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FESTA EM SAO PAULO REUNE 0 PODER E 0 PIB rei C) POLITICA, ECONOMIA E CULTU Cree) ies) CONCESSAO aS TAS E ANACRONICO Se APRESSAO DONT PUTO NML Vols) oS a Ce Bat er ~~ ee a be MENINOS Seu Pais as FALA O SERIAL KILLER ENTREVISTA A espera de julgamento, Francisco das Chagas conta em detalhes como castrou e matou 41 meninos em dois estados ASERGIO LIRIO. EM SAO LUIS (MA) CartaCapital: Quantos rmenines voce atacou? Francisco das Chagas: Aqui no Maranhao é 30. E 11 em Altamira, porque tem trés sobre- viventes. L4, na soma, 14. CC: Quando aconteceu pela primeira vez? FC: Em Altamira, em 1989, Semprettinha que falava na minha lingua: ‘gem, na minha cabega... Na primeira vez, aquele negécio me mandou enfor caro menino. Mandava apertar, eu aper tava. Depois dizia “larga’, eeu largava ‘Teve uma hora que 0 menino pareceu dormindo ¢ o negocio me mandou fazer aquela coisa (cortar os 6rgaios genitas). CC: Por que vocé ndo 0 matou? FC: Por que aquilo mandou deixar vivo. Eos que vieram depois também (as trés primeiras vitimas sabreviveram). No meu pensamento, aquele negocio me dizia que esses que sobreviveram iriam ficar livres do contato com o pecado. Aquilo que ficava no meu pensamento (Fran: sco ri, aparentemente nervoso). aquela coisa me dizendo. Agora aqui no Mara nnhao nao sobrou nenhum, nao tem. 66: 0 que essa coisa mandava fazer? FC: Ficava incentivando para eu fazer aquilo, uma coisa que ficava me dizen: do “vai, vai’. Até mesmo depois que sur- git: tudo isso, eu ficava perguntando para mim por que isso tinha aconteci do. Inclusive eles me mostraram va- rias... algumas fotos, coisas absurdas. ©C: Voce... FC: ...depois que acontecia eu ficava uma pessoa normal. Quando acabava, tudo fugia da minha meméria também, sabe, sinhé, é como se nao tivesse acon tecido nada. 22 canrAcAPrrAL.s oF SETIMOROD 0G: Eno Maranhao, como oiaprimeira vez? FC:"Teve um menino no Parani (bairroda periferia), mas dez dias depois fi o da Vi- Ja Nazaré, Eu tava conhecendo os luga- res, procurando algo pra fazer. Ia numa iregio e, de repente, 0 menino também veio, Fle puxou comversa. Me disse que ia ‘encontrar 6 pai ecortar madeira no ma: to, Aquela coisa comegoua dizer pra nao sir de perto do menino. Quando chegou ‘no mato, a confusio aumentou na minha cakega. Aquela coisa apareceu, mandou cu fazer. Enforquei o menino de frente ‘pra coisa. Tenho certeza que isso tem a GG Parecia que aqueles (meninos) eram os escolhidos. Toda vitima tinha onome na lista. Tava tudo li 99 EEE (CC: Nascimento? FC: Eu sonhava com a minha mie cho- rando e me alembro que toda vez que cla falava do meu nascimento ¢ eu che sgava perto ela parava de falar do assun- to... No mato, 0 negécio me mandou fa- ze 0 que eu tinha feito com 0 outros. Enforquet e fiz. aquilo (cortar os érgaos sgenitais) com o faci que ele carregava CC: Quando o delegado mostrava as fotos. voce se lembrava dos crimes, isso? FC: No comeco, quando fui preso, eu no tava me alembrando de nada. Dei até autorizagao, assinei aqui, para a po- licia fazer a vistoria na minha casa. Se cu soubesse de alguma coisa, veja bem, sinh, eu nao tinha dado autorizagao para eles fazerem a revisao la em casa, Nio,assinei, disse “pode ir” Eles foram fazer a tevisdo Ja e ai acharam aquilo (restos de ossos e de roupas de criangas). Até hoje, sinhd, eu munea consegui en- tender direito como € que o negocio da- uel podia estar dentro de Casa CC: Nao se lembra FC: No é isso que estou Ihe dizendo. Se eu me alembrasse eu ndo tinha assina- do autorizacdo para revistat. Tinha da- do um jeito de me livrar daquelas coi- sas, E af, depois que aconteceu aquele maldito caso, 0 negécio foi clareando. G6: Voce acha que tem mais crimes para lembrar, conjessar? FC: Nio no tem maisnio. Aquiem Sio Luis €30 e 11 em Altamira. Bota trés so breviventes, foram 14. Aqui na delega- cia me perguntam: "Mas voce ‘meta das suas vitimas?” Nao til uma coisa que aconteceu até mesmo quando deu, né? ‘omo assim? ‘conhecia as vitimas. Nunca che- gguci perto de nenhuma para ficar sedi zZindo. Sempre eles ¢ que vinham proc conversa, puxar algo. Era um rivel. Atéhoje ndo consegui CCA: vitimas iam airés de woes? FC: Vinha, vinha, podia me conhecer, podia no. Mas vinha. Eo mais ineri- vel é que nio hé nenhum vivente que possa dizer que me vit com alguma dessas criangas. Chegava a passar na distancia de dois metros da pessoa, 0 menino do lado, na bicicleta, e a pes- soa nunca me dava definigao. Parecia jue ninguém via nem eu nem a vitima ‘como uma prote¢io. C6: Protecdo de quem? FC: Daguela coisa, na minha linguagem, ‘que me mandava fazer as coisas. O MAIOR ASSASSINO EM SERIE DA HISTORIA Durante 14 anos, o mec4nico cagou sem piedade tre 1989 e 2003, 0 macénico Fran: isco das Chagas Rodrigues de Brito, de 39 anos, cagou suas vitimas rnas periferias de Altamira (PA) ¢ Sao Luis (MA) sem deixar muitos vestigios. © maniaco confessa ter atacado e castrado, a0 todo, 44 meninos. Apenas tres sobreviveram, De estatura medi: ‘ana e olhar obliquo, Francisco das Cha: gasmanteve, com rarosintervalos, uma rotina “profissional’: Com base emmais dle seis meses de convvéncia. o delega- do Jo80 Carlos Amorim Diniz, que con: duziu as investigagbes no Maranhéo, ‘io titubeia: "Nas condicbes e no am- biente ideal,o Francisco vai mater. Mes: mo seestiver com 80 anos ‘A sorte do matador mudou em dezembro pasado, Poucas horas antes de morrer. Jonnathan Vieira a tiltima vi tima, contou a irma que iria colher aga ‘com omaniaco, Foi o fim para Chagas. que os meninos qu FC: Puxar conversa, as vezes me convi dar para algum canto. E ai eu ia. S6 que na hora eu no ia com intengio de nada, de fazeralgum mal. la fazer aquilo que a gente combinava, as vezes cagar passa rho, is vezes pegar frutas. Quando che gava no local, porque era assim, esse ne- gécio acontecia mais no verde {ato com mato verde. Principalmente se 6 mato nio fosse muito mexido, aquele negécio vinha mais forte. Aquela coisa, Vinha assim de repente, de uma hora para outra eu mudavao pensamento. Co: voz? FC: E, isso, Até a hora que eu saia com os meninos para o meio do mato, nao ia com a intencio de nada. Mas parecia que aqueles meninos que encostavam perto de mim eram os escothidos. E eu tinka uma lista C0: Lista? FC: Era, no papel. Nessa folha de pape! tinha varios nomes. Eu nao sei te dizer, sé sei que existiam varios nomes, t tendendo? E toda pessoa que era vitima eu passava os olhos na listae tava lé bo tado. Agora, eu nio tenho a lembranga de escrever essa lista. Nao s hora daquela confusio da minha cabe 2. $6 sei dizer que tinha. E essa lista na véspera de acontecer toda essa reve: lagio (quando admiti os erimes), ela de sapareceu. Sumiu. Jé me perguntaram se botei em algum canto. Acho que essa lista foi jogada na égua, CC: Por que voc’ cortava os pénis das FC: (Francisco ri novamente. Toda vez que ‘a palavra pénis for pronunciada, ele repe- {rd 0 mesmo comportamento). Sinhd, eu rio sei. S6 sei lhe dizer que sempre s6 eciam essas coisas no lugar assim ‘onde tinha pé de tucum. CG: Tucum? FC: Tucunzeiro,o sinhé sabe oqueé, nio? CC: Nao, FC: E tipo assim uma palha que é cheiade espinho (na verdade, uma espécie de pal: meira). Sempre era li onde tinha essas coisas. Ela mesmo ficava. a feito, era cavado um buraco, tipo assim uma vala cruradae li mesmo era botado. E quando CARTACAPITAL 23 SECs“ tC eee Seu Pais as nigera botado ld no pédo tucum, no meu sentido aquilo era para jogar na agua. (CC: Por que? FC: As vezes, no meu sentido dava que cera para jogar na dgua. E, toda vez que eu jogava na agua, que eu chegava na Deira da praia, a maré tava vazando. To- da ver... Toda ver... Toda vez. CC: Vocé sentia prazer em cortar o penis das vitimas? FC: Nao, Até das vezes que eu chegava nna beira da praia, eu ia assim como que obrigado. Uma coisa assim me levando. Na hora que eu tava fazendo aquilo, 0 negocio sentia prazer, alegria. Mas eu no sentia nada. Depois que eu me via livre daquilo, eu ficava normal, como qualquer outra pessoa. As vezes ficava perguntando o que é que eu tinha ido fazer na praia. E ficava assim, sei lé.. CC: Excitado? FC: Excitado, ndo, Normal, sabe. Aliviado, 66: Eas ouwtras partes (maos, dedos), por que vocé arrancava? FC: Por exemplo, se era tirada a mao es- querda, ele (0s drgios genitais) ficava lé ‘mesmo, mas era botado do lado esquer: do, no outro pé de tucum. Quando nao era arrancado, eu saia no rumo da égua, dda maré. Tinha de ser no ramo de mui- ta égua. Néo era coisado em igarapé pe queno, Tinha de ser no mar. 66: Mas por que voce tirava as méos € 05 dedos? FC: 0 sinhé nao entendeu, Nio era pela minha vontade. Na hora em que aconte- ciam esses fatos eu ficava tipo assim co- mo se estivesse sonhando. E ele era bota: ‘dono tucunzeiro, da arvore cheia de espi- tho. Cavava a valae precisava colocar um pouco de sangue no buraco antes de bo- tar ld (os Gngios genitais). Se era tirada a iio direita, era colocado do lado direito. Se eraa esquerda, do lado esquerdo. Se nada era cortado, eu ia no namo do mar. Depois que terminava tudo isso, eu ficava numa lembranga com coisa que eu tives se dormindo, tivesse sonhando e n3o me alembrando do que eu tivesse sonbiado, CC: 0 que voeé fazia primeiro, matar ou cortar? FC: Nunca foram feitas essas coisas com eles vivos, Sempre jé era depois que tinha 24 cARTACAPITAL #0F S=TENIBRODE 2008 rmatado. E, sempre que era destacado para botarem algumcanto,era sempre embru- Thado em uma coisa verde, Tipo uma fo- Tha verde. As vezes era embrulhado num ppedago da roupa do menino. Mas sé que tinha que ter uma coisa verde no meio. ©C: Por que overde? FC: Nao sei. Era o mato, o cheiro do ma to. Quanto mais mato, menos mexido fosse o mato, mais aquela coisa tomava conta da minha cabeya. CC: Como wood matava? FC; Era s6 com as maos, Até eu mesmo. fico pensando como conseguia, porque existia vitima de forga. Com 15, 16 anos. E na hora eles nao reagiam. Parecia as- sim uma coisa que tomava as forgas de- les eeles nao conseguiam. 6G Na hora, o negocio sentia prazer, alegria. Mas eu nao sentia nada. E como se fosse um sonho9)9 eS! (0: F para cortar? FC: Para cortar, cu tina um chaveiro ‘com canivete. E esse chaveiro... antes de acontecer eur nem estava pensando na hhora que seria revelado isso. esse cha- veiro perdi na praia. Acho que fui pescar e perdi. No comego surgiram historias a imprensa divulgou coisas que ndo era verdade, ¢ por isso-eu evitei falar. G6: O que nao era verdade? FC: Diziam que eu comia gente, fazia churrasco de gente, que eu era um ca- nibal. Que eu era um psicopata, Esse monte de conversa besta, CC: Voc! nunca comeu nenhuma parte dos corpos? FC: Nio. Quando me perguntaram, eu dizia que nio sabia a resposta, mas que ‘uma coisa me dizia que quando essa res- posta viesse seria totalmente diferente do que estavam dizendo. (C0: F essa resposta veio? FC: Essa resposta veio, eu tava em Alta- mira, Porque tudo comecou lé. Ter ido Ki abriu um pouco a minha meméria. Fot li que eu me alembrei dessas coisas ‘que estou falando pra voré. Eu queria it pra onde tudo comesou. CC: Dizem que vacé comia o pénis das vi timas? FC: One. nio é verdade. Nunca. Era tu- do botado em um buraco. (CC: Masa policie nunca achou nada per- todo corpo dos meninos. Nem onde voce indicou. FC: Era botado em um buraco. Ou joga- do no mar, como jt expliquei pro sinh. (Francisco se cal.) (G6: Voce abusava das criangas? Fe: Como é que é? C6: Vocé abusava sexualmente das crian- gas? FC: Nao, nunca. Surgiram historias de que a pericia fez exames que acusavam que as vitimas eram abusadas. $5 que nio tem nada disso. Nada disso (Pasa). Nada disso. Agors, uma coisa me dizia {que eles sempre iam achar isso. Achar que as criangas eram coisadas.. 66: Por que voce achawa que iriam pensar isso? FC: Uma coisa me dizia, Meu pensa mento naquela hora. Até mesmo por- {que nio sou disso, negécio de ficar ten- cdo contato com outro macho, seja lao que for. Co: Nac? FC: Nio. CC: Nunca teve? Fe: Nio. Nunca, nunca, nunca, nunca... co: Vo FC; Sou um cara normal como qualquer ‘um, Tinha varias mulheres, varias fami- lias. CC: Voce foicasado quantas vezes? FC: Casado, no papel, eu munca fui. Mas ‘pessoal diz.que 0 casamento hoje em diaé unio. uantas mulheres? Fo: Algumas. CO: flhos? Fe: Tenho duasfilhas no Maranhio (de 4€6anos). Agora, espalhado pelo mun: do, tenho mais tés. Essas do Maranhao eu vi nascer e crescer, por isso sou ape gado. E esses que eu tenho espalhado por onde andei nao acompanbei ocres ‘imento, Por isso que, as vezes, fica tw do assim, largado. CO: Vero suas ilhas, 0 que voce pensa? FC: Tenho muito medo que algo de mal acontega. Que alguém elas a algo deruim ©: Como voce fez a outras criangas. FO: £, Acho que as minbas filhas nao tém culpa do que aconteceu. Fico re zando, pedindo a Deus, porque elas nd0 témculpa. (Francisco silenca, os olhos fi cam matejados...) (C* Vocé sente prazer em matar? FG: (Silencio. Parece nao entender.) CC: Vocd sonte p FC: Aquilo ali, naquel ‘em matar? nento, pare: uma coisa que de cumprir, uma Ce: Missa? FC: Tenho no meu pens tudo era uma missdo que eu tinha de fa zer. Mas ao mesmo tempo penso: uma isso desse jeito? Queria ter uma mis sto, mas diferente, nio desse jeito. S6 que isso aconteceu para chamar a aten ‘Giodo povo, do mundo todo, hoje emdiaesté muito rebelde, filhonio respeita mais pai pai nBo respeita filho, € estd aquela revolugao. Para 0 povo po der seguir o can Iga. J sor nto que isso ‘0 certo, procurar a ‘com Cristo vindo, FC: (Ri) E a segunda pessoa para quem eu conto. O sonho? Na minha mente eu estava acordado, mas eu sonhet Cristo vindo em uma nuvem branquinha, branquinhe, branquinha, cheio de an jos ao redor. Da mesma forma, quando cea fui para Altamira eu branquinha, sinhd. E quando fo pa do perto dessa nuver vocé acreditaq) © avido desceu assim uns 300 metros (ri. Eeu pense’ e lembrei do sonho. Ele nio falava nada. Eu via Cristo v Outro dia li uma revista dizendo que da \VAZI0. Jonathan Viera ede it, fol itinavitina. A mBe desabata:*Nunea vouperdoar” mesma forma que foi ele vai volta. E eu CARTACAPITAL, 25 a ————E——————————— ee eee Seu Pais Saar nao sei se era para contar iso. (Vira-se para o delegado) Eu j fale isso pro si- inh? por isso que digo: a gente sem: pre vence o mal & com o bem, (CC: E depois que voeé acabava suo missdo? FC: Depois que tudo acontecia eu nao fi cava lembrando des fatos. Eu via o pes soal comentando os crimes, mas eu no ime ligava naquilo e também jamais pen: sava que poderia ter sido eu que tinha fei to aquilo, Nada vinha, fugia da meméria. (CC: Vocé diz que nunca planejou o crime ‘¢ que mal conhecia as vitimas. Mas a maioria morava perto da sua casa, ou do seu trabalho, ou em dreas que voce era vis ‘ocom freqiéncia.. FC: Alguns eu conhecia. Outros nao. Os que eu conbecia, devido & intimidade, aproveltavam a oportunidade e me con: vidavam para algum canto. CC: 0 Daniel, sobrinho de sua exmulher, tinha 4 anas. Ele também te conwidou? Fo: Tinha 5 anos. Esse caso, do filho do ‘meu cunhado, eu nao consegui des: trinchar, no consegui botar para fora até agora. O outro (do menor abando- nado que também foi enterrado na casa de Francisco) eu relatei. A lembranga que tenho ¢ que realmente estive na casa do Daniel, mas nao tenho lem- branga se sai com esse menino na hora em que fui embora. 6: Eo Jonnathan? FC: Esse fol diferente. Ele caiu da juga reira. A gente foi na intengao de colher jugara, no Pari chamam de agaf. $6 que ele caiu e nessa hora eu nao tava pen- sando em nada. Na minha cabeca eu ta ya normal, do jeito que sai de casa. E ai eu peguei e trouxe ele para mais perto da estrada. Minha intengao era pedir ajuda para um pessoal que trabalhava mais pra cima, que tirava pedra paraa ‘construsio civil. Vim nessa intengio de pedir ajuda, s6 que, quando eu cheguei Ii onde o pessoal estava trabalhando, cles tinham ido almogar. Quando vi que rio tinha ninguém aquele negocio mu- dow a mina cabeca. Chegoa de repen- te. Quanto mais cu ia na diregio dele, {quanto mais eu chegava perto do mato fechado, mais eu achava que tinha de fa zeraquilo. E ai aquele negécio tomou conta, E acontecen 0 que aconteceu com os outros, 26 CARTACAPITAL sc Stee CC: Como woes matou o Jonnathan? Ele tava machucado, no brago (a ‘de de Jonnathan diz que 0 menino tinha tum problema desde que quebrou o brago direito aos 10 anos). Vinha trazendo ele, mas parei e botei no chio, Ele estava as- sim parecendo que estava dormindo. Ai ‘eu peguel uma pedrae terminei de ma tar. F ai aconteceu a mesma coisa 6G: Como foi? FC: Rasguei um pedaco da camisa para colocar as coisas (Srgaos genitais). Na quele momento, quando eu carreguei ele, seen tivesse ido direto na estrada nao tinha acontecido nada. Mas eu fi quei encostado na beira do mato. FAMILIA, Daniel era sobrinho da sua mulher CC: 0 que voe® fez com o corpo? FC: Ficou Id mesmo. Eu deixava sem- pre no mato e botava muita palha ver- de por cima. 66: £ 0 penis que voce cortou? FC: Enterrei Id perto. No pé de tucum, 66: Mas uma pedaro da camisa do Jorma than, com sangue, foi encontrada na sua FC: Foi. Eu level a bicicleta, $6 que pe- guei e guardei tudo I4 em casa, Nio sei porque foi tudo diferente. Eu levei ¢ ‘guardei lé em casa. A bicicleta, opedago dda camisa, alguma coisa que eu troure. CC: Que coisa? FE: Sai c fui para o Tropical, um bairro agui da cidade. Quando chego li, o ne- {g8cio tava feio. Todo mundo procuran- doo menino, vieram em cima de mim querendo saber. Eu disse que nio sabia. E ai eu peguei, sai e fui ao encontro de minhas filhas. Quando voltei, 8 horas da noite, ai que a confusio tava feia mesmo. Fui para casa. Pensei: quer sa- ber, vou me livrar logo disso porque eles va0 vir aqui. Af troquei, troguel as coisas... Enrolei num pano e numa fo- tha verde por cima. CO: 0 penis? FC: As coisas (6rgdos genitais)... Ai pe- suet os pedagos da camisa, a cueca t bém, e enterrei no tronco de laranjeira {que tinha espinho. E botei la. Ai peguei a bicicleta e as coisas e sa, ful ficar Ii ‘re, Botar numa estrada que ficava meio recuada, Lé era deserto. Deixel a bici cleta e enterrei as coisas num pé de tu- ‘cum que tinha ld perto. Eu botei...&. E vim me embora. Quando deu 11 hora da noite (Francisco ri), 0 pessoal da policia chega Id em casa. Onze hora da noite. Tava até dormindo. E acordel como se nada tivesse acontecido. Perguntei para 08 policiais: “O que vocts estdo cagan- do?” "Cagando jucara’ (ri novamente). Entio disse: “V8 se vocés acham jucara ai” (gargalha). “Cadé © menino que sai contigo?” "Menino que saiu comigo?” Eu no alembrava de ter safdo com nin- guém, jé tinha dormido, Falaram: “Va- ‘mos pra delegacia’. Disse: “Oxe, vaobo- ra’; Quando deu 3 horas da manhi me liberaram, Se eu tivesse me alembran- do dessas coisas que estavam la em ‘casa eu teria tirado tudinho e jogado em outro canto, Eu nao alembrava, aquele negécio fugia do meu pensa mento. No comeso, disse para a poli cia cavar a drea toda porque 1a poderia ser cemitério clandestino. Nem eu mesmo cheguei ¢ acreditar nesses fa tos, que realmente aconteceram. GC: No caso dio Fonnathan voee diz que pensou em buscar ajuda. E nes outros? FC: A perturbagio vinha tio forte que eu pensava s6 em cumprit a missdo. 'Nio sei por que isso tudo aconteceu. Nunca pensei em fazer mal para nin- ‘guem. Hoje, na minha cabega, penso ‘que esse caso do Jonathan, esse tilti- ‘mo, que foi diferente, talvez tudo foi um aviso de que era hora de as cotsas serem reveladas, Porque tudo na minha cabe- ‘ga vinha separado, Tinha ano que nto tinha perturbagio. a CG: Por que voce enterrou algumas ‘ACASA.O maniaco center dais marinas FC: Nio sei dizer. —————— por qué. Esse que estava dentro de casa nao tenho a lembranca de ele estar l Esse que estava do lado de fora, perto da rua, esses te angade um buraco, $6 que depois que aconteceu tu do iso, que comegou aser revelado, co rmecei a lembrar. Até mesmo esse caso ino (0 menor abardonado) eu fa lei de livre ¢ espontinea vontade. Se cu no quisesse falar, eles ndo iriam desco- bbrir nunca. Na época, a estrada nio ti nha passado ¢ era no meio da rua, qua: se‘do lado da rua. Falei por livre e es pontinea vortade.. hoal core FG: ...Existem ainda muitas coisas para dizer. Mas nao adianta o sinh6 pergun- tar porque, primeiro, nio vou conseguir lembrar. Elas 6 vém na hora certa CC: Que coisas? FC: Tenho muitoa dizer ainda, CG: Mais mortes? 30, Detalhes, muitos detalhes da. Coisas que nio alembro agora. to isso, mas acho que ainda nao chegou ahora, CC: Como vocé foi pararem Altamira? FC: Eu fui para Altamira em ue morava um tio meu lé, irmao da minha mie, ¢ a gente morava aqui no interior do Maranhao, municipio de Caxias. Esse tio mandou buscar a gen. te. Minha mie nio podia mais Fi0s tipos de trabalho. Levou para per- to dele para poder ajudar. Na época en era pequeno. (Um policial intervém: “Quando ee fala mde, na verdadle 6a av6.) E isso, Fui eriado pela minha v6, perdi minha mae quando eu tinha 4 ai Vivi por la de 1977 a 1994, depois e voltei para cé. As vezes eu vinha pas: sear na casa de parentes em Sao Lufs, CC: E nessas vindas voeé também matava no Maranhao? FC: Quando eu vinha s6 passear nao teve nada, Isso comecou aacontecer aqui em 1991, quando cu passei uns meses em Sao Luis. Quando minha mae morreu, ‘eutinha 4 anos de ida 6G Esse negdécio acontecia mais no verde. Se o mato nao fosse muito mexido, a coisa vinha mais forte) vo. Mas vim a primeira vez eu tinha uns 12. Na hora de tirar regis to, na véspera de ir para Altamira. Mi- nha mie deu a data de nascimento tudo direitinho e meu pai perdeu. Na hora la ele aumentou cinco anos de cada um. Quer dizer que no caso eu tenho 34 anos, agora pelo documento eu tenho 39. Min bom, filho, que voc aposenta cedo” (ri), We (av6) dizia assim: “Iss0¢ (CC: Voce confessou crimes no Pard pelos quais outros cidadaos jé foram condena- dos. Eram seus cimplices? Voeé participa vade alguma seita satdnica? Fes ( sas pessoas. E digo pro sinho, se tivesse algum parceiro jé tinha desembucha- do, nio ia segurar esse trogo sozinho. ri) Nao conhego nenhuma des- Por mais que eles mex: e lado.qy de falar, eles ndo tém nada a ver com rada, com e vocé terminou esses casos de Altamira que eu falei. Se esse pessoal estd preso por causa disso lo, Esto preso inocente. Ji fui li, falei, mostrei os lo cais. A maioria das datas, quando acon: teceu. Agora depende se eles querem investigar ou nio. CC: Voc! foi pago para assumir os crimes? FC: Nao sinho, CC: Vocé tem religiao? FC: Sempre fui catélico, mas nunca cri tiquei a religiao de ninguém, Sempre acreditei em Deus, sei que existe um Criador. E's6 Deus sabe por que que isso aconteceu comigo. CC: Voct se arrepende? FC: Muito. Sou um cara novo ¢ que ti nha muita coisa pela frente, 6G: E quanto as vitimas? FC: (Siléncio) Sobre as vitimas, sinhd, para dizer a yerdade, no meu sentido, elas estayam num bom lugar. Mas de pois que, de certos tempos para ca, ‘nunca mais tive perturbagao, acho que isso af... Até mesmo fiquei cot pena delas, das familias. $6 que as vezes ‘© povo nao entende, CC: Nao entende o qui? FC: Nio entende. Eles querem vencer 0 mal como 1. S6 que o mal nao se vence o mal. A gente vence com oben. -ARTACAPITAL 2 Seu Pais at CERTEZAS ABALADAS susti¢a As confissoes de Francisco das Chagas langam ditvidas sobre a autoria dos assassinatos que horrorizaram Altamira POR SERGIO LIRIO ‘Altamira,no Paré, © Sao Las, no Maranhao, es- to Separadas por 1,3 mil quil6metros. Nes sas duas cidades, entre 1989 e 2003, com raros intervalos, 0 maior deles em um ano, quase 50 meninas foram atacads e cas: trados. Apenas trés sobreviveram. (s crimes de Altamira ficaram co- nhecidos nacionalmente. No mais lon- go julgamento da historia do Pais, ini Giado em 1 de novembro e encerrado ‘em de dezembrode 2003, sei frentaram um jéiri popular, sob a acusa- ‘glo de emascular ¢ assassinar os meni- nos, criangas ¢ adolescentes, em rituais satanicos. Apontada como lider da selta Lineamento Universal Superior (LUS). 4 paranaense Valentina de Andrade foi absolvida por falta de provas. Os outros acusados acabaram condenados, alguns a mais de 50 anos de prisao. No Maranhio, a policia havia indicia do outros seis cidadios. Um deles, 0 vi gia Robério Ruiz, foi condenado a 19 anos pela morte de dois menores. A principal peyade acusagao contra Ruiz? O vigia namoravaa mie de uma das vi timas e era visto freqiientemente na companhia do garoto. Ha cinco meses, cra impossivel fazer co nexées entre as tragédias do Para e do Maranbao. Até que, numa manha de ‘marco deste ano, 0 mecinico Francisco das Chagas comecou a falar. Preso no f zembro pela morte de Jonna than Vieira, Chagas, depois de muito re- Jutar, confessou o ataque a 44 meninos nas duas cidades ~ 30 em Sio Luts ¢ 14 em Altamira. Do total de vitimas, ape nas trés teriam sobrevivido, segundo os relatos do mecanico. De la para cao delegado Joao Carlos Amorim Diniz, da Policia Civil do Mara 28 cARrAcaPiraL wo, colheu mais de 60 horas de depoi mentos do matador. Ao delegado Diniz € em entrevista exclusiva a CartaCapital, Francisco das Chagas contou como eco Ihia, matava, castrava e arrancava outras partes do corpo das suasvitimas (a partir ida pag 22). O seria ifr assegura: ~ Se tem gente presa no Pari e no Maranhao por esses crimes, estdo pre 0s em va0, S30 presos inocentes. delegado Diniz nio tem diividas. Para ele, 0 mecdnico matou e castrou ‘meninos nos dois estados durante 14 anos period em qu apefeigou see Diniz j i ou varias pecas do quebras cabeca E6 ito foi mais fando pelo fato de pertencer a policia do Maranhao eter, portanto,limitagées para investigar em territério paraense. Com que reuniu, 0 delegado nao tem medo de afirmar: E claro que faltam investigages no Pard, mas € dificil encontrarem muito ‘mais do que ji conseguimos com as con. fissbes de Chagas e as apuragdes que @ equipe fez. Pelo método e pelas datas, cesta clara a relagao entre os casos. Escalado, em abril de 2003, para rar as mortes, que por mais de uma dé cada espalharam terror na periferia de Sio Luis, Diniz, frente de uma reduzi dda equipe, formada por um policial fe eral, um civil e um militar, refezinqué Fitos, enuzou dados, montou o perfil psi cologico do possivel serial killer etragou seu “territério” de agio. Nada deixou de ser checado, nem depois das confissses de Francisco das Chagas. O assassino, nascido em Codé (MA), afirma ter vivido em Altamira de 1977 até o fim de 1993. Em 1991 ¢ 1992, te ria passado alguns meses em Sio Ls como acompanhante de uma tia sub- metida.a tr de 1994, de acordo com declaragies & policia, mudou-se em definitivo para a capital maranhense. (Oscximes em Altamiracomegaram em 1989 e cessaram em 1993. H& pequenas nento médico. No inicio DE egies onde Francisco das Chagas atacava sues vtimas “A LENTINA, N: = ENTE pla irios algozes, Depois, por- do Diniz, correspon. Piiblico e a Promotoria resistem A tese relatos de Jem aos periodos em que Chagas afir- — mesmo com as revelages de Chagas. ritais teriam si ma ter passado no Maranhio, Em S30 No ma condenados por participagao Lufs, as mortes e as emasculagdes tive- me nos rituais st’nicos havia dois m ram infcio em 1991, mas s6setorna- _ £ o que afirma Césio Brando te ey ee ok hipotese de que para se instalar na cidade os crimes faziam parte de rituais satanicos ganhou o pausas nos anos de 1991 € 1992, que, _As familias das vitimas, 0 Ministério _presenga de gundo 0 d 9s cortes das As confissdes de Francisco clas Chagas Cltudlo Dalledane, que Re aes Hesae Arete eee ConteCapital (qua, MUNA. Cinco réus. Sentido nada. Si GS tincwcods fOTAM CONdeNnadOS dopadote ancste no quise 5 objetivo era con: denarcon hipétese absurda dos 0. Primeito, por: rituais satinicos intes teriam percebido ata, manfaco apontou um dos locais de CARTACAPITAL 29 Seu Pais EET! desova das vitimas. A policia encontrou duas ossadas, mas espera 0 resultado dos exames para esclarecer se elas sio ou nao humanas. Caso se confirme que (6s restos so humanos, a pericia fara testes de DNA com familiares de meni. nos desaparecidos. De acordo com os advogados de acusa- ‘cio, os sobreviventes no reconhece- ram Chagas pelas fotos e imagens de tevé. Essas impresses S20, porém, in- suficientes para descartar a culpa do se- rial killer. Submetidas a uma violencia brutal e sob forte pressao psicologica, as vitimas ja erraram antes. Em 1990, alguns meninos reconheceram 0 mora dor de rua Rotilio de Souza como 0 adulto que os teria atacado. Apelidado de o Monstro de Altamt ra, Souza foi encontrado morto na de- legacia da cidade em circunstincias rmisteriosas poucos meses depois de sua prisio. Quando a tese de ritual satani Co ganhou forga, o morador de rua foi inocentado, mas ja era tarde demais, Hi, portanto, que ter ainda mais cui Chagas afirma ter saido de Altamira no inicio de 1994. Os assassinatos na cidade cessaram no fim de 1993 dado com todae qualquer hipétese nes- sa trigica historia até que surjam pro- vas definitivas e irrefutaveis. As descrigles a respeito de anestesias © “cortescinirgicos” também necessitam de provas mais s6lidas. Um dos pontos nos quais a acusagao se baseia, a tese no en- contra nos inquéritos apoio suficiente para se sustentar. Faltam, por exemplo, Judas técnicos que confirmem a versio. Oadvogado Dalledone afirma: — Desafio a acusagio € qualquer um no Paré a apresentar pareceres médi- os legais que comprovem a existéncia “NINGUEM SE INTERESSA PELA VERDADE” O médico Césio Brandao relata os dias na priséo wvangélico, 0 médico Césio Brandao {cumpre no presidio de Belém uma pe ina de 56 anos. Brandao, segundo 2 Pro- ‘motoria, era integrante da seita € foi um dos responsavels pela emasculagao dos ‘meninos de Altamira. Em um relato a CartaCapital escrito de préprio punto. 0 médico nega envolvimento com os cri ‘mes ou rituals satanicos, fala sobre 0 co tidiano na pristo e diz que as confissbes do serial killer reavivaram suas esperan- 2s de serinocentado, Faz um ano que cheguel a Belém para ‘0 “ulgamento do século" cheio de espe- rangas de que haveria seriedade ¢ eu se- ria absolvido. Mas, para evitar a absolvi- (cdo, © Ministério Pablico acusou uma de ‘minhas tostemunhas de defesade ter co- ‘metide perjitio. Ful condenado e, dois ‘meses depois, a testemunna, absolvida ‘por unanimidade. Chegaram a conclus8o de que ela tinha dito a verdade. Faz umano que no vejo meus trés fi- hos. Fiquei sete meses sem a visita da ‘minha esposa. pois minha familia reside ‘0m Vitoria (ES), distante 3 mil quidme- 30 CARTACAPITALS DE SEE tros. Estamos com dificuldades financei- ras, humilhados, difamades por incom- peténecia do Judiciério paraense. ‘Meu filho mais volho, de17 anos, con- segue manter algun controle. Esta pres- tando exames para o|TA ea Aeronautica. ‘Meu segundo filho, de 14. no conseguiu ‘superar: apresenta sinais de rebeldia e di- ‘minuigae de rendimento na escola, essim ‘como a cacula, de I. tem depressao. 0 trauma dos meus filhos comecou ‘em 9 de julho de 1993, quando fui preso pela primeira ver, acusado de participe~ ‘G80 nos crimes de Altamira, Meu sofri- ‘mento é que ninguém diz nada sobre a ‘minha inocéncia, mesmo dopois da pri- ‘540 a confissao do Francisco das Che~ ‘gas. Ninguém se interessa em divulgar a verdade, A Justica maranhense [3 tomoua ini- clativa de realizar a revisdo criminal e fi- berou quatro réus que respondiam pelos crimes que o Chagas confessou com ri- quezas de detalhes impressionantes. 0 {que espero agora e peco.em minhas ore~ ‘¢Bes, assim como minha familia e diver- ‘sas correntes no Pais vém orand. & que dos tais cortes ciriirgicos nas vitimas. Uma apuragao mais detalhada permi- tiria também checar as divergéncias so- bre a lista de crimes. Chagas diz ter ata cado 14 meninos em Altamira - e ma- tado 11. Os advogados das familias das vitimas relacionam 19 casos, entre mor- tos, desaparecidos e sobreviventes. (O que provocaria a diferenga? Uma hi pétese € que aacusagao tenha relaciona do episédios que nada tém a ver com os crimes de emasculagao. Dois dos cinco sobreviventes apenas sofreram aborda- gem de um adulto, Nao foram emascula- dos nem sequer levados a um local ermo, Hi cinco desaparecides, mas é impossi vel dizer se estio mortos ou se foram viti- rmados pelo mesmo matador on grupo de matadores. O exame de DNA nas ossadas apontadas por Chagas sera uma das opor- tunidades para esclarecer esse ponto. Dos 19 nomes na lista, 36 12, por en= quanto, se encaixariam perfeitamente na série de crimes de emasculagio. Outra coincidencia a favor da tese de que o se- rial killer & 0 autor dos ataques: na lista ‘VEREDICTO; Condenade a 56 anos de cadela 0 Judiciério paraense atue com serieda- de, fazendo a revisdo criminal eme ab- ‘solva deste processe montade, mentro- ‘So, vergonhoso para Para. ‘A graca do Senhor Jesus Cristo seja ‘com todos. (Césio Flavio Caldas Brandso Belém. 24 de agosto de 2004 INVESTIGAGAO. A frente de uma pequena equipe.o delegado Assis tracou operfil do maniaco dos parentes das vitimas, os trés primel ros menores sobreviveram. Chagas afi- ‘mouaCurtaCopital que, nos rés prime ros ataques, a “coisa mandou que ele deixasse os meninos viverem’ ler nio abalou a convicgio d: de Altamira, por outto Se, por um lado, a prisdo do serial kil familias cendeu a es peranga dos condenados no julgamento do fim do ano passado. O médico Césio “O FRANCISCO E MAIS UMA FARSA” Rosa Pessoa, que perdeu um filho, rejeitaa culpado manfaco drama da perda do filho Jaenes, 2s- sassinado ¢ emasculado aos 13 anos, em 1992, transformou-se na forca que ‘move alutade Rosa Pessoa, Presidente da ‘Associagao dos Fariliares das Vitimas de Altamira, a professora rejeitaa hipdtesede ‘omecéinicoFrancisea das Chagasser 0 au- tor ou. tnicoresponsivel pelos crimesno Prd, Para ela, 0 aparecimento do mania 160.6 s6uma maneira de desviar a atencio sobre Valentina de Andrade. ‘CartaCapltal: As contissoes de Francisco das Chagas corvenceram a senhora? Rosa Pessea: Para nés, 0 Chagas, que no ‘existia até a condenacdo dos ecusados, é ‘maisum detes. les o entregaram para que ‘ele assuma tudo e venha dizer que os ou: ‘ros #80 inocentes. NSo acreditamos que ‘© Chagas tenha feito tudo sozinho. (CC: Por qué? RP: Nao tern como. Os casos aquitémind ios muito fortes da presenga dos outros acusados As investigactes, astestermunfas, ‘apontam para aparticipacto dos que esto ‘reses.Ele no tinha caro, elento é médico, (CC: Qualo papel que ele teria no grupo? RP: Tenho a impressao de que ele era um {dos que conduziam os meninos. Seduzia. levava com os outros. (CC: A senhora nao acredita na inocéncia dos condenados? RP: Ndo queremos inocentes na cadela, mas nao tenho divides. Somente a Deus ‘compete julgar, mas tenho certeza de que «les tiveram participago. A policiansoia ‘ser tio irresponsdvel a pento de colocar inocentes na cadeia.As testemuntias exs- tem, hé fatos que realmente levam a to- dos, Por que a Valentina fol solta? Por que ‘aparece o Chagas? S2o vérias perguntas ue ficam. O Para todo chorou, revoltado ‘coma kberdade da Valentina. De repente. aparece 0 Chagas. Para nés, émais uma farsaqueaparece. CC: A senhora jé conseguiu superar aper- dado seu filo? RRP: Viver com isso durante tantos anos, jd faz 12 que tudo aconteceu, a auséncia dele. a falta dele continua. Paraa morte ‘no tem desculpa, mas um caso desces & Brandioespera, por exemplo, que a Jus: tiga paraense reavalie 0 seu caso (relato 4 pig 30), Ela afirmou a CartaCapital: ~ Estou pagando por erimes que nio cometi. © que me mantém vivo ¢ a fé em Deus e a esperanca da minha mu- ther e dos meus filhos. Nos bastidores da Justica, 2 batalha con- timua, O advogado Dalledone quer anv- Jaro julgamento de Brandio. a a acusa- so tenta colocar Valentina de Andrade de novo no banco dos réus. Em dezer- bro, jurados que absolveram a lider da LUS tiveram contatos entre si e com ci- dads que nao integravam o ji, o que ¢ proibido, Depois da dentincia sobre es ses encontros, um funcionario do tribu- nal foi demitido e a Promotoria passoua defender a anulagdo do julgamente. Até a Comissao de Direitos Humanos da Cimara dos Deputades entrou na dis puta, Policia, promotores,juizese advo- gados dos dois Estados foram convocades para expor suas posigdes em Brasilia. Em seguida, representantes da Comissio de- verio visitar Belém e Altamira. @ \VITIMA: Mie de Jaones, morto hi 12 anos. ‘muito dificil de superar. Principalmente ‘para quem ficou na batalha. nessa luta ‘para fazer justica. Queremos justica, sabe- ‘mes que hé outros envolvidos, elém dos ‘Condenados. Penso que surgiu esse Cha~ {gas para atrapalhar um poucoas investi- ‘gages da Policia Federal, para desviar a atencao e para que as coisas se voltem ‘para 0 lado do Chagas. Espero que isso tu- do sejarevertido e que toda a verdade real- ‘mento aparoca. CCARTACAPITAL R a a ee es

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