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‘Ana Maria de Mattos Guimordes ‘Anna Rachel Machado Antonia Coutinho (organizadoras) O INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO: QUESTOES EPISTEMOLOGICAS E METODOLOGICAS A008 NTERHACIONNI 95 CATALCGAGAONA PUBLICA (CAMARA BRASILEIRA 00 LIVRO, SP, BRASIL) Lis Chaise sdscnto: ges pate naoanbacne ‘Ao ara evan Garson, re ace, tne Ses (gmonnan ~ Carp 5 aeaeeates 200 oom eo bigs BBN ores 7s0.0719 1. ie ocicurs0 2. Sco! |, Gunates, Ane Maa. Mao, Neder Raa I Coan, tna. Sie, |: adie co aco Camas ngage 4044 Coles tine abr Lingiagem words Ware ae Ld Mato ens coset scr Jane Guirtan Gumaroe She Mara Beat Nasco Gest eget eon Vande Fa Garde pepo cos agate: Coa. aga de Forse DIRETOS RESERVADOS PARA A UNGUA PORTUGUESA ‘SEPoA00 D6 LETRAS EOIPSED ELIVRARILTOR Teli: 1) 241-814 (eta \rosemecasode aren embr eo 100 oe, ‘ouTueRoase? lresao Opts SUMARIO Apeseta o.oo. eee ‘QUESTOES EPSTENOLOGICAS A atviade de inguagem frente @ LINGUA: omenogem a Ferdinand de Sousu 2... 00. Jean Paul Bronckart radu de Anna Race! Machado) 0 excuoda ands da interpret ds textos ‘n0 quadro do Circulo de Bakhtin .......... Carls Alberto Forco 8 Textuclizaco, oro oatividade:reflxdes sobre 1 ebordogem doInercionismo SociodscUsiv0 ......e+s2+seesesessessees Sl Moria de Lourdes Meirelles Matenco Leiturospossiveis do ISD: og, produc de textos trabalho... Gluis Salles Cordeiro Por uma concep amp do trabalho do profesor. Aa Race Nuhado 65 al mn? (Q ESTATUTO DA ANALISE EINTERPRETACAO DOS TEXTOS NO QUADRO DO CIRCULO DE BAKHTIN Carlos Alberto Faraco (UFPR) © toma dosto artigo 6 0 estatuto da andlise © interpretago dos textos no piadro do Circo de Balin, Antos, potém, de ontrar no toma fam 8, ontando ser pertinente fazer referénca aalrumas questbes gorais do pensamento de Bektin que seréo necessévias pata melnorsituaroque seri apresentado, na veqiéncia, sobre textos, sua Produgao, anise © {merpretagto ne quedro das idéies do Ceculo. vero deixar larotamib aque o tama eepecifico tratard, pelos proprios limites de espaco, de apenas ‘ima parcela do pensamonto baktiniano adbre texto. Esporo, porém, quo seja sufciente para fazer justia ao seu pensamonto, © primero ponta ce eu gosteria de destacar 6 quo Balétin 6 "um ilésofo endo. cients O dialogismo nao 6, portato, uma teoria, ciontifica, mas uma flosofia. Decorre dai quo vernes encontrar nele win ‘esto conjunto conceitual, mas ago um modelo analtico. Jssofrustra, muitas vezes, as pessoas que véo @ ele em busca do um tal morielo pare a anslise da interagio verbal. Na falta dosse modelo, muitos se contentam om citer Bakhtin como ae ele fosee um tebrico do dislogo faco a faco ~ quendo nem iss0 ele 6. A ele pauco interessa o diélogo om si, Ele chega mesmo a cor (vide O probloma do texto, p. 32) que & uma consopgéo esteita do dialogismo reduzi-lo. 4 essa forma composicional do discurso. Interessa-Iho, elm, 0 quo ocorre no didlogo, como em qualquer ‘outro evento do linguagem, em termos de relagées dialdgicas, entendi- das estas como relagses semanticas (no sentido que Bakhtin dé ao ‘temo seméntica) que se estabelecom entre dois enunciados quaisquer ppostos em contato. O encontro de enunciados € 0 encontro de seus rTespectivos complexos de significagéo - que envolvem, na concepcéo bakhtiniana, sentides compre saturados por indicos sociais de valores. ‘Alégica das relagdes dial6gicas néo 6, portanto, do natureza linguifstica estzito sonso; 0 que nolas ocorre 6 a defrontacao de axiologias, tama crucial na filosofia de Baléstin, a que voltaremos logo adiante. Otenne didlogo, om Bakhtin, designa a grande metéfora concei- ‘ual que organiza sua filosofia; ¢ 0 nome para o simpésio universal que dafine o existir humano (vide Estética da criagdo verbal, p. 348) e nao ‘para uma forma especifica ca interacdo face a face e menos ainda para ‘uma forma composicional do texto. Em suma, quem vai ao encontro de Bakhtin encontraum flésofo, ‘Se quiser um modelo analitico, teré de construt-lo a partir de suas coordenadas filoséticas, istoé, terd de fazer um esforgo de trensposicao da filosofia bakhtiniana para um modelo cientifico. Como filésofo, Bakttin se vincula as chamadas filosoflas da ‘existéncla, Estas déo primazia nao aos grandes sistemas abstratos, mas tendem a elaborar seu conceituel tendo a existéncia como seu ‘ponto de pattida, isto 6, entendem que o ponsamento nao pode ser indiferente A oxisténcia ou dela estar separado. Nosse sentido, Baldhtin cortamente subscreveria em boa medida o famoso slogan dos existencialistas de que a exist8ncia precede a esséncia. Ja em seu primeizo texto (vide Towards a philosophy of the act, p. 3, entre outras), Balthtin critica o que ele chama de teoreticismo, ou seja, a separago abstrata entre o mundo da cognigéo e o mundo da vida e defende a necessidade de resgatar a unidade perdide. Em decorrénoia desta vinculagéo as fllosofias da existéncia, Bakhtin expressa sempre seu mal-estar com a tradigAo racionalista e, em especial, com sues menifestacées formalistas ¢ estruturalistas, 0 ‘que ndo deixa de trazer um problema espocial para a lingiiistica stricto sensu (@ para nés que, bem ou mal, nos formamos no interior de seus quados de referéncia), na medida om que a episteme dominante nos seus principais modelos ao longo do século XX é fundamentalmente racionalista. Para ler Bakhtin produtivamente, temos de renunciar radicalmente episteme racionelista e a todos os resaufcios de forma- lismo e estruturalismo que ainda possam estar contaminando nosso pensar sobre a vida em geral e sobre a linguagem em particular. Da vinculagio as flosofias da existéncia também dacarre 0 fato de que pensamento de Bakttin é radicalmente hist6rico (nao vivomos ‘num vazio abstrato, mas no cncreto do tempo, da cultura, daszelagées sociais) © hermen6utico (os eventos do existir humano, por serem sempre historicaments tinicos, ndo so inteiramente previsivels, dedu- {iveis de grandos ostruturas abstratas. Por isso, nio edo explicéveis por sistemas légico-matematicos, conforme ambiciona a tradigao vaciona- lista, S6 podemos interpraté-loe). Fundamental lembrar aqui também quo a Slosofia primeira de akdtin nao é, como na tradi¢éo flaséfica ocidentsl, uma ontologia (no 8 ‘uma teorizagao primeira sobre cs seres), mas uma axiologia (uma teorizagao primelra.sobre velores).Eissoporque, paraele,viver éestarse posicionando ‘a cada momento frente a valores. Nés nos constituimos e agimos sempre ‘num universo do valores. Podexlamas dizer que, pera Baldatin, nada do que ‘humano esté desvinculado de um univarso de valores, Desse modo, comproondor qualquer evento humanoé deslindar, ‘num primeiro momento, o jogo de valores que 0 organiza, Mas isso néo 6 tudo: a compreensao deve ser sempre responsiva. E responder & posicionar-se valorativamente frente a tal jogo de valores, Nesse sen- tido, a compreensao nao pods ser entendida como uma tautologia ou ‘uma mera duplicagao do texto, Quem compreende se torna participante do diflogo donde omorgiu o taxto @ do didlogo que o texto suscita, Neste ponto, vale citar um pequeno trecho do primeiro texto de Bakhtin (Towards a philosopty of the act, pp. 60-61 ~ tradugéo minha) fem que senota claramente se. anti-racionalismo, seu vinculofiloséfico com a existéncia e seu projeto para uma axiologia: [io ¢ nessa inten constuir um sistema logicamente uificdo de ‘aloes com o valor fundamental ~ minha parcipagdo no Ser sitvado no topo, ou, em outaspalaras,construitwm sistema ideal de vias ‘valores possivels. Nem propanos dar uma ranscricdo tec dos valores ‘que tm sido historicamente reconhecidos pela humana, de modo & estabelecer entre eles elagSe igias tis como suboedinago,co-subor- dinagio ee, isto é, de moco a sistema los, O que née queremes Fomeser io € um sistema nem um invent sstemdtico de valores, ‘onde concetos pros (auto-icénticos em coniedo) se inerconectam sob «base dt comelagoIgica. O que queremns fazer uma representa, ‘uma descrisio da arqutetirca real, conceta, do munda dos votes experienciados'vividos-nfocom uma fundamontag analiticn frente, mas com aguelecenuo verdaeiramenceconcreto tanto espacial quanto ‘temporal, do ual emnam avaliagSes, asonge ages, © onde os ‘membros constituntes sto enes reais, interconeclados por relagdes- ventas no acomecimento singular do Ser. Cada ser humeno é, na concopgée de Bakhtin, tinico e ocupa lum lugar tnico na existéucia (por isso, diz ele sem piedade - em Towards a philosophy of the act, p. 40 ~ que ninguém tem alibi pera existéncia, ninguém tam como escapar da sua responsabilidade exist encial: temos 0 dever de responder. Trata-se, nesse sentido, de uma 6tica sem concessbes) No entanto, cada um de nés é efeito da altoridado: nada sou fora das relagdes com os outros; née nos constituimos e vivemos nas relagées com a alteridade. Ou, nas palavras delo nos apontamentos para areformt- lagéo do livro sobre Dostoiavski (Estética da criacao verbal, p. 41): ‘Ser significa comviver. A mare absoluta (0 no-ser) € 0 esta de io ser ouvido, den ser reconecido, de no set lembrado. Ser significa ser para. o uke, atavés do cuto, ser pars si 0 ser humano nfo rem tm territco inetoesoberan, ests todo e sempre na fronera land para dentro de sel olhs patos olhos de outo.ou com osolhos de outro. Por isso também é que Bakhtin vai dizer que viver é responder, 6 assumir, a cada momento, uma posigéo exiolégica frente a valores. Viver é pavticipar desse didlogo inconcluso que constitui a vida uma: na. A dialogia 6, portanto, fundante do nosso ser no mundo @ da nossa prépria consciéncia, [Na expressio conseiénoia individual hi, na concepedo bakhtiniana, ‘uma contradictio in adjocto, porque @ consciéncia é sempre plural, no ‘sontico cle ser ela povoadda por intimeras vozes socials que all estao como ‘feito do nosso existir no didlogo inconcluso com a alteridade. Nossa ‘consciéncia 6 sempre ume realidade plurivocal (heterogléssica): Be vivo em um mando de palavas do outro. toda. a minha vida ¢ uma vento nesse mundo: é& reapHo as palavas do outro (uma reaglo infnitamenteeiversificada, a comegar pela assimilagao delas (no pro- ‘esso de dominio iia do discurso) e terminando na asimilago das ‘iquzas da cultura aman (expressas em palavras ou em outs mate sss semitios) (Escada criagdo verbal, p. 379) ‘Mas a consciéncia de cacla um nao é um mero repositério dessas vozes, um tesouro acumulado. A consciéncia é um univetso em movi- ‘mento continuo na medida em que funciona sob e batuta da dialogia #, em outros termos, uma plurivecalidade (uma heteroglossia) dialogi zade. As vozes eociais que a povoam esto postas ali em continuas rolagées dialogicas, soja porque essas relagies jé esto dadas no social (ends as reprocuzimos), seja porque 0s posicionamos continuamente “6 frente ds vores sociais o suas relagées, aeja porque novas relages se estabolocem singularmente (e de forma imprevisivel) om cada cons Gibncia. Néo podemos jamais prever quais relagdes dialégices pode: corset em cada consciénecia, porque as relagdes dielégicas podem se estabelecer entre dois quaisquer enunciacios, mesmo separados tim do outrono espace enotempo e que nada saibam um do outro previainente f sow oncontro ‘A consciéncia 6 plurvocal(aeterogléssica) porque a sociedad em. quo ola £0 constitu’ e vive 6 plurivocal (noterogléssica). Para Baletin, a realidad social da Iinguagem sempre hetarogénea, no apenas no sentido tradicional da heterogeneidadie dialetoiégica socalingtistica, ‘mas fumdamentalmente pel estratiticagéo axiclogica (ver, em especial, a discussie desse assunto no artigo “O discurso no romance"). ‘A lingua enquanto lingua, isto 6, enquanto gramética, enquanto sistema de signos (ou sistema de sistemas de signos),embora reconhe- ida como relovante por Bakhtin, nao lhe interessa. Ee a deixa para os Lngiistas. Interessam-lhe as manifestacées verhais concretas (ora chamadas do enunciados, ra chamadas de textos -naquela variabili dade terminotégica hem nossa conhocida e explicitamente recanheci- da pelo proprio Bakhtin Bstética da criagéo verbal, p. 392). estas nao so entendidas primordialmente como atualizagées do sistema da lingua, mas como manifestagées da heteroglossia, isto &, da estratifi- cagéo socioaxiclégica da lingua em vozes sociais. ‘As vozos sociais sto conceituadias como complexes verbo-axio- légicos cuja existéncia decorre do fato inescapével de que as nossa Telagdes com o mundo ao mesmo tempo que o reflatem, o refratam. "Nossa cognicéo é necesseriamente historicizada e semioticizada. As- sim, nés nunca podemos alcancar uma relagéo direta © pura (né0 mediada) com o mundo; ele sempre ¢ apropriado de forma refratada, {sto 6, no interior do horizontes sociais de valores, Essa heterogensidade axiologica se materlaliza nas vozes so- Ciais. £ ela que toma polissémicos 0s signos lingtisticos.E poliseémi- cos néo porque as palavras tém muitos sentidos (como costumeiremente lemos nos manuais de lingistica), mas porque a seméntica de nossos enunciados remete sempre a diferentes modos refratados de dizer o mundo: eles significam em relagao a vozes socials. © que mais interessa Bakhtin, porém, néo 6 propriamente a heteroglossia, mas sua dialogizagéo. As vores sociais, pela boca dos falantes, vivem em miltiplos e continuos contatos que constituem wna imensa teia dialégica e que Bakhtin dé o nome de heterogiossia dialo- ‘izada, Nela as vo2es sociais so intarihuminam, se interpenetram, so apéiam mutuamente, entram em contlito, ¢ contradizem, se reieitam a total ou parcialmente, # esse tenso embate dialégico que dé dinamici- dade & lingua enquanto reslidade sociel vivide. Ineressante notar de passagem, neste ponto, que a concepcao sociolégica subjacente em Baldhtin é, assim, # de uma sociedade atraves- ‘sada por confitos e néo uma sociedad sefda da contrato @ do consens9. Nosse sontido, ale asta mais préximo de Gramsci do que de Habermas. ‘esse amplo quadro de referdncias, ser autor é, a cada vez, orlentar-se no caldo da heteroglossia dialogizad; ¢ assumir ume posi (ho axiolégica frente ao jé multiplamente valorado, é assumir um lugar nos embates da heteroglossia dialogizade, é ser dislogicamonto ativo, respondendo ao que j4 esté dito, Nao se produzem textos ex-nihilo ou ‘por mera atualizagdo do potencislidados linglisticas e/ou textuais. Seria ingénuo, diz Bakditin (Hetdtica da criagéo verbal, p. 177), acieditar que a tinica coisa de que o autor precisa 6 a lingua qua ‘gramtica: no nosso fazer verbal, ndo tiramos 0 verbo da gramatica © fs palavras do dicionatio; nds tiramos dos lébios dos outros. & cons ciéncia lingttistica esta sempre envolvida pela heteroglossis © de modo falgum por ume sé iagua. Sempre © em toda parte a consciéncla lingiiistica se encontia com linguas (vozes) soclais © nfo com uma lingua, Em cada uma de suas manifestagdes verbis, ela se coloca dianto da nocessidade de se orientar ativamente nesse caldo plurivo- cal, do ocupar tima posigao, de eleger rma vor social, de construic ralagies dial6gicas, de orquestrar dialogicamente a plurivocalidade social. Mesmo quando selecionamos palavras, ostruturas sintéticas, recursos cosivos, nfo 0 fazemos tendo como referéncia o “estoqus” Ga lingua, mas os valores que saturam estes elementos linguisticos no contexte (na atividade) em que estamos. ‘Como @ consciéncia lingtifstica é plurivocal e sua atividade verbal depende, a cada vez, de um posicionamento frente & heteroge- neidado, 0 autor do texto néo se confunde com a pessoa fisica quo 0 femumcia, mas 6 entendido como uma fungdo intema ao toxto, como o elemento ordenador da totalidacie de sentido do toxto. ‘Para se transformer em autor, a pessos fisica tem de assumir, a cada vez, uma posigao axiolégice (dontre as muitas que transitam em ‘sua consciéncia) isto 6, tom de assumir uma voz. social. A partir dela, consiruira seu produte verbal, mobilizando enunciados heterogéneos ‘vindos de diferentes vozes sociais que ressoaréo explicita e/ou impli- citamente no texto, Vai ordenar esses enunciados e responder a oles das mais diversas maneiras. ‘Nosse sentido, pode-se dizer que todo texto esta marcado pela bivocalidade (isto é, pela vor que o ordena o pelas vozes mobilizadas 8 que estdo ali ressoando). No capitulo § do livro sobre Dostoievski, “ ‘akin comenta alguns cesses proceasos bivocatzadoros, Néo hé ai fomhua Intengho slstematinadora on oxaustiva. Como todas ae taxo- yomias baxhtinianas, esta também 6 apanas aprorimativa, sugestiva 296 serve mosmo pata iustrar suas idéias. Seria um equivoco eviden- temente tomé-la como medele analtico ‘Ainda sobre texto, Battin, om varios momentos, nsiste que tose pode ahar torte apenas como tm arte, come uma cosa tsi. preciso pensé-lofundamentalmente como(e aqui embercamos do novo na veriahilidade torminolégica bakhtiniana) “obra”, como *toxtoimplicito” ou (a propésito do texto postico) como objeto ostético ~termos que podem ser compreandicos come designando o complex de relagies de que 0 texto participa ‘A.unidade do texto néo é dada primordialrrante pela sua forma ‘exteme, mas no plano da “obra”, isto 6, a unidade 6 dada pelo amplo 9 complexo quacro de relagées exicligicas que presidem e atividads de produsi-lo (as condigées concrotas ca vida dos textos, suas interde- pondéncias # suas interrelagcon) 2 esto plano (que om alguns momentos é chamado de forma arcteténica) que vai governar a constmugao da masea vorbal, do todo do artafato (constragéo que, em alguns momentos, recohe o nome de forma composiienal), inclusive a selegao do matenal vetbal (dos elo- snontos lingisticos stricto sensu} Bstudar 0 texto 6 estucé-lo em todas essas dimonsoes, Mias ~ alortacnos Bakhtin (Bstética da criagéo verbal, p. 312) ~ 6 preciso ‘prevonirse permanentomente de uma protonséo ama anilise abstra- Saexaustiva (ingistics, por exerplo), porque a vida do texto esténas relagdes dialdgicas quo elo condensa ¢ no aiglogo que ele suscia, ‘ilogo que nde conhece acabamento. Comocle dizna ilkima coisa que ‘orev (Estétioa da criagto verbal, p. 410): Nib cise im em 2 inn pl wf iis pro come dig te tds eno oie =o fas its). Nem or do pce os nog 3 Stops pon urls et aes cle, tn te ramp ma ener) ope de aertline beg, do ig, goer me inno ce dering exten asi mec tks de ete ction, at oem: meen stove deveined ogy sewn as sen ‘elemiadose reviverdo ex forma renovsda (em novi contexte). Neo ‘existe nade asolusamente morto xd sentido ter sua festa de renovae ‘lo. Questo do grande tempo. Por fim, gostaria de dizer que Bakhtin nunca se ocupou de questées pedagégicas. No entanto, acredito que duas de suas reflexes podem ser titeis para noasas preocupagdes concementes a como enisi- ‘har nossos alunos a produsir textos. A primeira é a critica que ele faz 20 tooreticismn (8 separagao abstrata entre o mundo da cognigio € 0 mundo da vida) e sua defesa da uevessidatle de econatmuir a unidado perdida, A tradigao escolar, conteudistica e com pretensées enciclopé- ives, esté enraizada no teoreticismo. Ao trabelharmos como educado- res, tomos, portanto, um desafio imenso (o eu me pergunto se ele 6, de fato, realizavel) de romper com o teoreticismo em nossas praticas © obtero envolvimento existencial dos educandos (como pessoas concre- tas) na experiéncia de ser autor e de serleitor ativamente participe do vasto dialogo cultural, No processo de ser autor, temos de conseguir que © educando rompa com uma consciéncia linguistica que Bakthtin chama de ptolo- ‘maica (isto 6, embora plusivocal, no se percebe como tal e esta dogmaticamente dominada por vozes sociais incapazes de se verem pelos olhos de cutras vozes do plurilingiismo), substituindo-e por uma consciénela que Bakhtin chama de galileana, uma consciéncia lings tica relativizada capaz de se ver pelos olhos da hivocelidade, polo ‘mtttuo aclaramento critica das vozes sociais. Referéncias bibliogréficas BAKETIN, M. (2003). Estética da criagdo verbal. Sé0 Paulo, Martins Fontes, (1988). "0 discurso no romance", in: Bakdtin, M. Questées dolitaratura ede estética: a teoria doromance. Séo Paulo, Editora da UNESP — HUCITEC, pp. 71-210. “0 probloma do textona lingiiistica, na filologia eem outras cidncias humanas", in: Bakhtin, M. Bstétice da crlagdo verbal, pp. 207-336, (1997), Problemas da poética de Dostoievski.2.ed.,1eV., Rio Ga Tanairo, Forense Universitaria. (1999). Towards a philosophy of the act. Austin, University of Texas Press.

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