, fizeram com suas vidas”. A matéria outra académica da drea de Literatura e antiga participante ABC,’ a professora Veronica Brady, como se opondo a acusag de que é o sistema educacional que fracassou a esse respeit apesar de ela ter “grande simpatia” pela substancia do relatori “Penso que vocés devem culpar a televisio e a cultura de consu que cerca as criancas”. De forma previsivel, a matéria provoc no dia seguinte, um editorial (“Caminhando para um pats igni rante”, 1991, p. 10) que se centra, especificamente, nas su} praticas ¢ perspectivas falhas do ensino de Ingles, reativand desta forma, potencialmente, o assim chamado “debate sobre alfabetismo” e sobre o discurso da crise educacional. “Quem, verdade, ensinard os professores?”, pergunta o editorial, mui dos quais sao descritos como “desorientados e preocupados a exigéncia de que eles ensinem literatura”, a0 lado dos textos midia (supostamente nao-literdrios), que se tornam, cada vj mais, parte dos programas de Inglés, em todos os niveis escolarizagio (Beavis & Gough, 1991; Gill, 1991). Vale a pi transcrever o pardgrafo final do editorial, em sua totalidade: Contudo, em algum lugar, alguém deve estabelecer um eri mm padrio. Nao importa quio subversivas. sejam’ frivolidades da televiséo, nfo importa quio indiferente cultura pareca estar em relacao a seu proprio declinio, exist professores, pais e educadores que sabem o que deve ser feit Eles deveriam continuar dizendo aos diretores, aos conselh ros educacionais e aos secretérios de educagio que eles ni querem que nosso pais se torne um pafs ignorante” (“Car nhando para um pafs ignorante”, 1991, p. 10). Quem pode resistir a um tal apelo, a um to convincente cham: As armas? Quem, na verdade? Em outro local (Green, 1991), um estudo cuidadoso de episédio similar no trabalho hegeménico da midia impressa c 3. Australian Broadcaing Comision, »organiagio pal ‘slate ds usedln dor Gi aase ca cava essa questo no contexto da ofensiva cultural ¢ educacional da Nova Direita, ¢ sugeria que isso, por sua vez, precisava ser compreendido como sintomatico da cultura pés-moderna, espe- cificamente, em sua inflexio mais reaciondria e conservadora. Uma vez mais, a cultura popular era construfda como 0 Outro demonfaco da cultura alfabética e a literatura era enfaticamente valorizada em relagio a televisio. Estava em questao o que parece ser uma mudanga cultural: néo simplesmente da cultura literdria para a cultura popular, mas também, mais especificamente, da cultura impressa para a cultura visual (“Perdendo nosso vinculo com a palavra impress”, 1987, p. 18). £ precisamente essa mudanga que caracteriza aquilo que chamamos anteriormente de virada pos-moderna. De fato, varios/as analistas ligam 0 pés-mo- dernismo diretamente & cultura popular (p. ex., Collins, 1989; McRobbie, 1986; Milner, 1991). Além disso, o pés-modernismo € a cultura popular sio diretamente associados, por sua vez, com a politica geracional e a emergéncia da juventude como, ao mesmo tempo, a cidadania do fururo, um problema social crescente, um novo movimento social ¢ um mercado (Bigum, 1991; Gilbert, 1992; Sherington & Irving, 1989). Dator (1989) identifica a diferenga entre “os alfabetizados na midia versus 0s alfabetizados no impresso” como um dos principais “farores de transformagio da cena atual, observando que “essa grande diferenca entre as culturas juyenis ¢ as culturas dos mais velhos logo se tornara (j4 se tornou?) um fator em si mesmo” nas importantissimas mudan- gas globais em curso. Como pergunta Dator (1989, p. 363), Saqueles de nés que fomos condicionados, durante toda nossa vida, a pensar como um livro, seremos capazes de lidar com essa diferenca?”. Ele desconfia que nao. © que precisa ser enfatizado € investigado, entretanto, é que essa grande mudanca cultural e epistemoldgica envolve mudangas em termos de tecnologia e pedagogia ¢, portanto, novas compre- censdes da relagio entre tecnologias e pedagogias, escolarizacio & cultura da midia, Apenas agora estamos comecando a registrar a importancia educacional e cultural da imagem como um novo principio organizacional para as relagoes sociais ¢ as subjetivida- des. Considerados em conjunto com a informacio, esses princt pios emergentes contribuem para moldar formas cambiantes de currfculo ¢ alfabetismo, novas relagées entre textualidade ¢ sub jetividade ¢ novas efetivagdes da racionalidade e da cogni¢ao (Hinkson, 1991; Ulmer, 1989). Esses argumentos permitem ver, sob uma luz inteiramente nova, afirmagées tais como a de que “estamos produzindo uma gerago de jovens viciados em cultura popular” (Editorial, 1991) e “sem o vinculo com a palavra escrita, corremos 0 risco de adotar um novo barbarismo”, na medida em que esses processos sao diretamente associados com “o declinio daleiura com a ctescenteimportincia cultural e comonicatva la televisao, da computaca ei ideo” da televisto, da compuragao da onpresene “ela de video Nio é suficiente assinalar 0 processo de demonizacéo da cultura popular e de produgio discursiva do panico moral em torno das formagées juvenis contemporiineas, Esses processos precisam ser dirctamente relacionados com a crescente penetra- <0, na sociedade contemporanea, do fendmeno que tem sido descrito como “tecnocultura” (Penley & Ross, 1991). E necessé- rio enfatizar a crescente convergéncia entre a cultura popular e a tecnocultura no contexto das condigées pés-modernas. A questio fundamental é, pois, a da importancia dessa “cultura tecno-popu lar”, concebida como o espaco semistico distintivo que os/as jovens, cada vez mais, habitarao como seu ambiente natural, como seu dominio préprio ¢ como o espaco par excellence de sua soberania. __Os prognésticos ¢ diagndsticos culturais pessimistas de ana- listas como Allan Bloom e Neil Postman, assim como de figuras como Leonie Kramer e Susan Moore, na Australia, devem ser reexaminados 8 luz desses argumentos, Para Postman, um bom exemplo de um convertido guardiao da cultura ¢ da civilizagao tais como uma vez as conhecemos ¢ as vivemos, 0 espectro da televisdo se aproxima alguma medida deve ser urgentemente tomada: Algumas formas de dizer a verdade so melhores que outras ¢ portanto, tém uma influéncia mais saudével sobre a cultura que as adora... Espero persuadi-los de que 0 declinio da epistemologia de base impressa e a paralela ascencio da epistemologia de base televisiva tém tido conseqiiéncias gra- ves para a vida pablica, Estamos ficando cada vez mais estipidos (Postm, © “nés” a que Postman se refere é enganadoramente inclusivo, como € indicado na pagina seguinte: “Embora o cardter geral da inteligencia de base impressa seja conhecido de qualquer pessoa que esteja lendo este livro, vocé pode chegar a uma definicio razoavelmente detalhada dessa inteligencia simplesmente pensan- do na capacidade que € exigida de vocé quando Ié este livro” (p. 25). “Voce” € se opoem a “eles”, os outros abstrafdos distrafdos, ou seja, as geracdes emergentes, imersas como estao na “televisdo e seu ambience de comunicacio” (UImer, 1989, p. ix). ‘As lamurientas perambulacdes de Bloom pelas sérdidas ruas dessa nova era, em busca do valor literdrio e das verdades essen- ciais e permanentes, podem ser analisadas através dos argumentos que estamos apresentando neste ensaio. Em desespero, por causa da excessiva tolerdncia que ele vé como caracteristica das formas contemporaneas de educagio e por causa da malaise cultural que cle ¥é como 0 legado direto dos anos 60, ele volta sua arencio para “nossos problemas educacionais” (Bloom, 1987, p. 23). Para Bloom, esses problemas estio ligados ao “declinio na capacidade de leitura” (p. 64), & decadéncia e malaise que marcam as instituig6es tradicionais (em particular, a religiao ¢ a familia) e & penetragio ¢ invasio da cultura popular. Numa passagem que ¢ emblematica de sua visdo de mundo profundamente conservado- 1a, ele afirma: Os pais néo podem mais controlar sequer o ambiente domés- tico e perderam até mesmo a vontade para fazé-lo. Com grande sutileza ¢ energia, a televisio entra nao apenas no quarto, mas também nos gostos dos jovens ¢ também dos velhos, apelando ao imediatamente prazerozo e subvertendo tudo 0 que que nio se conformar a ela (Bloom, 1987, p. 58). Que nfo se trata apenas de uma mutagio curiosa, de um momento sintomatico de um ataque manfaco contra as formas supostamente degeneradas do mundo (pés)moderno, é indicado nio apenas pelo status instantineo de best-seller que o livro de Bloom alcan- cou e pelo feroz debate que provocou, tanto na Esquerda quanto na Direita, mas também por editoriais da imprensa, com suas referéncias 4 “pobreza da cultura popular” ¢ ao fracasso das escolas, “produzindo, assim, um grupo empobrecido de jovens”, ibemos bem o que esta em jogo nesse conflito: “o apelo conser- vador ao passado assume o caréter de uma bandeira ideolégica contra o futuro” (Aronowitz & Giroux, 1988, p. 178). A descricdo que Bloom faz da mtsica e, mais geralmente, da cultura do rock, € bastante expressiva: “Embora os estudantes 140 tenham livros, ces com certeza tém mtsica, Nada é mais singular a respeito desta geracio que sua compulsio pela miisica, Esta € a gra da mésica e dos estados de alma que a acompanham” (p, 68), E significativo que a questio mais importante para ele seja a intensa identificagao dos jovens com 0 nexo entre a miisica do rock e a cultura da midia, A evocagao que Bloom faz da compulsto ¢ da rebeldia combinam com as da possessao e da paixao, todas clas focalizadas no/a jovem como o local mesmo da diferenca ¢ do desejo nao-natural: 0 outro, exemplificado e corporificado. Além disso, €aalteridade de uma forma de comportamento alheta — uma alteridade texturada e mediada essencialmente através da tecnologia — que esté sendo questionada quando Bloom enfatiza seu populismo e a inclusividade que acompanha de perto sua total Penetracao: “a miisica dos novos devotos nao conhece nem classe hem nagio. Esti disponivel vinte quatro horas por dia, em toda parte. Nao existe lugar algum que possa evitar que os estudances comunguem com sua Musa” (p. 68). Para Bloom, a combinagao da mtsica de rock com ajuventude € potente e corruptora. Isso porque “a misica, on a poesia, que € © que a mitsica se torna quando a razo emerge, sempre envolve tum delicado equilfbrio entre razao e paixao”, um equilforio que ‘std sempre inclinado, emboralevemente, parao lado da pareto” (pp. 71-72). Como tal, ela é perigosa, sempre ameacando assaltar avassalar a pr6pria razdo, a qual, portanto, esté necessariamente em perigo. Ele registra, de forma aprovadora, o argumento de Platdo, de que “o ritmo e a melodia, acompanhados pela dana, sio a expressio barbara da alma” (p. 71). i _O que isto implica e exige é uma luta constante entre a racionalidade e a irracionalidade, entre as forcas da treva e as da luz. £ aqui que uma perspectiva focalizada nas relag6es entre género ¢ tecnologia se torna particularmente pertinente. Uma tal Perspectiva nos leva a questionar nao apenas a politica de género da racionalidade masculina hegem6nica, oculta sob a méscara da Propria “razdo”, mas também a racionalidade normati da com a tecnologia (“tecno-L6gica”). A unio entre a cultura popular e a tecnocultura— a cultura tecno-popular — torna-se foco sobredeterminado de varias e poderosas ansiedades ¢ 0 local de miiltiplos investimentos. Além disso, 0 pinico moral que atualmente tem como alvo a juventude contemporanea é dirigido pelas tensdes sociais/subjetivas associadas com a sexualidade, com a (ir)racionalidade ¢ com aquilo que pode ser chamado de ins- consciente tecnolégico, aquele dominio de sonhos e desejos, fantasias ¢ fobias que inspiram e subjazem a cultura da midia, em geral (Sofia, 1993; Springer, 1991), O préprio Bloom fornece uma imagem expressiva desse outro alienigena, apesar de ele préprio registrar de forma clara aameaca, o perigo que essa figura representa na e para a imaginagio dominante-cultural, normativa: Imagine um garoto de treze anos sentado na sala de estar da casa de sua familia, fazendo sua tarefa de Matematica, 20 mesmo tempo que tem aos ouvidos os fones de seu walkman ou que vé a MTV. Ele desfruta das liberdades arduamente conquistadas ao longo dos séculos pela alianga do genio filosofico e do heroismo politico e consagrada pelo sangue dos mirtiress ele desfruta do conforto e do lazer fornecidos pela economia mais produtiva de toda a hist6ria da humani- dade. A ciéncia penetrou os segredos da natureza para lhe permitir a maravilhosa, fiel reprodugao eletronica de imagem € som que ele esti desfrutando. E 0 progresso culmina em qué? Numa crianca pubescente cujo corpo pulsa com ritmos orgasmicos; cujos sentimentos sio articulados em hinos a0 prazer do onanismo ou ao assassinato dos pais; cuja ambigio € ganhar fama e riqueza, imitando a drag-queen que faz a mtisica, Em suma, a vida é transformada numa fantasia inces- sante, comercialmente pré-embalada, de masturbagio (Blo- om, 1987, pp. 74-75). E dificil resistir 4 tentagao de sujeitar esse discurso a uma critica radical que, como a prépria psicandlise, seria simplesmente inter- mindvel; talvez sua simples citagao aqui seja suficiente. Os/as vandalos/as esto a porta da cidade, s6 que desta vez sao criaturas extrafdas da ficedo cientifica, Olha para a crianga que te olha: seus olhos esto frios. As implicagdes desses processos para a escolarizagdo e paraa educagao sao considerdveis e claramente perturbadoras e desafi- adoras. A cultura da mfdia, entendida em sentido amplo, produz novas formas de vida ¢ pelo menos algumas dessas sio humanas ou reconhectveis como tal. E compreensivel, como Hayles (1990) sugere, que sintamos uma certa ambivaléncia em relagio a essas transformacées, porque elas nos obrigam a confrontara diferenea © a idéia de que escolarizar o futuro significa necessariamente ensinar para e com a diferenga, Observamos, pois, uma crescente proliferagéo do. panico ‘moral em torno da escola, dos/as jovens e da midia popular. Nao podemos deixar de observar também 0 predominio da tese da deficigncia que quase invariavelmente marca esses debates, Eis aqui uma expressio particularmente sucinta desse sentimento: “a filosofia da geragio da MTV — imtervalos curtos de atencio, processamento répido da informacio ¢ uma enxurrada de ima. gens rapidamente cambiantes” (Switch on TV, 1990, p. 3). Essa expressio se refere especificamente a um novo programa de tclevisio dirigido aos/as jovens, que deveria ser levado ao ar na €poca (“este novo programa de cultura pop”, como é globalmente dlescrito). Mas ela € sintomatica e expressiva de uma visio gene- ralizada em relacdo as capacidades cognitivas dos/as estudantes ¢ caracteriza, ainda mais aguda e enfaticamente que em qualquer outro periodo da histéria, um fosso entre geracies. Educacionalmente, essa visio baseada na deficiéncia é parti- cularmente significativa, especialmente quando consideramos © nexo cada vez. mais estreito entre 0 processo de escolarizagio e a ura da mfdia, “Entretanto, a cultura popular é ainda vista com suspeita ou franca hostilidade por muitas pessoas envolvidas no Processo de escolarizagio”, em parte por causa de “uma aversio pelo assunto” ¢, em parte, “por causa do medo de que ela deslocaré a ‘alta cultura’ ou destruiré o alfabetismo cultural” (Beavis & Gough, 1991, p. 123), E, certamente, disso que se trata, mas hi, aqui, algo mais em jogo. O que é preciso é uma compre. ensio ativa da deficiéncia como diferenca e um reconhecimento, Por parte dos educadores/as, de que o jogo mudou radicalmente, Como criaturas surgidas de baixo da terra, novos sujeitos estio emergindo, novas formas de vida, TECNONATUREZA, MUNDOS VIRTUAIS & CYBORGS: (© SuseiTo Da “IT” Idhe (1982) observou que “o mundo da midia é um in stansformado” ¢ “a experiencia da midia torna-se generalizada © familiar ¢ comega a dirgir nossas formas de compreender a n6 proprios" (pp. 67, 69). Nossa interages com a tecnologia especialmente com as novas tecnologias da informacio « da comunicago, tornamrse tanto um recurso para nossa propria auto-producio quanto instrumental nessa anto-produeao¢, or: tanto, de forma mais geral, para nossa producio-de-sueito. E neste ponto que se tomna apropriado ¢ elevante considera mais direramente algumas dasimplicagdes do ‘discurso cyborg” (Sprin- ger, 1991, p. 321) ¢ do conceito de subjetvidade socal ona afirma Springer, a discutir a emergéncia da imagem do cyborg em uma ampla série de locais populares culturase ientficosin- telectuais e ao debater a politica contraditéria associada com e: mistura de categorias e apagamento de fronteiras: Fronteiras transgredidas, de fato, definem 0 cyborg, tornan- do-o 0 conceito pds-moderno mximo. Quando os humanos formam uma interface com os computadores nos textos cultura popular, @ processo consist em mais do que apenas acrescentar prétesesrobéticas externas seus corpos. Enva { transformar o eu em algo inteiramente novo, combinanda a identidade tecnol6gica com a humana. Embora a subjetivida- de humana nao fique perdida no processo, ela ¢ significativa- mente alterada (p. 306). Ldealmente, essa discusio deveria considerar seriamente nogbes de sexualdade, deseo, (des)conporificato, fatura de identidades ¢ também aquil que chamamos de insconscente enol Nossas ambigées, entretanto, sao restringidas, pelos in nossosprépriose os do presente ensaio) sue nos foram atribyi as implicagées educacionais da relagao entre “alien-acio’ 4 “TT™ refeese forma neutra propomina! da 0a, em et ifomation eboloy Cesc Se interns) MM ipa aio oes xpos ae asa expreseo, ecelere,eierererty pla ile sda ou de talegens™ (N. do) (Information Technology, Tecnologia de Informacio). Aqui limitaremos a enfatizar uma forma especifica de subjetividac moderna — uma subjetividade construida diretamente a partir relagdes sociais e priticas, tecnologicamente mediadas — ¢ st codificagdes psico-simb6licas. A sigla IT permite, conseqiien mente, um jogo de palavras conceitual, nos termos de Ulmi 1988), colocando imediatamente em foco um jogo entre “it” ‘id” e provocando, assim, uma compreensio psicanalitica di subjetividade como sendo, em parte, uma fungao das operacée do inconsciente e, portanto, de um envolvimento coma alterid: radical. Isso significa, por sua vez, descrever tanto a “diferenca n interior” quanto a “diferenga entre”, uma questo que é claramen terelevante para nossos propésitos, j4 que buscamos compreende! a complexa relagao entre humanos ¢ maquinas, alienigenas ¢ IT, © aspecto a enfatizar é que as novas imaginacées do corpo 08 novos discursos sobre o corpo, tais como os que caracterizai as imagens relativas ao cyborg e similares, implicam no apen: novas perspectivas sobre o dualismo mente/corpo, mas tambéi sobre a prépria nogio de mente, Se a mente € o corpo, nesse regimes de representacao e na pratica bio-tecnol6gica, sao agora lireralmente desvinculdveis, dissocidveis, entio o fato de que o corpo humano possa ser reconstrufdo € regenerado, tanto simbé- lica quanto literalmente ¢ que, portanto, potencialmente, senao essencialmente, seja uma “montagem” (Haraway, 1991, p. 212), desestabiliza ainda mais a persistence (in)seguranga de uma certa imagem de subjetividade (0 cu como autor, como ego). Isso 6 assim porque essa visio — uma antiga ficcio-com-efeitos (Hirst & Woolley, 1982) — tem sempre dependido de seu Outro, 0 corpo, mesmo quando este é radicalmente expulso dos dominios apropriados da racionalidade, do conhecimento e da consciéncia’ «, portanto, efetivamente reprimido. A distingao é clara, assim como 0 sao as atribuigdes de caracteristicas de género (veja, por exemplo, Curry Jansen, 1990; Walkerdine, 1989) a ciéncia e ao. sujeito do conhecimento (mente), de um lado e, de outro, & tecnologia como o (in)animado € necessario outro (corpo) — um processo que € elevado a novas dimensdes pela in(ter)vengio das noyas tecnologias de informagio. No que se segue, discutiremos apenas certos aspectos dessa quest’io, mas esperamos que 0 ¢: conceitual mais compreensio da problemética mais geral. ‘Numa era na qual a tecnologizagio da natureza ¢ a naturali= zacio da tecnologia apagaram antigas e confortadoras fronteiras, tém emergido novos descritores para dar conta das {ntimas asso~ ciagdes que os humanos tém com suas tecnologias. Assim, Ha- raway (1991) fala de “cyborgs”, ou organismos cibernéticos, ¢ Romanyshyn (1989) de “astronautas”, ambos os termos assina- Jando uma caracteristica qualitativamente diferente das novas tecnologias as quais estamos cada vez mais conectados/as ¢ através das quais somos, sob varios aspectos, proteticamente ampliados/as ¢ estendidos/as. Novas categorias, particularmente aquelas que desafiam vis6es hd muito estabelecidas de nés mesmos, sio, a prinefpio, desconfortaveis e até mesmo estranhas. Entretanto, termos como “cyborg” ou “alienigena”, bem como novos quadros discursivos, so necessérios para se comecar a lidar com as com- plexas interagbes que localizam a educagio no contexto de uma ecologia digital. Compreender essa ecologia € um pouco como estar voltado para outro planeta, onde poucas das formas de vida parecem familiares. Compreensivelmente, agimos de forma a nos apegar ao familiar, &s coisas que se parecem com as que conhece- mos no planeta Terra, mas 0 tempo todo explorando novas categorias ¢ novas formas de descricio. Numa ecologia digital emergente, as coisas que nés, como cyborgs adultos, preferimos nao notar sio as coisas nao-familiares. ‘Afinal, encontramos formas de negociar a tecnocultura, usando 0 passado (pedras de toque?) para nos ancorar nas estonteantes correntes do video, do audio, do filme, do rédio e dos campos informaticos da informacio e da imagem. Assim, quando lemos sobre jovens vendo de forma atenta dois filmes sendo projetados, a0 mesmo tempo, lado a lado, numa tela, ¢ os adultos, na assisténcia, se levantando e indo embora (Adams, 1991); quando os adolescentes nos dizem que “vocés nao entendem a MTV, vocés a processam” (David Smith, Faculdade de Educacao, Uni- versity of Sydney, comunicagao pessoal); quando vemos criancas de trés e quatro anos usar os controles remotos de aparclhos de ‘video para repetir um segmento preferido de um desenho anima- do intimeras vezes; quando vemos criangas de cinco anos quase fundidas com 0 controle de seu Nintendo; ¢ quando vemos ceriancas extremamente novas explorar um programa de desenhho 229 ‘num Macintosh, de uma forma que nunca acreditarfamos possi: vel, nossas percepgdes sio limitadas e filtradas. Apegamo-nos categorias conforcadoras e a memérias de uma era-na gual @ mundo parecia mais previsivel, menos fragmentado ¢ a certera ‘mais imediatamente tangivel. Para explicar o que vemos, apelin mos para descrigées causais que se baseiam em experiénciae de "um perfodo em que a midia digital era muito menos penetrances ‘Uma vez que vivemos no interior das agonizantes (ou margi- nalizadas) culturas impressas e das emergentes culturas aud visuais, aqueles de nés que fomos condicionados toda a nosea vida a “pensar como um livro” usualmente ignoramos, des, prezamos, ou simplesmente nao podemos compreender aque les que podem aprender a pensar ¢ a expressar 4 5 pensamentos atrayés de imagens hologedficas em movimeaaa Os perturbadores olhares das criancas “ampliadas” pelas préteses das novas teenologias, criangas que existem em algum logan espaco delineado pelo humano, pelo pos-humano e pelo altnioe, ta nos fazem lembrar que, embora partilhemos, com os ioverg) um espaco geofisico comum, podemos achar dificil, e tiled mesmo impossivel, partilhar os muitos espacos ou mundos ving ais que eles habitam no ecosistema digital, a Novos Ecorspacos anos/as sempre tiveram associag6s es intimas com os dispositivos e tecnologias que eles/as construiram, mas nunca operam a velocidade das novas tecno aponta para u sua velocidade, Anteriormente, dispositivos velocidade similar & dos humanos. A velocidade dessas tecnologias tendia a distorcer as escalas geogréficas, mas de uma forma tal que a pessoas podiam pronta e adequadamente lidar com a distor¢io,, ao integré-la a geografias anteriormente conhecidas. Agora, en~ tretanto, “com o advento da comunicagio instantanea (satélite, ‘TV, fibra ética, telemStica), a chegada supera.a partida, tudo chega sem necessariamente ter que partir” (Viriio, 1987, p. 19). Em vez de distorcer a velha realidade espaco-tempo, vivemos num “espa- o-velocidade”, um espaco no qual a velocidade das novas tecno- logias de informacio distorce “a ordem iluséria da percepcio normal” (ib., p. 100). O espago-velocidade de Virilio € construido com “vetores”, um termo que ele usa para descrever as trajetdrias, potenciais a0 longo das quais corpos, informagées ou ogivas podem passar. Em particular, a distribuigao instantanea de ima- gens ¢ informagées, a partir virtualmente de qualquer lugar para qualquer outro lugar na superficie da terra, esta baseada numa importante transformagio, caracteristica da ecologia digital. Se- parar a mensagem do contexto era uma transformacao necessaria para os primeiros experimentos de envio informagio através de um fio, As tecnologias que se desenvolveram a partir disso funda- ‘mentam agora uma condigio cultural (Hayles, 1990, p. 271), na qual o texto o contexto tornam-se intercambiaveis e na qual qualquer texto pode ser localizado em qualquer contexto (p. ex., MTV). Neste sentido, 0 contexto € constrnido, fugidio ¢ indeter- minado e “novos tipos de unidades — contexto-mais-texto — estio emergindo” (p. 274). Trow (1978) sugere que estamos vivendo “no interior de um contexto sem nenhum contexto” (Hayles, 1990, p. 275). ‘A permutabilidade entre texto e contexto caracteriza o livro de Gibson, Neuromancer(1984), no qual cowboys da informatica penetram nos computadores através de seus sistemas nervosos & entram no “ciberespago” (Benedikt, 1991), um termo agora comumente usado para descrevero espaco vetorial através do qual milhoes de computadores estio interconectados. Nesse espaco, no qual pouco resta do contexto no sentido tradicional, moder~ sta, imensas quantidades de informagao sao injetadas e mantidas numa espécie de nebulosidade ruidosa de “1s” e “0s”. Projeta-se nese espaco virtualmente qualquer coisa, desde receitas, previ- sGes do tempo ¢ cotagbes da bolsa até discusses politicas, idéias 231 religiosas ¢ fantasias sexuais. Mais recentemente, os/as académi- cos/as comecam a “assistir” a conferéncias no ciberespaco. A fim de se conectar com 0 ciberespago (Hafner & Markoff, 1991), os humanos precisam ter acesso a0 terminal local de um vetor, usualmente um computador ligado & rede de ligagdes digitais que envolvem a terra. O nimero de humanos/as agora ligados/as a um ou mais vetores da rede exige novas imagens de espaco social, exatamente da mesma forma que a imagem de um numano usando um tnico computador exige novas descri¢des para dar conta do vinculo entre organismo e maquina cibernética (ou cyborg): Fisicamente intacto, 0 jogador é, nao obstante, jd zm cyborg, pois ele [sic}® esta ligado a0 computador por uma interagao continua entre seu sistema nervoso € 0 cireuito do computa- dor. Nessa visio, ter implantes cibernéticos n4o-destacaveis significa apenas reificar as conexdes destacdveis que ja ligam os humanos aos computadores em milhares de lojas de flipe~ pees de computagao em todo o pais (Hayles, 1990, p.277), Num tal vinculo entre o/ahumano/a ea méquina, quem ou aquilo que € “texto” € quem ou aquilo que ¢ “contexto” sao coisas que ficam confundidas 4 medida que a fronteira de tempo entre maquina e organismo também se confunde: olento texto humano sofre uma transformagio nos circuitos de alta velocidade, rever= siveis, do computador e, por sua vez, 0s desconectados (para os/as humanos/as) momentos do computador interrompem as relativa- mente lentas irreversiveis seqiiéncias cognitivas e perceptuais dos/as humanov/as (Bailey, 1992). De forma similar, mas numa escala mais ampla, através da gravacio, da transmissio e da retransmissdo de eventos, os meios eletr6nicos de massa possibi- litam deslocamentos no tempo linear. As imagens que cles enviam as nossas casas interrompem os ciclos bioldgicos dependentes do tempo da natureza, mas nao afetam o tempo das méquinas, qué operam numa velocidade tal que, como sugere Virilio, s6 indire= 6 Fepisténcia e reapropriagio associaclas ci uelas formas de ro ‘ oN i 20m) as for tamente, “através da gravacio possibilitada pelo videocassere, através da ciéncia da informacao e através dos sistemas robotiza- dos” (Dercon, 1986, p. 36), podemos participar do processo, ‘A escola torna-se um importante espaco nesse eendrio. Um dos alvos primeiros da comercializagio de produtos de Tecnolo~ gia de Informacao — ¢ exercendo agora um papel cada vez mais importante no uso das novas tecnologias de informaglo — as cscolas, a despeito de sua hist6ria, tém se constituido sempre em “refiigios”’ da midia eletrOnica. Muitos estudos apontam pari as horas que as ctiangas gastam nas salas de aula, em comparagio ‘com o tempo gasto em frente da TV. No caso dos computadores, ‘as escolas, com raras excegdes, nio podcrao chegar a fornecer computadores suficientes para realizar as conexGes que so en- contradas nas casas ou, como nos primérdios do proceso de informatizacao, em lojas de fliperama. Nao existe ainda nenhum estudo australiano que dé uma indicagdo da quantidade e do tipo de uso dos computadores em casa, Nos Estados Unidos, entretan- to, Negroponte (1991, p. 78) relata que existem mais de 30 milhdes de maquinas de videogame e que elas podem ser encon- tradas em mais de 70 por cento de todas as casas que tenham criangas entre oito ¢ doze anos. Dada a inclinagéo da Australia a consumir produtos de Tecnologia da Informacao mais rapida- mente que a maioria dos paises desenvolvidos compardveis, a porcentagem de penetracio ser4 provavelmente mais alta. A importéncia educacional dos computadores domésticos ¢ subl nhada pela pesquisa atual de Seymour Papert com os jogos da Nintendo (Negroponte, 1991, p. 78) ¢ pelo seu trabalho com Lego e Logo (Brand, 1987, p. 125). Até agora as escolas tém sido relativamente bem-sucedidas na tarefa de “escolarizar” as novas tecnologias de informago; por quanto tempo elas continuaréo fazendo isso, entretanto, ainda nao esté claro (Bigum, 1992). Até ‘0 presente momento, o apagamento de fronteiras ¢ a inclinagio a reconfiguracao espacial demonstrados pelas novas tecnologias de informacio e comunicagao sugerem que as escolase outras 7 Fxiste uma certa ambivaléncia aqui, no fato de que as escolas podem ser ‘concebidas tanto como “lugares seguros” quanto como “unidades de privagso. Sengéria® Como Sachs, Smith e Chant (1989, p. 14) observam: “As escolas podem perfetamente forecer um dos poucos lugares onde a8 criancas so Jorgadas ase retirar, por um certo tempo, de tum fluxo constante de sons € imagens eletronicamente prod instituig6es sociais, rais como bibliotecas piblicas, deverao ser, no tninimo, significativamente reconstrufdas (Bigum, 1991), Num cenério mais radical, & medida que a casa, 0 carro ¢ os préprios Sea oe vez mais tratados como consumidores de igh tech, as cscolas tenderao a part a ticipar cada ‘menos da ecologia digital exter ere Me n Na, torr Is i Benes nando-se, afinal, realmente Novas Espécies vad tamente da’ mesma forma que o novo ecossstema € Berado a partir do apagamento de frontiras, assim também o sto seus/suas habitantes (Haraway, 1991, pp. 177-178), Embora Paes ter difcldade em accitar as ionicas afmagber de faraway sobre as hibridagées entre o/a humano/: i em visualizar, assim, nosso Taso en ate 7 assim, proprio envolviment letrénicos e numa rede eletr6ni Sousa ; rOnica de constituigao e transforma. {0 Go ef podemos identifica: uma proporcio sigail cava Portadora de marca-passos eletrdnicos, 61 : s membros e drga Broncos © ples artclagdes anfciis (Hayes, 1990 Gi 277). Podemos também identificar formas extremas ou den, a extremas ou des. a de ane ‘entre o/a humano/a e maquina, pe respeito 4 computagio (p. ex., Springer. m f , Springer, 1991). Exi Anas hstris sobre *malucos” da informatica ¢ ‘abe a ae lafner & Markoff, 1991; Turkle, 1984). O esterestipo fo homem obeso, socatmenteestranho, vivendo & base de a © passando horas e horas, na madrugada, & frente de um Compurador, € uma imagem comum, assim como o € 2 imagem anlaco por TV cujo tecado € um dispositive de controle },O. que ouvimos menos sio hist6rias sobre criancas e norms” que também gastem longosperiodos de tempo feclado de computador, num controle de videogame ou em a televisdo, Estabelecer “fronteiras” em torno daquilo que Sst ntagoes lear. Hayles (1990) registra presentes em desenhos animados infantis ¢ em filmes como Robocop — dos/as humanos/as vistos como “simples micleos nos ‘quais se podem incrustar mecanismos cibernéticos”: “essas ima- gens implicam algo mais que a davida, usual entre os/as jovens, de que a histéria, em geral, ¢ a geragio mais velha, em particular, tenha qualquer coisa de atl a Ihes ensinar” (pp. 280-281). Para a maioria dos adultos, a ecologia digital na qual agora ‘nos encontramos desenvolveu-se ao redor de nds ¢ nés nos adaptamos a ela, alguns mais prontamente que outros. Em cons- traste, nossos/as jovens nasceram nela; é seu ambiente natural. Para eles/as, a alta densidade dos vetores de comunicagao ¢ inteira € inequivocamente natural, algo a0 qual cles/as aprendem a se adaptar, algo que aprendem a usar e a explorar, exatamente da mesma forma como n6s aprendemos a nos adaptar a rarefcita ecologia cletrénica na qual nés nos desenvolvemos. Na visio que consideramos equivocada, 0s “jovens cyborgs” io vistos simples- mente como mais uma nova geracio, de uma forma em nada diferente das novas geragdes do passado. O assim chamado “fosso entre geracées” é visto, nessa perspectiva, simplesmente como o equivalente, nessa era da informatica, do sentimento de distancia que nossos pais ¢ nossas maes experimentavam em relagio a seuis/suas filhos/as. Formular a questéo geracional dessa maneira éconfortador para pais, mies e professores/as. Visto dessa forma, 08 jogos da Nintendo seriam simplesmente uma versio high-tech de alguns dos jogos de fantasia que eles/elas préprios/as constru- fam a partir de brinquedos que nio eram feitos para golpes de karaté e de Nunchukus.* Trata-se de uma resposta similar & de alguns/algumas professores/as quando os computadores chegaram pela primeira vez. sala de aula — isto é, “continuemos fazendo 6 de sempre, s6 que agora usando um computador”. Tende-se a ignorar, nessa perspectiva, aquilo que € menos visivel — isto é, a natureza especifica da tecnologia que envolve 0 jovem cyborg €, ‘em particular, sua velocidade e suas caracteristicas geracionais. (Os produtos de alta tecnologia, particularmente os computa- dores, podem ser caracterizados (tal como os/as humanos/as) em termos de geragbes. Trata-se de uma forma abreviada e conveni- ente de se referir a grandes mudangas na arquitetura e no desenho ime hombnimo (N. do T.) ssa pelasrartaragas Ninjas de hardware ¢ de software (usados em seu sentido mais geral de iidia). Embora haja definigGes formais das caracteristicas de cada Beracio, a medida que a velocidade da tecnologia transfere-se para a velocidade com a qual novos produtos sio produzidos, os fossos geracionais (em termos de anos e outros registros cronoldgicos) tornam-se mais curtos, Em termos gerais, a caracteristica que distingtie uma determinada geracio é que ela é — diferentemente dos/as humanos/as — mais rapida que as gerag6es anteriores. Isto significa nfo apenas que os dispositivos scparados que atualmente chamamos de computadores, mas também os computadores que esto embutidos na maioria dos aparelhos e equipamentos eletro- niicos que usamos, tornam-se mais rapidos. A velocidade se traduz nna capacidade de fazer mais coisas no tempo equivalente ao limite inferior da percepcao humana —“o piscar de olhos”, Os vinculos Perceptuais — isto é, 0 som ¢ a imagem — tém, cada vez menos, aparéncia de maquina e, conseqiientemente, as unides feitas entre a maquina e o/a humano/a (cyborgs) tornam-se mais “naturais”, Para aqueles/as de nés que vimos passar vérias geracoes de computadores, as mudangas de velocidade sao acomodadas quase da mesma forma pela qual o encurtamento da terra, através das tecnologias répidas de transporte, foi acomodado por nossos/as av6s/ay6s, Para aqueles/as nascidos/as numa geracao particular de dispositivos baseados no computador, sua velocidade, seu carter natural, sua forma particular de dispositivo “amigavel” para o/a usuétio/a, constituem a norma; eles/as nao tém nenhuma experi- éncia basica comparavel a nossa. Sua escolha de uniées com a maquina € feita a partit da disponibilidade do conjunto contem- Poriineo de dispositivos que ajudam a constituir seu ecossistema digital. Dessa forma, cada geracio de jovens vivencia uma “tec- honatureza” tinica que se torna a base para nomear o ecossistema digital em que vivem, Aqueles/as que vendem produtos high-tech estio estreitamente sintonizados com as mudancas geracionais que descrevemos, Neste sentido, um tanto ironicamente, aque les/as que chamamos aqui de “alienigenas” sio produzidos/as _ Gomo tais por humanos/as que atualmente ocupam posigdes de influencia e poder, tanto comercial quanto culturalmente, Filmes {is como Bladerunner e O Exterminador 2, e as sucessivas gera- ‘$68 de videogames domésticos constituem dramatizagées extre- fetivas desse argumento (Proven: 1). Uma categoria-chave é a de velocidade: cada geracio chore esti associa com as caratersticas de velocidade do esossstema digital na qual ela nace De forma maisimportante a veloc ‘ia um meio para se teorizar seems bial) trabalho de Virilio tem rentado compreender 0 novo fendmeno s6cio-teenalépco da velocidad is ay socizis que moldam a velocidade-espago e sio moldadas por cle ‘Aoescrever sobre a percepgio, ele evoca um termo, oe ps = para descrever o que ele chama de “tempo perdido”. A ruptura no rempo é nstanténea — uma xicara pode ear e, de uma forma igualmente répida, o tempo consciente se recompée, ¢ ea momento da queda nunca tivesseexistdo. “O tempo consent recompée-se automaricament, formando um tempo continuo, sem ruproras aparentes” (Vrilio, 1991, p. 9). Para Virlio a picnolepsia ¢ um fenémeno de massa, im estado paradoxal de vig (vigtiarSpida) que complementa 0 estado parade a sono {correspondent velocidade de umn movimento ocular) le argumenta que exposigdoaossimbolosesinais de alta velocidade da teenocultura popular agrava os efeitos da pienolepsia, “uma Yer que provoca wma retiada — perpetuamente repeuda — po parte do sujeito, de qualquer contexto espago-temporal” (p. 101). Oja jovem cyborg, euja experiencia éconstituda de uma rea gama de contextos espago-temporasreenologicamente capaci dos e reforcados — ou, nos termos da informética, de “mundos vireuais” — € necessariamente diferente de cyborgs mais ve Ihos/as. Para os/as jovens cyborgs, sair desses espacos e neles entrar — num certo sentido, viajar no tempo — pode, pois, ser um momento picnoléptico.’ £ interessante observar que a tecoolonig que sustenta a velocidade-espago comegou. a fazer e6pias d velocidade-espaco para os'as humanos/s. O desenvolvimento de sistemas de realidade virtual (ja, por exemplo, Hills, 1992; Rheingold, 1991) tactamente firma fugacidade ea virwalidad de todos os mundos ou espagos que os humanos rém explorado intriganes a ser ma da teorta pric ereeivio coo nag presente part's mesmo, ct asente ou Picjetisepeld: 1991, Henriques, Hollowsy, Urwin, Venn, & Walkera, 237, hi 4 na matrix da computacio e da telecomunicagio. A realidade virtual é€ um simulacro totazador) um simulacro no qual n6s ar ober estivemos vivendo, num certo sentido, j4 por empo. O dinico problema € que incapa jis tempo. que somos incapazes de mmentos picnolépticos quando ves stimos e desvesti- mos lavas ecapacetes, Para os jovens cyborgs, as ecolas também podem smplesmente ser apenas um our expag virtua Lake & uke, 1990), no interior do qual ainfh i ., juéncia das experiéncias joutrosespagos pode ser reprodusida de forma phere simultneamenerecontextaizads¢ desconextalizada ro + P. 92) relata 0 caso de um garoto pré-escolar cu ‘ : ré-escolar desetgio da forma como ee tnhatido patcnatcrer ees ita “como se ele tivesse numa f 2 son wma fase de um jogo da Nintendo, como o Super Maro Brother 2". A airedes ¥ sora como um “chefe”, uma referé c nos chefes que control : Sana lam as diferentes fases di lo mundo di sonhos". Dada esas condigdestecno-culturais— transformadas mbiantes —, que é necessirio ser rigorosamente e mesmo dicalmente reavaliado em elacio a nossa compreensio subjetividade e da ordem simbélica? Conctusio Somos convocados de volta 4 Tera e devemos confront 0 a segunda-feira. Que implicagé i x : Ges essa discussao d gals da midi da tecnologia € da subjeividade tem para A ¢, de forma mais geral, para a educaca ha? Uma coisa que ( daraaauaeaes U parece clara € que a prépri Be Us ci que a propria ambivaléncia amamos aqui de “alienigenas” — —compreendidos me novas formas de vida — represntam um dest radi ignorar nem a profunda alienagio i jovens experimentam hoje, c i na aetas , confrontando um futuro. jue muito Hieaientemente parce i egotado mesmo antes de ae treado sempre por uma incerta fundamental —sew sentimen: =serem, cadaver mals estranhov's numa tera estan — probabilidade de que eles/as estejam se tornando distintivg em termos de suas capacidades, suas seus valores, Discutir adequadamente descrito como uma estrutura pés-moderna de sentimento exige {que aqueles/as de nés que carregamos a responsabilidade de escolarizar 0 futuro nio apenas desenvolvamos novas compreen- sGes ¢ novos recursos, mas também um sentimento apropriado de humildade, juntamente com o reconhecimento da inevitabilidade da diferenca, Como argumenta McRobbie (1986): Nio existe como voltar atrés... Para populagdes transfixadas em imagens que sio clas préprias realidades, nao existe nenhum retorno a um modo de representagio que politize de ‘alguma suposta forma direta, “digna”. A série celevisiva Dallas esta destinada a se situar a0 lado de imagens da revolta negra. Endo é mais possfvel, vivendo com o pés-modernismo, falar sobre imagens inequivocamente negativas ou positivas (p. 115). Embora seja ainda mais apropriado, por exemplo, a telenovela australiana, Chances, a0 lado das impressionantes imagens do espancamento de Rodney King pela policia de Los Angeles, as. contradig6es sao inevitaveis, assim como ¢ inevitavel a complexi- dade de se viver em novos tempos. McRobbie argumenta em favor de uma visio positiva, competente, dos/as jovens e das emergentes culturas da imagem ¢ de um reconhecimento das possibilidades educacionais ¢ politicas a serem construidas tanto na cultura popular quanto no pés-modernismo. Sem davida, tanto o pés- modernismo quanto a noco de “alien-acio”, tal como a desen- volvemos aqui, devem ser Vistos como efeitos de uma aliangaentre ‘© bloco dominante-cultural — essencialmente, neste caso, as ‘geracdes adultas — c 0 complexo industrial-militar que efetiva- mente subjaz 4 cultural global da midia. Trabalhando contra isso, entretanto, estio formas importantes de resisténcia, apropriagio e redesenho por parte dos grupos subordinados, ¢ isso é algo que sempre deve ser levado em conta. Sem perder de vista, portanto, a contextualizagao global da cultura da midia ¢ do discurso cyborg no contexto daquilo que Haraway (1991) chama de “informatica da dominagio”, © que queremos enfatizar aqui é a ambivaléncia aberta ¢ a politica contradit6ria associadas com nocées tais como ccurriculo cyborg e, na verdade, com a prépria imagem de “alient- genas”. © que fazer com isso é precisa ¢ literalmente o desafio que enfrentamos. f enas da fic¢ao cientifica so criaturas de outros mundos. Em nossa presente e emergente ecologia digital, existem muitos desses mundos que estio aparentemente fora do alcance de cyborgs mais velhos, mas no interior dos quais os/as jovens cyborgs cstio ocupados, neste exato momento, na tarefa de moldar e fabricar suas identidades. As escolas podem perfeitamen- te se tornar locais singulares, como mundos prdprios nos quais cyborgs geracionalmente diferentes se encontram ¢ trocam narra- tivas sobre suas viagens na tecno-realidade — desde que nés nos permitamos reimaginé-los e reconstru‘-los de uma forma inteira- mente nova, em negociago com aqueles que um dia tomario nosso lugar. REFERENCIAS iteracy in the age of Harvard Educations! Review. 1 The challenges of retention (Bookl more of them?). Hawthora, Vi ch, 1991, students now: Different, ‘Australian Council for Educational lar culture: What do they mean ‘Making it explicit, Mak postmodern science and social theory” , 188-226, ‘ountry’: The prospects for In Computing the Clever Country? 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Queremos agradecer, em particular, a Lindsay Fitzclarence, pelas discus- Ges ¢ sugestdes nos estdgios iniciais deste ensaio. + Este ensaio foi publicado inicialmente no Australian Journal of Education, 37(2), 1993: 119-141. Publicado aqui com a autorizagio dos autores ¢ da revista.Tradugao de Tomaz “Tadeu da Silva. ° Bill Green ¢ Chris Bigum sio professores da Faculdade de Edu- cacao da Deakin University, Geelong, Victoria, Austrilia. ¢

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