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Teoria da norma
2.1 Lei penal e norma penal
2.2 Clasificação das normas penais
Mais notas
O que se infringe não é a lei e sim a "norma de proibição" que está contida na lei.
Portanto:
- a tipicidade da conduta situa-se no plano da lei.
- a ilicitude da conduta situa-se no plano da norma.
Esta distinção tem enorme importância prática para o concurso aparente de tipos (e
não de normas pois só uma norma de proibição foi violada!) e quanto à teoria do erro,
na diferenciação entre erro de tipo e erro de proibição.
Norma penal em sentido estrito é a norma jurídica que proibe determinada conduta,
impondo uma sanção, é chamada norma penal incriminadora ou norma proibitiva.
Em sentido lato a norma penal também pode ser permissiva (excludente de ilicitude ou
culpabilidade), explicativa, comum ou especial, completa ou incompleta (Damásio).
Norma penal especial é aquela que figura em lei extravagante, também chamada lei
especial, como por exemplo a lei de tóxico, às vezes compondo o chamado "direito
penal especial": por exemplo direito penal tributário, direito penal falimentar, direito
penal eleitoral.
Damásio classifica as normas penais também em norma penal completa e norma penal
incompleta.
A norma penal completa alcança todo o conteúdo da proibição: são completas no seu
conteúdo incriminador.
Nas normas incompletas o preceito incriminador traduz somente parte do que se quer
proibir, havendo necessidade de uma complementação. É a chamada "norma penal em
branco", de que são exemplos o art. 268; 269 (omissão de notificação de doença pelo
médico): uma outra lei, ou regulamento é que dirá quais as doenças de notificação
compulsória; 237 (contrair casamento conhecendo impedimento): é o código civil que
diz quais são os impedimentos; 178; 240§4º, inciso II; arts. 12, 13 e 16 da lei
6368/76.Mas também pode ocorrer de a norma incompleta ser complementada pelo
costume, é o que ocorre no "tipo com elemento normativo", por exemplo os artigos
215, 216 e 219 quanto ao conceito de "mulher honesta".
norma penal
ilicitude = "não matar"
(norma de proibição)
permissivas
explicativas
comuns
especiais
completas
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
O princípio da Reserva Legal ou Anterioridade da Lei também estão previstos no artigo
5, XXXVIV e XL da CF
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
>>>>> OBS: “Abolitio Criminis” não cessa os efeitos do direito civil. Ex: Adultério
deixou de ser crime (lei 11.106), não quer dizer que a parte traída não possa ser
indenizada.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
>>>>OBS. Se for benéfica retroage, aqui também se consolida o princípio da não
“Refomatio in Pejus”.
Ex: Rapto violento deixou de ser crime contra a liberdade sexual (219) e passou a ser
crime contra a liberdade individual (148). (Mudou de lugar mas permanece no
ordenamento com pena inicial igual mas máxima maior)
Neste caso TEMPO REGE O ATO e por se tratar de “Reformatio in Pejus” não
retroage.
>>>>OBS. Se tratando de crimes permanentes (consumação que se prolonga no
tempo) , a vítima estando em cativeiro , a lei que seerá aplicada será a que estiver
vigente no momento da cessação da permanencia, MESMO SE FOR MAIS GRAVE A
PENA . SUM 711 do STF.
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
durante sua vigência.
>>>>OBS. “LEX TERTIA” o juiz pode aplicar parte de duas leis, sempre de forma mais
benéfica ao réu. Aqui, ele adota uma posição de legislador partindo do pressuposto
que, se pode aplicar a lei mais benéfica em sua totalidade, também pode aplicar parte
desta.
O STF (1a e 2a turma) diz que não pode (ver informativo 525STF), o STJ (6a turma-
HC 101939) diz que pode e que não pode (5a turma 11247) o Supremo não se
manifestou.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado.
>>>>OBS. Teoria da atividade: O tempo do crime independe do resultado.
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
>>>>OBS. Princípio da territorialidade temperada. Exceção – tratados internacionais.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
>>>>OBS. Aqui vem aquela questão do avião brasileiro que caiu no raio que o parta
em alto mar e o crime é cometido sobre o pedacinho do destroço da aeronave
brasileira APLICA-SE A LEI BRASILEIRA.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso
no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou
mar territorial do Brasil.
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
>>>>OBS. Teoria da Ubiquidade ou Mista O lugar do crime é tanto o lugar da
conduta quanto o da produção do resultado.
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município,
de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando
em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil,
se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
Eficácia de sentença estrangeira
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.
>>>>OBS. Prazo de direito MATERIAL
(questão do cocurso de juiz federal)
Decadencia do artigo 10. do CP. INCLUI O 1o E EXCLUI O FIM.
Exatamento o contrário do prazo processual. Outra excessão é a citação por carta
precatória que conta da data da intimação e não da juntada do mandado cumprido.
(SUM 710 STF)
PRAZO MATERIAL diferente do PRAZO PROCESSUAL
Frações não computáveis da pena
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos,
as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
Legislação especial
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso.
TEORIA DO CRIME
>Crime é a mera violação da norma penal.
> Conceito material: É o comportamento HUMANO que ofende ou expõe a perigo
bens ou interesses tutelados pelo direito penal.
> Conceito analítico: depende da teoria adotada.
TEORIA BIPARTIDA: Tipico e Ilicito (a culpabilidade aqui é um mero pressuposto
para aplicação da pena – Vide: Damasio, Mirabete, Capez)
TEORIA TRIPARTIDA: Tipico, Ilicito e culpável (MAJORITARIA)
• Tipicidade: Adequação TIPICIDADE = CONDUTA+TIPICIDADE
independendo às vezes de consumação ou resultado.
Fato típico é um comportamento humano inserido na lei como crime.
>> Em crimes materiais, sua estrutura é composta de conduta+resultado
naturalístico+nexo causal+tipicidade.
Ex. Homicídio – o resultado nos crimes materiais é necessário.
>> Em crimes formais, a conduta e o resultado são naturalísticos. (Independem de
consumação)
Ex. Extorção, corrupção passiva, etc..
>> Em crimes de mera conduta: Só a conduta descrita basta para configurar o crime,
sem necessitar de dano.
Ex. Porte ilegal de arma –
OBS: Nos crimes formais e de mera conduta, não há previsão de resultado
• Ilicitude: Contrariedade
>>> TEORIA DO CAUSALISMO ou NATURALISTICA(vide: Ford, Nelson Ungria, etc)
Conduta é o comportamento HUMANO e VOLUNTÁRIO que modifica o mundo
exterior.
Falha: Ausência de qualquer fato intelectivo, onde Dolo e Culpa estão dentro da
culpabilidade.
>>> TEORIA DoFINALISMO O Brasil adotou esta teoria. (vide: Nucci, Grecco, Francisco de
Assis Toledo)
Conduta é o comportamento HUMANO VOLUNTÁRIO e CONSCIÊNTE dirigido a uma
determinada finalidade. Aqui o dolo e a culpa são parte do TIPO.
Art. 20 caput do CP. Há exclusão do dolo.
• Culpabilidade: Sensura ou reprovação
É formada por Imputabilidade, Potencial consciencia da Ilicitude e Exigibilidade
de conduta diversa
>>> TEORIA Normativa pura (Teoria moderna) é genero das espécies extremada e
limitada (Stricta) cujas distinções são as discriminantes putativas.
Elementos estruturantes da culpabilidade:
- Imputabilidade INTELECTIVA (entender o carater ilicito do fato) E VOLITIVA (se
autodeterminar conforme o entendimento intelectivo). Aqui a norma nos diz os que são
Inimputáveis, sendo assim, quem não se enquadrar nos requisitos do 26 é impotável.
(26 contrario sensu)
Causas que excluem a Imputabilidade: Art 26 Caput do CP
(Art. 26- É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.)
* Doença mental: A materialidade se comprova com a perícia (art 182 CPP). A
doença mental pode ter origem física (ex. Sífilis, pneumonia) pois algumas doenças
físicas causam perturbação mental.
A natureza jurídica da sentença é ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA
* Desenvolvimento mental incompleto: Neste tipo, é possível a aquisição da
capacidade plena posto que a incapacidade é em função da pouca idade do agente
(menos de 18 anos) ou da falta de convívio com a sociedade (Silvícola selvagem).
* Desenvolvimento mental retardado: é incompatível com o estágio de vida do
agente.
Ex. Oligofrênicos (pessoas com QI abaixo de 80)
A natureza jurídica da sentença é ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA sujeita a Medida de
Segurança.
OBS.: Aqui o agente NUNCA irá adquirir a capacidade plena.
* Embriagues completa e acidental: decorre de caso fortuito ou de força maior.
28 § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Exclui a IMPUTABILIDADE E ISENTA O RÉU DE PENA.
:) Ex. O cara cai num barril de cachaça e fica de porre... :P Hmmm Não. São casos
onde o sujeito tomou um comprimido, remédio e não sabia dos efeitos colaterais
entorpecentes. Embriagues é um instituto: não é só alcool, são drogas também.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: ...
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. JAMAIS
EXCLUI A IMPUTABILIDADE
§ 2º -CAUSA GERAL DE DIMINUIÇAO DE PENA. Embriagues incompleta. A pena pode
ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
- Potencial consciencia da ilicitude
Excusável
Ex. Eu não sei que cocaína é droga. Ex. Eu to de carona com um amigo e ele e
Inexcusável diz que tem um quilo de farinha. Eu não sei
que é um saco de cocaína (erro sobre a
elementar típica) Se eu soubesse que era
drog, não estaria de carona.
Inexcusável
É o último recurso, a última “Ratio”. Seu carater é subsidiário. Se houver qualquer outra forma de evitar o perigo,
incluindo a fuga do agente, não se pode alegar estado de necessidade. O conflito se dá sobre dois bens lícitos.
Regra: Proporcionalidade.
O bem jurídico de maior valor se sobre põe ao de menor valor (vida>patrimonio). Para os que forem de mesmo valor,
fica a critério do agente qual dos dois deverá ser sacrificado(vida=vida).
OBS: Não se admite o sacrifício de vidas para salvar patrimônio.
>>> TEORIA DIFERENCIADORA.:
Estado de necessidade exculpandi e Estado de necessidade justificandi.
==Estado de necessidade exculpandi: O bem juridico de menor ou igual valor é o preservado. Existem 2 posições:
1- Aplica-se a minorante do 24 § 2º. Posição majoritária.
2- Exclui a culpabilidade. Excessão. CP Militar.(adota a teoria diferenciadora 39 exclui a culpabilidade e 43 exclui a
ilicitude) Posição minoritária
== Estado de necessidade justificandi: Há uma variação pois o alcance é diferente. O bem juridico de maior valor é
o preservado. (da maior alcance à teoria unitária) Exclui a ilicitude.
b) Legitima Defesa:
Natureza jurídica: Causa de exclusão de Ilicitude. Art 23, II
Cabe de Todos os bens, sem restrição a LD de direito próprio ou alheio.
A LD tem que se dar com os meios necessários que o agente dispõe no momento da
injusta agressão.
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Para o mundo dos concursos:
Tem de ser contra agressão INJUSTA, ATUAL e Iminente contra ATO HUMANO.
O agente tem de optar pelo meio que produza o menor dano.
A LD deve ser moderada e parar assim que a ação do agressor parar. Se eu
continuar, respondo pelo excesso.
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>> INJUSTA AGRESSÃO: Contraria às regras de direito. De regra tem violencia mas
pode não ter(ex: batedor de carteira.), Não precisa ser típica(ex.:furto de uso), Não
precisa de “Animus Furandi”. Permite reagir a fato atípico. Cabe LD contra agressão
culposa, contra menor, contra deficiente mental, etc... Se não há consciencia, não há
conduta e sem conduta não há fato típico; ainda assim, cabe legitima defesa de
qualquer conduta injusta. Mesmo contra um sonambulo.
>> AGRESSÃO ATUAL: É a que já começou a ofender o bem jurídico mas ainda não
cessou. Com os objetos que estiverem disponíveis no momento da agressão, sejam
quais forem.
OBS.: Não posso voltar pra casa, pegar uma arma e voltar para matar alguém em
legitima defesa.
>> AGRESSÃO IMINENTE: É a que está prestes a se tornar atual. Eu não preciso
esperar o agressor agir para me defender, basta estar em iminete perigo real. Ex.: O
agressor jogou gasolina por tudo e esta com uma caixa de fosforos, eu posso agredir
ele para impedir que ele inicie um incendio.
OBS: Cabe legitima defesa de 3o mesmo contra a vontade do titular do direito(Bem
indisponível). Ex: Suicida. 146, § 3, II.