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ESTADO DO MARANHAO
PODER JUDICIARIO
9° JUIZADO ESPECIAL CIVEL E DAS RELACOES DE CONSUMO
Processon® 0021109-29.2014.810.0001
ATA DE AUDIENCIA DE CONCILIAGAO, INSTRUCAO E JULGAMENTO
Reclamante: [JULIO MARQUES SILVA
| ‘Advogada: JULIANA CORREA LINHARES, OAB/MA 10622
| Reclamado: BRADESCO AUTO RE COMPANHIA DE SEGUROS S/A
| Prepos' GLEYCE SOARES LOPES
‘Advogado:___ | WILLIJANNY TEIXEIRA SOARES DA SILVA, OAB/MA 12505
‘Aos sete dias do més de agosto do ano de dois mil e quatorze, as 15:00h, na Sala de Audiéncias deste
Nono Juizado Especial Civel ¢ das Relagdes de Consumo, onde presente se achava a Conciliadora
Marene Rocha de Almeida Furtado, foi aberta a audiéncia nos presentes autos e apregoadas as partes
acima relacionadas, estas se encontravam presentes. Exortadas as partes para se conciliarem, nfo
| houve proposta de acordo. Iniciada a Instrugio, compareceu a MM Juiza de Direito titular deste
Juizado Isabella de Amorim Parga Martins Lago. Pela parte reclamada foram juntados, em audiéncia,
carta de preposigao ¢ substabelecimento, bem como contestagio com preliminares ¢ demais
| documentos nos eventos 15 ¢ 16. Dada palavra patron da parte reclamante para se manfestar sobre
as preliminares, nada disse. Foi suscitada questo de ordem pela patrona da requerida para requerer 0
| que segue: “Requer que seja expedido oficio ao IML, na pessoa do médico legista Hugo Djalma
Costa Segundo, CRM 4750, para que preste esclarecimento acerca do local da lesio constante no
laudo 7138/2013, pois segundo consta em seu histérico, trata-se de fratura de joelho direito e
esquerdo, no entanto o laudo médico diz-se de fratura em joelho direito e esquerdo”. Em seguida
| este Juizo passou a inspecionar o autor, nos termos do artigo 440, tendo sido constatado que: “Ao
exame visual, este Juizo observou que a parte autora possui deformidade aparente no joelho
esquerdo”. Foi colhido o depoimento da parte autora, que disse o seguinte: “Ratifica os termos da
|, acrescentando que o acidente ocorreu em 04/02/2010; que nfo recebeu nenhum auxili
| pelo INSS; que nao fez pedido administrativo para receber a indenizagao; que trabalhava na
época do acidente como lavrador; que nao trabalha atualmente porque sente muita dor no joelho
esquerdo; que no fez cirurgia”. Dada a palavra a advogada da reclamada, nada perguntou. Em
| seguida, passou-se a audigao do preposto da reclamada, que em répidas palavras disse que: “Ratifica
| 08 termos da contestagio”. Dada a palavra ao patrono do reclamante, nada perguntou. Concluidos
‘0s depoimentos e perguntado as partes se possuiam mais alguma prova a produzir, tendo informado
| que nao, razio pela qual foi conclufda a instrugao probatéria. Ato continuo, a MM Juiza prolatou a
seguinte SENTENCA: “Vistos, ete. Dispensado o relatério na forma do artigo 38 da Lei n.° 9.09/95.
Decido. Trata-se de ago civel com vistas ao recebimento da indenizagao oriunda do seguro DPVAT,
| nos termos do art. 3°, inciso II da Lei 6.194/74, em virtude de debilidade permanente, decorrente de
| acidente automobilistico, ocorrido em 04/02/2010, sendo juntados os documentos necessérios a
comprovagdo, Requereu, ainda, a concesséio do beneficio da assisténcia judicidria gratuita, haja vista a
impossibilidade de arcar com os custos do proceso. Passo a decidir. Ao contestar a ago, o reclamado
apresentou as suas ponderagdes de praxe, arguindo, ainda, preliminares de prescrig&o, caréncia de
agio por falta de interesse de agir, em razio do nao acionamento administrative prévio,
substituiga0 do polo passivo pela Seguradora Lider dos Conséreios do Seguro, incompeténcia
dos Juizados para o julgamento da matéria, tendo em vista a necessidade de prova pericial,
caréncia de agio por falta de interesse processual de agir pela auséncia de prévio requerimento
administrativo, substituigao do polo passivo pela Seguradora Lider, incompeténcia dos Juizados
is por necessidade de prova pericial, e pedido de expedigao de oficio a Delegacia de
Policia onde foi registrada a ocorréncia, a fim de atestar a veracidade das informagées nela
le #contidas. Inicialmente, cumpre rejeitar as preliminares levantadas, porquanto, no caso em exame,
estiio presentes todas as condigdes da ago, vez que as partes estio legitimadas, o pedido tem amparo
legal e, finalmente, encontra-se presente o interesse de agir. No que tange a preliminar de prescrigo,
a mesma nao se sustenta, posto que, embora 0 lapso prescricional da prescrigdo nas agdes de cobranca
do seguro obrigatério (DPVAT) seja de trés anos, conforme Siimula 405 do STJ, o marco inicial para
contagem do referido prazo é da ciéncia inequivoca da invalidez, que corresponde a data da emissio do
exame de corpo de delito conclusivo da situagao da requerente, datada de 09/09/2013. Em relagio &
preliminar de caréncia de ago por falta de interesse processual de agir, em virtude da auséncia
de prévio requerimento administrativo, é cedigo que para o ingresso em juizo nfo ha necessidade da
realizagéo de prévio pedido administrativo, vez que isso nfo implica em falta de interesse de agir.
Alids, a jurisprudéncia é firme neste sentido ao asseverar que “a inexisténcia de prévia postulagao
administrativa nfo constitui 6bice ao pedido inicial do seguro obrigatério DPVAT, mormente quando a
seguradora, em fase de conciliagdo, resiste a pretensdo do requerente configurando seu interesse de
agit” (TRCC/MA, Acérdio n.° 2687/01). Registre-se que, dentro deste contexto, nao hé qualquer
afronta ao art. 476 do Cédigo Civil, pois, definitivamente, no hé exigéncia da prévia postulagéo
administrativa, pois, é cedico que o seguro obrigatério nfo decorre da existéncia de um contrato entre a
seguradora e o vitimado, mas sim da lei, de modo que ndo se aplica a regra referenciada na regulagéo
do DPVAT. No que se refere a preliminar de substituigo do polo passivo pela Seguradora Lider
dos Consércios do Seguro, esta ndo merece prosperar, posto que, conforme o disposto no art. 10 da
Lei 9099/95, nao ha impossibilidade de intervengdo de terceiros no rito dos juizados. No mesmo
diapaso, nfo h4 como reconhecer que 0 caso em aprego represente a possibilidade de substituigo
processual, haja vista nfo se enquadrar em nenhuma das hipéteses contidas nos artigos 41 ¢ seguintes
do CPC. De outro tumo, o texto do art. 5° da Resolugdo 154/2006 aduz que as sociedades seguradoras,
a exemplo da requerida, deverio aderir aos dois conséreios especificos, porém, no obriga que
eventuais ages sejam propostas em litisconsércio passivo necessério entre as sociedades seguradas €
os consércios criados pela Resolugdo. Assim, a necessidade de adesdo das seguradoras aos consércios
nfo retira a personalidade judiciéria daquelas, nfo havendo no que se falar em litisconsércio
necessério, razio pela qual indefiro 0 pedido de incluso, Nao se sustenta, ainda, a preambular de
incompeténcia dos Juizados para o julgamento da matéria, tendo em vista a necessidade de
prova pericial, posto que todos os elementos necessdrios para a apreciago da presente demanda esto
presente nos autos, permitindo, em consequéncia, a este Juizo aferir se houve ou ndo os danos
alegados, dispensando a realizaco da prova pericial. Por oportuno, no que tange ao pedido de
expedigio de oficio & Delegacia de Policia para que ateste a veracidade das informagées
constantes no boletim de ocorréncia, este no deve ser acolhido, haja vista que o documento em
questo constante nos autos possui plena validade para os fins a que se propde em ages desta
natureza, nfo possuindo, ademais, quaisquer resquicios de ilegalidade ou falsidade que justifiquem sua
impugnagao. De igual modo, nfo subsiste a tese de que 0 autor deixou de acostar aos autos documento
essencial, qual seja, laudo graduado do IML, posto que o laudo juntado pelo mesmo preenche todos
08 requisitos necessérios ao fim a que se destina, atestando a existéncia de debilidade permanente no
joelho esquerdo. Por conseguinte, indefiro o requerimento formulado pela patrona da parte demandada
em audiéncia, para que seja expedido oficio ao IML, a fim de que o médico legista que assina o laudo
juntado pelo autor esclarega sobre o local da lesto, haja vista que, embora conste no historico do laudo
do IML a informagdo de que houve fratura de joelho esquerdo e direito, resta claro na resposta a0
quesito n°. 6, que foi contatada debilidade permanente apenas no joelho esquerdo, restando inconteste,
portanto, a existéncia de debilidade, independentemente de quantas lesdes existem, ou em quais locais,
elas fora verificadas. Rejeitadas as preliminares, passo A andlise do mérito. Cumpre registrar que todos
08 requisitos elencados no artigo 5° da Lei n.° 6.194/74 se fazem presentes, estando comprovado que a
lesdo decorreu de um acidente de trénsito, conforme boletim de ocorréncia juntado aos autos, bem
como restou provado que desta debilidade permanente do joetho esquerdo. Por conseguinte, os
documentos anexados aos autos so suficientes para fundamentar o pedido formulado, na medida em
que foram trazidos todos aqueles exigidos pela legislagdo em vigor, quais sejam, o boletim de
ocorréncia e 0 laudo atestando a invalidez permanente que gozam de presung&o de legitimidade.
Constata-se, deste modo, e em primeiro lugar, que o laudo médico em referéncia é elaborado pelo
Instituto Médico Legal e assinado por perito oficial daquele érgao, sendo satisfatério a confirmar a
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existéncia da repercusséo produzida pelo acidente no estado fisico do autor, sendo constatada
debilidade permanente do joelho esquerdo , como dito. E, ainda, verifica-se, em uma segunda
anélise, a existéncia do nexo de causalidade, j4 que devidamente comprovado através do boletim de
ocorréncia ¢ laudo de exame. Ora, isto é suficiente, considerando que “nao é licito a seguradora
integrante do POOL, para o pagamento do seguro obrigatério DPVAT, exigir outros documentos além
daqueles determinados no artigo 5° da Lei n.° 6.194/74” (TRCC/MA, Acérdio n.° 2687/01). Desta
feita, resta provada a debilidade permanente no caso em aprego. Por outro lado, nao ha qualquer ébice
legal a este Juizo, com base nos dados técnicos apresentados, e com suporte nos demais documentos,
para que possa estipular o percentual da indenizagao devida, tomando, por dbvio, o limite previsto em
lei razo pela qual nao se aplica a tabela de célculo mencionada na contestagdo. A tinica ponderagao
existente na situagio sub judice & a decorrente do contexto probatério, haja vista que a intengdo do
legislador ao estipular o valor maximo para 0 seguro obrigatério em caso de invalidez foi permitir que,
implicitamente, o juiz pudesse examinar 0 caso concreto para permitir que aplicasse 0 quantum
suficiente levando em conta as particularidades de cada requerente. Quanto as alteragSes trazidas pela
Lei n.°11.482/07, originada da MP 340/06, estas se aplicam ao caso em aprego, haja vista que aludida
lei entrou em vigor desde o dia 31/05/2007, portanto, anteriormente ao acidente descrito nos autos, que
‘ocorreu em 04/02/2010, portanto, engloba sob sua vigéncia o fato narrado na inicial. Sendo assim, hé
que se justapor ao caso em tela o valor indenizatério de até RS 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais)
no caso de invalidez permanente, conforme alteragdes trazidas ao artigo 3°, II, da Lei 6.194/74. ANTE
TODO O EXPOSTO, com base na fundamentagdo supra, JULGO PARCIALMENTE
PROCEDENTE 0 pedido formulado na presente demanda para o fim de condenar a requerida,
BRADESCO AUTO RE COMPANHIA DE SEGUROS S/A, a pagar ao autor JULIO MARQUES
SILVA, a titulo de indenizagio de seguro DPVAT, a quantia de R$ 9.450,00 (nove mil, quatrocentos
e cinquenta reais), valor a ser corrigido monetariamente pelo INPC a partir do ajuizamento da
ago e acrescidos de juros legais de 1% ao més, estes contabilizados da citagio. Transitada esta em
julgado, a parte vencida teré o prazo de 15 (quinze) dias para o pagamento da condenagio, ¢ ndo 0
fazendo neste prazo o seu valor serd acrescido de 10% de multa, na forma do art. 475-J do CPC,
aplicado ao sistema de Juizados Especiais. Defiro ainda o pedido de assisténcia gratuita. Sem custas
¢ honordrios, pois, indevidos nesta fase, na forma do art. 55 da Lei n° 9.09/95. Dou a presente por
publicada em audiéncia, ficando de logo intimadas as partes, bem como exortada a reclamada a
cumprir a s conden que Ihe € imposta. Registre-se. Nada mais havendo foi encerrado o presenteCARTA DE PREPOSIGKO
Para os devidos fins, na melhor forma
da lei, apresentamos
» imscrito sob o
CPF/MF na’. 238.693 &S3-3E5 1 como preposto da
—Piadsee Aah oe ____________
na ag&o movida por fio Manapises Ste
perante o (a) I2JEC Br SE Geyr » para
prestar depoimento pessoal, transigir, firmar compromissos
como preponente restando obrigado por qualquer solugio ou
acordo que a mesma firmar com referéncia aos termos da
presente ac&o, podendo acompanhar o procedimento até o
final e usar de todos os poderes permitidos por lei.
S&o Luis, 18 de julho de 2014.
ALVARO Lyi fA COSTA FERNANDES
6) 1A11.735-A
Rvenida dos Holandeses, n.° 13, Grupo 117, Calhau,
Rd. Windows Open Mall - So Luis/MA - Cep 65.071-380 - (98) 3199-6743
dlSubstabelecimento
Substabelego, com reserva de iguais, os poderes a mim
conferidos por (RE, ce para
irganmg TS. /; , inserito(a) na OAB/MA n°
42. S05, , com o intuito de assinar contestac&o e realizar
audiéncia, referente aos autos de n°W7.//00-29.IVAR0MN/ em
traémite perante o ° duizado Especial Civel da Comarca de
Sep lows em que € parte autora
So Luis, 18 de julho de 2014.
COSTA FERNANDES
A11.735-A
‘Avenida dos Holandeses, n.° 13, Grupo 117, Calhau,
Ed. Windows Open Mall - Sd Luis/MA - Cep 65.071-380 - (98) 3199-6743