Está en la página 1de 13
® O liberalismo: a bandeira dos revolucionarios Os regimes reacionarios estabelecidos apos a Queda de Nepoleéo lutaram para refrear as transfor- mages politicas e sociais. Nao foram capazes, no entanto, de conter o desejo por mudancas. Nas pri Mmeiras décadas do século XIX, uma série de revoltas @ revolugées de carater liberal abslou as monarquias restauradas, resultando na ascenséo da burguesia eo Poder e no declinio da aristocracia europeia, oO fol uma das ideologias que nortearam @ onda revolucionaria de toda @ primeira metade do século XIX na Europa. A ideologia liberal ¢ uma forma de pensamento que tem como base a defesa das li- berdades do individuo, que s80 « liberdede de possuir bens (direito a propriedade), de eleger e destituir seus Sovernantes, de exoressar suas opiniées, de professar ume religiéo; em resumo, a liberalismo praclama a su- Premacia do individuo em relagao ao pader do Estado. As caracteristicas dessa idealogia variavam conforme a regio, as relacdes entre as classes ¢ a situagéo politica e econémica de cade pals. Para a burguesia industrial, por exemplo, oliberalismo signi- ficava o direito de produzir # camercializar livremente, BY YT nidade 11. Sociedade e culture no stoulo XIK Na teoria marxiste, ideolagia é um conjunto: de conhecimentos falsos e ilus6rios que se apresentant ‘como verdades absolutes, mas que distorcem area © lidade, mascaram os contrastes sociais e ajudarn a reservar @ dorhinagao. Segundo o pensedor Karl Marx, por exemplo, o liberalismo & umé ideologia Rorque se apoia no principio de que uma sociedade orgenizada no medelo liberal proporcionay.a todo Individuo, as condicées para que ele desenvalva plenamente sues potencialidades e conquiste os melhores resultados. A sociedade capitalista, porém, segundo Marx, no ¢ capaz de criar oportunidades ara os trabalhedores desenvalverem sues potencia~ lidades. Nas fabricas, 0 trabalho alienado, repetitive © mal pago, em vez de proporcionar aprendizada, satisfagao e realizagao, teria aprisionado e embru tecido os trabalhadores. 0 liberalismo, entretanto, nao era apenes uma Ideologia politice, mas a expresso de um profunde deseo de liberdade e a sintama de ume grande mu- danga nos hébitos eno pensemento das pessoas. As Ideias liberais influenciaram profundamente as artes © a literatura. 0 romantismo, que exaitava a indivi dualidade criedora como valor maximo, fol a maior expresséo do pensamenta liberal nas artes. peregrina sobre o mar de brumas, pinture de Caspar Devi Friedrich, BIB. Galeria de Arte de Hamburgo, Alemanh. A imagem do homem que se lava cabre as incertezas do mundo iustra o ices) ser humane da liberalisria: O liberalismo na arte remantica Qs miserdvels, do francés Victor Hugo, € uma das obrasprimas da literature romantica mundial. A his- ‘toria se passa na Franca entre @ queda de Napoleao as Revolugbes de 1830, Solto ands cumprir pena de 19 anos por roubar um po para alimentar os irmaos, Jean Valjean vags pelas russ em busca de abrigo e comida, mas todas as estalagens Ihe recusem ajuda. Até que é acolhido por um bondaso bispo, que ihe oferece comi- da @ pouso, A noite, Valjean nao se contém e rouba os talheres de prata, a Unica coisa da valor que havie ne casa. Nesse romance, Victor Hugo explora intansamente fos aspectos da literatura romantica: a nerrativa cen- trada no Individuo, dividida entre a consciéncia de se entregar @ justice e a possibilidade de livrar-se dela, o sentimantalismo exacerbado a valorizag&o da histérla nacional ea liberdade do genero narrativo. ‘Cena do filme Os miseravais (1836), crigido par Richard Bolesiawski, que mostra 0 Bis90 com os casticais de preta, = As Revolugées de 1830 Qs seis talheres obcecavam-no [Jean Valjean] f-}. | Eram de prata macica, prata antiga. Pele concha lhe dariam | no minimo duzentos francos. © dobro do que ganhara em dezenove anos. [.] O silencio era perfeit.(..] Jean Valjean [..] caminhou 2 passos répidos 20 longo da cama, sem porém olhar para © bispo, dieto ao armério que entrevia ao lado da cabeceira. [.JA chave estava ls Abriu, e primeira coisa que apareceu foi a cestinha em que se guerdavam os talheres. Pegou-a, atravessou 0 quarto apassos argos, .] abriuajanela, tomou © cajado, saltou para o jardim, pulou © muro [.]e fugu. [.] No diaseguite, ..| no momento em que obispo eairms iam levantarse da mes, bateram a porta | ~ Entre ~ disse obispo | ‘porta abriu-se eum estranhoe violento grupo apareceu 8 soleira,Tr8s homens agarravam outro pelo pescogo, Eram ‘rés gendarmes e jean Valjean.) | ~ Ah Ei-o aqui! ~ exclamou © bispo, olhando para Jean Valjean -estimo tornars vé-lo. Mas eu nao the dei também os casticais? So de prata como os talherese poderdo render- -the bem duzentos francos. Por que nao 0s levou também? | Jean Valjean arregelou os olhos e contemplou 0 vene- rando bispo com tal expresso que nenhuma lingua humana poderia descrever = Exceléncia- disse o chefe da guarda -, entdo o que ele dizla 6 verdade? N6s 0 encontramos como quem esté fugindo. Nés o prendemas para nos certificarmos, Ainda mais com esses tlheres de prata. ~ Ele ento thes disse — interrompeu sorrindo o bispo -, due the haviam sido presenteados porum velho padre em cuja ‘casa havia passado 2 noite? |é percebi tudo. E os senhores o trouxeram até aqui? Mas isso néo esta dirito, = Entéo ~ replicou 0 cabo -, podemos deixé-io em berdade? ~ Sem diivida alguma - respondeu o bispo. [4] = Meu amigo -replicou obispo -, antes de partir, eis aqui os castigais. S30 seus.” HUGO, Vitor 0 miseravee. 880 Poul: | (Cosae Naif 2002, p. 10718, Uma nova onda de revaltas estaurau em 1830. Na Franca, o rel Carlos X havia tamado uma série de medidas politicas orientadas para o retorno ao absolutismo. As Ordenancas de Julho determinavam a dissolugsa da Camara dos Deputados, a supressdo da liberdade de imprensae a redugao do eleitorado, entre outros. A populagae revoltou'se, ergueu barricadas nas rus e forgau a abdicagéa do rai Com. queda da dinastia Bourbon, os parlamentares franceses entregaram o trono a Luis Felipe dé Orleans, primo da rei deposto. Com ele, chegaram aa pader os banqueiras os gran- des comerciantes. 0 principal desafic da monarquia de julho, como se tornou conhecida, era afastar duas ameagas: 0 retorne do absolutismo @ a formacao de uma republica democratica, Os movimentos revolucionérios na Franga repercutiram nos paises vizinhos, ABelgica decla- rou sua independéncia de Holanda; na Polonia, houve um levante contra o dominio russo, que logo foi reprimido pela czar. Levantes parecidos ocorreram ne Italia ena Alemanhe, Clenca, naga erevalugto no séeule XXX-Caprtuo20 175 © As Revolugées de 1848 Em11848, ocorreue maior das ondas revolucionérias {que varreram a Europa durante o século XIX. Omovimen- to comecou com a deposi¢so da rei francés Luis Felipe de Orleans, em fevereiro daquele ano, ea proclamagéo da repdblice. De Franca, as revoltas se alastraram pela Italia, Alemanha, Suica, Austria, Polonia, Espanha @ Portugal. As ideias liberais das Revolugées de 1848 chegaram até mesmo ao Brasil e influenciaram o mo- vimento chamadio Revolugao Praieira, em Pernambuco. A sequéncia de revoltas que se espalharam pela Europe no inicio de 1848 ficou conhecida como @ Pri- mavera dos Povos. Entre os motivos que levaram populagao as ruas esto o desemprego e o aumento do custo de vida nas cidades, ¢ a prolongada tempo- rada de secas no campo. Depois de abter algumas vitérias contra as forgas dos Estados europeus, @ populacéo fol brutalmente reprimida, ® Da repablica ao império Apds a queda de Luis Felipe formou-se um governo pravisorio chamado de Segunda Republica Francesa, Pressionado pelas insurreig6es populares, 0 governo provisdrio tomou algumas medidas para acalmar a popu- lado, como estabelecero sufragio universal masculino Atrajetoria de Alexis de Tocqueville Alexis de Tocqueville (1805-1859) nasceu em uma fami ‘que fol praticamente dizimada durante a Revolucao Francesa, Seus pais 66 nao foram guilhotinedos por causa da queds de Rabespier- re, em 1784, e0 fim do governo jacabino. Tocqueville participou ativemente da politica francesa, ‘posi¢0 a0 rei Luis Felipe eparticipande da Assembleia ele ‘tea Revolugtio de 1848, Quando o movimento popular se rat perspective para as Revolucoes de 1789, 1830 e 1848, Veja “Nossahistéria, de 1789 2 1830, se vista de longe eem seu Imanifestava-se a mim como o quacro de uma luta encamicada,travada durante 41 anos, entre o Antigo Regime ~ suas tradigées, lembrancas, ‘esperangas, seus homens representados pela aristocracia ~ e nova, conduzida pela classe média, Parecia-me que 1830 tinha fechado {esse primeiro periodo de revaludes ~ ou melhor, da nossa &: porque ha apenas uma, aquela que se mantém inalterada atr fortunas e paixdes diversas, que nossos pals viram comecar e Antigo Regime foi destrido para sempre.”” ‘Tocqueville tornau-se um dos ideres do chamiado partido da order, Em suas memérias de 1848, o pensador francés propdsumanava ‘toda a probabilidade, nés nao veremos terminar. Tudo 0 que restava do TOCQUEVILLE, Alexis de. Lombrongas de 1848, ‘80 Paulo: Companhia das Letras, 201 p. 42 Tados os homens meiores de 21 anos, sem restrigdes de renda, podiam participar das eleicoes e candidatar- se a cargos piilicos. : 0 governo provisério criou também o Ministerio do Trabalho e as oficines nacionais, onde operérios realizavam trabalhos temporérias em obras publicas, como construgao de estradas © aragem de terras desocupadas. : Nas eleigbes para @ Assembleia Constituinte, a birguesia e as camadas médias urbanae conquiste- ram a maior parte dos votos. Algm disso, as oftcinas foram desativadas e 0 operariado, derrotado nas eleigdes e sem trabalho, reiniciou as revoltas. No entanto, elas foram violentamente reprimidas, muitos operérias foram mortos e a movimento foi derrotado. Em novembro de 1848, Assembleia promulgou uma Constituigao, que havie sido elaborada para manter 0 poder nas maos das camadas mais ricas. Nas eleigdes presidencials de dezembro de 1848, Luis Napoleéo Bonaparte, sobrinho do ex-imperador Napoledo, foi eleito presidente da republica, Ele explo- rou a imagem do tio para garantir 0 apoio dos monar- quistas, da burguesia e dos camponeses. No final de 1851, quando acabaria o seu mandato, Luis Napoleéo deuum golpe de Estado e, no ano seguinte, assumiu a ‘trono francés com otitulo de Imperador Napoledo IIT, lianobre , fazendo ite duren- dicalizou, a seguir: i a : : : : : H conjunto, a Franca evolugao, raves das segundo ‘Charles-lexs-Henr Clore do Toequevile,pintura dde Theodore Chasseriau, 1850. Museu Nacional do Palacio de Verselhes, Franca, Taoquvil arupa a aligGas de T7HD_ 1650 w-T640ar ura ganda evligdow a vice om Guts fase, Na pina co prncpae Sup TS WOhIGos so os burguseas © os astoctaas, em um corto que esUTOU fn do Arigo Regime. Na segura fas, qua comaca & pare toda buns | > com base no texto de Tocqueville e nos seus conhecimentos, quais serlam os grupos socials envol-s> {sau ase cae ce vidos no longo processo revolucionério (que se estend DY) 176 Unidade 11-sociedada e cuture no aécule XIX jeu de 1789 até 1848)? afstocratas pea corter 0 svango da asses a pobre EA Rc RU VOU WEE CHEE A arte neoclassica e a filosofia iluminista, ambas do século XVIII, possulam ceracteristicas semelhantes entre si, Ambas estavam marcadas pela busca da ordem e do equillbria por meio do exercicio da raza, tanto em relacéo @ estética quanto em relagao ao conhecimento. Na passagem ido séoulo XVIII para o século XIX, as duas formas de manifestacéo foram paulatinamente substitul- Idas pelo movimento romantico. 0 romantismo questionou e diminuiu a impor- incia da ordem e do equilforio para a arte e para filosofia. A paixo e o mpeto individual, associa- 'dos 20 uso da imaginacéo criativa, tornaram-se Jiguns dos principais valores da nova geragao de Jésofos, escritores e pintores. Algumas carac- iteristicas da pintura neoclassica permaneceram nas produgées romanticas, camo 0 uso de temas hhistoricos e nacionalistas. A abordagem, no en- Tanto, era outra. Dara compreender o documento ( artista francés Eugene Delacroix (1798-1863) nas ‘ceu em uma familia de politicos franceses. Aprendeu f pintar no atelié do pintor neoclassico Pierre Guérrin, conhecendo, nesse periodo, Géricault, com quem teria ‘uma longa amizade, Os dois pintores abandonaram as hnormas estabelecidas pelas academias de belas-artes, TTS | h|hlUel Apintura romantica para explorer noves temas, como os fatos da atualida- de, pessoas com problemas psiquitricos e os costumes dos poves orientais. A tela A Liberdade guiando o povo (1830) faz referéncia a revolta que levou 4 queda de Carlos X, em julho de 1830. O quadro tornou-se um icone da luta pela liber dade e é uma das pinturas francesas mais reproduzi- das, figurando até na antiga moeda nacional francesa, o franco, +L. Observe o quadto de baixo para cima. Perceba que no primeiro plano hé corpos espalhados pelo chao ¢ no entre hé uma gutra pessoa ajoelhada, aos pés da li- berdade.Os personagens nas trés posicoes formam um, tridngulo que orienta a vista do observador. 2. Amulher no centzo da tela é uma alegoria (uma repre- sentacio simbelica) que personifica, ao mesmo tempo, a Franca ea liberdade. 3, Os personagens esto reunides em grupo, mas as agées si individuais 4, Os personagens representam as distintas classes so- ciais que participaram da Revolugao de 1830. esteem seu coderno A Experimenta 1. Descreva @ pintura e caracterize os principais ppersonagens que aparecem na cena, 2. Nessa pintura, a liberdade foi representada por uma mulher, que também personifica a nagio francesa, Qual seria a melhor forma de represen tar a liberdade no mundo contempordneo? Crie sum desenho que expresse a sua visao de liberda- de no mundo atual. Aberdide Pa ALiberdade guiando @ ‘novo, pintura de Eugene Delacroix, 1890, Museu do Louvre, Pare. m AANA 0 nacionalismo » Anagao como invengao Ourante 0 Antigo Regime, néo havia um sentimento de pertencimentoa uma determinada nagao. As pessoas se idantificavam por pertencerem a uma religi8o, por viverem em certa regiéo ou pela abediéncia a dinastia reinante. Fol apenas na passagem do século XVIII para (© XIX que o nacionalismo surgiu. O sentimento de pe tencer a uma nagéo, criado entre os franceses desde a Revolugao Francesa, cfunciu-se pela Europa com as quer ras napolenicas. Os habitantes de territorios ocupados Uniam-se para expulsar de suas terras o invasor [doc. 2, Aldeia de nagao esta associada a existéncia de um sentimento, compartithado pelos habitantes de um mesmo territério, que reconhecem a existéncia de um passado em comum e acreditam que o futuro sera melhor se continuarem unidas. Muitos estudas, entretanto, questionam essa visdo que entende a Nagao camo um sentimento nascido de uma historia e de uma cultura tradicionaimente compartilhada. Ana- 80 seria, antes de tudo, uma entidade inventada por Grupos sociais especificos, que atribuem a um grupo cultural hegeménico a tarefa de unificer o territério em torno de um pader centralizado, o Estado nacional. Assim, em vérios paises constitulram-se Estados- “nagao sem que houvesse verdadeiramente uma Arecepeto de Lard 6/ron em Missolongi, erm 1E2H, pintura de Theodoros \yzakis, 1861, Museu Necionel Alexandros Soutzos, Atenas. 0 poute romantica inglés Lorde Byron particou da uta pala independéncia da Gréce DD) 178 Unidase 1- sociedade culture no sécula XX Protésso a insursic6o orga so insprou na revitaeérvie, ocd ont 4804 © 1818, Come resultado do confit 0 série conastaram a ate, ima acmcistratva, erboraformaimants irda ferssom hare G0 inpone A independincia srva 6 fol reconecide itenacionalmerte om 1673 © Identidade étnica, linguistica e histérica entre seus habitantes. Para construir artificialmente uma nagao, e5ses Estados faziam uso de uma série de instrumen- tos, atribuindo a eles a chancela de "nacional" lingue nacional, a histéria nacional, as tradigdes do pals, entre outros. Em muitos casos, aspectos da cultura do grupo no comando do Estado se sobrepunham @ cultura dos grupos locais. © Onacionalismo na Europa Central 0 primeira movimento nacionalista comegou em 1821, quando os gregos luteram para se libertar do Império Gtomanc. A insurreigao grega recebeu apoio financeiro de liberais de toda a Europa Ocidental e, nos tltimos estagios da guerra, ajuda militer da Franga & da Gra-Bretanha, A independéncia grega, reconhecida era 1832, im- pulsionou movimentos nacionalistas em toda @ Europe Central. Revaltas eclodiram nos impérios Austriaco, Oto- mano e Russo, onde varias nacionalidades se sentiam oprimidas. Hungaros, tchecos, romenos e poloneses lutaram pela independéncia, A maior parte desses mo- vimentos fracassou, e muitos desses povos s6 se tor naram independentes apds a Primeira Guerra Mundial. puoi O nacionalismo pode estar associada, em alguns momentos, 8 etitudes recistas ou per- tioularistes, “8s culturas nacionais sZo tentadas, algumas veres,a se voltar para o passado, arecuar defensiva- ‘mente para aquele ‘tempo perdido’, quando anacso cera ‘grande’ sdo tentadas a restaurarasidentidades passadas. Este constitui o elemento regressivo, anacrénico, da histéria da cultura nacional. Mas frequentemente esse mesmo retorno a0 passado cculta uma lta para mobilizaras ‘pessoas’ para que purifiquem suas fleiras, para que expulsem os outros! ‘que ameacam sua identidade e para que se preparem para uma nova marcha para frente.”” HAL, Stuart. A tdentidade eutural na pos -modernidae, Rio de Jneira DPGA, 2008, p58, » Stuart Hall relata tentativas de resgatar, no ppassado, a origem da identidade nacional de determinado grupo. Pesquise em livres, revistas ou na internet um exemplo dessas ppraticas, descreva-o e explique por que elas podem ser nocivas, 2 Aividade de pesquisa »8 Aunificagao da Italia e da Alemanha a Os nacianalismas nao tiveram apenas uma nica orientagao. Nos grandes impérics, como 9 austriaco, 0 russo e 0 otomano, que abrangiam diferentes nacionalidades, os movimentos tendiam pare o separatismo. Jé naqueles territdrios marcados pela divisao politica, mas cons- titufdos de povas com tradicoes culturais e uma historla em parte comum, como as regides de Itélia e de Alemanha, unificagéo conseguiu se impor. Eases dois paises foram os unicos da Europa Ocidental que néo conseguiram unificar-se como Estede-nacéo na Idade Moderna, 0 desfecho desse longo processo se deu apenas na segunda metade do século XIX. = Aunificagao da Italia Na primeira metade do século XIX, 0 territério italiano encontrave'se dividida politicamente, e parte dele estava submetida eo dominio austriaco. Com o abjetive de emanci- Par a Italia de ocupacao estrangeira e de unificé-la sob um governo republicano, o escritor Gluseppe Mazzini fundou, em 1831, o movimento Jovem Italia, Para Mazzini,o levante devia ser popular e voltar-se nao apenas contra o dominio estrangeiro, mas também contra os Estadas da Ipreja. Anos o fracesso da Revolucéo de 1848 na Itélia, a importancia de Mazzini na condug&o do proceso de unificagso diminuiu {veja 0 mapa a seguir) Para dar continuidade ao projeto da unidade italisna, os republicanos tiveram de fazer concess6es, estabelecendo uma aliange com o Reino do Piemonte-Sardenha, 0 primeiro- -ministro desse reino, o conde de Cavour, conseguiu o apaio francés e entrou em guerra contra o Império Austriaco, obtendo @ Lombardia em 1859, Em seguida, 0 Reino de Piemonte anexou os territorios centrais do pals, como os ducados da Toscena e de Parma, aliadios dos austriacas, ® parte dos Estados govarnadas pola Tgrsle. Ao mesmo asc atcando tempo, o revolucionério Giuseppe Garibaldl conquistou e grayaenalens de 1860 a Sicilia e Napoles, com uma tropa de voluntérias, 0s camisas a Italia no rl Vitor Emanuel I vermelhas. Em 1861, 0 rei do Piemonte-Sardenhe, Vitor Emanuel II, [A unificagao italiana foi proclamado rei da Italia, Para completar 0 proceso de unificacao, faltava apenas conquistar Veneze e Roma, Veneza foi conquistada em 1866; Roma, por sua vez, foi tomada em 1870, embora a Igreja pretendesse manter @ autonomia romana em relago a0 novo pals, A Itélia realizou sua unificagao politica, 0 Estedo recém-criado, contudo, encontraria novas problemas, mas de ordem in- terna e social, A Italia unificade era um pais contraditério, que uinia o norte da peninsula, rico e industrializado, com o sul. pobre e rural. ; ¢ ; q : § : g : MAR TIRRENO * Bl stados ds grain ‘ [i Terrie do impo austraco ~ Fonte: DUB, Goorges Atos historique | Ml Reino das Duss Scias Frond Paris Ga ncee Sate | SSS Terrtérios sob influtniaaustraca ‘Atos da histra do mune. S80 Pale: | EE Reino Lombardo-Venesiano Timesoia de Sule 1885 5.218, | 9 nsuregoes de 1048 Paleo ‘ Citnoia, nagto e revolugéa na século XIX-Capitule1d 179 = Aunificacao da Alemanha NNo inicio da Idede Moderna, os povos de lingua alema estavam reunidos no Sacro Império Romano Germanico. 0 progressive enfraquecimento desse império resultou na fragmentagao politica da regiao da Alemanha, com o surgimento de dezenas de prin- jpedos com relativa autonomia, A ascensao do Reina da Prussia, no século XVIII, representou um desafio & hegemonia austriaca sobre os povos alemaes. No século XIX, a Prussia se tornou uma poténcia emergente no cenario eurapeu e buscou integrar os Principados alemaes & sua esfera de influ€ncia, Um dos primeiras passos importantes foi a criagao, em 1834, de uma uniéo aduaneira e comercial entre de- terminados Estados alemaes, chamada de Zollverein. Esse acordo nao inclufa o poderoso Impéria Austriaco, Para a Prussia, 2 Austria havia se tornado um obsté- culo para sua expansao e cansequente associacao com outros principados alemées, Com a coraagéo de Guilherme I para o Reino da Prussia, em 1861, e a lideranca do primeiro-ministro Otto van Bismarck, a ideia de uma unificagao alema péde ser realizada. Para conduzir sua expanséo terri- torial, o Estado prussiano fortaleceu seu poderio mill tar. Bismarck forjou uma alianga com e Austria contra a Dinamarca. Em 1864, os dois Estados conquistaram 08 ducados de Schleswig e Holstein, dividindo as ter- ritorios entre as duas coroas. Aalianga criada por Bismarck nao foi feita para du- rar. Dois anos depois, a Prussia provocou uma guerre contra seu antigo aliado austriaco, buscando anexer 8 condados e reunir as outros Estados do norte em uma confederagao sob sua liderangs. Favorecida por sua superioridade militar, a Prossia venceu a Guerra Austro-Prussiana, [Aunificagao alema ultimo passo para e unificagdo da Alemanhs eré 8 anexagao dos Estados do sul, que desconfiavam da lideranga prussiana, Bismarck conseguiu integré~ “los a Prussia numa guerra contra a Franga, em 1870, ‘apés despertar o nacionelismo por tada a Alemanha. Com a vitéria na Guerra Franco-Prussiana, o Estado ‘elemao nascie, em 1871, coma uma poténcia militar expansionista, iniciando o caminho que conduziria, no século XX, as duas guerras mundials, Reged ake Sy Sees esos Deere ete tet ee Neri pl ht Mee bn nl pee nln oe eg Caricature representando Otto von Blemarck varrendo 08 nimigos franceses durante 3 Guerra Franca-Prussians, 1870, + Unio aduancira @ comercial Fonte: HILSEMANN, Wierner KINDER, Hermann Atlas historique, Paris: Perrin, 1892. p 360. BD) 180 tnisece 11-sociedade ecuture no século XIX ot Be ene Contos = we ead tert ue etabocon tae Ura sa come as = Serene Greets macnoro. Tarr SaaS ie a mercadbrias comercalizades ieecereae tre os momtres de uniso NE (shen Be ce tee adcane, eros on Hl 2 Se rates quersovonstemne Unido recebem acrescime de uma tarfe comum. AWWA (AEXEW A ciéncia no século XIX » Tecnologia e sociedade Muitas das descobertas da Revolucéo Industrial, iniciada em meedos do século XVIII, nao eram fruto de um estudo cientifico, mas de experimentos conduzidas com finalidades préticas, O aperfeigoamento da maquina a vapor e a criagao do tear mecdnico séic exemplos de inova~ 9625 teonalégicas realizades com o objetivo de aumentar a pradutividade e nao para conhecer novos aspectos do funcionamento da natureza [doc. 3]. 0s melas de trensporte também foram impactados com os novos usos da tecnologia. A maquina a vapor passou a ser utilized ne navegagao e possibilitou o desenvolvimento do transporte ferravidrio, o que tornou as viagens mais rapidas e seguras. Além disso, 0 aperfeigcamento e a difuséo do telégrafo permitiram transmitir noticias e informagoes a distancia de forma eficiente e velaz. Aeeficiéncia dessas maquinas nao passou despercebida aos cientistas, que estudaram 0s principio cientificos do desenvolvimento tecnoldgico industrial, Nesse mesmo periodo, as universidades ganharam crescente importéncia, com a organizecao de cursos univer- sitarios em moldes semelhantes aos atuais e a instalagao de laboratérios de pesquisa cientifica, Na Frenga, @ Escola Politécnica, fundade em 1795, destacava-se no ensino e na pesquisa de atividades valtadas para fins praticos, como a construgae civil e as guerras, € tinha coma curso central a engenharia. Na Alemanha, a Universidade de Berlim, criada em 1810, transformou-se em modelo de organizaco curricular para as universidades europeias e norte-americanas, Com 0 avanco das teorias cientificas e de sua comprovagao experimental, muitos aspectos antes obscures da vida cotidiana passaram a ser explicados pela ciéncia. As teorias do miasma, uma forga invisivel que se acreditava ser responsdvel pelas doengas que afetavem as pessoas, © da geragao espontanea, que defendia que os seres vivos se originavam de matéries néo vivas (inorganicas), foram refutadas pelas descobertas da microbiclogia. 2 De acordo com a Prima Le da Termodirémica, a quantidads de enema interna de um sistema temodindrico dapende de dus formas de ener, calor» trabalho. A maquina 8 vapor transforma o cao’ da agua em estas gaeosa em tabalno par meso de Uh tao Adescoberta da termodinamica ‘Atermodinémica ¢ uma area da fisiqa que estu- da cientificamente a relagao entre calor e trabalho. Desenvolveu-se no séoulo XIX gragas aos estudos de cientistas como Sadi Carnot, Jemes Joulee Jemes ‘Maxwell, A aplicacao de recursos da termodinamica veio antes da compreensaa de seus principios, Foi ‘com a estuda es experiénciacom as matoras.a vapor que os cientistas conseguiram definir e dinamice dos fenémenos térmicos. A partir de seus estudos, ‘conseguitse provar que o calor nada maisera da que 2 energla térmica em transite, au aaja, aenergie que se transfere de um corpo para outra, Meis tarde, 0 fisioa alemao Rudolf Clausius retamou o trabalho de Cefnot e afirmou que a eneraia nao pode ser criada ‘nem destruida, mas apenas transfarmada, Gravura do século XIX rapresentando a maquina ‘ vapor desenvolvide par James Watt no sécula XVIIL Esse tipo de maquina possiblity aos, Cantistas entenderom malhar a= mecarisma ligsdos 8 enorgia térmica 2 Com a ajuda do professor de Fisica, explique a relacdo entre a descoberta da Primeira Lei da Termodinamica e o funcionamento do motor a vapor. i Ciencia, nagdo @revelugso na século XIX- Capitulo 38 — 8 Abiologia como disciplina cientifica Ate 0 século XIX, os estudos sobre as manifestagies da vida em nosso planeta estavam Givididos em diverses areas. Por exemplo, 0 estudo das partes do corpo humano, a anatomia, ra feito por médicos; @ classificagéo das espécies animals e vegetais estava a cargo dos naturalistas, em ume disciplina chamada historia natural. Em 1802, epereceram dues publicacées utilizando a palavra biologia pare designar o cempo de estuda sobre todas as criaturas vivas: uma do francés Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) e outra do alemao Gottfried Treviranus (1776-1864). Nessa época, jé surgia 8 consciéncia de que todos 08 seres vivos deveriam ser estudados por sue caracteristica-mais avidente e misterlosa, a vida, Embora se reconhecesse que era necessério estudar as seres vives em conjunto, faltava uma teoria que dialogasse com todas as areas de estudo, que estavam dispersas e desconectadas, A formulacéo da teoria da selec&o naturel forneceu essa visdo de conjunto. As descobertas de Darwin e Wallace Ateoria da sele¢do natural reuniu conhecimentos de diversas éreas, como a geologia, a ecalogio, a bot8nica ¢ a anatomia, além de conclustes elaborades a partir da observagao do meia ambiente @ de sua relago com variadas formas de seres vives. Dois naturalistas foram responsdveis pela formulacao desse teoria, Charles Darwin (1808-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913) Entre 1881 ¢ 1896, Darwin viajou pela América do Sule bordo do HMS Beagle, tendo inclusive Visitado o Brasil. Estudos recentes mostram que um dos objetivos de Darwin em suas pesquisas cientificas era comprover a falta de embasamento cientifica das teorias racistas existentes ne Europa e em sociedades escravistas como a brasileira, Veja a seguir “Para Darwin, a viagem do Beagle foi menos importante pelos espécimes coletados do que pela experiéncia de testerunhar os horrores da escravid3o no Brasil. De certa forma, ele escolheu focar na descendéncia comum do homem justamente para mostrar que todas asracas eramiguaise, dessaforma,enfim, objetar Aqueles que nsistiam fem chamar as negros de espécies diferentes e inferiores aos brancos [.] Para ele, ndo haviadiferenca entre ‘raga’ e 'espécie’e sua pesquisa sobre a origem das especies & também sobre a origem das racas, ncluindo-se os hurnanos ‘Aextensao de seu interesseexpliitono combate & ciénciade cunho racista¢ surpreendente, epudernosdetectar tum impeto moral ports de seu trabalho sobre evoluce humana, uma crenca numa rmandade' racial que tinha raizes em seu 6dio 20 escravismo que o levou, junto com outros fatores, a pensar numa descendéncia comum,”” ‘Aian Desmond. In: HAAS, Cetoe. 0 ela pera tropical Dispontvel em httelrav 22 Fapesp, n. 189, maia 2009, quisafapesp.br. Rceeaa am B fou 2013 i Assquerda, ch les Darwin, fotografia de IBGE: & crea, Alfred Russel Wollace, am foto do inicio do século XN. BD) 182 unease 11- Sociedade e culture no século XK = Aselecao natural Em suas viagens, Derwin recalheu aproximeda- mente 5.500 amostras de plantas e animais e levou- -as para a Gré-Bretanha. O material foi classificado, snalisado © comparado. Apés confrontar os dados de suas pesquisas com os resultados obtidos por outros naturalistas, Darwin publicou varios artigos sobre seus achados. Ne décade de 1840, Darwin passouatrabelhar num livro no qual sintetizaria suas descobertas e conclu- ses. Ciente do impacto que @ obra poderia ter, ele hesitou em publicé-la até tomar conhecimento de que Alfred Russel Wallace, que havia viajado pela Amazonia durante anos, havia chegado as mesmas conclus6es. Os dais acabaram se tornando amigos e correspon dentes. Observando as diferencas anatémicas entre milhares de espécies, Darwin e Wallace perceberam que os individuos de uma espécie apresentam grande variago entre si, Um grupo cama mesma caracteristica diferenciada pode tornar-se mais bem adaptado & so- brevivéncia em um ambiente que os demais individuos da mesma espécie. Os individuos mais bem adaptedos tém mais condig6es de obter os recursos de que prec sam para sobreviver e de chegar & vide adult, gerando descendentes que poderso herdar asmesmas caracte- risticas, Eose processo foi chemado de selegao natural. Com a teria da evolugao das espécies, Charles Darwin nao apenas conclula que as espécies sofriam transformacdes, mas também que tadas elas teriam derivado de uma primeira forma de vida. As suas conclusées causaram grande impacto na sociedade do século XIX. Em 1858, Derwin © Wallace enviaram um artigo com suas idelas para ser apresentado na Sociedade Lineana de Londres, Por fim, em 1859, Darwin publicou ‘a conhecida obra A origem das espécies. = Evolucionismo versus criacionismo Setores conservadores e tradivionalistas da socle- dade Inglesa ficaram profundamente chocados com ‘5 descobertas. As conclustes da teoria evalucionista de Darwin chocavam-se comas crengas tradicionais @ religjosas sobre a naturezae a homem. De acorda com ‘a narrative biblica, Deus teria criado 0 mundo e todos ‘98 seres, inclusive o ser humano, em seis dias, e isso teria acontecido cerca de 6 mil anos atrés. Esse tempo, orém, nao seria suficiente para as espécies se diferen- Ciarem e evoluirem. Na época, gedlagos jé estimavam p idade da Terra em milhdes de anos, Hoje, sabe-se que a Terra possui aproximadamente 45 bilhoes de annus: Dessa forma, unindo es descobertas geolégicas cGm suas préprias observagées, Darwin concluiu que “as espécies nao sao imutavels, mas se transformam Ienta e continuamente por meio da selego natural. ‘Um veneravel arangotango, caricature de Cherles Darwin {camo um maceco, publicada am 1871 na revista setiica The Hornet. = Um golpe na vaidade humana Com as descobertas de Darwin, o homem perdeu seu papel de protagonista no universo e sua condig6o especial de ter sido crlado a imagem © semelhanca do criador para torner-se apenas uma espécie entre outras, engajada na luta pela sobrevivéncia. Utilizan- do as evidéncias fésseis, Darwin deduziu, ainda, que © homem tinhe um parentesco com todas as outras espécies de macacos, sendo descendentes, todas eas, de um ancestral comum. “0 homem, com todas suas nobres qualidades [..), ainda ‘razem sua estrutura corporal a marca indelével de sua origem humilde,”” DARWIN, Charles. arigem do homam e.aselage sexual ‘Sto Paulo: Hemus, 18%, 9.72, Apesar da reagéo dos setores conservadores da sociedade britanica da época, as descobertas de Darwin foram reconhecidas pelos cientistas e tiveram repercusséo mundial. Na Europa, suas idelas obtive- Fam sucesso entre as classes médias liberals das grandes cidades, entusiasmadas com as novidades do mundo cientifico. Citncla,nagdo erevlugso no século XX Capitulo 1B «a ® Ciéncia e secularizagéo Ate o século XVIII, @ cultura cientifica ficava restrita a grupos muito pequenos de sabios, curiosos e eruditos, que tracavam correspandéncias entre si e discutiam suas Sescobertas em clubes © academias. 0 restante da sociedade permanecia indiferente @ ciéncia, baseanda sua visao da vida e do homem na tradic&o @ nas crengas religiosas, A polémica em torno das ideias de Darwin, expressa pelo confronto entre a rejeicio dos setores mais conservadores de sociedade e a adesdo entusiasta dos grupos mais letra- dos € prgressistas, no entanto, mostra-nos o alcance das descobertas cientificas ¢ seu impacto na vida do homem a partir do século XIX. A divulgagéo desses descobertas, associada a liberdade de Imprensa, reduziu gradual mente a importéncia da religiao e das crangas tradicionais, A ciéncia adquiriu um peso maior, no apenas em relacéo ao pensamento, mas também am relagdo 80 comportamento dos individuos. Essa inversao de valores foi definida como secularizacao da sociedade. Aliada e886 processo, o continente europeu também conheceu a ampliacéo e a sistematizacéo dos estabelecimentos de ensino. As escolas foram uma das instituigdes responsavels pelo ensino dos novos saberes e valores, = Ensino laico e universal Uma ultima mudence que se associou a esse proceso de secularizagao da sociedade eu- ropeia fol o surgimento do Estado-nagao laico, ou seja, isento de qualquer orientacéo religiosa, 0 Estado-nagéo, interessado na formulago de uma unidade cultural, investiu na expansao da escolarizacao universal, publica, obrigatéria e gratuita, 0 engino de uma lingua e de uma histéria nacionais forneceria condicées para essa unidade. Por autro lado, a escala tornou-se uma das instituig6es resnonsaveis pela divulgagao do conhecimenta cientifico, 0 processo 180 foi o mesmo em todos os pases, mas seguiu linhas gerais que associaram secularizacao, escolarizagéo @ formacao do Estado-nacao, Sola de aula no Instituto Cale, pintura de 6, Remy, 166, Museu Carnavalet, Paris. BD) 184 unicode nr-so ediade cultura no século XIX » Desenvolvimento cientifico e sociedade O desenvolvimento cientifico @ tecnolégico do século XIX foi acompanhada pela crence no progresso social. Intelectuais e reformadores acreditavam ser possivel conduzir a sociedad, por meio do aperfeicoamento des ciéncias e das técnicas, a um patamar superior de desen- Nolvimento, A importancia das descobertas feitas no campo das ciéncias, principalmente as netursis, levou muitos estudiosos a transpor para o estudo das sociedades as conclusdes cientificas formuladas no estudo da natureza. ‘area do conhecimento que serviu de modelo para os estudos feitos no campo de socieda- e foi a biologia, mais especialmente a teoria de evolucdo por selegao natural. Os estudiosos buscavam nessa teoria conceitos que pudessem auxllié-ios a compreender a relag&o entre a historia da sociedade ee evolugéo da espécie humane. Com o auxlio da biologia, buscave-se um modelo de transformagac social que no subvertesse @ ardem, como @ revolugéo, e mantivesse 8 ponulacao sob controle em um mundo de cidades que cresciam rapidamenta. Crer na capacidade ilimitada da ciéncia de explicar e controlar todos os fendmenos do mundo © propor teorias baseadas nessa crenga é uma atitude conhecida come cientificismo. Essa postura, entretanto, no se restringiu a0 sécula XIX. Atualmente, ainda podemos encontrar correntes de pansamento que concadem & ciéncia o poder absolute de explicar e controlar no apenas a totalidade dos fendmenos naturals, mas também as fendmenos socials. ® 0 darwinismo social Apés as descobertes de Darwin e Wallace, surgiram doutrinas que procuravam aplicar as teorles de selecao natural a sociedade humana. O darwinismo social, ¢ principal dessas dou- trinas, defendia que as sociedades humanas passavam por estagios de evolugao sucessivos & lineares, do mesmo modo que es espécies na natureza, 0 socislogo britanico Herbert Spencer foi o principal representante dessa doutrina, ‘Segundo Spencer, assim como na natureza as espécies |utam entre si por fontes de alimen- tos, na sociedade os individuos competem uns com os outros por recursos escassos. Nessa concorréncia geral de todos contra todos, de acorda cam Spencer, somente as mais aptos, ou sei, 08 mais bem adaptados, sobrevivem, fazenda com que a espécie se fortaleca e evolua, Com base nessa viséo, os darwinistas sociais defendiam o fim de todas as politicas socieis ¢ filantrépicas que tinham como objetiva melhorar as condigses de vida dos trebelhadores, auxiliar 08 pobres e amparar os doentes e deficientes. De acordo com Spencer, o Estado e os filentropos favoreciam a reprodugao dos fracos e dos debels, enfraquecendo o organismo social. » Adegenerescéncia social e a eugenia + Clentificiama. Attuce Também procurando aplicar teorias da biologia & sociedade hu- rival pare mana, 0 psiquiatra francés Benedict Augustin Morel defendia que as pesquisadores que péssimas condigées das cidades estavam levanda a humanidade & de-

También podría gustarte