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minagao. Em outras palavras, o velho esquema infraestrutura/superestrutu; —esquema que fer muito mal & ciéncia social — deve ser rejcitado, mas caso se. deseje manté-Io ¢ preciso ao menos viré-lo pelo avesso, Para compreender um ‘milagre econdmico, sera que nao se deve partir das formas simbélicas? O funda. ‘mento das coisas que nos parecem as mais importantes, as mais reais, as maig determinantes“em altima andlise’, como dizem os marxistas, nao esté nas estrue ‘tras mentais, nas formas simbélicas, nas formas puras,légicas, matemsticas? [...] Depois de ter trabalhado muito sobre o Estado, a releitura, hoje, de meu artigo “Sobre o poder simbélico” me faz ver a que ponto eu mesmo era vitima do pensamento de Estado. Eu nao sabia que escrevia um artigo sobre o Estado: pensava escrever um artigo sobre o poder simbélico. Vejo agora uma prova da forga extraordinéria do Estado e do pensamento de Estado, ana (0s fundamentostebricos de uma anélise do poder estatal — O poder simiblico:relages de forgaerelagdes de sentido —O Estado como produ- torde principiosdeclassificagio — Bfeto de crengaeestruturas cognitivas — Ffeito de coeréncia dos sistemas simbblicos de Estado — Uma constru- (io de Estado: programagao escolar — Os produtoresdedoxa (0S FUNDAMENTOS TEORICOS DE UMA ANALISE DO PODER ESTATAL, Como anunciei na ultima vez, vou abordar o segundo conjunto de proble- ‘mas apresentados pelo livro de Corrigan e Sayer: 0 dos fundamentos te6ricos de suas anilises sobre a constituigao do Estado inglés. Antes de iniciar essa anise talver para melhor faze-Los sentir o objeto da efleio quelhes proporei, {gostaria de ler para vocés um texto pouco conhecido, tirado de um artigo de David Hume, “The First Principles of the Government” (de Essaysand Treaties ‘on Several Subjects, publicado em 1758): [Nada é mais surpreendente, para os que consideram os negécios humanos com ‘um olharfilosbfico, do que vera facilidade com que o maior niimero € governado 23 pelo menor nmero, e observarasubmissio implicita cam que os homens seus préprios emtimentos e paixdes em favor daqueles de seus dirigentes, ‘nos perguntamos por que meio essa maravlha, jopER SIMBOLICO: RELAGOES DE FORGA E RELAGOES DE SENTIDO essa coisa espantosa é reali descobrimos que, como a forga etd sempre do lado dos governadios, os overnan ;ndo tém nada para sustenté-los sendo a opinito. f, portanto, somente na opi ‘que 0 governo est haseado. Essa maxima estende-se aos governas mais desp tig ‘aos mais militares tanto quanto aos mais livres e 20s mais populares? ‘Mex artgo “Sur le Pouvoir symbolique’ publicado em 1977, tentavacons- ‘os instrumentos de pensamento indispensiveis para pensar essa eficacia aha fundamentada na opiniao, mas poder-se-ia igualmente dizer na cren- ‘Como é possivel que os dominados obedecam? O problema da crengaco da isncia slo um s6. Como € possivel que eles se submetam e, como diz se submetam tio facilmente? Para responder a essa pergunta dificil € superar as oposigSes tradicionais entre tradigdes intelectuais tao pro- nente percebidas como incompativeis que ninguém antes de mim tentou Considero esse texto extremamente importante. Hume se espanta da fac com que os governantes governam, coisa que com muita frequéncia esq ‘mos porque estamos numa tradiego confusamente critica, da mesma form, Como esquecemios com que facilidade os sistemas sociais se reproduzem, Quando entrei paraa sociologia,a palavra mais pronunciada pelos soc ¢ de superar suas oposicbes foi caminhando e| ie ee logos era mutarao'amutagao tecnolégica,a mutagio midiéticaetc,ao py co elaborei conceitos — poder simbélico, ee a i ite. om que a menor andlise evela até que ponto os mecanismos de reproduc 4 ee i een poderosos. Da mesma forma, costumamos ficar impressionados com 0 i, por motivos eteeieen ee oe eet mais fenomenal —as rebelides, as subversdes, as insurreigdes, as revolucdes Bpiaesenesro poser simbolico 2 quando 0 assombroso, 0 espantoso, é 0 inverso: 0 fato fi ser a ordem ‘a Bs mportnte pontoe cicio dutiad pessoas sobretudo na eae Quentemente observada. O que é problematico ¢ aquilo que justamente nio 06 m ter uma visio muito escolistica do pensamento tebico: en aioe Como é possvel quea ordem socal sea tio facilmente mantida, quando, como soe uma partenogeneseteérica,a teoria gerando teorias cass Pees re [Na verdade,o trabalho nao se az de eito nenhum dessa maneira;nio é neces jente lend livros tebricos que se produ teoria. Dito isto, € verdade que se ue constitui o ponto de partida das reflexdes rigorosas do tipo das que vou isa de certa cultura tebrica para tera possibilidade de produzir alae = fazer. Parece-me que nao é possivel compreender verdadeiramente as relagbes BPrimeiro ponto desse procedimento: crein que convém tomar com ee é de forca fundamentais da ordem social sem que intervenha a dimensao simb6- partida o fato de que as relacoes de forga sto relagdes de ot us io Hica dessus relaoes: se a relagdes de forca fossem apenas elagdies de fora fis que no hé antagonismo entre uma visio fisicalistae urna Pad aee- as, militares ou mesmo econdmicas, ¢ provével que fossem infinitamente mais inbicado mundo sc E peo recur sopra ene dis tiposde mode frageis e factlimas de inverter, No fundo, éesse 0 Ponto de partida de muitas de Tos entre os quais toda a tradicao do ppeniarnental social snaps es . minhas reflexdes. Aolongo de todo o meu trabalho tenti reintroduzir esse pa= oils de tosis cosmos de tipo ber, gue exer mt radoxo da forga simbélica, do poder simbolico, esse poder que se exerce de ‘oda em certo periodo: é uma alternativa totalmente kas ‘maneira to invisivel que até mos esquecemos de sua existéncia e que aqueles Tealidade. As relagdes de forga mais brutais — é 0 que diz Hus ‘que o sofrem sao os primeiros a ignorar sua existéncia jé que ele s6 se exerce por: Imesmo tempo relagdes simbélicas. cenatinenitersas se ignorar sua existencia. E esse 0 tipo mesmo do poder invisivel. O que hoje Sendo as relagoes de forga inseparavelmente relagdes Ca tentarei apresentar rapidamente sao os fundamentos teéricos de uma an nian odominado também sun qu cones recone (Com su que restitui seu lugarao poder simbélico, famosa dialética do senhor e do escravo, Hegel tocou no problema; no entanto, 25 224 como costuma acontecer, a andlise explorat6ria, que abre caminho em det nado momento, bloqueia 0 caminho e proibe pensar de modo completo, fp isso que a tradigio do comentério te6rico costuma ser mais esterilizante g fecunda.) 0 dominado conhece e reconhece: o ato de obediéncia supde um a de conhecimento, que éao mesmo tempo um ato de reconhecimento, Em ahecimento ha, evidentemente, “conhecimento”: isso quer dizer que quem submete obedece, dobra-se a uma ordem ou a uma disciplina, opera uma agg cognitiva.(Digo-Ihesas coisas de virias maneiras:atualmente, fala-se muito

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