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Revista Brasileira de Ensino de Fisica, vol. 17, n? 4, dezembro, 1995 279 Medida de Viscosidade pelo Método de Ostwald: Um Experimento Didatico Aparecida do C. S. Almeida, Joao P. M. da Silva, Alexsandra Siqueira ¢ Jaime Frejlich* Latoratério de Optica, Instituto de Fisica Universidade Estadual de Campinas, 13083-970 Campinas-SP, Brasil ‘Trabalho recebido em 12 de dezembro de 1994 Resumo Descrevemos um experimento simples preciso para ilustrar a dinamica de fluidos viscosos em cursos introdutérios de laboratério de Abstract We report a simple and precise experiment that is intended to illustrate the viscous fluid dynamics for an introductory undergraduate experimental laboratory phy’ 1. Introdugio © ensino da Fisica nivel de laboratério encon- tra dificuldades especificas no capitulo de movimento de fluidos pela falta de experimentos simples © pi cisos para ilustré-los. Neste artigo descrevemos um expei mento que objetiva preencher essa lacuna, pro- pondo a medida da zando a técnica de Ostwald! iscosidade de um liquido utili © experimento requer © conhecimento tedrico do movimento de fluidos em ge- ral ( equagio de Bernoulli, regime de escoamento Ia- minar ¢ turbulento, niimero de Reynolds, etc.) ¢ dos fluidos viscosos (equagio de Poiscuille), ¢ utiliza um mples que pode ser construido na propria Universidade. O viscosimetro pode ser fabi equipamento muito cado na oficina de vidro (se houver uma) ou, alter- nativamente ser adquirido em empresas especializadas pois se trata de um dispositivo efetivamente utilizado na indiistria. Por se tratar de uma técnica industrial, existe bastante literatura sobre o assunto, e podem se obter resultados muito precisos. estudante aprende a trabalhar com cuidado e sobretudo aprende algo funda- mental em ciéncias experimentais: medidas de precisio dificilmente sio obtidas com experimentos improvisa- ‘mail: FREJLICH@IFLUNICAMP course, dos idealizados a partir da leitura dos textos de teoria, mas requerem pelo contrario, téenicas elaboradas ¢ em geral indiretas, aperfeigoadas ao longo dos anos, O ex perimento pode levar de 1a 2 horas dependendo da infraestrutura disponivel, do que seja solicitado, e do grau de preparagio prévia do experimento, 2. Teoria A. Escoamento de Fluidos Viscosos A viscosidade 1 é definida como: ov ar Q) onde 7 é a tensio de cisalhamento? e v a velocidade do fluido, ambos medidos na posigéo r a partir do centro do duto. A partir da Bq.(1) ¢ das condigées de con- torno, podemos calcular o perfil de velocidade no duto para o regime de fluxo Ov _ Ap. moa () Bare amn v2 Tp (B=) @ 280 (a) onde Q ¢ 0 fluxo ao longo do duto de raio Re de com- primento 1 com uma diferenga de pressio Ap entre os extremos. © “Niimero de Reyiolds” por outro Indo, é um niimero adimensional muito titil para desenvolver mo- delos em escala reduzida e serve, entre outras coisas, para caracterizar o regime de escoamento: o regime la- minar é caracterizado pelo Re < 2500 ou Re < 1000, dependendo do tipo de duto, ¢ esta definido como Re = pud/n (5) onde dé uma dimensio caracteri do duto). ica (ex. 0 diametro B. Viscosfmetro de Ostwald O dispositive esté descrito ma literatura! e esti re- presentado na Fig. 1. Consiste de um depésito My mais ‘ou menos esférico de alguns em de eapacidade onde se armazena um determinado volume do liquido que se quer medir. Deixa-se escorrer esse liquido através de um tubo capilar C sob agio da gravidade. © liquido € reeebido num outro depésito Mz um pouco maior ¢ conectado ao primeiro através do capilar © de outro tubo de segio bastante maior. A equagio que descreve © comportamento do instrumento (“equagio de traba- Iho” do viscosimetro) pode ser deduzida diretamente da Eq.(4) © esta representada por Rey Phes19, Bnlegy onde V é volume de liquido escoado, t 0 tempo de Ve (6) escoamento, Reyy 0 raio do capilar, heyy a diferenga de nivel entre o8 dois bracos durante 0 escoamento, p 8 densidade absoluta do liquido, 1 a viscosidade, 9 a aceleragio da gravidade, e layy 0 comprimento do ca- pilar. O sub-indice eff representa os valores efetivos. De fato a Eq.(6) envolve uma diferenga de pressio no escoamento do liquido dada pela diferenga de altura h que varia de forma bastante complexa durante 0 expe- Fimento. Por outro Iado as dimensdes do capilar sio dificeis de se medit com a precisio necessiria, assim A. do C. S. Almeida et al, como ¢ muito dificil prever a influéncia das curvas, sol- das ¢ seus defeitos, variagdes bruseas de diametros dos tubos, etc. Por esse motivo so utilizados valores “efe- tivos” que nao podem ser medidos diretamente e devem ser calculados a partir da calibragio do aparelho utili- zando um liquido padrio de propriedades conhecidas. Em nosso caso usaremos misturas glicerol-dgua. A me- dida deve ser feita & temperaura constante e controlada, uma vez que a viscosidade é sabidamente muito afetada pela temperatura, Figura 1. Viscosimetro de Ostwald. © depésito menor My std unido ao maior Mz por meio de um tubo capilar (C) de aio R= 1 mm seguido de outro tubo de didmetro bastante maior. O tempo de escoamento é medido entre duas marcas ‘no capilar, um pouco acima ¢ um pouco abaixo do depésito ‘menor. Todas as dimensies no desenho sio aproximadas estio em mm. Revista Brasileira de Ensino de Fisica, vol. 17, n? 4, dezembro, 1995 281 3. Objetivos 0 objetivo proposto é a calibragio do viscosimetro utilizando misturas de agua-glicerol em porgies. A calibracio mostr comporta segundo as previsdes tedrieas (Eq.6), ¢ colo- card o estudante em contato com tabelas ¢ “handbooks” de onde deverd extrair as informagées necessirias par. calibragio. O procedimento experimental recomendado para se atingir os objetivos propostos ¢ o seguinte: rentes pro- jue o instrumento se 1. Calibrar um viscosimetro de Ostwald utilizando diferentes misturas agua-glicerol. 2. Comparar os resultados obtidos na calibragéo com as previsdes tedricas na Eq.(6). 3. Avaliar o niimero de Reynolds para cada medida para verificar que estamos operando dentro dos limites do escoamento em regime laminar ¢ nao turbulento, 4. Utilizar o aparelho calibrado para medir com pre- cisio a pureza do glicerol utilizado no experi- mento. 4, Roteiro experimental proposto © volume de liquido a ser medido deve ser sempre © mesmo e deve ser o suficiente para manter o nivel do liquido sempre dentro do depésito maior durante 0 ¢s- coamento, Mede-se 0 tempo de escoamento do entre os dois tragos marcados no capilar imediatamente acimae abaixo do depésito superior. Como é dificil de- ten das hidrodinamicas nas curvas, expansdes e soldas entre ‘ar as dimensdes do capilar e quantificar as per- tubos e depésitos, o instrumento deve ser calibrado uti- lizando um liquido de viscosidade bem conhecida (imis- tura digua-glicerol em nosso caso). 1, Medir 0 volume necessirio da ‘igua/glicerol escolhida para o experimento e co- locar no aparelho cuidando para nao introduzir bolhas de ar. 2. Colocar o viscosimetro carregado dentro de um banho de gua termostatizado numa temperatura de 2a 3 graus centigrados acima da temperatura ambiente para facilitar seu controle. A tempera- tura deve ser mantida constante dentro do limite de £0.2°C. mistura 3. Aguardar o aparelho entrar em equilibrio térmico, © medir o tempo de escoamento. Medir 2 veres com intervalo de 5 min para verificar que nio varingbes. 4. Repetir varias misturas gua/glicerol, sempre mantendo a mesma tem- A operagio com peratura do banho. 5. Com auxilio dos valores 1 e de p para as dife- rentes misturas égua/glicerol, obtidos nas tabelas dos manuais [3,4,5], verificar a existéncia de uma relacio linear entre n/p ¢ t, para calibrar assim 0 instrumento, 6. A partir da calibragio ¢ das dimensées do apare- Iho, estimar o valor de Reyy. 7. Estimar 0 Niimero de Reynolds para 0 nosso ex- perimento, sabendo que ele esta definido como?: Re = pud/y. Verificar que seja Re < 1000 para termos certeza de estarmos trabalhando no regime laminar, pois caso contrério a equagio de trabalho definida acima para 0 nosso instrumento, nio sera correta. 8. Com a curva de calibracio obtida para o apare- tho, ¢ utilizando os dados disponiveis nos “hand- books”, avaliar a pureza do glicerol utilizado no experimento. Outros liquidos além do glicerol podem ser utiliza- dos, mas para um experimento didi ico esse Iiquido é muito apropriado pois ¢ fécilmente solivel em agua 0 que significa que o instrumento pode (e deve) ser lavado apés cada medida apenas com agua destilada sem uso de qualquer solvente, Por outro Indo suas misturas com ‘gua podem atingir viscosidades elevadas o que permite © uso de capilares relativamente grossos, mais ficeis de manter limpos e desobstruidos. 5. Resultados Experimentais ‘Todos os experimentos foram realizados com o vis- cosimetro representado na Fig.l, & temperatura de 30 + 0.2°C com um volume de 16.0 + 0.1 ml (a pre- isto no volume poderia ser melhorada com 0 uso de uma pipeta aferida caso necessdrio) do liquido, para di- versas misturas égua/glicerol preparadas previamente & temperatura de 25°C. O viscosimetto foi colocado num banho de égua termostatizado feito com um aquério de 282 A. do G. 8. Almeida et al, ‘Tabela 1 - Dados Experimentais % de glicerol tempo de _viscosidade densidade' _vicosidade/ em peso* —escoamento 5] () segundos

q 0 » 2 30 TEMPO DE ESCOAMENTO (s) Figura 3. Detalhe do grafico da figura 2, A constante de calibragio de 0.367 ep cm®/(g 5)) calculada neste experimento esta em acordo com a or- dem de grandeza estimada para os valores efetivos do ajo (~ 1.1 mm) ¢ comprimento (16.5 cm) do capilar, € da diferenca de nivel (= 16 cm) do liquido entre os bragos do aparelho, o que pode ser verificado na Eq.(8), Jembrando que V I4em?, Os dados para as densidades foram todos (exceto para a gua) obtidos da literatura para 20°C apesar de 0 experimento ser realizado a 30°C. Assumindo que ‘a8 misturas agua glicerol se comportem de forma pare- cida & dgua [3, 4], 0 erro cometido nas densidades nao deveria ultrapassar 0.3-0.4%. Esta técnica de medida é muito precisa, apesar da variagao no valor da diferenga de nivel do liquido du- ante 0 escoamento, o que obriga a utilizar um valor efetivo (heyy). E possivel porém mostrar que o que interessa de fato é (9) € que ao se utilizar sempre um volume constante de liquido nas medidas, hey é sempre constante, 7. Conclusdes © experimento descrito relativamente simples © sua compreensio requer o estudo cuidadoso da dinamica de fluidos viscosos, Ele envolve diversas técnicas experimentais e obriga o estudante a ser cuida- doso no trabalho para se atingir os resultados desejados. Entre relagio entre as equagées tedricas ¢ a forma de operagio do viscosimetro niio é muito direta e obriga ‘a realizar um sério esforgo de interpretacio, ¢ elaborar algumas suposigdes que podem e devem ser verificadas validade do regime de escoamento laminar. © experimento pode ser adaptado as condigées locais em matéria de tempo de execugio, interpretagio e preciso de resultados. 4 posteriori, principalmente no que se refere Referéncias 1. 1. Estermann, Methods of Experimerital Physics vol. I, pags. 123-126, Academic Press 1959, 2. Robert M. Eisberg ¢ Lawrence S. Lerner, Fisica, Fundamentos ¢ Aplicagées Vol. 2, eapt. 16, Me- Graw Hill 1983, 3. American Institute of Physics Handbook 3rd ed., 1972, pags. 2-195. 4. Robert C. Weast, Handbook of Chemistry and Ph- ysics, 55th, Ed., CRC Pres pags. D-191/192. 5. J, B. Segur and Helen E. Oberstar, Viscosity of Glycerol and its Aqueous Solutions Ind. and Eng. Chem. vol. 43, 1951, pag.2117-2120, 6. David R. Lide PhD, Handbook of Chemistry and Physics, 72nd ed., 1991-1992, pag. 6-9.

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