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ya yt A Nov a VAR ees Ceara eer is be) TNE Oterewl\y etal ity i ea ‘Copyright© 2000 by Ans Liza Martine 1 edigho 2001 (Eup) Fapesp/Tmprens Oftal do Estado) Vedio, 1 teimpressio 2008 (Edusp/7apes) Dade ltcnacionin de Caos na Publcagso (CIP) (Camas Baas do Liv, SE Bras) Mating, Ass Leia Revistas em Reva bmprens PivicasCkarix on Tempos ‘de Repblic, Sp Paulo (1990-1922) f Ana Luies Mari. = 2d. IF impr. So Pale: Edtors da Universidade de Sto Pale: Ba esp. 2008 iMingrfi ISBN 97885-314-0560-5 1. Galea ~ So Paulo (Estads) 2. Impensa~ So Paul (Es: sada) 3, oonaimo «Sie Pavlo (Esta) "4 Peiédicne 5. Sia Pol (Estado) -Histéia LT. UT lprense pics bon Sto Pal 1890-1922 cera cn tempos de Rep 00-3655 epp.asogeiet Indies para cate Stemi: 1. Revistas So Paul: Eada: Hiacria 0s0.08161 2 Sie Paulo: Estas Revs: Hiaseia 030.98161 Dirctos reservaios 4 Eduip ~ Editors da Univesidade de Sso Palo ‘Av Prof Luciano Gualbero,Tavest J. 374 Ge andar ~ Ed. da Antiga Reitoria~ Cidade Universicia (05508-900 — Sto Palo ~ SP — Brasil, Divi Comrie, (11) 8691-4008 / 3091-4150 SAC (11) 3091-2911 ~ Fac (12) 3091-4151 swwevedunpcom br = email: edasp@uap br Primed in Bras 2008 Fai ica o depesit lags Sumério de turas, 10 Agradecimentos, 11 Prefécio José Mindlin, 14 “A Que se Deve”, 16 Parte | * TEXTO E CONTEXTO, 33 1. De Revistas, Hebdomadirios e Magazines, 35 Iustragio e Universalizacio, 38 A Palavra Re(vista], 45, No Circuito das RepresentagGes, 69 Revista: Cultura ¢ Fetiche, 97 2, Sob o Signo da Mudanga, 111 Rios de Passagem, 114 Controle © Repressio, 121 Da Repiiblica das Confeitarias & Repiiblica das Letras, 136 Para Além das Crénicas, 148 3. Oficinas da Palavra, 163 No Universo Gréfico das Revistas, 166 Por Trés da Maquina, 178 Letra & Imagem, 185 Leitura para Todos, 198 Na Ciranda do Pagel, 209 eyainay wa 9eysin2y Sunario 4, Tudo pelo Comércio, 223 Formulas de Sucesso, 226 Pontos de Venda, 232 Incriveis Estratégias, 237 Propaganda ¢ Publicidade, 244 Parte II_+ FOLHEANDO AS REVISTAS, 271 5. Temiticas em Desfile, 273 Inténprete de Utopias, 276 No Pais Agricola: Revistas “Agronémicas", 282 Modelando Geraées: Revistas Pedagégicas, 304 Saber Cientifico ¢ as Revistas Institucionais, 324 Por was do Sport: Revistas Esportivas, 340 Em Nome da Fé: Revistas Reli sas, 355 ‘A Produgio de uma Nova Mulher: Revistas Femininas, 371 Impressos de Exclusio: Revistas Operitias, 388 Revistas em Cena: Revistas ‘Teatrais ¢ o Ensaio das Cinematograficas, 396 Sob a Rubrica Infandl: Revistas Infantis, 406 6. Geragoes Diversas, 413 Poligrafos da Transigio: Cafés da Paulicéia: Lugares de Sociabilidade, 455 ‘Uma Auséncia Instigante, 460 scritores ¢ Literatos no Periodismo, 416 7. Sao Paulo: Uma Matéria de Sucesso, 469 Cidade Mercadoria: A Venda de uma Imagem, 472 A Celebragio do Progresso, 475 *Capital Artistica”, 507 Palco da Nacionalidade, 526 ConsiderayGes Finais, 555 Fontes ¢ Bibliografia, 566 Indice Remissivo de Periédicos Consultados, 587 lista ABN AEL BIHGSP BECA BJM BMA BNL BK BIHGB BN BPD ECA HGCB 1EB MP OEsP ORMA RAM RIHGB RIHGSP RMP de fbreviaturas Amis da Biblioteca Nacional Arquivo Edgard Leuenroth da Unicamp Biblioteca do Instituto Hissérico © Geogrifico de So Paulo Biblioteca da Fscola de Comunicagbes ¢ Artes da USP Biblioteca josé Mindlin Biblioteca Mario de Andrade Biblioteca Nacional de Lisboa Biblioteca Kennedy Biblioteca do Instituto Histérico e Geogrético Bras Biblioveca Nacional do Rio de Janeiro Biblioteca Plinio Doyle Escola de Comunicagées e Artes da USP Historia Geral da Civilizagio Brasileira Insticuto de Estudos Brasileiros Museu Paulista Jornal O Estado de S, Paulo Segao de Obras Raras da Biblioteca Mirio de Andrade Revista do Arquivo Municipal Revista do Instituto Histérico ¢ Geogrifico Brasileiro, Revista do Instituto Histérico e Geogrifico de Sio Paulo Revista do Museu Paulista seineisougd 9p evel) aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. prefaeio Se tivesse de apresentar este livro numa s6 linha, diria simplesmente que “este € um livro que eu gostaria de ter escrito”, Mas isto, evidentemente, seria muito pouco para falar do que representa excelente trabalho da Dra. Ana Luiza Mar- tins Camargo de Oliveira, mais conhecida como Ana Luiza Martins, ou, como acontece comigo, apenas como Ana Luiza. O titulo do livro — Revistas em Revista ~ é bem sugestivo, mas deixa de fora boa parte de seu contetido, pois Ana Luiza também estuda o jornalismo das qua- tro primeiras décadas da Repiiblica, principalmente de Sio Paulo, ¢ 0 livro aca- bou resultando numa verdadeira histéria da cultura e dos meios literarios pau listas daquele periodo, gracas ao talento com que foi escrito, ¢ A profundidade das pesquisas realiz referéncia bibliogréfica, histérica e iconogrifica (a ilustragio é excelente ¢ enri- quece substancialmente a obra), e, para os leigos, uma leitura muito saborosa. idas. Vai ser, para os estudiosos, uma obra fundamental de Diga-se de passagem que isso no ¢ comum, pois obras de referéncia sio nor- malmente consultadas, e nao lidas de ponta a ponta, ao passo que os livros bons de se ler ndo se usam para consulta especializada, Ora, Revistas em Revisia aten- de aos dois objetivos. Os trabalhos anteriores de Ana Luiza desde logo faziam prever um bom vro. Sé que, quando ela me falou pela primeira ver de seus planos para este livro, confesso qu fiquei um pouco assustado, mesmo achando a idéia muito boa. que o tema ime parecia um bocado amplo, ¢ pensei logo na provivel dificuldade de reunir um conjunto abrangente de informasdes a seu respeito, que imagine! extremamente dispersas. Ana Luiza, no entanto, resolveu enfrentar 0 desafio, & eysitey wo seyeinsy aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. exatamente por causa da “Semana de 1922" ~embora no ambito tratado ela te- lo marco decisivo ~ mas pela conjuntura diversa que passou a presidir a produgio do imediatamente posteriores aquele evento. Insista-se que 1922 foi um ano de balancos ¢ omadas de posigio. A funda- a0 do Partido do movimento tenentista, se constituem em ocorréncias politicas de significado. da Independencia”, de la 0s tempos di- pital paulista e no Pais, Nesse quadro, o langamento nha s npresso nos anos Comunista do Brasil e 0 levante dos 18 do Forte, marco ini No ambito da imprensa, a comemoragio do “Centenit enorme repercussio, suscitou miiltiplas reflexdes, trazendo a ba versos que coexistiam na C da revista Klaxon, em maio de 1922, pelo grupo modemista, sinalizava que a feicura ¢ fatura periédicas vivenciavam um novo momento. Entravam em cena outta estética € outa censura, que prosseguiram pelos anos de 1930 com seus desdobramentos, compondo momento histérico diverso. Relevada a rigider de balizas, no que diz respeito a recortes culcura +a inves tigagao cm curso circunscreveu-se, Finalmente, as revistas que efetivamente cularam entre 1890 ¢ 1922. A delimitagao deste tempo — premido por um mar co politico, a Proclimagio da Republica, ¢ outro cultural, o langamento da revista Klaxon — posibilitow transitar pelas eantas diversi ne e propostas da nova Ordem, infe- ides do periodo, d mensionando permanéncias do velho regi rindo transformagées técnicas, estéticas literérias e plisticas, idealizagbes e proje- ges da sociedade hetcrogénca que transitava na Si0 Paulo da virada do século, recuperando seu diapasio cultural No decorrer da pesquisa confirmou-se imperativa a limitagio geogrifica, aflorando com clareza as realidades distintas do Rio de Janeiro ¢ S40 Paulo, com produgio periddica especifica aos seus cotidianos, conjunturas ¢ demandas. Aquela carioca, lastreada no rico periodismo ilustrado a0 tempo da Corte ¢ a imprensa paulista, de estigio gréfico inferior, em via de transformagio. O ras- treamento em paralelo de jornais, memérias, iconografia, historiografia e biblio- grafia do periodo confirmon as singularidades regionais que presidem tais estu- dos, norteando 0 trabalho ¢ 0 didlogo com a documentagao, no sentido de se perceber os siléncios, preencher vazios, recuperando nuangas reveladoras do pro- cesso histérico paulista, em via de tornar-se referéncia para a meméria do Pais. ituras teéricas propostas pela Nova Nio obstante este trabalho apoiar-se em | Histéria, consignando-o ao tratamento referencial da hist6ria do cotidiano ¢ das mentalidades, as obras de Robert Darnton, Roger Chartier ¢ John B, Thompson eisiiey we seisiney aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Menos, ainda, aqueles que cuidam do tratamento histérico do significative re- eiro, ent pertério do periodismo brasil jo para a tardi ciativa nesse campo nao coube a historiadores de oficio, mas, na sua maioria, decorreu do zelo de estudiosos autodidatas, profissionais da imprensa ¢ bibliote- cétios que colecaram, sistematizaram ¢ registraram a produgao multifacetada de tum pafs onde os prelos tardaram a chegar. editoracio no Pais. A i A displicéncia observada é extensiva ao periodismo como um todo, género recorrente do Pais que, até o inicio dese século, sem casas editoras, tinha, nas folhas baratas do jornal ou da revista, o espaco legitimador do impresso. Na chave ampla do periodismo, enquanto o jomnal mereceu estudos pontuais sob 6ticas diversas", sobretudo pelo seu cariter de fonte prit ndria relevante para os estudos histéricos, a revista, também sobejamente utilizada para esse fim, res~ sente-se de estudo sistematico e exaustivo no ambito da historiografia’*, Em par- ticular as séries tematicas"’, de revistas especializadas, modalidade de impresso presente de forma episédica no Império, que ganhou importincia na virada do século, disseminando-se durante a Primeita Republica, Por volta de 1890, a inexisténcia de uma industria livreira conferiu®, espe- cialmente as revistas, a fungio de suporte adequado para veiculagio da imagem de um novo Brasil. Imagem cradutora das conquistas téenicas com as quais a imprensa periddica se defrontava, construida a servico de um ideitio inovador ¢ quinzenais, Ci, Midam Lifehitz Morciva Leite Pauls, Sao Paslo, US 10 Pesiidico: Varedade € TeasuBocmings 28: 137-151, 1977, ps 78, 13, Entre outcos: Ana Matia de A. Camargo, A dmproaca Periddica crm Objetvn de butramento de Trabalho Gatilogo da Homerecea Jilia de Meuia do IHGSP, So Paulo, Doworads Hiéria- USL, 1976; Beate Nizay daSilva, A Drimcine Gazeta da Bahia: dade B'Ouro do Brail, So aslo, CaltigINUMEC, 1978s Maria Helena 8, Capelavo & Maria Liga Coho Prade, © 8rivo Matutius: ImprensteIdeologie no Jornal ‘0 bstada de 8 Paudo", Sto Paulo, Alla Omega, 1980: Mari Isabel Andeade Matson, Foviaes Palttas na Impronsa Pernambucana 1842-1849, Sao Paulo, Mesteato Histéria-USP. 1974 {mimen.|: Ademir Gebara Campinas 1869-1875: Republicanisme, Impronsa e Soardade, Sao Paalo, Mesttado Historia-USP, 1975 [minco.]: Masia Nuzareth Ferveiea, A Impeenia Operacia ne Bail 1880-19. wis, Vores, 19795 Arnaldo Contier, Imprensa e deolegia am Sia Palo. 18 1 Pet 1842. PewspolsiCampizas, Vozes/Unieamp. Ci son da Mota & Maria Helena Capelato, Micra da Fathe de, Paul: 1921 1984, S40 Paulo, Impres, 1980; Macis Helena Capel, Or Anautor do Liberals, Imprence Panties, 1924-1945, Soo Paulo, Brasilinse, 198), 114, Vale lembrr desde i, pact Sio Paulo, o estado de Helofss Faria Cruz, Nu Cidade, sobre a Cidade, Caltana Letra, Perindirma ¢ Vide Urbana, Sie Pauls, 1890-1915, Sio Paulo, Douorade Hintirie USE, 1994 15, Ver Miriam Lifchity Morcita Leite, "O Peridico: Vatiadade e Transformagio”, op. cit 16, Teresinha A, Del renting, Pross de Fieeia em Sto Paulo, Producao e Cossums 1900-1920, Sao Paulo, Hucitec/Secrerrin de Enado da Ci jos Guilherme § 8 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. cial da populacio leitora; na sua esteira, 0 magazine, alternativa de revista perié- dica, acentuando a magia da ilustra¢ao enquanto embalava a publicidade de bens de consumo, porencializando as caracteristicas comerciais do género; igualmen- te 0s hebdomadirios, publicacdes que aceleravam a periodicidade das revistas, in- fandindo-lhes com preciso a marca temporal. A partir da segunda metade do século XIX, a revista passou a ser publicagio emblemética, expressio das exigencias da vida moderna, assim percebida por Esa de Queirés, em 1897, habitual colaborador das paginas daqueles periddicos: Tao profusa, € complicada, ¢ tumultustia, ¢ répida se tem tornado a vida moderna que, se os fatos dominantes nao fossem flagrantemente apanhados em imagens concretas,¢ fixa- dos em resumos limpidos, nés teriamos sempre a aflitiva sensacio de irmos levados num confuso e pardacento redemoinho de ruido e poeira. A Revista & essa dedicada amiga que destaca da massa sombriamente movedicas cenas ¢ 0s arores que, Por um momento, mere- cem tisos ¢ ligrimas", Se era modismo na Europa, por que ndo no Brasil, reiterando a tradicio do Pais de transplantes precipitados, por vezes anacrénicos, reforcando o carder fan- tistico de busca de nossa modernidade forgada a se nuttir ndo da realidade so- cial, mas de fantasias, miragens ¢ sonhos?'* © contraponto nao € dificil de evo- car no caso brasileiro. Grificas precirias, populagio analfabera, auséncia de livrarias e mesmo de pontos de vendas, raras bibliotecas piblicas ¢ editoragao pra- ticamente inexistente compunham o censrio do Pais que, em fins do oitocentos, acalentava a modernidade. Entrando no século XX, a despeito da quantidade razoivel de tipografias ¢ mesmo casas editoras em algumas capitais do pais"”, nossa galeria literdria, com 0 melhor de José de Alencar e Machado de Assis, ainda era impressa pela Garnier em Paris através de titulos selecionados pelo restritive Hippolyte Garnier, segun- do Lima Barreto, “iinico desaguadouro da produgio literiria nacional ¢ exercia sobre as edigdes um menopélio nem sempre favorivel a nés”"*, Em sintonia com 15, Ba de Queind,"Prficio”, Revita Moderna Pts, M. Boteho, 1887, ano Isp. Grifo nowt. 16, Marshall Beaman, Tid Que ¢ Sido Demancha no An Aveutura ds Maderidade, So Vaslo, Comps bia das Leas, 1986, pp. 2 17. Janice Gonsalves Mision ne Cidade de Sie Pala 1850.1900. 0 Cirento ds Parians, Si Palo, Mer ‘do Histra: USP. 199 [mimeo,| A autora aponta por voka de 452 oficnasgufias em Sio Paulo to Ton- go da segunda metade do século XIX. 18, Fiona Bate, pred de Leta, So Palo. Rraiense, 1956, p. 280. oyral oyxayuoy 2 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. {..] € um tipo de publicagao que, depois de re-viita, se abandona, amarelece esquecida, ow se deita fora, Enquanto objeto material, a revista distingue-se do livro por ser mais efé- mera: s6 0s biblidtilos, os estudiosos ¢ certos interessados pelus letras ¢ pelas artes guardam. a revista. Essa efemeridade [...] tem a ver com a sua solidez material. Enquanto o livro dura porque € mais resicente, tem uma capa sélida a protegé-tol, a revista & [pode ser] mais frigil em termos de duragao material. [..] € normal que o livro tena reedigdes, ji m0 0 & tanto que aparesa uma segunda edigio duma revista. Ainda outra caracteristica: uma revis- é em geral menos volumosa do que um livro. E, last bur not least, uma revista € quase sempre a manifestagio duma criagao de grupo: ao contririo do livro que, salvo algumas excepedes, costuma ser produzido por um sé autor. (.] (sid. Mais dificil é contrapé-la a0 jornal, com periodicidade assidua, geralmente didria ¢ muito semelhante no formato, sobretudo quando a revista se apresenta com piginas soltas, iz folio. O que os distingue com freqiiéncia é a existéncia da capa na revista, acabamento que nao ocorre no jomal; mais do que isso, é a for- mulagio de seu programa de revista, divulgado no artigo de fundo, que esclarece © propésito ¢ as caracteristicas da publicagio. Hoje, 0 popular Aurélio, deixando em segundo plano a tradicional definigio de revista atrelada & conjugagio do verbo “revistat”, prioriza seu entendimento como publicagio, confirmando a origem inglesa review: | publicacdo perisdica, em que se divulgam artigos originais, reportagens etc., sobre vvirios temas, ou, ainda, em que se divulgam, condensados, trabalhos sobre assuntos varia- dos ja aparecidos em livros ¢ noutras publicagoes"., Insista-se que o cardter fragmentado ¢ periédico da revista € seu trago recor rente, imutavel nas variagdes geogrificas e temporais onde o género floresceu, resultando sempre em publicagio datada, por isso mesmo de forte contetido do- cumental. Quanto a seus objeivos, variaram ao longo do tempo, condicionados as circunstncias histéricas de gestagio e circulacao, cabendo apreendé-los, rea- firmamos, nos contextos préprios de sua existéncia, ao seu tempo cultural, re lador da variedade de seus propésiros”. 25. ems p35. 26, Aurdio Busrque de Holanda, Nove Diciondri da Léngue Portuguesa, Rio de Jancie p. 1234, Ver ainda F. Mlolpho Coelho, Dicvionario Manual Exymolegico ds Lingua Porengueza Comende a Sigifica 0 ¢ Prosdia por F Adolphe Coelho. Lisboa, ¥ Planier-diter, sd, sabendo-se que as obras deste autor $20 posteiores 2 1870, Aqui aparece a 1 definico de revisa como peca teat: Peca cSmica em que se epro- Nova Frontera, 1984, 0jx2U0) 2 oyxe] * aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. CORREIO BRAZILIENSE DE JUNMO, 1, wIeasner, REVISTA BRASILIENSE. SENOS, LETTIAS, & ABTEN. one Prine, Do Exterior, os Primeiros Periddieos para o Brasil '* 1. Comreio Brasiliense, Londres, 1808. * 2. Niterdi, Revista Brasiliense, Citncias, Letras ¢ Artes, Paris, 1836. * 3. O Nove ‘Mundo, Periédico Ibustrado do Progresso da Idade, Nova York. 1870-1875. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. REVISTA MODERNA BOLLETIM ASSIGNATURA MAGAZINE. BRAZILEIRO B PORTUGUP De ee ee a eee tee eee eee eet Pee ete ee ee Te aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Ribeiro" ¢ J. 1. Silveira da Motta®* — os conforma a geracao de bacharéis, com atuacéo politica expressiva, a servigo do Império nascente, marcados pela con- dura de aliar a literatura 4 politica, vezo das geragées das Arcadas" ‘Ao contririo de artigos de fundo su 10", de quinze paginas, assinada pelos trés editores. Sob a apologia do espirito de associagio, de clara influéncia magénica, assentada no espitito liberal, os objetivos da Sociedade Filomdtica preconizavam: “criar um pequeno centro de luzes dispersas, procurar dessa maneira meios para seu adiantamento individual e incitar maiores capacidades @ reunirem-se para pro- tos, caracteristicos das revistas, a Filo- mética vinha com alentada “Introdu veito geral”. Seu timbre, © sua tinica meta serdo ~ coadjuvar « marcha lenta, mas sempre progressi- va, da civilizagio brasileira com todos os esforcos, ainda que minguados, que se compadeg com a debilidade de suas forgas | publicagio de memé Ciéncias e a Literanara [..J:—a critica dis Obras notiveis que aparecerem em nosso pats; a noticia do que forem tendo de mais interessante oy Poves cultos (sic. liteis sobre as Seus meios ~ Desde aqui infere-se a busca da llustraco tentada no meio indspito. A refe- réncia aos pores culrosconfiemavaa critica ao ambiente ea necessidade de qualifies los para o desempenho da marcha lenta mas sempre progressiva da “civilizagio brasileira”, oferecendo-lhe “principios nacionais”. Nesse sentido. a revista vinha para cumprir o papel que entio se Ihes reservava na época ~ auxiliar do desenwol- vimento da cultura das nagdes. Intermediando classicismo ¢ romantismo, a Revis- ta Filomdtica expressou, como documento de um perfodo de transigao, o quanto se aspirava renovar, sem rejeitar os cinones clissicos, sem 0 “cego ardor das ino- vacdes”, porta-vor de uma geracio posteriormente definida como romantica. 44, Pruncico Bernarding Ribeiro, ex 1835 lente da Faculdade de Dice, ji redigia a folha politica Vos fae istana © com apenas 18 anos envalveuise com & Filomatca alecendo x08 22 anos, Wilson Martins, Hit ria de Ineligencia Bravia, Sao Paulo, Calsix/Edusp, 1977, 1794-1855, vol. 2. Raimundo de Menezes, ap. sit, 01 AN, p. 1081 45, José Ignacio Sibeira dt Motta, nasceu ea 1807, a Vila Boa de Goids,filho de desembargadr flees no Rio de Janciro, em 1893, lrmdo do Barto di Vils Franca e pai de Arthur Silveta da Mocta,o inteépido Barao de Jacegual. Fundow no 3° ano da Faculdade de Dieito, em 18, Sociedade Flomitica, Nomeado para vaga de subssiuta de Diteito Criminal em 184s lente em 1842, por 0 Federulita, © 00 5° ano a dec, de 2de set, do mesmo ano; enador do Impia, depurado em viriaslegistaturss, advogado a0 fina daw. Spencer Vamped, op. cits voll pp: 167-168. Sérgio Adorno, Os Aprendizes do Fader. O Racharlisme Liberal na Pobtica Brasitra, Sao Paulo, Par ¢ Te rn, 1988, Mem 46 oaxayte) @ ovxal aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Impresso, llustragao e Humor na Provingia + iustrado por Angelo Agostini redigido por Américo de Cam- pose Anténio Mano dos Reis, citculou de 1866 a 1867, num total de 51 ntimeros, Era o mais conhecido periédico humoristico ¢ de caricaturas editado em Sao Paulo ao tempo do Império. Cabrido. Semandrio Humorttice, Sao Pau- etna aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. gueses também puderam se colocar™. Seria apenas na quarta fase, de 1895 a 1899, com direcio de José Verissimo, que se pronunciaria o propésito explicito de incentivo as letras nacionais. “O Brasil e as cousas brasileiras merecer-Ihe-ao carinhosa preferéncia, sem sacrificio, entretanto, da indagagdo e estudo de quan- to do estrangeiro nos possa também interessar”*. E nesse momento que também se consolida o entendimento da revista, como veiculo de proposta ligeira, condensada, intermedidria entre o jornal ¢ 0 livro, “mais ficil” que ambos, conforme expresso em sua apresentagao. Mais ficil que 0 jomal ou o liveo, pode a revista recolher de todo 0 pals ¢ por todo cle Jeminar as manifestages dle sua vida espititual, sendo a0 mesmo tempo um centto de convergéncia ¢ de irradiagio de todas elas. E assim, sem sair de sua esfera, viria, na nossa federacio nascente, exercer ums uncio social eujo aleance nio precisa ser encarecido, qual 6 de ctiar ¢ estreitar entre os estudiosos ¢ escritores de todo o pais relagies de contraterni- dade espiritual e de levar para todo ele as vores daqueles que nas letras, nas artes sio 6reiios do sentir e do pensar nacionais”. Alternativa para literatos se colocarem em letra impressa, a Revista Brasileira resultava em verdadcira biblioteca antolégica da produgio literitia ¢ cultural do Pais, sobretudo se romada na seqiigneia de suas demais fases™, Corolirio das tan- tas reflexses sobre o nacional que pontuaram nosso periodismo, sina latente contra a imposicio de valores alienigenas. No rastro da Revista Brasileira, no dia do aniversatio de Sao Paulo, em 25 de janeiro de 1916, em plena Primeira Guerra, nascia a Revista do Brasil, iniciativa de Juilio Mesquita, secundado por dois auxiliares, Plinio Barreto ¢ José Pinheiro Machado Junio ava a luca Nao obstante esses nomes individu: ados, o empreendimen- to configurou o poderoso grupo do jormal O Estado de $. Paulo, erupresa tradi- 53. Wikon Martins, Hstére de Inelgencis Broilers op. cit vol. 4, 49. 54. Revita Brains ope, 1895, 0.1 55. Revita Brasileira, Rio de Jancito/Séo Paulo, LacmmerdCia, Tip. do Brasil 1895, p. 20. 56. A Revista Bradleira compoc-se de sete fase: 1* se: Francisco de Paula Mences, 1855: 2 fas: Candido Bapsiata de Oliveira, 1856- 1861; $ fies N. Midosi, 187918815 49 Fase: Joxé Vertsiemo, 1895-1899: 51 fase: Baprsta Pereita, 1934-1935; 6" fase: Acalemva Brasileira de Letras (Levi Cater}, 1941-1966: 7 fas Acalemia Brasileira de Letras [Josté Montel], 1975-1980 [6 tomas], Plinio Doyle et ali, op. cf Taian Regina de Luca, A Revita de Boni Un» Dingntaica para a Napa, S50 Paulo, Deswtorad Heri USR, 1996, Até o momento erats-se do trabalho mais abrangente sobre a Revista do Brasil Ver ainda Matilda A. Balicivotheds, Rives da Brasil Segunda Five, Comeribnicdn pars » Eanado do Madersine Bra eirn Sto Paulo. Nestea Letras ISP. 1975, orxa de) 9 oyxal aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. ale lembrar que aqueles personagens retratavam Olavo Bilac (Otivio Bivar], Aluisio Azevedo [Ruy Vaz], Pardal Mallet [Pardal], Paula Ney {Neiva], Muniz Barreto [Monte- zuma] ¢ 0 préptio Coelho Neto {Anselmo}, ou seja, o que de melhor havia em produgio literaria e prepato cultural na Capital da Repiblica” dos personagens, a percepeao indefinida entre a revista ¢ o jornal. Vi Vamos fundar uma Reviva Litenivia. -mos ai um homem que esta inceressado e aventura...Vai gunhar dinheiro, afirmou o poeta worcendo os fartos bigodes. Estamos resolvidos a trabalhar de ge ‘o cobre. O cao 2 nos primeitos tempos, mas depois hd de entrar com s chamar codes esses rapazes que andam por ai cheios de nguém quer tentar a experiéncia Aqui é assim — 36 rem este: resolvemos, 0 Arthur € cu, fazer um jornal novo, com ideias novas. nada de antiqualhas, € querem: talenco, mas repelidos, porque talenro os dum certo grupo da Rina do Ouvidor: al estio os romancistas eriadores, os mes- ipraco, escancarando as man- ditbulas em hintos encomiasticas, ao coxear dos versos cumbaios ou 10 chirinrolar do perio- do fanhow e vi tres da critica... Lima sticia de bestas que vive num clogio do primeiro mu que curra, Uma céfila! Vamos cair sobre a sticia a golpes de talento... e havemos de desbaratacla, porque nao vale nada; gente que nao Ie, génios sem sintaxe, dguias com penas de ganso. O Arthur esté disposto a comegar a razzia. Vais ver 0 estouro [...] ~ Que tile teria revisea? ~ Vida Moderna |..1 0 que essa confusa nomen Jatura do objeto revela é a precariedade de nosso estigio periodiistico, as vésperas de transformar-se em grande empresa. O género nao estava definido conforme maturidade de uma imprensa com maior tradi- gio, desconhecendo legislacao especifica ¢ critérios normatives. Dai a facilidade cm se criar uma revista, Em 1905, por exemplo, Oduvaldo Viana ¢ Afonso Schmidt fizeram uma “chamada de capitais” no Brés, adquiriram uma “ ogra fia, que nfo passava de duas caixas de tipo, ¢ imprimiram 0 Zig-Zag. Segundo Lobato, entre criar ¢ encerrar uma revista, mais ficil ainda era encerré-la, © que ocorria com freqiiéncia, resultado do intempestivo e arrebarado da iniciativa, Sucediam-se ensaios de toda ordem, do impresso a servigo dos grupos litera Ss como suporte da indistria da récdeme, ou ainda vetculo de informagdes dos tan- toy noves ramoy definidos pela economia de mercado, da lavoura ao comércio © 59, Alfredo Bosi, A Literans Bnlera. O Pré-Maderaim, Sa0 Paulo, Calis, 1969. 0. Coelho Neto, A Conguits, Porte, Chardon, 1913, p. 262, Grif nose. oyx2qW0) a 0y¥9] aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. A Revisia da Semana”, de Valenti Magalhies ¢ Max Fleiuss, de 1885, «al- vero melhor exemplo, ou a Revista Hustrada”, de 1876, de Angelo Agostini, ti nham denominagao e pretensio de revista, nao obstante a aparéncia de jornal. Insistindo que o género se produziu conforme sua especial historicidade, em 1920, 0 mesmo Lima Barreto admi percebida na Revista do Brasil, Fase Monteiro Lobato. Ali reuniam-se assuntos variados, de lavra competente, gravuras e desenhos, numa representagao ideal do iva de uma revista, ia a configuraczo defini protétipo da revista de cultura. A Revista do Brasil, de Sao Paulo, é hoje sem duivida nenhuma publicagio verdadeir mente revista, que existe no Brasil, Muicas outras hd dignas de nowa, como a Ainériea Lati= into vem aqai mantendo(...) na, que um grupa de mogos de inic A Revista do Brasil, entreranto, & mais equilibrada e pode ¢ deve ser a mais popular. ‘Tam, os seus niimeros, assuntos para os paladares de todos 0s leicores. Como muitas de suas congéneres estrangeiras, ¢ fartamente ilustrada, procurando os scus editores reprodu- tangas e costumes de 10 no Es sir pela gravura quadros nacionais notiveis e/ou desenhos de nosso pais. Publicada em ado em quesurge. Nela sao tratados assuntes que interessam a todo este vasto pais, como diz a cancao mo nos seus sumiitios se encontram nomes de autores que nasceram ou. otigas 10 Paulo, da nio se inspirou pelo espirio e colaborac’ patel residem nos quatro cantos dessa terra brasilei parte, tanto mais que ja tive a honra de ocupar suas péginas com coisa minha [...]. |. Nio vai nisso nenhuma censura de minha Acima de todos estes titulos arrolados, poré reforgar a sindrome de revistas que entio assolou a Capital paulista. Emergia da corrente de referencias ciibias de nomenclacura e forma daqueles periddicos, cor figurando, definitivamente, 0 modelo “revista”. Introjetada no imagindrio da epoca, convencionado por uma determinada meméria a ser a revisia por excelén- saya Revue . pairava um exemplo maior, a a, ainda vitor cat paradigma do modelo, quase seu sindnimo, circulay des Deus Mondes. 70. Revista da Semans, Rip de ncito, Typ. da Gazeta de Notklas (Tip, Alina), IS8-1899, Ver ABN Rio de ancieo, 1965, vo. 85, 71. Revita Husrada, Rio de Jancivo. Typ. Hildebrand, Lith. vapor de Angslo © Robain, 1876 72. Lima Bars, “O Profesor Jerowian", Ape hpreses de Leiva, op. cis, pp. 70-171 898, eqxaiue) 2 o3x2] = aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. SEDUTORAS MATRIZES FRANCESAS © Diabo Coxo ¢ 0 Cabrido, de Angelo Agostini, considerados os primeiros periddicos ilustrados paulistas, ja traziam no titulo a marca francesa. © Diabo Caxo vinha do popular romance francés de Lesage ~ Le Diable Boiteux”; 0 Cabrito nada mais era sendo Cabrion, 0 pimtor travesso, que tirava 0 sono de Pipelet, personagens do folhetim de sucesso Os Mistérios de Paris, de Eugene Sue"; se preferivel, Cabrion seria o alter ego de Agost , pintor irreverente, pron- to para a critica social, voltada especialmente contra a Igreja. A partir de 1876, a Revista Iustrada, do mesmo Agostini, agora no Rio de Janeiro, emprestara sew tulo da IMustration Frangaive, de Paris, Tragos de Daumier e Gustave Doré, ilus- tradores franceses, também podem estar na raiz do desenho de Agostini, se aten- tar-se bem a seu trago. Contude, cabe & revista A Esaydo exemplificar a forga do modelo francés e a ligasio cfetiva do puiblico leitor com aquele periodismo. A ircunstancias de nascimento de sua versio brasileira’ comesar pelas Marlyse Meyer, mais uma vez, desvendou 0 mistério. A Entagao foi a continuacao brasileira da publicagao francesa La Saison [da qual conser- vou a diagramacio do cabecalho], que circulou no Brasil entre 1872 ¢ 1878. Prolongi-lhe também a seriagao, assim, o primeiro nimero da Exiagto comega no ano VIII". A manucengio da seriagio ¢ elucidativa, revelando que, por seis anos, a revi ta francesa, em tiragem especial para © Brasil, em francés, rivera mercado garai tido por mais de um lustro, faro incomum na época. A reprodugio de seu pri meiro artigo de fundo, da fase edicada em portugués, revela as adapragées para 0 Brasil: Maria Liga C. Prato eslareve que Disbo Civo, de Akin René Lesage, foi vtulo do primeira romance pu biicado ro Brasil, em 1810, Antes dele, citeslou ao Rio de Janeto, aurea obra de Lesage, As nena de Gil Blas, publicado pela Impressio Rega de Lishoa, em 1799, com eridugio da 1* parte por Bacags. Mas Fia Ligia C. Prado, Nonlas pane Muller na Bras foaning, Carcorge, junho de 1996 [mimeo]. Cario- samente, ambos os cculescenominavasn sevstas de carter critic social [ Diabo Caxs, 1864, San Paulo | ¢ nachoman [il Blas 191 sicia Lippi Olivia Rip de Jancivo], Solve a ali A Queie Navional ne Primcina Replica Sio Paulo, Brsiliense, 1990, p. 150 78. Marlyse Meyer, Fothetin, une Hitiria Sao Paulo, Companhia das Letras, 1996; Déio Freire dos Santos, Preficio 4 edigio fac similar de Cabra, op. cits pp. 25-26. 79. Anilise apurala ¢ instigiote de A Fitasto fot feta por Malyse Meyes, Ciminkos do Imagindrio no Brash Sio Paulo, Edasp, 1993, pp. 73-107. 80, den p. 76. oaxaato) 9 orxal aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. café, agora atraente empério comercial da América do Sul. A populacio quadn plicara, saltando de 64.934 habitantes em 1890 para 239.820 habitantes em 1900; populagio estrangeira tomara vulto singular, configurada nao apenas pela ‘massa imigrante, mas por estrangeiros investidores, representantes de firmas cu- ropéias e norte-americanas, ¢ mesmo de particulates, que conformavam parte da populacio leitora, avida de informacao. Com tal demanda, proliferaram as revistas estrangeiras, de feitura superior, apoiadas em capitais de fora. Sofisticaram-se na qualidade do papel, através do corpo de colaboradores, circulando no Brasil e no exterior, especialmente em ter- érios de lingua portuguesa. Algumas delas vinham bilingties, para alcance de m: 0, em geral por as ri 1 puiblico. Sua aquisi- natura, nio foi desprezivel, fruto do atraigado habito das elites brasileizas de leitura e consumo de artigos provenientes da Franga. Produzir revistas sobre © Brasil passou a ser um bom negécio, especialmente para os franceses. Vamos em busca de algumas delas. De Paris para 0 Brastt, v4 Borneus: Comercio, Poutrica & FRIVOLIDADES EM CUCHE Em Sio Paulo, a dependéncia do periodismo francés foi expressiva, instru- mento decisivo para divulgacao de habitos e produtos em voga no mercado de alto consumo. A comegar pelo exemplo inaugural, a luxuosa Revue du Brésil®, de 1896, com sede em Paris, sob diregao do jornalisea italiano Alexandre D’Atri Redigida em trés linguas — francés, italiano ¢ espanhol ~, bimensal, confirmava significativo puiblico leitor estrangeiro, interessado em informagées sobre 0 Pais Segundo seu editor, a revista era também. muito lida pelos brasileiros residences na Europa, assim como pelos brasileiros em villegiatura constante por aqueles paises, encontrada nos hotéis de suas preferéncias. © Brasil republicano comecava a aparecer na geografia comercial e interessar ao mundo. Especialmente aos paises europeus latinos, que despertavam para a potencialidade de novo mercado, num Pafs de formidavel extensao territorial, recebendo contingentes populacionais com a imigeacio, livre das amarras da cs- cravidio, da religido catédlice obrigatéria, vivenciando o liberalismo econdmico, 83, Reme dc Brdil, Pave, mptimeriegliptographique Sileste et Cie., nw. 1896, m, 1 ogxaquc) 9 03x & aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. exportation extraordinaire qui se fait par le port de Santos sont les causes principales de cette richese, croissante d’année en année™, A descrigao da festa republicana de 15 de Novembro na Capital vinha com entusiasmo. A Sain populaire &la fois. Toute la ville écait pavoisée [..]”. raul, Iz commémoration du XV Novembre a revéeu un caractére brillane et Entre 1896 ¢ 1897, a Revwe du Brésl cumpriu papel esclarecedor, produzin- do uma série de informagées sobre o Brasil, praticamente desconhecido no além- mar; tirou dhividas sobre a emigragao, focalizou brasileiros de renome no campo artistico, noticiou a Guerra de Canudos, com chamada sobre “a partida do Co- ronel Moreira César que combateu 0 bando de malfeitores do famoso Antonio Conselheiro™, situou 0 Comtismo eo Socialismo no Brasil e, finalmente, se autoproclamava responsivel pela divulgagao da literatura dos melhores escrito- res brasileiros na Europa Cenuial. Crest la Reve du Brésil qui commence & faire connaitre dans Europe Centrale les beaux noms littéaires nouveaux du Brésil. Nous avons la certitude de rendre un tres grand service aux lettres brésiliennes moderne”. Enfatizando que a literatura revivia com a Repiiblica, estampava em suas pé- ginas a produgdo literdria nacional, com destaque para Machado de Assis, em foww de 1897, quando da posse como Diretor da Secretaria da Viagio, ¢ por Coe- Iho Neto, ao langar Serta, definido como “o mais importante literato brasilei- ro" ; mencionava ainda trabalhos de Antonio Austregésilo, Nestor Vitor ¢ Adolfo Caminha. A morte deste tltimo, aos 30 anos, de tuberculose, foi noticiada no periddico por ele dirigido, Oportuno lembrar que os dois tileimos autores foram republicanos de primeira hora, ferrenhos partidarios da causa, soliddrios com Floriano, 0 que explica, em parte, o destaque na revista do mesmo perfil. Anuin- 86, Rene du Brésil, op. ct, 1895, m 15, p. 230, 87, Idem 1897.0.4. 9 61 88. fdem, 1897. n.9. p. 48. 89, Idem, 1897.9, 21, 9. 335, 90, fdem, 1897.9. 12, 9. 228 oyxaqde) 9 oyxe! aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. A Publieidade do Governo no Exterior + 1. © presidente Campos Salles familia deixam-se reproduzir na internacional Reowe du Bréil, com vistas 4 propaganda do regime republicano veiculando a repretentagéo patriarcal do pals em figurino civilizatério, Revue du Bréil, Paris, 1896, n. 1. + 2. O presidente Campos Salles na revista Tus srapto Brasileira de significativa circulagio pelo Brasil ¢ exterior, em pose de estadista, veiculando a imagem do pals ‘que se queria da Ordem ¢ do Progresso. Hlustragdo Brasileira, Bordéus/Paris, 1901, n. 1. REVUE DU BRESIL | |!lustracdo Brasileira aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. A lmportagao de Clichés + Os modelos de cabegalho, importados, sucediam-se para todos os gostos ¢ tendénci- 2s. Trazidos da Franga, que por sua vez os reproduia de matrizesalemas, os clichés foram utilizades & exaustéo pelas tipogeafias do pafs, adaptando seus motivos as mais diversas tendéncias. * 1. A Bieyeleta, Sio Paulo, 1896, n. 1. © 2. A Bicycleta, Sao Paulo, 1896, n. 4. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. nal italiano, © Pasguino. [..] © yaivém monétono da cadeira de balango casa perfeitamente com a sonolencia da rua deserta, quebrada agora com a passagem de um negro velho que passa com uma cestinhs vendendo grumixamas. Passa 0 negro, retorna a modorra, Lobato larga o Le Rire, apanha o Wrelly Times, Ié wm pouco, cersa os olhos, sonha’®. Esse aleatorio da leitura das revistas, conforme sugere 0 flagrante acima de 1909, ilustra o irregular ¢ fragmentado habito de assinatura de periddicos. Em 1907, 0 autor jé era assinante do Weekly Times que, em 1908, até lhe propiciava uma fonte de renda como tradutor de seus artigos, os quais enviava ao jornal O Estado de S. Paulo, proporcionando-lhe 10 mil-téis por colaboracio. Em dezem- bro daquele ano, ganhara 80 mil-réis com aquela “distragao””. Nada estranho que, entre a Ieitura obs nada de Camilo Castelo Branco ¢ os planos de tornar-se editor, se envolvesse com revistas ¢ jornais, apreciador contumaz do géncro, fos- se como consumidor ou como colaborador. Na biblioteca do av6, ja se surpreen- dera com a colegio completa da Reeista llustrada, de Agostini, e O Nove Mundo, de José Carlos Rodrigues. Um escru io. no acervo de trés bibliotecas exemplares — de Eduardo Prado, de Lima Barreto ¢ de Mério de Andrade ~ personagens de universos distintos ¢ de momentos politicos e culturais aproximados, confirma a incidéncia do géne- ro periddico, em particular, do periodismo francés. A comegar pelo abastado ¢ erudito Eduardo Prado [1860-1901] que viveu a virada do século em estreito convivio com a intelectualidade portuguesa ¢ francesa, morando em Paris. Ali, no apartamento da rue Rivoli 119, no efervescente centro da cidade, cercou-se das maravilhas do final do século XIX ~ o telefone, a mag na de escrever, o fondgrafo e, 20 que consta, servido por um mordomo inglés que trabalhara para Charles Darwin™, Perfil singular, do qual se apropriou Ega de Queirds para compor o personagem Jacinto, de A Cidade eas Serras, proxstipo do rafinnée fin de siécle, dividido entre a fazenda ¢ 0 boulevard". O maior atrativo daquele endereco, todavia, estava na biblioteca, que abria para consulta a amigos brasilciros, sendo dos mais assiduos o “Paranhos”, futuro Bardo de Rio Branco. 98, Edgard Cavalheiro, Mosveire Lobsto: Vide e Obra, Sio Paulo, Compania Distribuidora de Livros para Companhia Editora Nacional, 1955, vl. I. pp. 144-145, 99. ders, p. 143, 100. Clodomico Viana Moog, Fj de Queini ¢o Sécals XIX Rio de Jancito, 1966, pp. 295-296, Apud Dasrell E. Levi, A Familie Prado, Sio Paulo, Caleura 70, 1977, p. 223, 101, Ver Angela de Canto Gomer, Histria ¢ Htoriadares Rio de Jancio, Fundasio Gees Vargas, 1996, pp. 98-106. oyxaquo) a o3xel aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. No interesse sobre o Brasil ressaltayam as preferéncias do agricultor, do ad- vogado, do homem de cultura, &s voltas com 0 entendimento de seu Pais. Em- bora citadino, mas com a base de sua fortuna assentada na agricultura, homem da cidade mais que das serras, consultava a Revista Agricola, 1895 a 1902; A La- vourd, 1900 ¢ 0 Boletim de Agricultura, 1901, todos de S40 Paulo. O advogado limitava-se & revista O Direito, do Rio de Janeiro, de 1880 a 1882, até porque sua atividade como profissional da érea se dava no exterior. Para o catético, mes ‘mo em tempos de parcas publicagées religiosas pela retragéo compulséria da Igre- jana Repiiblica, néo podia faltar a Revista Cardlica do Rio de Janeiro, de 1396, ‘O leque de interesses brasileiros se abre a partir dos titulos do periodismo recém- langado, em particular aquele das revistas institucionsi Boletinn dia Colegiéo Geognifica ¢ Geoldgice de Sito Paulo {889-1891}. Revista Trimensal do Instituio Geogrifico e Historica da Bahia (1894-1900), Revista do Instinuto Argucoligico ¢ Geogrifico Peraambucano (1864-1900). Revista do Instituto Histirio e Geoguéfico de Sto Paulo {1895}. Revista do Museu Paulista (1898). Revista do Instituto Histbrien e Geogrifice Brasileiro (1901, Naquele acervo, praticamente completa, estava a Revista Brasileira, dos anos de 1895 a 1899. Nao fosse sua morte, em 1901, certamence Id estaria também completa a Revista do Brasil, que seria Da Rue Rivoti Para A ViLa QuILOMBO Deixando a biblioteca de Eduardo Prado, os saldes de Paris, seu convivio com a intelectualidade francesa ¢ portuguesa, salta-se para Todos os Santos, subiirbio carioca, numa casa alugada da rua Boa Vista 76, no alto de um morro!. Ali morava o escritor talentoso, rebelde € mulato, Lima Barreto [1881-1922]. Coabi- avam naquele enderego pai demente, a itmé Evangelina Lima Barreto, encar- regada das lides domes icas ¢ das aulas de piano que garantiam c/ou reforgavam © sustento da familia, ¢ outro irmio, Carlino, Naquele arrabalde, guardava-se uma biblioteca valiosa, de rico acervo periédico™. 105. F de A. Bathosa, 4 Vid de Lima Barta, 1881-1922. Rio de fancto, ose Olympia, 1952, p. 120. 31.253. 106, Lita Barret, O Cemitirie dee View op. cits pp. oyxaydo) 9 oyxel aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. primeira vista, entre muitos titulos periddicos, predominavam aqueles dos anos 30 e 40, décadas que corresponderam & sua idade adulta, isto &, dos 37 aos 52 anos, quando veio a falecer. Contudo, uma grande parte incidia sobre meados da década de 10 8 década de 20, quando o leitor Mirio de Andrade j iniciara a formacao de sua biblioteca, na qual o impresso periédico vinha com representa- {G20 qualificada, segundo o quadro I, mais adiante. A incidéncia de revistas estrangeiras de vanguarda constituiu seu trago marcante, revelando a atualidade do autor nas tematicas de seu interesse, um espectro de procedéncia muito maior que aquele encontrado na biblioteca de Eduardo Prado. Revistas alemis, francesas, belgas, italianas, portuguesas, poucas norte-americanas ¢, diferenciando-se dos anteriores, como traco de sua geragio, a preocupacéo com 2 América Latina ~ traduzida pela presenga das revistas do Peru, Uruguai, Chile, Argentina, Cuba, Mexico e a propria Revue de L“Amérique Latine, de Paris, de 1920 a 1940. ‘Tudo indica que a obtengio desses exemplares se dava por assinatura, em es- pecial aqueles de numeragio seriada; ou fornecidos por amigos do cireuito inter- nacional, que eram muitos; ou adquiridos pessoalmente nas livrarias da época. A selegao de titulos contemplava seus interesses teméticas, quais sejam: | teratura e artes em geral, miisica, folclore, antropologia, comunismo, paulista- nidade, aqui clencados a partir dessa ordem. O Mario modernista, autor de Ma- cunaima, envolvido com a Klaxon, turista aprendiz na descoberta do Brasil, participante da Semana, guardava em sua biblioteca qu: ‘Alemanha ¢ Irélia contribufam em maior ntimero, especialmente no que di entos de vanguarda, Salta de pronto, nessa relagao inicial, a presenga de L' Esprit Nouveau, revista mensal, criada em Paris em 1920, da qual possufa 28 ntimeros, publicados entre 1920 e 1924/1925, nao seriados. Oportunamente esse periédico mereceu estudo de Maria Helena Grembecki, voltado para a margindlia da colegio de L'Eprit Nouveau de Mario de Andrade, inferindo a decisiva influéncia do mensétio sobre o artista, A autora esclarecia a importancia da revista: icado acervo. Franca, [J primeira revista verdadeiramente consagrada a estética vi . pretendendo informar de cudo o que se passava no mundo. Seu método: objetividade absolut. [..] © espit que presidia a revista seria cientifico. O métado, o mesmo da psicologia experimental, com © fito de constituir uma “estética experimental da arte ¢ da Ii objetivos: sjudar o desenvolvimento rura, coniribuindo para manter a supremacia da idgia, da inteligencia, axoquo) 9 ojral aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. OO eer Le Menesrel, musique et théitres, Pati: 1883. Le Monde Musicale Patis: 1889, ¢ de 1920.2 1940, Rivste Musiade laliana, Plorensa: 1894, 1920. A Misica pare Todos. Sio Paulo, Jornal Musical Sao Paulo: 189%. Gazeta Literdria Musical Msrads The Mosical Quarterly, Nova York: 1915, 1920, 1940. Moderne Welt. Viena: 1919, asimero dedicado a Bethoven. La Revue Musicale, Paris: 1920 a 1940, Sao Paulo: 1899. I Piano Forte. Torino: 1921, 19 La Revista de Missa, Buenos Aires: 1 Claré, Pati: 1927. Cortcia Musical Brasileira S20 Paulo: 1921 el revista de cultura musical, de 1923 a 1926, it Musical, Paris: 1928 Fone: Acro da Bibonsca de Mii de Andade mo TE contra a derrubada da Monarquia, conferindo ao género periédico uma fungao de combate efetivo, de ripida disseminacao. Lima Barreto encontrou nas revis- tas de seu tempo o suporte para divulgagao de suas obras, de ordinatio sistemati camente recusadas. Mario de Andrade, inspirado por uma revista — Z Esprit Nouveau ~ configurou toda uma revolugio estética, através de uma outra revis- ta, a Klaxon, de 1922. Que tempos diversos presidiram o curso daqueles impre: sos? Que especial conjuntura propiciou 0 florescimento do género num Pais de tardia instalagao da imprensa? O roteiro é complexo mas seu percurso impres- cindivel. Vamos a ele. oyxequo) @ o3xal aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Ritos de Passagem Na calada da noite de 15 de novembro de 1890, D. Pedro II, abragando al- gumas revistas, uma delas a Revue des Deux Mondes, embarcava no Alagoas para nunca mais voltar. Nao era s6 a monarca que saia de cena. O cendrio todo do Pais seria mudado, embora os personagens continuassem os mesmos. Travestidos, sem diivida. Os viscondes, condes ¢ bares, ainda na mesma indumentétia, apre~ sentavam-se para aderir “ao fato consumado”. A litografia do Imperador era reti- rada das paredes das reparticdes, enquanto convocava-se o pintor Bernardelli para reproduzir, em tela, a Proclamagiio da Repuiblica, os militares a cavalo e os civis a pé. Uma nova retérica intermediava a comunicagao, concluida com os voros de “satide e fraternidade”. As provincias passaram a ser Estados, Cidadao rornou-se © chamamento adotado de pronto nos comunicados oficiais. O tempo do Impé- rio, a tragio animal, deu lugar ao tempo da Republica, a tragao elétrica, marcado pela velocidade. A Proclamagio da Reptiblica, longe de configurar uma ruptura de amplo es- pectro, trouxe a baila dissidéncias de toda ordem, revelando a permanéncia de praticas arcaicas numa sociedade que se queria moderna*. Em principio, o Pats livrara-se da mancha da escravidio, ocupava lugar privilegiado na balanga inter- nacional como primciro produtor de café do mundo, alardeava a educagio livre para todos ¢ redesenhava stas cay ais com empréstimes ingleses, & imagem ¢ se- methanga da Franga, tao civilizada. 2. Fernando Hensique Cardoso, “Do Gorernos Miltares a Prudente de Moares — Campos Salle’, #601, Sto Paul, Difel, 1977, + IL vol. 1°, pp. 1550. oyxayu0) 9 03x] aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. nismo sob a teoria de Kardee também nos propomos pugnar. Guerrearemos os preconceitos do nat Batalharemos também pela completa queda da influéncia dos jesuitas, como nociva i iedade e 4 familia. E esse o nosso programa”. smo, como prejudiciais 4 Picria ¢ 3 Humanidade. A revista espelhava a percepgio do cidadao comum, Arthur da Silva, cujo tex- ulo: 0 pro- blema social do trabalho, o questionamento da Igreja, a temiitica nativista ¢ na- to enunciava premonitoriamente questoes que marcariam © novo cionalista. Mais do que titulo coincidente com o registro temporal do momento, como no caso de Fim do Século, o periodismo exercitou seu rito de passagem na transi- 40 que entio se vivia, desenvolvendo-se sob coordenadas de temporalidade di- versa, presidida pela rapidez, pela circunstincia, pelo episédico. Na Sio Paulo _fin de siécle, de conjuntura tio particular, com mais intensidade, viveu-se sob 0 impacto de clivagens, de finalizagao de época e abertura de outra, predestinada a carregar, vineada,a marca do progresso, a urgéncia da transformagio. Ritmo que 0 periodismo documentou tio bem, acentuado em alguns titulos, dimensionan- do seu potencial de informagio, A seqiiéncia de ngamentos tematizados pelo viés da temporalidade foi significativa, S6 em Sao Paulo vieram a piblico, em ordem eronolégica: A Semana [1899]; 0 Més (1901); A Epoca{1902]; A Semana [1902]; A Semana 1903); A Vida de Hoje (1903); Diario dos Mensageiros, érga0 ne iy Money" [1905]; O lo nos tiltimos dez lustros do comércio, cuja divisa eta 0 alorisme britinico “ Dia (1910); A Noite (1912) ¢ Vide lntensa, “que tem s © caracteristico de nosso grande Estado, a0 qual se deu posigio de indiscutivel destaque na Federacio Brasileira” (1914]". Mais sintomitico da urgéncia dos tempos ¢ da informasio, © jornal O Momento, de 1914, introduzia recurso jor- nalistico catalisador da brevidade temporal: 0 suelo, isto é “todo um artigo de fando em meia diizia de palavras”, concluindo: O Momento |.) & © repositério semanal de tudo quanto se agita na vida frenética do nosso Pais levado a saque; enfim, O Moments é 0 momento, em carne ¢ 0380", 10, O Fin do Seco. Revista menst, Sao Paulo, 1901. Apud Afonso A. de Freitas, op cit, pp. 801-802, 11. Diario das Mensageios. Orgiodos Imereses Gorse Eipesialmente da Comérci, Sao Pala, 23 mas. 1905, 1, Apud Afonso A. de Frcitas, op. ct p97 12, Vidi buensa, Mensinio Comenial, udusrial, Palio, Literdria, Sto Pealo, 1914. m1 13. O Momento. Jornal imparcial, publicado as squndss eras, Sao Paulo, 20 jal 1914, Apud Aforso A. de ina, op cit, ps 18. aqxeyde) 2 o3x2] aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Ari Os individuos que conspirarem contra a Reptblica ¢ 0 seu Governo: que acon selharem ou promoverem, por pulevras, escritos on atoy a rcvolta civil ou a indisciplina mi- litar; [...] sero julgados militarmente por uma comissio militar nameada pelo Ministro da ‘Guerra, ¢ punidos com as penas militares de sedigao. Art. 2°~ Revogam-se as disposigdes em contrario. Sula das Sexses do Governo Provisirio, 23 de decembre de 1889. Marechal Manoel Deodoro da Fonseca ~ Chefe do Governo Provisério: Benjamin Constant Botelho de Magalhaes, Manuel Ferraz de Campos Salles, Rui Barbosa, Eduardo Wandenkolk, Quincino Bocayuva, Demétrio Nunes Ribeiro, Aristides da Silveira Lobo", Assinado por republicanos histéricos, que se autoproclamavam liberais, par- te significativa militava na imprensa, em particular Rui Barbosa, Quintin Bo- caitiva e Aristides Lobos os dois iltimos, inclusive, jornalistas de profissio, Nesse sentido, qualquer sugestao de cerceamento 3 palavra soava estranha, vinda de um grupo afinado com a inaugural Repiiblica laica, que se pretendia liberal. a de uma imprensa de oposigio, acuada pelo “decreto 2.2 critica veemente a0 novo regime. A partir de Lis- boa, a Revista de Portugal”, de Ega de Queirés, tomou-se 0 primeiro periddico porta-vor. da resistencia & Repiblica no exterior, através de artigos inflamados ¢ de critica fina de seu colaborador Eduardo Prado. A noticia da queda do Impé- rio chegaracthe de pronto em Paris, via telégrafo submarino. Em 30 de novem- bro de 1889 redigia e publicava naquele periédico um artigo desqualificador do regime implantado, no qual, assinando com o pscudénimo de Frederico de S., Na auséncia ime rolha”, coube a uma revi 6 se distingue do governo antigo porque chama Estados is provincias, tem outta bandeira, ‘outros selos de carta — € principalmente porque deporta e prende quem mostra op contritia & do povo, do Exército ¢ da Marinha™ No mesmo periddico, em janeiro de 1890, Eduardo Prado ou Frederico de S. desvalorizava o propalado apoio da imprensa brasileira 4 nova Ordem, enfati- zado sobrerudo por Rui Barbosa, uma vez. que aquela se encontrava amordagada pelo decreto ameagador: 16, Decteto n, 85 de 23 der, 1889, Decretos ¢ Rawlasées do Governo Prvisrio, Rio de Jann 1890, pp, 316317, 17. Reina de Poreagal, Porto, Lugan & Genelions, det. 1889-jun, 1890 18, Bduardo Prado, Fasos da Ditadura Miltar no Bras, Prticio de Leopelde de Frets, Sio Ua, Livetia Magalhis, 1923, p. 13, Tip. Nacional 0yx9\00) @ oyx0i aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. sob a truculéncia da forsa policial, com divulgacao atenuada nas folhas di as, nas quais se insistia no “carder pacifico” das operacdes. O mesmo se dava com relagio aos nticleos nativistas. Radical, contudo, a repressio aos grupos de esquerda, observada jé na primeira década do novo século, Diga-se que a especificidade da imprensa paulistana traduziu-se na diversifi- imprensa étnica, representada, sobretudo, ida pela imprensa dita de esquerda, de i Na primeira, destacou-s¢ 0 jornal italiano Fanfiulla, sema- nétio domingueito dirigido por Vitaliano Rotellini, langado em 2 jutho de 1893; 0 Deutsche Zeitung, semanirio dirigido por W. Lehfeld que saiu em 2 de junho de 1897 ea partir de 1° de junho de 1900 tornou-se diirio, dirigido por Rodolfo ‘Troppmair. Quanto a segunda, surgia em 1895, A Questto Social, do mi lista Silverio Fontes ¢ no mesmo ano O Nativisia e O Correia Nacionat em 1896, cacio de seu jornalismo, manifesto vi jana; ou ai pelos jornais da colani fluéncia “bolchevique ico soci vinha luz O Socialista, do » Paulo, redigido em portugues, italiano, espanhol ¢ alemio; em Sio José do Rio Pardo, cm 1" de maio de 1899, Euclides da Cunha ¢ Pascoal Artese fundavam O Proletdrio; no ano seguinte, 1890, na Capital, surgia Avanti, dirigido pelo também socialista Alcebiades Berrolotti, que durou até 1909, redigido em italiano” Nio obseante a inicial censura da Reptiblica, inaugurou-se um periodo pro ficuo na imprensa diéria em que vingaram os grandes jornais, mantidos entao em bases empresatiais. Quanto is revistas, 0 quadro foi diverso. A despeito da legislagio de imprensa servir a0 jornal e 4 revista, o periodismo paucou-se por uma quase ticita divisio, que delimitou os programas de ambos os periddicos: aos jomais, a matéria politica; 4s revistas,a literatura, as modas, o entre- tenimento, Naquele, os jornalistas assumiram 0 papel de paladinos da verdade, colocando-se num olimpo intocavel de formadores de opiniao, apartidirios, sendo “intérpretes de um poder impessoal””, o que justificava sua atuagao critica ¢ con- testadora aos atos do governo, }é as revistas constituiram-se no “sorriso da so- ciedade”. Lidando com piiblico diverso daquele dos jomais, empenhavam-se em cooptar leitores para sucesso de seu empreendimento, experimentando as moder nas formas de comunicagio técnica ¢ visual, ensaiando novas estéticas literirias € representando grupos institucionais € sociais que buscavam sua representagao, 26, Nelson Werneck Sadeé, op. et ps 303, Maria Helena Rolin Capelato, op. cit, pp. 56 paxayts) oa aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. controle das mentes, através de interferéncias sutis e, por veres, explicitas. Um cexemplo beirando o patético foi aquele da censura aos antincios da loja Aw Bon Diab, revirados das paginas periddicas, considerados atentatdrios 3 instituigao catélica”. Nio obstante 0 cerceamento indireto da palavra, as revistas encontraram ca- minhos para se colocar contra os arbitrios e desmandos do sistema. Enquanto @ critica & politica imigrantista emergia na revista O Fazendeiro™ o periodismo ope- rério incidia contra a exploragio dos patrées. A Igreja, por sua ver, era objeto de publicagées de teor virio, que punka as escncaras sua privilegiada siruagao. Um segmento, contudo, especializou-se na linha de critica permanente 20 governo, no obstante as sangoes de que se tornou alvo: as revistas de humor que se volta- ram, sem temor, contra as mazelas do regime, através da arte do pincel e kipis de seus ilustradores ¢ caricaturistas. O Parafiuso, A Rolha, A Farpa, O Queixoro inves- ciram, especialmente, contra a oligarquia, figurando como veiculos corajosos que encontraram, no riso, a arma decisiva para o ataque. Diga-se que, em Sao Paulo, os perlodos de estado de sitio marcaram forte- mente as arbitrariedades da censura 3 imprensa. Um dos mais graves ocorreu em 1918, quando a revista O Parafiso®, do polémico jomalista de oposigo Benja- mim de Andrade, vulgo Baby, foi objeto de cortes e, em seguida, de suspensio. © periddico teansferiu-se para o Rio de Janeiro e, a despeito de todas as providén- cias legais para sua circulago, uma censura indireta acabou por impedir o feito: a casa impressora Lewzinger alegava nao dispor de tempo habil para impressao; in- formagdo endossada pelas oficinas do Jornal do Brasil, do Malho, da Livraria Alves, de Liga Maritima, da Sociedade de Artes Grdficas, de Pimenta de Mello & Cia. Rerornando 2 Séo Paulo, conseguiu-se imprimi-lo nas oficinas de O Etsado de S. Paulo, solugio inviabilizada, pois a edigio foi impedida de circular pela policia, que entio cercou o jornal. Extinta a revista, sucedeu-lhe A Robha, semandrio inde- pendente.. enguanto puder®, que passou pelas mesmas vicissitudes de corte de tex- tos, colunas em branco, boicotes de toda ordem™. 30. Matio Guastini, Tompos Idor« Vividos, Sto Paulo, Edivora Universiti, sid. p. 82. 31. O Fasendeira Revita mensal de agricedoare,indistria e comrcin. Dedicada expecialmente wes intereves de avowra cfetns, Séo Paslo, 1908, ano lyn. 1. 32. O Parsfo. Semanrio Critica e Hasta, Semanio de Combate, Sto Paulo, 1915, 9.1. 33. A Rolls. Semansrioindependnte. enguanto puder. So Paulo, mat. 1918, 490 1m. 1 34, Ver Beis Ciro Gualotta, O Parafca: Humor e Crtica na Imprense Peulitant, 1915-1221, Sio Paulo, Mes ado-PUC, 1997. ayxequo) 2 0x0] aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Na Mira da Censura + 1. Nrimero especial em que se noxiciaa suspensio de O Parafiso, substituida por A Rolba. A Rolha. Semanirio independente.. enguanto puder, Sio Paulo, 1918, n.2. + 2. O Parsfuso, Sio Paulo, * 3.A Rolha. Semanirio independente... enguanto puder,Sio Paulo, 12 mar. 1918... 1. + 4. A Rolhs. Semantrio independente...en- ‘quanto puder, Sao Paulo, 19 mar. 1918, n. 2 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. boa parte da comunidade literéria verbalizava seu desaponto e critica pela sub- missio do literato ao vil metal, Intelectuais bem-sucedidos, especialmente Coe- Iho Neto ¢ Olavo Bilac, rornaram-se, entao, alvos preferenciais dos ataques. Os jornais ja dispunham de tabelas fixas para salérios, contemplando com valores, substanciosos nomes de expressio no panorama politico ¢ literario. Em 1890, Joaquim Nabuco aceitava 0 convite de Rodolfo Dantas como correspondente na Inglaterra, por 35 libras mensais, para escrever artigos contra a Reptiblica"’, Euc- lides da Cunha, tenente reformado, era contratado em 1897 pelo jornal O Eita- do de S, Paulo, como corespondente, paca a cobertura da revolta de Canudos; a Gazeta de Noticias também enviava 0 coronel Févila Nunes para aquele campo de guerra; 0 Jornal do Comércio fazia 0 mesmo com o capitio Manuel Benicio; A Noticia enviou trés elementos subsegiientes: Cisneiros Cavalcanti, Manuel de Fi- gueiredo, Alfredo Silva, todos com especializagio militar, respectivamente, coro- nel, capitio, major, agora profissionais da imprensa. Criava-se 0 mercado jornalistico. O Jornal do Comercio pagava entre 30$000, 508000 © 60$000 a colaboragiio; o Correio da Manha 508000. Em 1907, rece- biam ordenados mensais Bilac na Gazeta de Noticias e Medeiros e Albuquerque em O Pais, neste mesmo ano, coube a Alphonsus Guimaries a fabulosa quantia de 400$000 na Gazeta, em Sio Paulo; isso, por deferéncia ao literato, pois watava- se de ordenado muito superior ao que se pagava em Paris, Monteiro Lobato, desde logo, viu a produsio intelectual como um bem de servigo, nao prescindindo de remuneragio, Em sua correspondéncia com Godofredo Rangel, adiantava: ‘A primeira coisa paga que escrevi foram artigos sobre 0 Parané, coisa de outiva, Rende- ram-me 10000 cada, uma assinatura da Reewe Philosophique (srinta e es francos), um Aristéfanes completo ¢ um belo canivete de madrepérola com saex-rolha'®. Sabe-se que suas tradugdes do Weekly Times para O Estado de S. Paulo perce- biam 108000 cada uma; em 1909, paraa Tribune de Santos, no qual como reda- ror 0 amigo ‘Tito ganhava setecentos mensais, Lobato escrevia cinco artigos por més a razao de 10$000 cada“. Seu comunicado sobre a empreitada, em carta a Rangel, ilustra o significado daquela importancia: 42, Neleon Werneck Sodré, up. city p- 293: Teresinha Del Flocentino, Prose de Fito cm Sto Pale: Produgito © Consumo, 1900-1920, Sip Paulo, HucivectSecretaia de Estado da Cultura, 1982, p. 4. 43, Moncito Lobsto, A Barca de Glens, Sao Paulo, Beasiliense, 1948, vol. 1, p. 239 44, Teresinha Del Florentino, op. et, p39. oxxniuc) # 01x] Ge aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Em que pese a critica corrente ao literato que se colocava em jornal, resistén- cia de parte daquela geragio ao endosso da renovagio vivida, festejava-se a priti ca jornalistica; sua profissionalizagio no setor era fato itreversivel. © mesmo questionatio de Joio do Rio comprovou que o salto fora dado, Em tomno do ano dessa publicagio, 1905, a passagem da Repiibliea das Confeitarias para a Republi- ca do Jornalismo estava consagrada. [...| O Brasil eransforma-se, civiliza-se. Hoje o jomalismo é uma profissio, quando an- tigamente cra um meio politico de ascendes; hoje 0 escritor crabalha pata o editor e nao manda vender [...] por um negro de balzio na mio.(..] Os vencedores acham todos o jor- nalismo animador, o jomalismo necessario; os que por inaptidao, trabalho lento ou hosti- lidade dos plumitivos, ainda nao se apossaram das folhas discias, atacam 0 jornalismo [..] Sao geralmence os poews [...] que fatalmence tendem a ver o seu mercado diminuido ~ porque o momento no é de devaneios, mas de curiosidade, de informagio, fazendo da literatura no romance, na cronica, no conto, nas descrigées de viagens, uma tinica e colos- sal reportagem®. ‘A revista, na sua modalidade especifica de impresso ligeiro, beneficiou-se pro- fundamente dessa circunstancia literdria, técnica mercadolégica; desde que sub- metida as suas regras, Permitiu 0 abuso da literatura a servigo da reportagem e, precedendo o jornal, resulcou em veicule para experimentos dda modemidade téc- nica. Com uma diferenca do periodismo pregresso, pois proliferou em outras ios: as de homens de mercado, que faziam da revista seu negécio. A necessidade de estabelecer didlogos efetivos entre autor ¢ publica, para ga- rantir o sucesso econémico do impresso, determinou concessdes de parte a parte: tanto do escritor, que se propunha a escrever em qualquer periédico que Ihe des se espaco, quanto do editor, que reunia nomes vendaveis, independente de suas afinidades tematicas ou ideoldgicas, a fim de garantit 0 consumo do produto. Daf a miscigenacio licerdria ¢ ideoldgica das revistas da época, que apresentavam, novamente, estranhas parcerias no mesmo periédico: de Olavo Bilac com o re- gionalista Valdomiro Silveira; ou do monarquista Couto de Magalhaes com 0 55, Autores catecvistades por Jose do Rio: Olavo Bilas, Jodo Ribeiro, Sylvio Remere, Corlho Neto, Medios Albuquerque, Litra Campos, Affonso Celso, Luiz Edmundo, Clivis Bevlaqua, Nesor Victor, Peden de Coun, Arthur Orlando, Padie Severiano de Rezende, Guimaries Passos, Curvello de Mendonga, Felix Pacheco, Sila Ramor, Garcia Redondo, Frota Pesioa, Onéria Duque Estrada, Pubio Lu, joie Lano, Mi rio Pederneitas, Rodtigo Octivio, Inglez de Soues, Rocha lombo, Laudelino Freie, Elysin de Carvalho, Souza Bandeiea, Gustave Santiago, jlo Afanio, Augusto Franco, Alberto Ramos, Raymundo Cotte, Joo de Ria, Momnite Litera, ap. cit pp. 325-526-327, auxayde) > oyna aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. anarquista Ricardo Gonsalves. Heterogeneidade que reforcava 0 cariter pouco comprometido daquele periodismo, veiculador de textos ligeiros, de consumo imediato, permitindo ¢ até privilegiando a coexisténcia de varios pontos de vista ~ slinhando-se ao espirito daquele tempo. Desde 1900 nota-se o desenho de novas configuragdes nesse universo do pe- riddico revista. Publicagées, nao mais a servico exclusivo e de iniciativa de litera- tos que se valiam desse espaco tio-s6 para se colocar ¢ legitimar-se, mas revistas de dimensées milltiplas, concebidas por homens de negécios e voltadas para pti blicos ja delineados. Revistas a servigo de politicas urbanas, caso da Kosmos e d'A Avenida, ambas do Rio de Janeiro; de sucesso mercadolégico, revistas mundanas e de propaganda, na linha das francesas transplantando, automaticamente, férmulas ¢ modelos, como a Revista Mustrada de Sao Paulo, mais tarde do Rio de Janciro; revistas de cscolas ou géneros literasios, como Rosa Cruz; de faixas ctdrias, como as revistas infantis, especialmente o Tico- Tico; revistas voltadas para segmentos especificos, as revistas positivistas, como a Revista de Arte ¢ Ciéncia, de Campinas. E, mais, revistas que surgiam a servico da divulgacio de produtos recém-langados no mer- cado de consumo da moda. Basta lembrar a divulgagio, em 1889, dos fondgrafos da Casa Edison que levou a firma de Gustave Figner zo langamento de uma re- vista de sucesso, anunciante de seus produtos, a Echo Fonographico; revistas que espelhavam um novo mercado, isto &, as revistas agricolas, O Fazendeiro e Chrica- ras ¢ Quintais, a primeira nao se limitando as questées técnicas da propriedade rural, mas denunciando os problemas sociais decorrentes da imigragéo, do nao cumprimento dos contratos do colonato; as revistas de esporte, em voga toral, culminando na qualificada Sport. Significativas, nesse clenco, as revistas de géne- 105, como as femininas, de linhas diversificadas, algumas direcionadas para a “na- inha do lar”, outras veiculando a liberagao da mulher e 0 feminismo, enfim, re- visas que se distanciavam daquelas exclusivamente literarias, embora Fosse sempre um bom chamariz. ter em seu corpo editorial um literato de renome“ A imprensa negra’, a imprensa operdria', a imprensa de lingua italiana” re- velavam também as cantas outras opgbes de mercado, nio mais submecidas as 56. Dukilia §. Busoni, A Inpretat Feminine, Sio Pasko, Aiea, 1986 57, Miran N, Fersaa, A Inprense Nega Paulista Sao Paulo, FFLCH-US?, 1986, 58, Mara Narareth Festa, A Duprensa Operivis no Brail 1880-1920, Pexs6polis, Vozes, 1975. 59, Angelo Trento, Do Our Lado do Aslinic, x0 Sieulo de Ingragio Isliane, S30 Pag, Nobel, 1986, oyxaqte) 9 04x2] "44 Sob 0 Signo 4a Mudanga tiragens diminutas, mas confirmadoras da diversificagio e ampliagao do piblico leitor ¢ consumidor; mais que isso, da fonte de renda que passaram a represen- tat, Acima de tudo, as revistas descobriram sua férmula, ou como dizia Domin- gos Ribeiro Filho, em carta a Lima Barreto de 1909, just ificando a pouca viru- lencia de seus artigos na revista D. Quixote, do Rio de Janeiro, de propriedade de Bastos Tigre: “A Revista tem uma boti cluia sobre o perfil do editor ¢ poeta Bastos Tigre. € nao vive sem a receita”, enquanto con- [..J 0 Tigre € 0 avesso do apastolo ¢ um documento atualissimo do talento egocentrico, utiliério e oportunista, [..] © D. Quixore guards a tua colaboragio {de Lima Barreto] para poupar-te ¢ nao comprometer a velha pilhéria que garante a edicao, e publica a minha para mprometer com 2 burguesia assinante, Ao primeiro gesto do leitor constante, eu se- lo como do Fithote, da Careta e da grand De fato, os impressos de maior vigéncia ou grande tiragem, mesmo no géne- ro revisca, cinham agora, & frente, homens que bancavam esse “negécio”, com- promctidos com a busca do lucto, afinados com as formulas de sucesso mercan- til. Empresitios, aos quais se submetiam, tanto poctas boémies, como inflamados polemistas da palavra, concessie derivada da oportunidade de ocupar um espago ino universo das letras mas, na maior parte das vezes, prazerosamente, por opgio lade da revista que langava, em 25 de outubro de 1907, a Floreal. pelo frigil apelo grifi- co ¢, sobretudo, por ressentir-se de um profissional de tarimba na dicesio. pelas leis do mercado. © prdprio Lima Barreto jé se dava conta da fa Nao é sem temor que me vejo 3 frente desta publicagio, Embora nao se trate do formal do Comercio, nem da Gazeta de Pequins, sei, grasas a um tirocinio prolongado em revistas efémeras ¢ obscuras, que imenso esforga demand: © que futuro the est reservado, Sei também 0 quanto The é desfavorivel o priblico [..]. Faltam-the nomes, gran. a sua manutenga des nomes, desses que enchem 0 céu ¢ 4 tera [..] 5 faltam-the desenhos, fotogravuras, tumbantes priginas a cores com “chapadas” de vermelho ~ matéria to do gosto da intel géncia econdmica do leitor habitual; ¢, sobretudo, o que the ha de faltar, seri um diretor capaz, ultracapaz, manciroso, dispondo da simpatia do jornal todo-poderoso, ¢ sete ciéncias da Rua Benjamin Constant ¢ em todas as artes estéticas ¢ técnicas. 60, Lima Busreto, Corrapondincis, op. cit, val hp. 241 61, Ver em A Bari de Glee op. cit,» co clo ingclecual coon © hortem de negécion (62, Lina Bateto, Cemitéri don Vioos, ap. cit, pV Deis anos depois, jé falecido Lima Barreto, no emblemédtico ano de 1922, a empresa O Matho, sediada no Rio de Janeito, comprovava as regras do novo mer- cado arravés de sua revista de maior sucesso, a Revista Mustrada. Encarregada de cobrir os festejos do Centendrio da Independéncia, editou quatro dlbuns de luxo, trés deles evocativos das datas nacionais. Celebrava em suas paginas uma estética passadista, consagradora dos pintores da Academia, dos literatos parnasianos, mas através do que havia de avangado na arte grifica, resultando em publicagao, das mais Iucrativas"’. Em 1924, as palavtas de Lobato a Godofredo Rangel, dan- do noticia de que se desfizera da Revista do Brasil e embarcava para a Argentina, sdo até mais significativas do momento vivido, marcado pela demanda de téeni émica interna- ca apurada, de novas estéticas e, agora, de uma conjuntura econ cional favorivel ao Entreguei a revista 20 Paulo Prado e Sérgio Milliee e nfo meso mais naquilo. Bles sia moder la. Vejamos o que sai ~¢ se no houver baixs no cimbio das assinaturas, o modernismo esté aprovado™ as € vio ultramodernit Monteiro Lobato, nao por acaso o primeiro editor paulista de relevo, confir~ mava o papel decisive do mercado, no julgamento ¢ na trajetéria do impresso no Pais, Nesse universo, também a revista, instrumento disseminador de sonhos ¢ ideias tao avessos & pectinia, conformara sua sobrevivéncia as regras implaciv do capital. Nesse sentido, adaprages de toda ordem se fizeram necessitias, A publicagéo requeria atratives para seu consumo, 0 que implicou a selegio de ge- neros, segoes, linhas editoriais. Entre o jornalismo que pagava ea literatura que prestigiava sucederam-se conflitos, polémicas, divisées determinando outras mudangas, agora no interior da publicagées, confirmando as tantas transforma- Ges daquela virada de século. Nao obstante o triunfo da palavra impressa, veiculada através de novos stu- portes, em permanente arranjo ¢ conformagdo com os tempos de mudanga, um jovem Sérgio Buarque de Holanda ainda se mostrava insatisfeito, aguardando que se consumassem as utopias acalentadas, a espera do Domingo dos Séculos®: 63. Ama Luise Manna, Dit Academie 20 Vidgar Improves Outro Bad de Congreso Amitica 92, Sio Paulo, USP. 1992 frsinc. 64, Monteiro Lobato, A Barca de Gly, op. ct. vol. p. 264, Carts de 74.194. 65, Rubais Barba de Moraes, Dosing or Sern, Rin de Janeio, Baigia da Candeia Aral, 1924, oyvaque) 9 oyxal Sob © Signo da Mudanga 147 Nés lembramos esse tio debatido fin-dessitcle como o mais esquisito na sua original dade € 0 mais interessante na sua esquisitise. Mais interessante ¢ mais digno de atengio. Resca entretanto muito ainda que fazer, Resta combater toda a sorte de imbecilidades que continuam a infestar a Arte moderna, como sejam o tealismo, 0 naturalismo, 0 © pedantismo, a fim de que se possa erguer bem alto;o monument que simbolizari a Arte do futuro no qual se verd escrito, em caracteres de fogo, o seu programs: Liberdade esté- tica — Fantasia ilimitada™. O ensaio dese percurso deu-se em grande parte nas revistas. A trajetria do critico Sérgio Buarque ilustra o processo. © jovem iniciante do Correio Paulista- no exercitou no periodisme a emergéncia do historiador sensivel que, entre a busca das Raizes do Brasil e a Virito do Paraiso, acabou por explicar © Pais. (66, Sérgio Buarque de Holanda. Apacs Antonio Ament Pad, O Eipirite «a Lens, Estudos de Crhica Liter ria 1920-1947, Sao Pasta, Campania d 199%, wo. ps 33. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Sob 0 Signo da fludanga literdrias, preenchendo a lacuna da inexisténcia de uma editoragao nacional, Te- ria sido tao vasta a produgio de crénicas* ¢ contos de Machado de Assis, propa- gada pelos jomnais ¢ re 0 Fosse a limitacio d da época, restringindo © autor 20 que “cabia” no periddico, 20 que ser publicado naquela altura nos jomais, ao que tinha saida no mercad Na impossibilidade de editar-se um romance, dada a inexisténcia de uma pr6- diga editoracdo nacional, produzia-se 0 conto, esse, sim, pelo menos com publi- cacio garantida nas revistas. Romances, $6 aos bocaditos, em forma de folhetim, que aos jornais interessavam como chamariz. ao pé da primeira pagina, © suces- so desse género teria sido © mesmo, nao fosse o recusso do jornal, ¢, mais que isso, a caracterfstica da seriagdo, que por si sé instigava a leicura seguinte, garan- strumentos de veiculagio 2 possivel tindo o consumo do impresso enquanto li se encontrasse, de suspense em suspense, 0 enredo instigante com todos os lances rocambolescos pertinentes? O clenco de géneros do periodismo brasileiro no periodo em apreco é varia do ¢ diversificado pelos tantos ensaios que as revistas conheceram, até apruma- rem-se na sua concepgio hoje conhecida, inscritas num quadro de produgio, cir- culagdo € consumo. Interessa percorrer géneros € segGes que caracterizaram aquelas publicagées, inscritos na sua historicidade, sugestivos da criatividade ¢ demandas daquela conjuntura especificx®. Sergio Micelli insiste na especial cir- cunstancia ao afirmar: {uf Os escritores profissionais viam-s forcados a ajustar-se aos géneros que vinham de ser importados da imprensa francesa: a repontagem, a entrevista, o inquéricoliveritio ¢, em De fato, a evolugio técnica determinando a transformacao plistica da revista € concomitante diversificagio de seu carter trouxe mudangas significativas em seu interior, sobretudo quanto aos géneros e seses veiculados. Experimentos de toda ordem sucederam-se no uso de antigas e novas formas de expressio, aten- 68, Registra xe mais de 600 erdaieax de Machado de Assis, John Cledson, Hour Dist Sto Paulo! Campinas. Hucite/Unicamp, 1990, p. 11 69. Nao se fri aqui a svaliagio Inertia dos géneros, Primeieo, porque essa tala €do Ambito da histria da Jo, po Fugria do propita dexe trabalho, prsidide pels andlise Warrica da fieinhars cbepeca orp revisa no Beal 70. Sengo Miceli, Pader, Seso« Letras na Republica Vlbu: Extudo Clinica dos Auatolianas, Sto Pawlo, Peep iva. 1977. p15 dendo ao ritmo de outra temporalidade, marcada pela velocidade, que transfor- mou o periddico em vefculo ideal para os tempos de cultivo da rapidez. Brito Broca, referindo-se particularmente aos jomais, admite inovagées no culo, a partir das demandas especiticas do periodo. Sublinha, nos jornais, “a decadéncia do folherim, que evoluin para a crénica de uma coluna focalizando apenas um asssunto, e daf para a reportagem; o emprego mais generalizado da entrevista, muito pouco utilizada até 1900, e a critica literaria em cardter mais regular e permanen- . Flora Sussekind, com relagao a produgao literaria do mesmo perfodo, acen- tua a “perseguicao do inseante”, fortalecendo géneros como a crénica, as gazetas io do s te’ rimadas ou as revistas de ano; lembra, como exemplares do triunfo da forma de recepgao ¢ represcntagao do tempo, alguns “instancincos cm versos” de Bilac, Arthur Azevedo ou Emilio de Menezes, entio publicados nas folhas”. Que rebatimentos de tudo isso se encontraram nas revistas? Importa insistir na especificidade dos géneros literdrios nas esferas periddi- cas, nas quais crénica, conto, folhetim ¢ novela comparecem com caracteristicas adequadas a cada publicagio. No caso das revistas. no ambito da prosa, a in dncia recaiu na crénica, seguida do conto, folhetim, critica e novela; no rocante 4 poesia, triunfou o soneto. Sinal dos tempos e do “Pais de poetas”, coube & poe- sia a aparigao recorrente, ocupando paginas periddicas das mais diversas temsti- cas ¢ propésitos, recurso adotado inclusive pelo tratamento publicitério, para 0 qual a redondilha foi a métrica ideal. No jornalismo, predominaram o artigo, 2 reportagem ¢ a entrevista. Acrescente-se, com relagio ao predominio da poesia, que 0 pamasianismo entio em voga ¢ os refluxos do simbolismo encontraram no cratamento poético sua forma de expresso exclusiva, Nada estranho, pois, que este fosse 0 género mais presente nas revistas daquele momento, nascida de inspiragoes femininas, masculinas, expressto da alma do tempo. Com uma variagao editorial, em rela- o & prosa, qual seja: a edigio dos livros de poesias néo decorreu de sua publica- 40 inicial em revista, conforme se deu com o romance, ou com tantas outras obras veiculadas inicialmente através de revistas”. Boa parte das publicagées pos 71, Brito Broca, op cts ph 209, 72, Flora Susskind. Cinemardgerfe des Lemar: Liternzura, Téniva ¢ Modernizario no Broil, Sis Paulo. Com pana dis Levas. 1987, pp. 97-98, 5. Jose Verisime lang sux HYexéia cs Literatura, cm partes, travis da Kosmos, embora se qucitase da ne Ficincia do sciculo para trabalho daqueta natures ayxaquo) 9 oaxal Sob 0 Signo 42 Mudanea ticas entio divulgadas s inédica dos prelos, sem percorter os periddicos. Nao se pade descartar que a poesia, embora género literiria de maior prestigio, tam- bém era o de menor rentabilidade econémica, assumindo seus autores, na inviabilidade comercial do género, a iniciativa da impresszo. Longe de analisar cada géneto periodistico na sua proposicio ampla, selecio- namos algumas ocorréncias nas revistas, percebendo-os através das respectivas se- Ges. E foram intimeras, Nao por acaso nariedades era a sintese freqitente de seus subtitulos. A amostragem posstvel desse imbricamento de géneros e segies de- correu de sua apreensio no interior das revistas, em que apareciam quase aleato- riamente, sujeitas a experimentos de toda ordem, na tentativa de angariar piblico. Numa mesma publicagio sucediam-se, em revisia, as Sees de Cronica, Des- porto, Notas Sociais, Questionarios, Versos, Muisica, Teatro, Moda, Charada e¢, por volta de 1910, a Segdo Cinematografica, entre tantas outras. Em 1908, Vida Paulista apresentava as segbes Bilhetes Postais, Vida Arcistica, Aguthas © Alfine- tcs, Instantancos, Na Rua XV, Concursos. Em 1910, a Hustragiéo Paulista wazia as segies Crénica, Vida Social, A Moda. Oportuna ¢ inovadora a segio Revistas na Bigorna, da nacionalista Via Léctea, Revista ilustrada de assuntos gerais, atuali- dades, arte e ciéncia, de 1903". Ali, 0 editor Jorge Costa opinava sobre os perié- dicos em circulagio, merecendo-lhe entio registro pasitivo as revistas Sin Paulo Mustrado, Revista do Ensino, Alvorada © Revista Comercial. Nesse conjunto, a segio Artigo de Fundo era de rigot. Abria a publicacao, di- vulgando de pronto sua proposta litersria, linha ideolégica ou lacuna a preen- cher, geralmente em forma de prosa, texto corrido, economizando palavras. Em 1897, na revista O nel, o Artigo de Fundo vinha sucinto: Caros Confrades, amaveis leitores ¢ gentis leitoras Ante vés se apresenta O Avel, originalmente facturado em um quarto de papel com seus respectivas rabiscos tracados burguesmente por filetes de chumbo.{.u) Este Aue! ser- vied para que 0s rapazes amantes da literacura desfitam seus cantos, ora ritmados em si pocsia, ora acastelados em humoristica prosal Eis 0 programa”. A conquista imediata do assinante era 0 objetivo subjacente, incutindo no leitor vinculos de dependéncia, nao raro conferindo-the a responsabilidade pela 74, Vie Licrs. Revive tucanda de assunts geri atuaidads, arte e ciénei, Sao Paul, 1903, 0. 1 75, 0 Arch, Sio Paulo, 189 a) sobrevivencia do periédico. Em 1910, A Lua, semandrio ilustrado, sentido a apresentagio inicial: Somente, para que ela posse dewendar mdo, mss tudo, tim-tim por tim-cim, neces- sitio que os seus cortejadores, digo mal — leitores, a galanteiem fartamente, sobejamente. Sé assim Ela poderi fazer frente aos seus gastos desmedidos ¢ as suas bizarras extravagin- cias de rapariga romantica ¢ esquisita, nas suas descidas ¢ passeatas ed pela terra, pois c4 0 degas, 0 seu apaixonado amante Pierrot, esté, como quase sempre, com os boksos numa si- tuagdo impossivel de arcar por muito tempo com todos os luxos e todos os caprichos de uma namorada assim to nova, tio exigente, assim cio catita. Disse. (Haja palmas, coque- se 0 hino, e baixe o pano, que é findo o discurso inaugural] Pierrot" A Lua contava com anunciantes fortes, impressa em papel glacé, trazendo colaboradores de peso, como Vicente de Carvatho, eo pseudénimo Pierrot, nio era de outro sendo Olavo Bilac. A propria diversificagio de seges, tio varidvel, resultava em chamatiz. para 0 consumidor, também divulgada ocasionalmente jé no artigo de fundo com o intuico de ctiar expectativa. Como se dew em Autori- dade. Jornal semandrio, érgto do Club Monarquista, de 1896, cujas segdes foram anunciadas no “editorial”. [uJ Além dos editoriais, teré vitias sessies: A das revistas dos jornais, durante a semana finda A das noticias principais do interior A das ocorréncias do exterior A de cincias, A de literatura A de zig-zag, destinada a vatiedades © humorismos A das trogas, pois & necessério corrigir pela critica os excessos dos adversirios™ Por volta de 1910, os recursos técnicos estimularam inovagGes no visual das seges, resultando formas geificas inusitadas para defini-las. Em 1916, A Farpa, Srgio de critica ao govemo de Altino Arantes trazia como artigo de fundo um poema humoristico de Amadeu Amaral, talves 0 tinico de toda sua produgio posti , tratado com grafismo especial”. 76, A La, somanirioiustrado, So Paslo, 1910.1 7, Em toda a pesquiss, 6 «mm Autridade se enconttou 0 terme editoriaidesignanda o artigo de fando, 78, Autoridede Jornal emanirio, rede do Club Monarguisa, S20 Paulo, 1897.0. 1 79, A Farpa, Sao Paulo, 9 fer 1910, ano nl ayxayue) 9 0x9] aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Por veres, 0 artigo de fundo aparecia em forma de crdnica, regularmente in- titulado Grénica do Més, ou Cronica da Semana, conforme a periodicidade da re- vista, Nessa modalidade, “passava em revista”, sucintamente ¢ com laives criti cos, os acontecimentos daquela temporada, pondo 0 leitor a par dos iltimos acontecimentos. A revista Pauldpolis, artes, ciéncias ¢ letras, de 1903, langou-se ‘rinica do Més como artigo de fundo. coma Freqiiente em varias secGes, a crdnice™ encastelou-se nas revistas, resultando em género dos mai apreciados pelo periodismo. Sua incidéncia suscita algumas consideragées. Para Antonio Candido a cronica adequou-se de eal forma a de- manda da época que “[..] até se poderia dizer que sob virios aspectos é um gene- to brasileiro, pela navuralidade com que se aclimatou aqui c a originalidade com “Nao foram escritas para a posteridade [...] eram muito mais limitadas no tempo, ¢ que aqui se dexenvolveu™. John Gledson registrou seu cariter documental: pressuptinham um leitor que partilhava esse tempo” razio de sua oportunida- de para aquele periodismo que produzia érgios de informagio por exceléncia, Definida a partir de amplo conceito®, a crdnica exerceu varios papéis, ocu- pando o lugar do artigo de fundo, fazendo as veres do que hoje se denomina editorial ou langada no interior da revista, em segao exclusiva. Aproximava-se do artigo, sobretudo na caracteristica comum de voltar-se para as ocorréncias con- temporiineas, no seu suceder imediato. Marcada pela reflexio despretensiosa, re- dundou na forma ideal do «rato literério de eventos cotidianos, driblando seu nica em A Cigarna, 0 Pirralho © A Vida, nao encontrou uma hierarquia vemitica rigida para definila; © género, acuado carater efémero. Crespo, estudando ac pela voracidade dos fatos, pressionado pelo jornalismo que se impunha, oscilou entre 0 tratamento do efémero ~ um dia de verso ou 0 carnaval —, © questées conjunturais graves, como a guerra européia e a politica interna brasileira, regis- tro vilido para 0 conjunto das revistas paulistanas do periodo, NO. Ver Antonio Candi [org.), A Crnicas O Ginera, Sua Fico Saat Transfrmucoes no Brash, Campinas, Rio de Janeiro, Unicamap/Fundacan Casa de Rui Barbosa, 1992: Regina Aida Crespo, Chinas ¢ Oures Regiuras Flagrantes do Pré-moderniomo, 1911-1918, Camipioas, Mestrade, Unicamp. 1990, p, 18: Clemers te Cimon, op. cit BI. Anwanio Candido, “A Vida a0 Résdo-Chao” Apud Regina Crespo, ap. cit p17 82, John Gledson, Bons Dias, op. cit. p. 1 83. Ver Antonio Candido, of. ets David Arigussi Jes “Fragmentos sobte a Cronica’, erm Enigma ¢ Comenta rio: Enasos sobre Liverarws e Experéncia Sao Paulo, Compaabi das pp. Wess 1987; Regina Crespo, op cit oyx2ide) 2 oyx2] x Cronica: O Formato Prefereneial para todas a6 /Meneagens + A crdnica como artigo de fundo. O Quei- xo. Revista Quinzenal Ilustrada, Queixas, reclamacées, humorismo, politica, literatura, artes, sports ete... Sio Paulo, 1916, ano 1, n. 4. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Seb © Signe da Mudanga Contar 0 que se abuso, lembrar 0 rem ssa, reproduzir a impressio do dis no espitito puiblico, denunciar 0 io, louvar a aco meritéria — eis 0 programa dO Reparter® A Revista Moderna, impressa em Paris, em 1897, introduzia 0 que havia de mais avangado em periodismo, primando por elaboradas repoctagens, coberturas deacontecimentos marcantes do tempo, geralmente ilusteadas com desenhos to- mados a partir dos acontecimentos, nio se furtando ao sensacionalismo em voga. Como aquele de cena horripilante do incéndio do Bazar da Caridade em Paris, em 4 de maio de 1897, causado por uma lantema de cinematografo. A queda do toldo do pavilhao, como um lengol de fogo, vitimou figuras “pertencentes quase todas is camad: is da sociedade”, conforme o re- superiores, visiveis ¢ decorativ: stro do jornalista Botelho, Mais que a descrigdo minuciosa do sinistro, a ilustra- do em croquis estampava uma cena de horror, trazendo corpos em desespero de dor, alguns ja incinerados, espeticulo impactante naquelas paginas de mostruitio habitualmente ameno ¢ elegante™, Mais do que a sintese, 0 trago peculiar da inicial reportagem do periodismo trazia a marca sensacionalista, cobrindo escindalos da época, tratados sob o viés do tumult, do alvorogo, da reprovagao moral. O desfile de reportagens sobre O Caso de Sina Junqueira ou 0 Crime de Cravinhes, O Crime da Mala, O Caso Nené Romano permearam as piginas das revistas, fazendo-se acompanhar de “reporta- gens fotogrificas” com © mesmo escopo do sensacional. Nos jornais, no ano de 1897, O Estado de S. Paulo trazia em primeira pagina as proezas do bandido Dioguinho no vale do Rio Moji, enquanto o Times de Londres noticiava, em gran- des reportagens, as faganhas de Jack, 0 Estiipador. A revista O Momento, em 20 de julho de 1914, constatava a importincia da reportage, que punha as escincaras os bastidores da noticia ficcionalizada ¢ tratada, alma do jornalismo hodicrno € a reportagem: os jornais, & parte as idgias que xalem segundo © niimero de informagdes que prestam 20 pico, atranca rio das secretatias ¢ dos escaninhos da sociedade as negociatas rendows, as rnccuras magnificas € todos esses escdndalos que fazem a glitua canalha desta epoca, O Momento seri « vlkima palavra em repor em documentada por forografias” 85. O Repérter, Sao Paulo, 1895. Apad Afonso A. de Fits, op. rj. 744, 86, Revie Maderna, op. ct. 1897, 0.1. ps8. 87. 0 Mamet, So Pato, 20 il 1914.9. 1p 2 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Sob 0 Signo da Mudanga A Vida Moderna trouxe as tuas notas sobre Errei2®” Fuclides e uns suetas que me parecem teus. Ov, ainda: [...] mandei para Vide um mundo de nocas tiradas ao meu Didrio, que 0 Simées espa Iha pela revista como sneltos. Infelizmente a tevisio colabora e me “melhora” de maneira apavorante..."” Para além das crénicas, arti 108 © reportagens, os escritores de plantie tam- bém encontraram no conto a formula ideal para colocarem-se em letra impressa. Sua incidéncia suscitou 0 alerta de Lobato: Toda gente considera 0 conto um género leve ~ ¢ romam o leve como sindnimo de fécil, Mas note que em todas as literaturas 86 emerge do conto um Maupassant para dez Ou, para se ficar em terreno nacional, entre cantos experimentos no Brasil, emergiu apenas um Machado de Assis. A oportunidade do conto revelou-se de tal ordem que propiciou a solicitagao do género até como estratégia de venda do sdico. Prémio literério a quem nes mandar um final exato para o conto abaixo, a revista O Merctirio, de 1906, publicagio que nem mesmo literdria se anunciava e, sim, comercial. Na Revista do Brasil, fase de Lobato, por injungdes de espago, o conto vinha com montagem tipogrifica diferenciada pelo corpo da letra, com tipo menor, corpo 8, enquanto a produgao poética se apresentava em la, cercada de frisos & corpo 10, letra grat xava de destacar-se ainda mais in inheras, Nesta representagii, nfo dei- interior da publicago”. Machado de Assis foi lide ¢ Valdomiro Silveira rest reeordista no género, mas Lobato © exercitou ami tou no contista regional por exceléncia”’ 589. Monteiro Lobato, A Barat de Glee op cit soll, p99 99. Monteito Lobato, op. cit, vol IL 91, Bdgard Cavalliro, op. ct, vo. 1, p. 197. incidence ineressamte da vida José Oiticca, Curse de Litenatar,coligido e review pot Roberto das Neves, Rio de Jancico, Edivora Germinal, sd. pp. 274-276. Ver ainda Amadea Amaral, Jo, Haste, 1976 98, Reviaas que esamparam cons, entre outras 1896, 4 Penlcée, 1900, A Plans: 1990, 0 his 1901, A Verdade 1901, fracema, 1902, Aljaas: 1904, Buenadiehe em Albor, costa de Colao New: 1904, O Pique oP indo José Oiticica o conto se caracteria por set siutético, moncromico ou linea por dar leva wut wea e Conto, Sao Paw ager cor consis de Andersen: 1908, Arc hin conto de Vallomiro Siveie, Jaa novela vinha de enconuo 3 criagao literdria mais ambiciosa com relacéo a0 conto, perpettada pelo garantia de sua publicacio em veiculo mais corriqueiro, tal qual as revistas, por exemplo. A apreciagao de Oiticica ¢ esclarecedora: enquanto 0 romance apresen- de reraro ainda nao preparado para 0 romance, ou pela tava “um entrelace de dramas”, a novela se caracterizava pela “apresentag um sé drama”, Em 1900, A Plata, definia a novela como “fotografia de costumes”, anunci- ando-a quase como novidade no Brasil, género “pouco difundido entre nés que preferimos a novela francesa, que abunda no mercado”. Ao resenhar a recém- langada série da Editora Olegirio Ribeiro, A Novela Semanal, ditigida por Amadeu Amaral, lembrava os grandes novelistas, Balzac, Camilo Castelo Branco € Alexandre Dumas, este, inclusive, iniciando-se como novelista, Em 1903, na revista Pauldpolis, a novela aparecia editada como folherim ¢ em 1920, na criati- va Papel e Tinta, langavam a “novela quinzenal’. Outros temas, novos géneros, modismos de toda ordem, mas, indefectivel, ‘em algumas publicagées, la vinha o chamado: Aguardem! No préximo mimero es- plendido falbetim de. Entre tantos experimentos de géneros literirios e jornalisticos, retomados el ou inaugurados, 0 recorrente falhetimn, presente nos jornais, compareceu nas re- vistas paulistanas do periodo, ameacado, contudo, pelas secdes ¢ géneros inau- gurais daquela imprensa comprometida com a venda e o lucro, Diga-se que 0 proprio folhetim trazia férmula certeira para atrair o mercado, isto &, 0 suspense fragmentado, a emogio aguardando 0 préximo lance, que por sua vez recriava novas emogdes, narcético do qual as revistas nao prescindiram. Uma primeira mudanga registrou-se na autoria daquela produgao que, de Terral a Paul de Kock, passou a assinatura de escritores autéctones; estes acabaram por colocar-se através do conto e, posteriormente, da novela, privilegiando estes géneros nas péginas periddicas em voga. Diga-se que parte significativa da produgao ficcio- nal do perfodo resultou da inicial publicacio em forma de folhetim nas revistas. Arelagao ¢ imensa, mas seguem alguns exemplos: de Machado de Assis, cuja obra praticamente veiculou-se por revistas; a Revista Sousa Cruz que editou em folhe- tim nio % Lima Barreto, como Cruel Mistéria ¢ A Garota, de Eloy Pontes, em 1926 1927, ¢ até mesmo em 1928 a Revista de Antropofagia, trazendo, de Yan 94, José Oi 1, Cure de Litenatunas op. et p. 273: opxayts) 9» 01%, Sob 0 Signo 42 flusanga de Almeida Prado, Os Tiés Sargentos (Episddio da Revoluyito de 1924), sob 0 pscu- dénimo de Aldo Ney”. Vale lembrar que opinides abalizadas da época ja questionavam o género. Lima Barreto, confirmando inditetamente sua oportunidade para o periodismo, conj cturava Nao sei o que tem o ral género folhetim de eo estritamente atual, do momento, do. minuco em que € escrite que, passado ewe fugaee sabor. Considerem que eu ji fiz, faco e farei folhetins... Mas... pstante, rangam logo € penlem todo 0 A ebservagio vinha de autor que praticamente langara sua obra em folhetins. A publicacao inicial de Recordacées do Excrivito haias Caminha se dera em sua te- vista Areal, veiculando-o do primeiro ntimero, em 1907, até o quarto e ultimo, em 1908. Também Triste Fim de Policarpo Quaresma foi langado em folhetim pelo fornal do Comércio do Rio de Jancito, de U de agosto a 10 de novembro de 1911, Em 1912, safa em fasciculos, para a venda avulsa As Aventuras do Dr. Bogoloff’”. O jornal A Noite, do Rio de Janeiro, estampava Numa e Ninfa de 15 de marco a 26 de julho de 1915. Em 1921 veiculava-se o primeiro capitulo de O Cemitério dos Vivns, na Revista Sousa Cruz”. Clara dos Anjor estampava-se na Revista Sousa Cruz, de janciro de 1923 a maio de 1924, Confirmando a adequa- io dos propésiros do géncro aquele dos periédicos, 0 ausor acrescentava a ca- racteristica do apdo instantinco do folheti E genet que procura sempre o fato ou 0 acontecimento mais em voga, aquele que mais inveressa i fintlidade de todos e deve ser cheio de alusbes is pessoas e cousis efémeras, para que o sucesso bafeje. Nao podem os rodapés prescindir do vulgar dia-a-dia, nio se podem algar para mais adiante, nem para mais aris, E ali! Eo elefane do Franck Brown, tou a chegada da missio do Reine de Sito! Monteiro Lobato, curiosamente, vinha mais incisivo, num registro de editor: 95. Yan de Almeida Prato {pseudinimo Allo Ney], “Os ‘eés Sargentos (Episédio da Revolugio de 19241", Revisa de Antropofigia, Sio Paslo, ano NI, 1 125, malo: @. 131, 90%. 96, Lima Barreto, Vide Urbana, op. cit, pe ASI 97, fosé Rames Tinhorio, op. et p85, 98, Revita Sousa Cuz, jan. 1921, an0 VI. 9.49, ida Urbana, Sis Palo, Brasiliense, 1986, p. 151 99. Lima Bart, Grande erro publicar romances em revistas mensais, um fragmento em cada ntimero No més do intervalo entre um pedago e outro, 0 leitor esquece o fio ~ e acaba nao lendo © resto! Ainda que depreciado pelos coevos, 0 folhetim continuou impavide, como atestou Marlyse Meyer, em Falhetim, uma Histéria', Na dinimica da Belle Epoque, de tantos inventos ¢ modismos, sua permanéncia foi conseaada a partir de criteriosa pesquisa'", em particular nos jornais paulistas, conduindo: “vimo- Jo atravessar a Revolucdo Russa, Greves de 1917 e subseqiientes” Quanto as revistas aqui mencionadas, a incidéncia foi menor, embora nao desprecivel. A comecar pela tao citada Revista Moderna, de 1897, impressa em Paris, mas produrida por editor paulista, trazendo A Hlustre Casa de Ramires cria- da especialmente para figuar naquela publicagio, Havie ainda folhetim em A “Verdade, 1901; lustragao Brasileira, de Paris, em 1901, com folhetim assinado por D. Jodo de Castro; O Ramithete, 1902, com folhetim de Margarida de A, Brechat, tradugao de F. Braga; O Mecan- [sie], 1904, com folhetim O Badejo, de Asthur Acevedo; O Merctirio, de 1904, mais jornal, que anunciava “espléndide folhetim”; O Merctirio, de 1906, anunciando 0 mesmo espléndido folhetim; O Bicho, de 1909, com o folhetim O Casamenteiro, “romance de sensagao', escrito especialmente para O Bichoe dedicado as senhoritas paulistas por Juca Mello”; ¢ tantos Wd Vide Moderna, Sob © signo dat mudanga a p sagem da literatura para 0 periodismo ¢ sua insergio nas regtas do mercado nio se dera por acaso. Uma conjunturs muito especifica presidira aquela transformagio, alicersada num processo de mutagies p P P virias. A transformagio do capital fora o inicio de endo, paeticularmente na Pro- vincia/Estado de Sao Paulo. Na sua esteira e num movimento quase simultaneo, conjugaram-se a revolucio técnica otimizadora da imprensa, a politica de alfabe- tiagao encetada na Capital paulista pelo Estado republicano ¢ 0 empenho no fabrico do papel e/ou legislacao que regulava sua importacao. ias pede andlise circunstanciada, chuda sua especial historicidade no Pais que, tardiamente, conhecera os prelos. Cada uma dessas ocorré 100, Monteito Labato, A Berca de Gilire, op ft, vol. Hy pp. 201-202, 101. Marlyse Meyer, Falscin, wma Hdrie, Sto Paulo, Companhia das Letras, 196, no Ievantamenio de Raimands Brits Batista mos jas paulsts, op. tp. 370. 0)x2U0) 2 0x0] 3 Ofieinas da Palavra “ASA VANUNUC ee —ooo on acco fh tals Exes em sus Ofin 2 A transferincia da Corte portuguese para o Brasil, em 1808, foi « comeco de tudo. Nos porbes da nau Me- duza vieram de Lisboa prelos com seus pertences. Era uma tipogeafia completa encomendada na Inglaterra por D. Rodrign de Soust Coutinho, futuro Conde de Linha- res para servis a sua Secretaria de Estado dos Negécios Estrangeiros eda Guerra. Nito tendo sido usada, encon- srava-se ainda encaixotada na ocasiéo de embargue para 0 Rio de Janeiro, Rubens Borba de Moraes A Impresiao Regia do Rio de Janeiro’. 1. Rubens Barba de Moraes, “A Impressio Régia do Rio de Jani Otigens¢ Peeducao”, op et, vol, p. XVD, No Universo Grafico das Revistas Ao final do oirocentos, sob o signo da mudanga, tudo eclodiu de repente, No campo gtifico, as transformago to. Como um movimento orquestrade, os setores de suporte daquela atividade fizeram sentir com intensidade ¢ impac- conheceram avangos, surgindo prestemente um mercado consumidor, enquanto se estimulava a produgio interna do papel, matéria-prima fundamental para 0 desenvolvi otimizada ento do ramo. A imprensa tornava-se grande empre pela conjuntura favorivel, que encontrou no periodisma o ensaio ideal para no- vas relagdes de mercado do setor. Diga-se que a imprensa periédica resulrava em segmento polivalente, de influéncia na otimizaga0 dos demais, isto é, da lavoura, comércio, industria ¢ finangas, posto que as informacées, a propaganda ¢ publi- cidade nela estampadas influenciavam aqueles circuitos, dependentes do impres- so em suas variadas formas. O jornal, a revista ¢ 0 cartaz ~ veiculos da palavra impressa — aliavam-se as melhorias dos transportes, ampliando os meios de co- municagao e potencializando 0 consumo de toda ordem. O trip¢ indispensivel& sustentagio da grande empresa editorial se erguia. Con- figurava-o, basicamente, conforme ji se levantou, a evolugio técnica do impresso, 0 investimento na alfabetizagio, os incentivos & aquisigao e/ou fabricagio de papel. Cada um desses pilares, fruto de tessitura histérica precisa, pede andlise circuns- tanciada, Texto € contexto, conjugando temporalidade cultural especifica, encon- uraram no periddico o ensaio adequado, do qual emergitia a edivoragio no Pats, Num olhar de lince sobre nosso pasado grifico ¢ editorial, com daca inau- gural em 1808, quando da vinda da Corte para 0 Brasil, algumas surpresas. A 2. Antes da Impressio Répia, a dinics tentativa edicorial historicamente comprovada fol de Antonio hidoro 03x0\U90) @ oyKel, Ofieinas sa Palavra comesar pela quslificada produgao da Impressio Régia, da qual a Gazeta do Rio de Janciro, sua primeira publicagéo em setembro de 1808, anunciava: se fazem |...] todas a obras pertencentes a0 Officio de Livreiro, tudo por pregos commodos: ese apara papel a 120 reis a Resa” Desseus ptelossaiu toda sorte de publicagio — legislativa, administrativa, comer- cial, econdmica, cientifica, literdria, infantil, didatica —, inclusive, em 1813, a se- gunda revista periddica do Brasil, O Patriota, Jomal Literdrio, Politico e Mercantil’, Diante das necessidades financeiras que cronicamente pautaram a institui- cio, em 1811 f a de Cartas de Jogar, monopélio da Coroa, com focos de impressio clandestina no Brasil’ Em paralelo, correu a audaciosa iniciativa particular de Manuel Antonio da Iva Serva, na Bahia, também em 1811, que resultou em produgio graficae edito- rial de nivel, veiculando entre outras obras sua gazeta, a Idade D'Oure do Brasil he anexado um negécio rendoso, a Fal A liberagio da censura, em 28 de agosto de 1821, os altos pregos cobrados pela Impressio Régia ¢ a demanda de trabalhos na rea estimularam algumas bs Fomeca, no Rio de Juncite, com 17 ‘Ga pele apriocaae da Bpapeafal Sdepereaie wa GOES para Lishos; em 1806, editou-se cm Vila Rica o flhsta Canta Encomistce de Dinga Pereira Ribeiro de Vasconcein, do Pace Jost Joaquim Viegas de Menezes, trabalho de gravara em cabre, impresso calcoge camente, nao ce trcande de win lista improma, CF. Jou E, Mindlin, O Litro no Bras: Biblionca:¢ Tipo _gifias, So Palo, 1990, 9. 1, [mimeo 3, “Aniincio da Geeta do Rio de fanern de 2 deo. de TSD8, em Ana Masia de Almeids Camargo ¢ Rubens Torba de Moraes. Biblingnafia du Supresto Riga do Ria de Jencra. 188-1822. Sho Paalo, Edusp/ Kenton, sol. I, p. NIE Ver ainda Ernesto de Senna, "A tmprenss Regia", AIGSP, 1911, vol. XIU, 4. O Patrnts, onsal Literavo, Flite e Mtercanlpuslicon 18 nomeros entee [813 ¢ 1814, adquiridos med ane subscrigda. Além de artigos cantemporincos sobre diversos temas, publicava autores do século ance Flor, A denominagi Pairons ma épaca, segundo H. J da Costa era tt ‘ome um dos que Linum © cusho rewhicionstio" Sabese que @ 1 pervdica literitio fundado no Beil fi ma Bais, de nue Ferecira de Araujo G boars, asavao preaddnimo de Elmano Bahicnse pars assinar as poesis que estampava na revise, Assubs- 10 "pronto, snominadlo Ae Varedader ou Ensaio: de Literatura em W812. Seu te 1 ne 1" ano a sein exemplates por més © a0 2° 4 excinplres bimestas. Ana Maria dde Almeida Camargo, op it. vol. I pp 123-124 5. As primeras prensasenviadas ao Brasil destinaram-se squc em 1770 soncedera prvi imprimir cattas de baralho, monopéio da Caro, os faculdades ¢ isnges Bs pessoas ocupadan nas carts de jogat da Buia, Falsiicarcaras de jogar ers cfime tio resdaso quanto canbar dinheiro, da alguns focos na colbnia, Calos Riazini, O Lito, o fornal ea Tipagrfia no Brasil, 1500-1822, Sio Palo, odigao facsimile do Imprensa Oficial do Estado, 1988, p. 319, 6. Ver Renato Berbert de Casteo, A Prime Inprems da Babi e Saas Publiesde: Tiparafa de Manuel An: sonis da Silva Serv: 1811-1819, Salvador, Sectetaria de Fducayao e Calewe, sid; Matia Beaein Nivea da Sil, A Primeins Gazeta da Bahia: tdade D'Oure da Baal. So Pas, Calsie/INUIMcc, 1978 vontades que, de forma avencureira, corajosa ¢ astuta encetaram a produgao de livros impressos, num Pais ainda tocado a escravos. Nesses primér inviabilizada pelo contexco desfavorivel do Ps 0s, ¢ temeritio ri ea uma pritica editorial autéctone, analfabeto, apoiado em forga de trabalho sem poder aquisitivo, onde a educagdo formal dependia da Igreja Cats- lica, refratiria ao livre-arbitrio e a liberdade de pensamento. Contudo, surpreendentemente, a partir de 1821, casas tipogrificas prolife- raram pelo terri trabalhos de impressio comercial, literria ¢ artistica, imprimindo textos de toda ordem’. Identificadas com fregiiéncia nas capitais de provincias présperas, resul- tavam de conjunturas urbanas especificas, surpreendid: tos econdmicos pu io, conformando um insuspeito universe grifico, as voltas com em momentos de sur- tes, a servigo de tabalhos do impresso comercial ou, por veues, em razio de motivagies politicas. Desde envio, destacam-se tpogralos & cipografias de origem francesa, sediados na Corte, cuja qualidade de trabalho pouco ou nada devia a impressores europeus. Vale lembrar as prineipais tipografias da primeira metade do século XIX, no adas por José E. Mindlin: Rio de Janciro, r [.+1 jd na década de 20, a de Plancher-Seignor, que na década de 30 passou a se denomsinar ‘Typ. Imperial de E. Seignot-Plancher, e, nesa década, as dos grandes impressores Fran ses, como a Lmprimeti de Gueflier & Cie., que publicou textos magonicos e anti-jesuiticos, a Typ. Imp. e Consticucional de J. Villeneuve 8 Comp., a de B. Ogier, que Borba de Moraes considerava 0 melhor tipdgrafo que o Brasil reve, e a Imprimerie et Chaleographie ditigées par G. H, Fourcy, que em 1839-1840 publicou a Rerie Bresilizme, de textos lite ririos com belissimas gravuras” A incidéncia de tipégrafos franceses na Conte prosseguiu na segunda metade do século XIX, a comegar por Hippolite Garnier, ¢ ainda, S. A. Sisson, Eduardo © Henrique Laemmert, J. Cremigre, a Typographia e Lithographia a Vapor de Lombaerts & Cis. Todavia, na perspectiva de uma produsio tipogrifica nacio- Sollee Uk pact tcinde da Wels NIK es Claudia Mane Semerabo e Chasitane Aj. Hosirta da Tipograjia wn Bras. Sto Paslo, Nasp, 197% Iuater Bahia, foal, Hisdria Técnica, Hinbris dda Inprenss Basler, Sip Paulo, Arica, 1990, pp. 109-110: José E, Minalinselasions as mais proc nen ie pete de ndependdnci Nova Oficina Typogrepica'e n Typoprephia O¢ Moses © Gareal nt 1821, no Rio de Janeiro, seguida de mais quatro: Silva Porto & Cia., ORicina dos Annaes Fhuninenses, a Typegeaphia do Diitio ca de'Torres & Costs, também no Ki de Janciro, op cts pe 12 8; JoedE. Mindi, op eit pe US oyxaqdc) 2 oyxal Ofieinse 4a Palavra nal, o grupo de tipégrafos franceses deve ser visto com reservas. Parte de suas edigdes eram tiradas na Franga, em parcicular aquelas de Garnier, que se tomou. © principal editor do Brasil, tendo em Paris a sede de seu império editorial. Excepcional, contudo, o caso de Paula Brito’, brasileiro, mulato, de origem modesta, poeta [menor], tradutor de obras francesas, editor de jornais ¢ revistas. Em 1831 fundou, no Rio de Janeiro, a Tip. Fluminense de Brito & Cia, lecimento que perdurou até 1875, imprimindo vasta e preciosa bibliografia, en- tre ela os dois primeiros trabalhos de Machado de Assis, A Queda Que as Mulhe- res Tém para os Tolos {tradugao do francés] e Desencanto, ambos de 1861. Dos prelos da Paula Brito também sairam obras de Joaquim Manoel de Macedo, a 1° edicio de A Conféderagita dos Tamoios, de Domingos José Gongalves de Maga- Ihacs, cm 1856, a 1* edigao de As Primaveras, de Casimiro de Abreu, cm 1859, Teix tos, configurando a inic estabe- ‘a ¢ Souza, Martins Penna, Mello Moraes, Gongalves Dias ¢ muitos ou- I editoragio nacional. Em Sao Paulo, provincia pobre até por volta de 1870, a incidéncia de tipo- grafias nio foi desprezivel. Na Capital, especialmente, seu aparecimento sinali- zou as etapas do crescimento da cidade em sua relagao intrinseca com 0 avango cafeciro, as transformagées do capital, o impulso demogréfico, 0 florescimento urbano, a busca da “civilizagao”, Nesse surto paulista, contudo, observa-se uma nuanga: enquanto a emergéncia ¢ proliferscio das grificas do Pais as exigéncias do impresso comercial, da veiculagéo politica e, por vezes, do im- presso literério, em Sao Paulo predominaram estimulos ideolégicos, motivando a criagdo de periédicos politicos, fomentadores diretos da imprensa na provi cia, Veiculavam publicagoes de tinturas monarquistas dulicas, catdlicas ultramon- tanas, magénicas, mas na stia maioria de cunho liberal, atreladas ao idedrio repu- blicano, presididas pela escola literdria do momento". A essa imprensa politica muito deve © surgimento do futuro parque grafico paulista, réis das Arcadas. O celeiro dos “aprendizes do poder”, da Faculdade de Direito atrelaram-se iciativa de agentes sociais atuantes no periodo, na sua maioria bacha- 9.,A tipogtafia de Paula Brite Funcionou sob vitae denominagdes: Tipogmfia Fluminense, de Brine &¢ Cia Tipogralis de Paula Brito: Empress Tipogeafica Dois de Dezembro, de Paula Brito, Impressor da Cass Imperial: e Tipoeatia Paula Brivo [Vita Paula Brita & Geatol 10, Reynaldo Xavier Carmeita Poss st alii “A Imprensa Repmblicana na Cided Paul. 1870-1889" deat Republicans. Anes da Il Eacontre do Niclto Regional de Sto Paulo, Colexso da Revista de Hiséia, LL, Sio Paso, Anpu, 1979 1, Séegio Adorno, op. cH aa Luz no do Largo de Sio Francisco, foco onde o corpo discente em vao busca’ burgo paulistano, produziu também os homens de imprensa, que conjugaram politica, literatura e 0 controle do Pais, representantes que eram das oligarquias agririas ¢ das emergentes camadas médias urbanas. Vale evocar alguns marcos retrospectivos dessa imprensa ideolégica. A comesar pela atuagio de Hércules Florence'’, envolvido com a Revolucao Liberal de 1842, em Sorocaba, responsi- vel pela presenga da primeira oficina de impress4o no interior; a seguir, 0 surgi mento do primeiro jornal paulista”, de cunho politico, O Farol Paulistano, de 7 de fevereito de 1827; em 1829, O Observador Constitucional™, de propriedade do médico de atuagae liberal Libero Badaré; em 1833, a criagio da Revista Filo- miticad”, produto de uma geracio estreitamente envolvida com a politica; em 1854, o langamento do Diabo Coxo', de Américo de Campos ¢ Angelo Agostini, xo objeto do pri cura atentatéria & Ign A julgar pelo levantamento de Janice Gongalves para a Capital paulista'’, 0 balanso das tipografias, incluindo ai algumas litografias, também surpreende, num iro processo-crime contra a imprensa pela publicagao de carica- total de quatrocentas e cingtienta e duas oficinas ao longo da segunda metade do século XIX, niimero ponderivel se relacionado ao processo de instalagio tardia da imprensa no Pais. Na maioria, nao passavam de simples tipografias de impres- itogrificos de so comercial, algumas mais avancadas, desenvolvendo trabalhos 1k fgnafo do editor ¢ impeessor Planchet, no Rio de Jancio, em 1825, desenhista da Expedigie de Langelor, de 1825.4 1829, com participasie na eval liberal de 1842.Ver Borie Kensoy, Hercules larnce: A Descobirts Hold ds Fonegrafia no Bras, Sio Paulo, Daas Cidade, 980, 13. Pi nal, no se considerande manusctito O Pauliva, de 1823. O Phaol Peuliteno ciecwon de 1827 4 1R31, quando seu principal redator, Joué de Coats Carvalho, pastas a integear a Repéacta Trina Prosiséria, CE Arnaldo D. Contict,Imprena e Meolgie er Sao Paula, 1822-1842, Matiz do Vothaldrio Politico ¢ Soi, PetrspolisiCampinas, Yores/Unicanp, 197%, p. 43, 14, 0 Obsercador Conssruciona, io Paulo, Tip. "O Farol Paulixano”, 1829-1832. Redigido pelo meee ita Jiano radicado em Sio Paulo Libero Badst6, publicada trés vere: por semana. Ver Arnaldo D. Cartier, Iniprensa ¢Ldesogia em Sto Pade, op. cy pp. 32°33 15, A. Soares Amova, Pieficio 3 eligio fac similar da Revis Fimtvica, dlo/ Metal Leve, 1977. Ansivo Luiz Cagni, “© Disbo Cone, DO Leitva, n 13[149), 1994; Priscila Lambert, “O Diabo Coxo «std fazendo 130 anos", Jornal da USP. 10-4 16.10.1994, 17. Antonio Barreto do Amaral, “Curiaso Crime de Imprensa em 1866", RIAGSP, UXI, pp. 18, Janice Gongules, Mavic mt Cidade de Sao Punto, 1850-1900: 0 Cinewite a Paria trade Histria-USP, 1995 [mimeo|. A sutors areca vinteoficinas na década de 1850, 1860, erinta na de 1870, e noventa ¢ eve na de 1880, para calmsinar com duzentas e novents gril decals de 189, ules Florence, 10 Paulo, Imprensa Oficial do Estar 6 ne na década de oyxayuc) 2 oyx0] Oficines 42 Palavea trodutores: qualidade”. A exemplo do Rio de Janeiro, os estrangeitos foram os de casas tipogrificas aparelhadas em Sio Paulo, desacando-se Jules Martin, pro- priecario da melhor tipografia artistica da Capital, Jorge Seckler, que em 1890 adquiriu a Tipografia de H. Knosel, transformada mais tarde na Companhia In- dustrial de Sao Paulo, futura Casa Duprat ¢ o fordgrafo Julio Dussky, com esta belecimento mais modesto, inicialmente em Sorocaba ¢ depois em Sao Paulo. Na virada do século, presididas por novas demandas conjunturais, ourras ofi- cinas propagaram-se na Capital, respondendo por impressos de todo 0 teor & em particular, aqueles que respaldavam as atividades comerciais da cidade em acelerado desenvalvimento econdmico. A especial localizagao geogrifica desses estabelecimentos definia-se pela natureza das atividades que subsidiavam o im- tima instancia, as tipografias acompanhavam o crescimento do presso, Em Centro, espelhando sua urbanizagio acclerada, reproduzindo seu ritmo na prom dugio do trabalho grifico. As sedes das ofici maiores, a Vanorden instalara-se na Mooca ¢ a Duprat, na 25 de Margo, 76. Os as espalhavam-se pela entio periferia da cidade, Enere as qualquer de suas ruas se chegavam escritérios, contudo, concentravam-se no Tridnguln. Es podia achar, pelo menos, uma sede de revista ou jomnal. Alias notici com rapidez, circulando prestemente através de esctitdrios ediroriais que se es- tendiam pelas ruis Libero Badaré, Direita, Quitanda, José Bonificio ¢ XV de Novembro; prosseguiam pela Floréncio de Abreu, da Assembleia, alcangavam a Praca da Sé; desciam pela rua da Gléria mas também avangavam para o lado oposto, da cidade nova, instalando-se na avenida Ipiranj No Tridngudo, em particular, a Vanorden, na rua do Rosario, 9, com papela- ria na Direita, 26; a Duprat & Cia., sucessora de Jorge Seckler & C. na Dircita, 14; Martin Junior, Tip. ¢ Litografia a Vapor na rua do Rosirio, 17; 0 Didrio Po- prlar de José Maria Lisboa & Comp., na XV de Novembro, 54; 0 Didrio Mer- cantil de Léo de Affonseca & Salamonde, na rua do Comércio, 50; 0 Correia Pan- listano, de Manoel Lopes de Oliveira, na XV de Novembro, 51; a redagao de 0. Estado de S. Paulo, na XV de Novembro, que em abril de 1906 mudou-se para 0 ¢ rua Vitéria. Palacete Martinico, na Praga Antonio Prado”; a Gazeta, que se iniciara na XV 19, Solr a ocinslnagrifics, gavadore oj de heron cide de So Plo de 1850 1900, vor Jace Geoncalbes. op. ct, pp. 69-95; Crisna Antunes, Tips de Sto Pasi, Seo Palo, aime | 20, Centonris de Jo Mesquite, Si Paulo, Anbar, 196 Bors Kossoy, Sao Paulo 1900, Sio Paulo, CRPO. 092 Pienaar nt PUES) ANO TIPOGRAFIA ‘OFICINA PERIODICO 1890 Tip. Vinorden Mooca Inmprimia para estadss de fie eet REIN fis, eroprinas ioglems, bancos, Governo do Estado TW91 Tp Fenner Tnton achle (191) Tb peril 05171906 Gan hg 16 1898) 4 Brblera 1988: Lou, 1903 (faces Pca Attn Pro Sdn Polo egcine,1906 18. anal 3) O Fale, 1967 5 es Bhs ible 1196 | Tp ds indo ae TE Dice, 194 (Beran A Bch Pi se Pae Taro lo Riche 32) T9007 Te. Sad Dacre Gi (sd Meamay/ ) O Some (Castes oo lol Dor Tp Pali Ti Baar, 7179 (890) Revie deal 1996 10 sae apse ai) | ihe ners 1910 TE] Te. bank Paneer fa TFOR)| Te. Gas Gardai Dil, Aue 1903. To. Conha enw & GOR OEE Alm Ain 0 Rm Pop de Revia Texel | (Bae golds Oyen 1) Aller Real Tera, 1904 POH Tp, Smcco Ci F Quinies Boar $57 7 Somene 1903 pod Tp Wendns O Peo Fa De eka Gah Phas "ie Crs 190 | Vide Epis Ts 1903 BOD Tp. Gone a2 = 90299 Tip: a vapor de Rede Sio Bema, 48 Almanach Tustrade, 1902 s pci ory : DO” Tip. db Baw {Mode 993 g 1902 Tip. Adolpho R. Brigadciro Tobias, 38 O Lieto, Jornal Toate = DOS Tip. Adio D Broa, Vida Pekin 1906; Cini ¢ Arte, 19° Ofieinas da Palavra ANO) 1906 3 1908 1506 1908 1908 09 “1908 “1908 1908 1910 1910 1919 1930 192 Cl On ane TIPOGRAFIA Tip. © Globo ou do Globo "25 de margo, 86 Tip. Dupeat & Gi Tip Wal aK Goce i Tip, Americana de Anésio Azambuja © Ci Raa José Bonificio, 5 Tip. Lithogrphia Arvitica Rua Paula Soura, 19- Tip. Monalverne Tip. Nacional de Carls Borba Esa, Grifieo Mignon Tip: Cas Galen ‘Harpies Acouchar 6S Tip. da Empresa aya eee S Gelfce Moderna Tees Miers r ‘ “Rua XV de Novembro, 30 rage Antinio Prado Palacete Becola Tip: Es Rescahaks Travesst da Gliria, 14 Tip. Casa Griphica Tip. Paulisea Enpres Grifiea Moderna Agencia Lilla Inemacional Tip. Roma de Emilio Passsrini Tip. Henrique Grobel Tip. Paslista. de R. Narechal Deadow, 40 Jové de Napoli & Cia “R. do Rosirio, 32 (1920) RXV de Novembro (1922) Gailica de O Estado dS. Pale Tip. Stocco Benley Junior & Ci Tip. Cueto & Diss ee erm fe PERIODICO (© Crt Dalian, A Farpa, V0 © Spor, 1905; Colombo, 1906; Nene, 1906; Cie Lé, 1908 Vida Paulina, 1908 1 Pasiictia, 1908 Rovira dos Fitadss, 1908 Suavizadora, 1908 CO Festadate A Pala Fotha Roa Didmor Revie Tear A Primavere: Atlante Veriededes Orkides, 1920 ei Cie de Novembro, em 1918 estava na Libero Badard, com Casper Libero, no edit clo Mauricio Levy, depois 0 Medici, do outro lado da rua, onde se tornou 0 jor- nal mais bem aparelhado d Largo do Rosiri partir de 1905 no endereso pre se circuito, ali atendendo os escritérios de O Estado de S. Paulo, em 1906; da revista Sao Paulo Magazine, de Martinho Botelho, em 1909; A Vida Moderna ¢ O Bicho, ambas de propriedade da Empresa d’ A Vida Moderna, no n. 61; em 1910, A Lua, sediada no Palacete Joao Bricola. O quadro IV permite entrever parte do universo grifico a servigo do periodis- Sao Paulo. A elegante Praga Anténio Prado, antigo nncial des- transformou- mo, realgando sua distribuigio geografica e demais ligages, isto é, das casas im- pressoras com a propriedade das revistas, exemplificado pela Tip. Cunha [rmaos, donos da Revista Tearral e do Album Paulisca, a especialidade em trabalhos ilus- trados, como a Rosenhaim, responsivel pelo Abmanach Mbestraco, Antértica llus- trada¢ Almanaque Hustrado de Sizo Paulo, em 1920; a qualificagio da Hennies, imprimindo as mais bem acabadas, como Album Imperial, A Borboleta, Sio Pan- Io Magazine, O Ensaio, publicagées voltadas para a elite paulistana; a Tip. Paulis- ta, imprimindo revistas literdrias, como a Revista Azul, Névoase Folha Nova; res- salta, finalmente, o forte vinculo das grificas melhor aparelhadas a servigo do governo, conforme se infere das tipografias Duprat e Vanorden, que imprimiam a papelada oficial e da burocracia em paralelo 4 Tipografia do Estado. As solicitages do impresso, de monta extraordin: uma 86 oficina arcasse com encomenda de vulto. Em 1906, quando do surto Secretaria de Agricultura sol em espanhol, italiano e alemio, que s6 poderiam ser expedidas pelt Agéncia Ofi- cial de Colonizagio ¢ Trabalho. O resultado foi oficiar-se aos proprietirios das tipografias de Sao Paulo, nada menos que seis estabelecimentos — Duprat & Cia., Cardoso Filho & Cia., Vanorden & Cia., Augusto Siqueira & Cia., Manderbach & Cia, Rothschild & Cia.*'-, viabilizando o pedido em prazo razoavel. Na por- taria do governo, a presenga da Duprate da Vanorden, as mais antiges ¢ qualifi- cadas, premiadas em Exposigoes Indu: ria, impossbilitavam que irara a confeecio de 5000 cadernetas iaiy Nacionais € Intemacionais. A Duprat, fundada por H. Knosel em 1862 ¢ adquirida por Jorge Seckler em 1890, com a cuforia do Encithamento transformou-se em Companhia Industrial de Sio Paulo, propriedade de comerciantes abastados, com Duprat como geren- 21, Lacy Masi Hunter Digna Iealirms on Sio Pala, So Paks, 1EB, 1ORG. py. 104 oyx9i00) > ovxel TYPO-LITHOGRAPHIA ee ‘ra, Rrtigos escolares © para erporios, Papelara, Stereo- Bincegraphia woes io ieee pia wis ew wow IS | CASA DUPRAT | Oficina € Depsio: RUA 25 DE MARCO N. 86 | lei RUA S. BENTO N. 21 | es teages epesne ssctctits ai Poo 82 <> 8 PAULO No Podercsos Complexos Graficos Davam Suporte 8 Eferveseéneia do Periodismo + A Casa Duprat seria adquirida por comerciantes abastados, entre eles 0 Bardo de Duprat, futuro prefeito de Sao Paulo (1911-1914) & seu iemio Alfeedo Duprat, futuro presidente da Cia. Construtora de Crédito Popular. Tradigio, podetio econdmica politico sustentavam 0 empreendimento, Fachada da Casa Vanorden, uma das mais i Ofieinas 22 Palavra te. Em 1902 a Duprat & Comp. tem como sécios 0 Baro Raimundo Duprat, futuro prefeito de Sao Paulo [1911-1914] e seu irmao Alfredo Duprat, futuro Presidente da Cia, Construtora de Crédito Popular [1913] com interesses em diversas outras companhias”. A Vanorden, fundada em 1888 por Henrique ¢ René Vanorden, possuia se- io de encadernagao e gravuuras em ago e cobre, Na virada do século contava com 180 homens na oficina da Mooca, 25 na papelaria e mais 40 na fibrica recém- fundada para manufatura de colchetes, concluindo em 1910 o edificio de 2 an- dares, em 5.000 metros quadrados na Mooca, além da papelaria na rua do Rosa- rio, Fazia todo 0 trabalho de estradas de ferro, empresas inglesas, bancos, € governo do Estado", Contudo, nesse universo emergente, atuava um agente decisive, pouco lem- brado no quadro da histéria da editoragio. Ali estava 0 grifico, profissional res- ponsivel pela avultada produsio periddica na Capital do Café, 22, Imprases do Brasil no Séoulo XX, Londes, Lloyd's Greater Britain Publshing Company Led, 1913, vol p67, 28, Impress, op. cit. pp. O8P-TH Por Tras da /Téquina Na Capital paulista, recém-saida da ordem escravocrata, o gréfica compar cia como um dos raros profissionais especializados, a servigo de um oficio que pela sua propria natureza ~ a arte de imprimir letras ¢ criae 0 impresso ~ 0 con duzia zo saber diferenciado daquele dos demais segmentos de sua sociedade. Mais do que isso, o oficio era a porta de entrada para talentos literarios que nao dispu- ham de outra forma de acesso aos redutos letrados. Machado de Assis ilustra essa alusio, iniciando-se em 1857, aos 16 anos, como tipégrafo na Imprensa Na- cional, érgi0 do Governo. Alternativamente, a profissao possibilitava a busca de tragos de distingdo ¢ colocasio social, conforme se inferiu no mulato Joo Henriques de Lima, pai do escritor Lima Barreto, aprendiz de tipégrafo no Imperial Instituto Artistico do Rio de Janeiro, estabelecimento modelo na época. © aprendizado garanciu-lhe a profissio e, sob a protegio do Conde de Ouro Preto, colocou-se na Imprensa Nacional, como operirio de primeita chasse. Em 1888, traduaiu a obra de Jules Chaye, Manual do Aprendiz Compositor, trabalho de grande valia, dada a inexis- téncia de titulos sobre aquela matéria em portugués". Entretanto, passaram a coexistir, intimamente imbricados no profissional do impresso, 0 tipdgrafo ¢ o leitor, integragio a que se auto-refere 0 ex-aprendiz de oficina tipogrifica, o escritor Humberto de Campos, em suas Membrias Inacabadas. Eu gosava de ler. Eu amava os livros, € acentuava esse gosto na passagem pelas tipografias”, 24, Raimundo de Meneses, op. ¥oh 1, p. 181 25. Humberra de Campos, Memirias ncahadas, op. cit, parte |, pp. 262-263. 9yxayUe) 9 7x9) Be nas 4a Palaura No mesmo sentido, o depoimento da paulistana D. Brites confirmava o sig- nificado da profissio como expediente e/ou suporte para o homens de lecras, evo- cando Roldao de Barros: O profesor Roldao lecionou pedagogia na Escola Normal, [...] Foi colega de meu ir- mio mais velho ¢ estudou trabathando na tipografia. Teabalhando em Santos, como tip- grafo, dormia uma noite sim, outra nao, Foi assim que se formou. Um roteiro, codavia, era constante no percurso de levas significativas desses profissionais: da grifica para o jornalismo, desse pata os sindicatos e ai, a identi- fica¢io com as correntes anarquistas. Desse trajeto, a representagio exemplar é de Edgard Leuenroth™, grafico joralista, figura absoluramente identificada com as lutas da classe operéria no Brasil”. Nao obstante qualificar © profissional, responsavel pelo mais intelectual dos servigos manuais, a atividade grafica era associada a trabalho irduo, exaustivo, a0 qual recorriam os menos aquinhoados pela fortuna, Vale lembrar a precaric- dade das oficinas da virada do século, instaladas em cmodos exiguos, pores sem ventilagio, muitas delas desconhecendo a luz eléerica, onde se exigia a mixima concentragio na montagem dos tipos, em meio 20 barulho intermirente das ma- quinas, ainda tio primitivas. O jornalista Antonio Figueiredo rememora: [..]as tipografias ¢ as revises eram focos de tuberculosos. Alguns opersrios se haviam rado das lides, ¢ os espetéculos das hemoptizes me foram dolorosamente frequentes”. Horas indiscriminadas e intermindveis de trabalho e remuneragio menos que sofrivel, nao obstante sua qualificagio os fizesse tributarios de um dos melhores salicios da categoria de operirios ¢ artesios. Em 1911, o tipégrafo recebia de 5.000$000 a 8.000800 ¢ o litégrafo entre 7.000800 e 12,000S000, destacando- se no quadro de profissionais especializados (Quadro V). J4 em 1890, um sintoma da maturidade do setor grifico na Capital, com 0 surgimento da revista A Arte. Iniciativa de tipsgeafos do Jornal da Tarde que trazia artigos dos também tipégrafos Arlindo Leal, hilio Garcia, Vicente Reis, Arnaldo ¢ 26, Feléa Bosi, Memdria « Sociedade. Lebrana de Vells, Sip Paulo, Companbis das Lets, 1994, p. 293. 27, Vet Vara Maria Aun Khoury, Edgend Lenenreth: Uma Voe Libersiria. Impreise, Meretria e Miltincia Anarce-sintcalsa, Sie Paslo, Doutorade EFLCH-USP, 1988, 28. Ver Prontuirio de Edgard Leuentoth nos Arquivos Deops 29. Anvonio Figueitedo, Memériae de Um Jornalin, Sio Paulo, Edicats Unies Lida., 1933, p. 98. rN) CATEGORIA SALARIOL Confeitcitos, colchocitos Barbeitos, lpidadores, lustraderes 38 a 48000 Chapelciros| 38 a 58000 Aliate 48 a 58000 Encanadores,caldcteiros, calcetcis, carpintciros 58 a 68000 cautdores, foguistas, handidores, marcencicos Tipigrain 55 « 85000 Fanileios,pincores 65 a 79000 Ferrites, tomeiros, pedrctos 65 a 85000 Ajustadores, serrilhciros 78 a 88000 Mecinicos 7S a 108000 Livia 7$.a 128000 Escultores 108 2 158000 René Barreto e do proprietirio Alfredo Prates. O artigo-programa insistia na ne- cessidade de agremiagio da “classe”, vivendo até entio apartada e sem estimulos: Congregar em torno de uma idéia nobre e elevada todos os que professam a arte tipo grifica [...] eis o que pretende esta folha vindo pedir 20 patriético jornalismo paulista esse lugar nas suas fileira.(..] No isolamento em que vivem os nossos tipégrafos, sem estimulos, sem acordos de vis- tas, sem um desejo veemente de melhor futuro, sem solidariedade nos deveres [...] deve-se buscar a causa principal de sua nenhuma representagio em nossa sociedade. Mas é urgente que essa lacuna profunda e deplorivel desapareca: € para ris do meio em que labutam os nassos campanheiros de trabalho, que A Arte entra na lisa pedindo aos seas coleges da grande imprensa um lugar ao lado seu, o lugar dos pequenos € hhumildes que sabem fazer da sua humildade e pequenez um orgulho e uma forga poderosa, quando a dignidade os inspira e a justiga os impulsiona Ja de vez ¢ completamente 30. A Arte, Sto Paulo, Jornal da Tarde, 1890, n, 1, Afonso.A. de Freitas, op. cs pe 681 9yxaqu0) 2 03xal 180 181 Nao obstante 0 texto timido e incipiente, a iniciativa resultava em fato aus picioso. Sinalizava a configuracao da categoria grifica, encetando sua identidade politica. A revista A Arte surgia como espaco de representagao ¢ reivindicagio, por iniciativa de brasileiros, antecipando-se as agremiagées de forte lideranga politica estrangeira imigrante, que predominaram nos primérdi ciais no Pais. Nesse mesmo ano, a Unido dos Tiabalhadores Graficos con: se numa das primeiras associagies de classe da figuras expressivas do sindicalismo. Considerado entdo 0 mais poderoso ¢ bem organizado sindicato, implantado por homens de vanguarda da classe opera promoveram publicagoes sobre = das Jutas so- ituiu idade, alinhando em suas fileiras ia, condigoes da profissao ¢ auxiliaram a forma- Gao de outros sindicatos grificos ¢ Ligas Operirias em diversas cidades do inte- rior, Em 1904, entre outros, circulava O Tiabathador Grdfico, Orgao Representa- tivo da Unido dos Traballadores Grificos" Nese sentido, a bibliografia das lutas sociais do Brasil © geifico como pioneiro nos movimentos reivindicatdrios da classe operiria’®, O depoimento de D. Brites, recuperado por Feléa Bosi, é significativo, 20 reme- morar: “{..]_ naquele rempo nao se falava em comunismo, Conhecia os grificos que eram anarquistas™, Agente social fora dos expedientes de primeira pigina, 0 anonimato do gr nado em relatos ao jornalista Antonio Figueiredo: ico € cont —O Sr. compreende. Aqui 2 arte tipogrifica € uma listima. Somos tratados como le- prosos. Na Europa, ¢ mesmo no Rio, ja se tem noutra conta o humilde colaborador da oficina. Na Feanga e na lkdlis os grandes jornalistas vio as oficinas discuir problemas poli- ticos com os componedores. Entre nés, veja 6 que sucede ~ 0 secretario de redagao mal nos cumprimenta, Que prosipia! E esses individuos nem se lembram que foram cipégrafos como nés, Machado de Assis € Quintine Bocaiuva, (..] E terminava esta lenga-lenga, pe- dindo emprestado $200 para o café. © mesmo Antonio Figueiredo recupera a introdugio do linotipo, quando as discriminagoes se intensificaram: 31. 0 Trahalhador Gnifico, Organ da Unio de Trobathedore: Gros Sao Paulo, Tip. Andride & Mello, 1904 Apted Manse A. de Fein, op. cts p. 952. 32. Maria Nazareth Ferteira, A Inprensa Openivia no Breil. 1880-1920, Detripolis, Vorss, 1978: Sheldon Leslie Maran, Anarguiseas, nigra e 0 Movinneno Operivis Bealeira 1880-1920, Rio de Janeeo, fase ‘Teera, 1979; Leila Maria da Sie Blass, Dnprinyindo a Pripeia Hinhria, O Movinena dos Toshathadorer Ginifcos de Sao Pauls no Final dos dns 20, San Paulo, Edigoes Loyola, 1986 33, Ecléa Bosi, Membria e Sociedade, op. ct p. 334, M. Antinio Figueiredo, op, at. p. 76. Quando entrei para a imprenss (1903), faziam-se as primeiras experiéncias com os linotipos. Na oficina assentaram trés dessas maquinas, que viria revolucionar, como revo- lucionou, toda a arte grifica. Ja se acentuava, com nitidez, a rivalidade entre tipégrafos ¢ linotipistas. to compenetrados da superioridade mecinica e, como ganhavam mais, se tomayam reparados pelas suas fationas e seus chapéus de coco. Sairam da “eaixa ja renegavam [sied” Estes, mu No enderego grifico, lidando com a graxa da miiquina ¢ os tipos de chumbo, estavam os operétios da imprensa, agentes que “imprimiram a prépria histéria”, através dos qua se chega mais perto da produc’ itincia socialista, anarco-socialista e at o periodistica pauliseana, No rquista, o caminho inver- so também ocorria, quando ativistas daquelas praxis e do jornalismo integravam- se ao cotidiano grafico, em geral por razées ideolgicas. Nese ambito, foram contemporaneos daquelas primeiras manifestaces sindicais, em estreito convi- vio com tipégrafos, Silvério Fontes, médico, pai do poeta Martins Fontes; Fabio Luz, médico higienista, professor ¢ jornalista; Octavio Brandio, escritor; Raul Pompéia, escritor; Lima Barreto, escritor; Astrojildo Pereira, jornalista. A caracterizagio desse operirio da imprensa apontou suas tendéncias revolu- rias, cujo embriio emergia do proprio cotidiano de trabalho, escrita, informagao ¢ esclarecimentos de toda ordem. Inevitavel, pois, seu perma- ciona is voltas com, is ndo sé era nente corejo com as precarias condigoes de sobrevivencia, das qua vitima, como reconhecia, com mais propricdade, as injus descu tempo. Essa mengio ao “fazer-se de consciéncia de classe” do tipdgrafo foi efetiva, sobretudo, para um segmento dessa categoria profissional, isto é, 0 operirio imi- pal do proceso de politizagio do operariado brasileiro™. Carte politico préptio, que transportaram para o cot ta, disseminando ideai grante, em particular o italiano e espanhol, cu jpacio constituiu a base avam um tempo da Capital paulis- € utopias “Todavia, outro segmento da categoria, com formagéo ¢ conduta diversa, re- sultou em profissional de perfil diferenciado, quase um tipégrafo da Ordem. A servigo do sistema, br ‘ros ou estrangeiros, sua formasio se dava numa das 35, Idem, p76, 36, 0 exo do tipdgrato Heitor Marchini & xemplat. Aqui sportow trizende tn tempo politica prdprio. Nas ido em Flatenca, participow com Cafe sem Benevento, em 1R7B: tr-ce ce ovttos do levante miliaste anarquista por acasiio ds diviio iaeenacionat, ¢ por volta de 1892 veia para Sio Paulo, onde fot rganieador de um sindicata lider, CF, Matia Navarsth Ferrets, op. et. 9 eqxaits) 2 opel Ofisinas da Palavra instituigdes mais favorecidas pelo novo regime, o tradicional Liceu de Artes € Oficios de $0 Paulo”, criado no bojo das propostas para educagio popular. Os alunos, de origem modesta, ingressavam na instituigo através de selecio, bastan- do como requisites saber ler, escrever e contar, convivendo num aparelho adminis- trativo da maior atengao do governo. Vale lembrar a diregio longeva do arqui to Ramos de Azevedo, secundado por docentes cujos predicados adequavam-se as expectativas da elite paulistana. O curso para ripégrafos, Artes Grificas, administrado na Classe G, peniltima classe das Oficinas em Artes Complementares, compreendia aulas de Tipografia, Gravura, Encadernagio ¢ Fotografia’, produzindo mao-de-obra que encontrava em Sao Paulo a maior demanda de mercado do Pais, Desta disciplina, sairam alguns dos profissionais da drea que diversificaram suas atividades no campo do impresso: nao 36 grificos, mas ilustradores, gravuristas, encadernadores, fordgra- fos requisitados, sobretudo, no mercado petiodistico, em franco crescimento face as exigéncias do aumento da populagio e da moder Oa cas de impressio, confirmava, em 1917. 0 trabalho superior dos alunos do Li- izagao técnica. ritor ¢ editor Monteiro Lebato, familiarizado e exigente com as ¢é ceu, admitindo: Em artes geificas as éguas Fortes ¢ nanguins de Ranzetti, Paulo Giusti e Garuti denun- ciam a boa diresao que Ihe dao prof, A. Divani” Foram ess técnicos especializados, corpo docente ¢ discente, formados no Liceu, que atenderam & demanda das revistas, no momento em que fissionalizaram. Proprictitios ¢ edirores de revistas saem em busca de profissio- nais como Alfredo Norfini, por muitos anos professor naquela Instituigio, que se tornou ilustrador da Vida Moderna e mais tarde diretor artistico da revista Sao Paulo Hlustrado, em 1920, na qual também anunciava suas aulas de pintura”. se pro- 57. Licen de Artes e Oficios de Sin Paulo, eiada em 1873, denominea-se inicilmemte Sociedade Po da Insrucio Topi, vindo de encomera 3 demanda do mercado de trabalho crado pelo crescimenta re ‘Aus de 14.12.1873, em Ricardo Severo, ‘peiuinn de capil dca. farm ices de Ares « Oftios de Sito Pauls, 8 38, O curso de tiigrata inseria-se em rts Conplementans, que comprecndia 2s oicinss: | Ornamentinta — Daecarasin — Esvafon — Taposoriae IL Eletotgenica ~ Aplicagbes so Mobilitioe Instalagoes Domésticis. Risto Severo, op. city sl. 59. Monmteito Lobito, 0 Fstedo di S. Pela, 1 40, Sao Paulo Mlucradn Sio Paulo. Tip. BOFSP. 1920, an Uo 1 cenicor expeciaicado alo, si ox Griicas ~ Tipografia~ Grivura~ Encadernagie ~ For i 1917, spud Ricardo Severo ape, 9. 18S Diga-se que naquele universo grifico, o ilustrador subsidiou a producao pe- ilica, por vezes em atuacao mais importante que © proprio redator. Profi ti io nal do momento, a servigo da imagem, sua presenca era imprescindivel, fosse por reproduzir as novas técr cas ou por qualificar a publicagao com seu traco, garan- tindo colocagio no mereado. Beluzzo, 20 analisar a obra de Voltolino, viu a ilustragio como instancia definidora do programa do periédi gdes menores, representati 0, especi mente em se tratando de publica- ves de grupos de opiniao. Circunscrita ao ponto de visca editorial, compreendia “|...] a capa-abertura, destacando 0 evento mais sig- nificativo do corpo da revista; © desenbo-ci mentario, da ocorrencia polemizada no texto editorial; o desenho propiciando a entrada de mais de uma noticia; 0 dewenho-cabecatho fixando as colunas da publicagio”* Nase ambito, as revistas paulistas primaram por contribuigio qualificada, inaugurando um novo mercado também para o profissional da ilustragio em suas varias tenicas. Pintores, caticaturistas ¢ fordgrafos dimensionam o significado dos ilustradores grificos na virada do século, responsiveis pelo acurado registro critico de quem viveu e documento a época com calento e sensibilidade 41, Ana Maris de Moraes Belluzo, Voltulino ear Razer do Moderniano, Sao Paulo, Doutorado FAU-USU, sl oyxaquc) 2 04x2] Ofieinas 4a palaura letra & Imagem No segmento imprensa, dos mais beneficiados pelas inovacies técnicas que foram de tal ordem, que, ¢ vamente, interferiram no cotidiano, incorporadas de pronto pelo Pais aberto a viver sua mudanga, fosse aquela da ordem politica, introduzida pela Reptiblica, ou aquela do idedrio da modernidade, anunciada em particular nos centros avan- gados europeus. Guardadas as devidas distin marcaram a virada do século, as transformac: s ¢ temporalidades, aquela passagem de século em muito se assemelhou ao que hoje vivemos as vésperas do novo milénio, com as conquistas da informatica. Na mesma proporgao, e talvez com a mesma inten- sidade, impressionava e assustava a rapidez e a quantidade de informagées pro- porcionadas pelos meios de comunicacio, em ambitos varios. Naquele da loco- mogio — a velocidade dos trens, a rapidez. dos novos vapores, 0 impacto do aucomovel, os ensaios da aviagao; na comunicagao da noticia ~, 0 telégrafo, 0 telefone, as agéncias noticiosas como a Tass, por exemplo; no espago da escrita, oy tipos mecinicos da Remington, batendo sem parar; anunciando todos esses feitos, a propria imprensa, ¢ em outra dimensio, desde 1896, 0 cinemarégrafo seguido pelo cinema, cuja primeira imagem, dos Iemaos Lumiére, no foi outra seniio a do trem, condensande ali todo © impacto da veiculagio da imagem em movimento, da poténcia da maquina, do show da velocidade; ¢ do surpreendente fondgrafo saiam sons diversos, trilhas sonoras possiveis para a sucessio de espe- téculos. Todavia, como i stramento corolirio, suporte para a divulgacéo disso tudo, imprimindo-lhe ritmo ainda maior, potencializando todos esses feitos, es- tava uma imprensa mecanizada, que descobrira no linotipo e nas rotativas a produ- aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Ofieinze 42 palaura rioca, com titulos referenciais para todo o Brasil isto, nao obstante Sao Paulo jé ao Paulo Magazine, de 1906 contribuir com publicagées de qualidade como $ O Pirratho, de 1911. De fato, também na Capital paulista se dera a apropriasao dos mévodos fotoquimicos de reprodusao em detrimento do artesanal. A flagrante excitacio pela incorporagio do “novo” comandou o ritmo frenético da cidade, vivendo sua mudanga repentina. Nesse sentido, o periodismo paulistano revelou préticas ¢ cont compasso reciproco. No tocante as técnicas de impressdo, imperaram recursos de vanguarda, enquanto os contetidos veiculados guardavam laivos, senao culti- vo explicito da tradigio. Naquela voragem de destruigio do passado, perpetrada lidos em des- em parte pela conexio intempestiva 2 moderidade, surgizam grupos em defesa dos valores do Pais, no propésito de nao perder o Brasil de vista, grupos que ti- veram forte representagio nas reviseas. Cultivando a tradigio, buscando as ori gens, suas posturas iam do aprendizado do tupi-guarani ao endosso temadtico dos simbolos de “nacional”, cantando com énfase ufanista em prosa, verso e agora imagens, os valores da Patria. A imprensa, através dos jornais, ¢ sobretudo das revistas, exemplificou o delitio ¢ arrebatamento que as Remingtons, Kedaks ¢ Marinonis imprimiram naquela Paulicéia, reproduzindo nao s6 0 entusiasmo pelo novo mas, igualmente, a investida na tradicao. A vanguarda da técnica ja entrara pelo Rio de Janeiro. Na Capital do Pais & beira-mar, cosmopolita, aberia ao mundo para receber prioritariamente as novi- ram primeiro, Em 1889, a Revista Merctirio api projeto de veiculacao sistematica de propaganda ilustrada, ¢ a Revista da Sema- na, de Alvaro de Teffé", em 1900, empregava métodos foroquimicos de repro- ducdo; Arthur Azevedo langava a revista semanal Q Album", com Paula Ney na diregio ¢ Emilio de Menezes como secretirio de redagio, totalmente inovadora nna temitica ¢, sobretudo, no uso da fotografia. Em seu Cavaco Preliminar, anun- ciava o triunfo da fotografia: dades, as modas che; sentava, ca 43. Alvaro de Teflé cea irmao de Nair de Teé [Rian),a primeira cariarurist do Brasil esposa do Presidente Hermes ds Fomeca, Hihos de Basin de let, 9s itmaos haviam marado mutos anos ma Europa, amilari- tados Primera Base Ariana: 1909-1926, So Paulo, Mesteade ECA-USP, 1990 {enieo | 4. 0 Alon, Rio de vei, jan, 1893, Escitorio, Ran dos ures, Tsassinatara, 248900 por serie de 52 nas novidades grficas. Vir Maria de Péima Campos, Rians A Prineins Caricaarista Bona rimeros, © 128000 por sétie de 26 nimeros: mimeo anulso por 500 rs Ja em grandes cira- {| A fotografia marow a gravusa desde que se conseguit impr gens, dando-lhe 20 mesmo tempo uma inalterabilidade indi vé,0 criunfante processo dos nossos retratos, que nao hesitamos em recomendar camo ver- ladeitus modelos do genero. utivel. A forotipia é como se amos acreditadas oficinas da Com- cuidados de nosso amigo Joio pitico ¢ habilitadissimo co-proprictirio ¢ gerente daquele estabelecimento arestico ¢ industri Ess parte, muito importante de Album, con panhia Fotografica Brasileira, ¢ especialmente aos bor Gutierrez, 0 sis Incumbiram-se do trabalho topogeifico os Sts. H. Lombarts & C, cujas oficinas rival zam com as melhores do mundo, A velocidade insistia em acelerar seu novo ritmo, Por volta de 1895 0 periodis- mo dirio se utilizava de uma Dilthey, que imprimiia 5.000 exemplares por hora, € em 1907 a Gazeta de Noticias adotava o cliché em cores para, finalmente, as nxiquinas Marinoni imprimirem, cortarem e dobrarem um a um todos os exem- plares que saiam aos milhciros, nao obstante serem distribuidos em carrogas®. Em breve, a fotogravura domino tudo, 0 que levava Lima Barreto a lamen- tara parciménia dos periédicos para com os caricaturistas, pois segundo sua cri- tica “os nossos jornais de caricaruras so hoje mais jornais de forogravuras que qualquer outra cousa neira revista a utilizar A Semana Hustrada de Henrique Fleiuss foi talver a prit caticatura, em 1860, petiddico que se manteve por dezesseis anos; a Gazeta de Noticias iniciara em 1896 a publicagao de portrait-charges de politicos ¢ homens de letras através das caricaturas instantineas de Juliio Machado, ao lado de per fis pessoais redigidos por Lticio de Mendonga; em 1898, 0 Jornal do Brasil es- tampava caricaturas diariamente; O Paise 0 Correia da Manhdseguiriam 0 exem- plo; em 1907, a Gazeta de Noticias divulgava charges em tricromia, isto é, clichés coloridos", Em Sao Paulo, melhor aparelhamento grifico estava com 9 jornal O Estado de S. Paulo ¢ as ja referidas casas impressoras Vanorden ¢ Duprat, em- bora outros estabelecimentos ja investissem nas conquistas técnicas. 45. A miquina rorativa de Masinoni junto com a americana de Jules Deer; de duas margens spenss. Ver Lucien Neipp, Les Machines &imprimer nce de George Dangon, Lars, Club Isbliophilie de Hance, si 46, Flora Sussekind, Cinemarigra ds Lemas, Lieratra, Técnice ¢ Modernizacto no Brasil pana das Letras, 1987, p. 26; Nelom W. Searé, op. city p. 266. 47. A Exagio Teaal. Apu Lima Batrto, Impreides de Letur op ch p 48. Consta que as primeras caricaturas sio de Manuel Araujo Porto Alegre, inciadas em 1837, ainda que nio assinudas niciando com vilogravuta passou para litogavuts ¢ a gravura em zineo ¢ cobre, Maria de Fat cam & margens fora langada em 1867, na Exposicie Univeral de Pass depuis Gasenbor, Px io Pala, Com pias ah ee yxaqo) 2 0x2! 188 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Cor Arte e Modernidade Tézniea em Jexto Antigo + Por vezes, a despeito da modemidade técnica e do ee ene ee Rc ee re eT Boheinia, Sio Paulo, 1896, n. 8. + 2, lis. Revista Mensal de Letras, Ciéncias ¢ Artes, Sao Paulo, 1905, n. 1 Palaura Oficinas da Publicagéo mensal, exclusivamente destinada as letras, ciéncias ¢ artes, serd ela um modesio, mas itil florilégio, na qual, em proveito da intelectualidade brasileira, poderso os seus colaboradores, ao lado das produgoes inédias, salvar do olvido excelences trabalhos Titerivios, sepultos, desde muito, nas pig trabalhos que, apés receberem uma forma definitiy po, quanto mais no seja, como documentos psicol Nao temos, pois, a preacupacao do in Para nés, 0 ineditismo nao constiue a tinie to. As condigées de publicidade, a nosso ver, em nada influem sobre o valor artistico ou literdrio de um trabalho. [..] © nosso intuito, salvando do esquecimento |...] alguns belos trabalhos sobre letras, cigncias ou artes, € proporcionar aos leitores de RIS... wins k ws de revistas, jomais ou publicagées extintas, merecem ser relidos a qualquer tem- 105 de nossa época, 1m a melhor recomendagio de um escti cura leve, variada &, quan: to possivel, brasileira. Sim: brasileind Tanco assim & que. na secio de excertos, rerio sempre a preferéncia, no domfnio da lingua portuguesa, os escritos de autores nacionais, ou os tra- balhos relativos a cousas de nossa patria”. Essa fala relacionava-se a tantas outras que, enquanto viviam a agonia do artesanal, temiam cair no superficial; ameayadas pela fotografia € as novas técni- cas de reprodusio procuravam, obsessivamente, a singularizagio™, Mas o apelo das revistas, acoplando-se & vanguarda técnica, vinha mais forte ¢ exaustivo. Na revista Hustrapao Brasileira, de 1905, 0 anincio da venda de clichés, distribuia-se em todos os pés de paginas da publicagio, com as frases, em torrente: Recebemos encomendas de clichés. Temas unt imenso stock de clichés. Mais de 20.000 chapas. Uma visita a0 nosso atelier de forogravura nada custa. Vejam a nitider. de nossos clichés. Queira pedir o dlbum dos nossos especimens de clichés. Queira enviar fotographias para serem estampadas na Sisustragiie. Nada se cobra. A superioridade dos nowsos clichés ¢ incontestivel. A melhor reclame € a que se faz por meio de Fotografias. Nio fizemos recla- mes para nossos clichés. Eles se recomendam por si, pela sua perfeigio ¢ nitidez Queira dar-nos uma encomenda de clichés, a titulo de experiencia. Quer senhor que forografe 0 seu estabelecimente? Basta um avis co, sob qualquer sistema. Prego médico [sil™*, Hustragizo Bruileina, Fareros cliché em cobse 2in- A diagramagao foi privilegiada, investindo-se em sua inovacio técnica. A re- vista A Garoa™, de 1921, imprimiu seu artigo de fundo em forma de figura geo- 54, Iris, Reina Meme ede Letra, all inias Arts dedicada is familias ¢ mecidade das excoes, Sia Paslo, 1905, 55. Flora Susickind, Cinematdgrsfo de Letras, ap cit, pp- 108-119, 56, Musto Brains, Sao Paulo, abs. 1905. 8.15. 57. A Garis, Sia Paulo, 191, 1, 1 métrica. Como brinde, chamariz para venda, outro recurso téenico: a ampliagéo de fotografia em 4050, incluindo embalagem, podendo o trabalho ser retocado a crayon ou sépia. No conjunto da publicagao, contudo, aflorava a dubiedade daquele periodismo que se queria de vanguarda, com técnica apurada mas de contetido até arcaico. Sob a direcdo de homens do momento, como o eram Al- ceu Dantas Maciel, Clemenes Campos ¢ J. Carlos, trazendo colaboracées de Afonso Schmidr, Victor Brecheret ¢ Ribeiro Couto, apresentava na segio Gale- ria de Homens Hustres a figura onipresente de Rui Barbosa, reverenciando ainda nomes de forte remit iscéncia monérquica. ‘A mesma estranheza ¢ sentida na Vide Moderna, na qual ha o constante confron- todo tratamento grafico de ponta com tematica conservadora, mesmo na seriagio de 1921-1922; ou recorrendo a exemplo mais contundente, vindo do Rio de Ja- neiro, a famosa Ilustragao Brasileira, com divulgagio dos quadros da Academia, reprodu: a passadista momentos da histéria Patria; ou os versos parnasianos de Vicente de Carvalho, exaltando © mar ¢ demais cenas ¢ eonteiides ndo em téeni evocativos da paisagem rural, da roga, do passado colonial. Ao contritio, a paulis- tana Mustracito Brasileing, de 1905, cujo contetido trazia 0 caréter provinciano ain- da tipico da primeira década do século, causava surpresa pelo tratamento técnico avangado, romando-se, de alguma forma, mesmo em seu tempo, anacrénica. Insista-se que, no bojo de um projeto nacional, Sio Paulo empenhava-se na recuperagio do Brasil - sobretudo através da nascente literatura regional, exigéncia do Estado em busca de sua identidade. Essas preocupagdes estampavam-se nas re- vistas paulistanas ja por volta dos anos de 1900, acentuando-se na década de 1910. Na perspectiva ca ameaga de um “novo” avassalador, esse cuidado com o resgate das origens — tio perceptivel em sumatios da Revista do Brasil ~ também resuleava em resistencias indiretas {ou possiveis] a0 mundo da técnica, a reprodugio em sé- rie, & paisagem industrial, 4 massificacéo e anulagao dos tragos peculiares do Pais, ‘A revista foi, naquele momento, a embalagem industrial moderna, para tex- tos ainda de farura parnasiana. Esse choque entre o visual modemo e o interior antigo ilustra a defasagem cultural ¢ a contradicao vivida pelo momento. Ali se colocavam grupos, nao de todo refiatirios & renova jo em curso, mas que pro- curavam viver, obstinadamente, seu tempo cultural, temeroses pela perda de va- lores evocativos das origens ¢ sinalizadores de sua nacionalidade. Forma ¢ contetido, em ritmos diferenciados, conferiram tragos peculiares a0 periodismo paulista, naquele momento avangado quanto ao tratamento grifico oxide) 9 0x9 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Inovagdes de Todo Jeor + 4 Cumélia vinha em apresentagio inusicada, confeccionada em cecido, mais precisa- ‘mente em cetim, artigo sofisicado para a époct, procurando surpreender na forma, inovando no suporte material do petiddico. A Camélie, Sao Paulo, 1891, ano II, n. 15. Jratamento Grafieo de Ponta com Temétiea Conservadora + 0 requinte té:nico da revista estava em descompasso com o interior da publicago, cujo texto néo inovava. A Cigarnt, Sao Paulo, ano VIII. Hlustracao Pau Dye uy Rais Avs ts Minin tne nto pe mia ea 0 Poder da Fotografia + 0 efeito mulkiplicador da fotografia era colocado com sucesso a servico da propaganda politica, na festa cheia de pompa do governo de Rodrigues Alves. Ilusrapéo Paulista, Sao Paulo, maio 1912, suple- mento 20 n. 67. CFiatividade em Momento plistérieo + © tema da guerra inspirou a criatividade grifica em publicagées de todo 0 teor, até mesmo numa inusitada revista da corporacio militar, A 43. Revista dos Tenentes, Sa0 Paulo, 1918, Leitura para Todos A historiografia vem reiterando a relagio estreita entre ampliagao da popu- Jaco alfabetizada e aumento do consumo de leitura, conjuncao exemplificada nos diversos contextos de seu florecimento, sobretudo na Franga ¢ paises an- glo-saxoes"”, Na Franga do século XVII, esse dueto coincidiu favoravelmente com a eclosie do romance; em determinados paises anglo-saxdes prorestantes, especialmente Inglaterra, Escécia ¢ Estados Unidos, a dinimica foi diversa, pois a obrigatoriedade da leitura da Biblia induziu & generalizagio da leitura. No Brasil, o parte, pelo carater obscurantista da colanizagio, ao qual se somou a manutengao da ordem escravocrata do Impétio €0 pouco apreco, enfim, que o estado mondr- quico dispensou a questio, a despeito de seu Imperador “ilustrado”. A educagio popular, projeto reclamado, inclusive, nos relatérios dos Presidentes de Provincia do Império, aventado ¢ desfraldado como bandeira de campanha dos liberais que pregavam a Repiiblica, nao se deu conforme anunciaram seus arautos, que priorizavam a educacio livre, universal e gratuita, 280 no enfrentamento da questo pode ser explicado, em 59, Philippe Ariéscomsiderasao ingtesi das soviedades octets na cultura da essa uma das principal ev: Tugtes da cra modecna. Os progresos perp: dlfwsio da leitatasencios [| constieuiae p ‘ama fientein entie 0 gestoseulzuras de foro intima eos d vida coleiva. Fm Roger Chartier, "As Priticas dda Esris", Mire Vid Prinada, de Renacene ao Siena das Le fvesinago ~ emtendig como a aquisigio do saber ler e esctever do maior mimeto de pends — a crulasio malt denen da palivraexcrts~ 2 indo ot impress ~ 2 cle ransformagiesdavsivas que de maneia ined reso sie woh hp. 118, Nessa mesma ‘obra, 0 aator discorre sabre w crtendimenta de alfabeizagao pos tempos ¢espagos cul 113-126: ver ainda Rober Darnton, Bona Lieraria eRevaluzza. Q Sabmauudo das Leas no Antigo Regime, Sto Paulo, Companhia das Letras, 1987, p. 27 is diversos, pp. oyx2y8e) @ o3xe] Ofieinae da Palavra 199 Como uma tradigio de nossa histéria, as mudangas alardeadas em momen- tos ditos “revohucionirios”, sucederam-se mecanismos demagégicos de imple- mentagao do setor, sem correspondéncia com sua efetivagio na pritica. Resul- tavam, isto sim, permanéncias do anterior status quo, quando nao degeneragao dos ensaios de renovagao, atropelados pelos interesses imediatos de ascensao € ampliagao de poder das classes dirigentes do Brasil. © tema alfaberizagzo, dos ais repisidos nos discursos ¢ na imprensa da epoca, permaneceu isento de pro- posta orginica para todo o Pais, nao passando de mote meramente discursive, bradado com vigor oratério, porém, vazio de agio. A propalada necessidade da educagio, no sentido da alfabctizagio, aparccia consecutivamente nes pronun- ciamentos oficiais, nas conferéncias € no projeto civico de Olavo Bilac, endos sado por Coelho Neto, valendo-se ambos de seu prestigio de escritores muito lidos, para veicular obras “educarivas”, de forte cunho nacionalista. Na pratica, porém, nao havia correspondéncia as propostas. Por volta de 1890, no Pais que buscava 0 progresso, 80% da populacio ain- da era analfabeta. No Estado de Sao Paulo, essa porcentagem diminuia, face a0 trabalho encetado ainda ao fim do Império, por iniciativa das escolas noturnas magonicas e entidades laicas particulares, de perfil republicano; e que prosseguiu com a implantagao de uma rede de escolas puiblicas disseminadas pelo Estado, quase uma exigéncia da Republica que se queria dos cidadios. No decorrer daqueles anos, a idéia de propagar a alfabetizagao apareceu em recbnditos varios, alguns causando estranheza™. Em 1919, a Academia Brasileira de Letras, através de sugestio do jornalista Pinto Serva e do advogado Afonso Celso, propunha-se a angariar fundos para a educagao primadria. O polemico jornalista Medeiros de Albuquerque, entdo colaborador d’O Estado de S. Paulo, veio com critica mediaca: insistia na definigio de competéncia da veiculagio de cultura, atribuindo & Academia 0 cuidado com as letras ¢ cobrando do Estado, 0 envolvimento com 10. Delegava essa iniciativa 4 prépria imprensa que, tio empenhada em cobrar dos poderes priblicos o inves a alfabetizaci nento no mercado comercial, nao abra- ava uma campanha sistemiitica ¢ até impertinente sobre Edueagio. Medeiros de Albuquerque alertavs ordem, que também beneficiaria a imprensa, ainda tio ca sobre a forsa do periodismo para uma eampanha daquela rente de leitores. 60. Ver Nicolau Seweenko, "O Fardo do Homeny Cult: Literature Aaalfabetismo no Prekidio Republicane cm Abmanague, Cadernos de Literatu ¢ Enata, Sao Paulo, Brasilierse, 1982, 9. 14 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Ofieinas 4a Palavra Importante insistir no significado que saber ler passou a ter no Brasil repu- blicano, atributo significativo para o cidadao da nova Ordem. Enquanto no Im- pétio o requisito da escrita ¢ leitura no funcionara como predicado fandamen- tal A populagio marcantemente agréria, na Reptbli quadro da urbanizasio, com uma populagao, pelo menos em tese, livre da escra- vidio e imbutda das luzes da ilustragio, 0 saber ler tornou-se emblema distintivo. Nio sé para colocagao no mercado de trabalho, potencializado pelo crescimento do tercidrio, como para o exercicio da cidadania. Afinal, pela Constituigao de 1891, o direito de voto s6 cabia aos maiores de 21 anos que soubessem ler € es- crever, Eduardo Prado, ao lancar seu libelo contra o regime, publicando Fastos da Ditadura Militar no Brasil, incidia contra a medida, pois a estatis sileira mostrava que aa epoca, com uma populagio de 14.000.000 habicantes, a sittiagao se invertera. No ica geral bra- dos quais apenas 23% sabiam ler ¢ escrever, havia apenas 621.000 eleitores"”. Em 1920, a situagio mudara, embora com distorgées. Naquele ano, 0 censo mostrou que, no Brasil, em cada grupo de 100 pessoas, 65 eram analfabetas; ja no Estado de Sao Paulo, em cada grupo de 100, eram analfaberas 58 pessoas; e na Capital paulista, a taxa de analfabetismo reduzia-se a 28% para a populagao adul- ta, enquanto 65.2% da populacio em idade escolar [dos 7 aos 14 anos] jé era alfibetizada, comprovando o investimento na instrugao primaria da Capital’, Adensamento de populagio, incremento da producto, desenvolvimento de vias de comunicagao ¢ meios de transporte, aceleragio do processo de urbani- zagio ~ fizeram-se acompanhar de uma diminuigio da taxa de analfabetismo. Cuidado dobrado, contudo, hé que se ter com os dados esiatisticos. O recensea- mento da época apenas indagava do entrevistado: Sabe ler e excrever? Uma enor- me distancia separava o entendimento do ser alfabetizado ¢ do saber ler e escrever efetivament. pritica efetiva da leitura. Os depoimentos de contemporaneos desse perfodo, co- thidos por Ecléa Bosi e publicados em sua obra Memoria e Sociedade, permitem aprender parte dos niveis de alfabetizagto daqueles primeiros tempos repu- blicanos®. ; outro apartamento significativo colocava-se entre 0 saber ler ¢ a (66, Ana Luiza Mattins, Gabinete de Leitura da Provinia de Sdo Paulo: A Pluridade de wm Espace Exquesido 1847-1890, Sao Paulo, Meserada Hiseoia-UISP, 1990 [mimeo 67. Eduardo Prado, Fass da Ditadura Militar no Brash op cit, p. 36 (68, Ana Maria Inlantos, op. ct, p39. 69. Eelés Bosi ap cit Leitura para Todos + A tela académica repro- duz a familia do engenheiro Adolfo Augusto Pinto. em momento de lazer, notando-se em primeiro plano © préprio Adolfo comprazendo-se com a leitura da Revista de Engenharia (detalhe). Cena de Familia de Adolfo Angusto Pinto, de José Ferraz de Almeida Junior, 1891, éleo sobre tela, 106 x 137 em, Acervo Pinacoteca da Estado de Sio Paulo, Num recorte extremamente urbano, da paulicéia de elite aftancesada, carto- las de vida elegante, funcionérios piblicos briosos, domeésticas ex-escravas que ambicionavam para si e seus descendentes o apandgio de “alfabetizados”, estran- geiros que liam ¢ escreviam apenas em suas linguas de origem — nesse universo multifacetado ~, 0 saber ler perpassou uma gama diferenciada de apreciagées. A comesar pela limitagio desse aprendizado, que se julgava suficiente ¢ esgotado a0 término do curso primatio. © Sr. Amadeu Brés, nascido em 1906, filha de pais italianos, ele alfaiate e ela costureira, informava: ‘As escolas cram poucas, a maior parte das eriangas tinha pouco estudo, [..] Era diffcil a aquisigio de livros es veres a professora da escola; a maior parte dos meninos eram de familia pobre e quando havia alguma festa as professoras providenciavam a roupa para as criangas.[..] Naquele tempo, quem tirava 0 diploma do quarto ano jd nao ia mais & escola, era o fim”, nos teria algurm para ler [..] Fu gostava muito ter o primario completo” era corrente, mesmo para quem vivia no uni- verso da escrita, como o Sr. Arigsto, nascide em 1900 na rua Antonio Carlos, paralela & avenida Paulista © cujo pai era caligeafista Meu pai era mestre em caligrafia, pintava quadros & aquarela e favia retratos a bico de pena, que & uma arce dificil Ele gostava muico de lee [..] lecionava para criangas de casa em casa, em italiano. [...] Aprendi a ler no Dante Alighieri com 0 professor Quaranta, po- dia ter oito anos. O primeiro, segundo, terceiro ¢ quarto ano cram todos juntos na mesma sal; cle icava um pouquinho com cada aluno, [..] Sea gente errava alguma coisa, apa va com reguada: “Da tua mio ai”. “Ai, professor, cu nao vou errar mais!” A gente abria a mao com medo e... pum! Quem ia na escola depois? Ninguém! A senhora acha? Quem rei cidia no erto ajoclhava no mitho: sea gente queria levantar porque 0 milho pene joclhos. nas pernas, levava uma reguada nas costas. [...] $6 fiquei na escola um ano ¢ pou- co. O papai mudou, nao fomos mais para a escola". Anos mais tarde, a preferéncia pela revista era enfatizada pelo Sr. Ariosto, in- vélucro que veiculava cinema, a tematica de sua preferéncia: Nessa épocs lia muito a revista de cinema A Cena Muda, Eu Set Tido, € 08 folhetins do Fanfulls, como “Ui fiacte”, que vinham todos os dias em eapieulos. Meu pai sempre 0 70. Depoimento do Se. Amadeus Beis, om Keléa Basi op. ets p. LBL 71. Depwimento do St Arica, em Feléa Bos, 9, cit. pp. 154-159. Grif nasos 9yxaqGe) 2 ojxa] Ofieines 42 Palavra 205 Fang Son gli partici!” 2.€ wazia noricias para nés: “Guarda, guarda, hanno fatto una rivoluzione in Russia. A cducagio, entenda-sc, “a Icitura”, era valor precioso pam o escravo recém- liberto. D. Risoleta, filha de escravo cada com oito anos para trabalhar em casa de familia, pelo pai, em eroca de alfa- betizagio: erto em 1888, nascida em 1900, foi colo- [+1 dizia que nio fazia questio de dinheiro, qu co, [2] Quando ele me pas na casa da sinh moga di ensine a menina a tabathar, ler ¢ escrever”. ia é que me ensinassem a ler um pou- c, disse: Eu quero que a seabora me Jaadulta, D. Risoleta, que sempre trabalhou como empregada doméstica, se orgulhava da educagio que dera aos filhos. Crici todos. ‘Todos sabem ler, sabem escrever, Até meu retardado sabe ler ¢ escrever, Sei de gente rica que rem rerardado que nao sabe ler nem escrever. ‘Todo mundo admirava de x tudo bem vestidinho, com uniforme na escola, tirando diploma”. No caso dos imigrantes, sobretudo entte aqueles imbuidos de fare 'America, com projetos de retorno a Patria de origem, a alfabetizagio em italiano era pri- mordial, Sr. Antonio, filho de imigrantes que pretendiam um dia voltar para a Ikalia, nasceu em 23 de agosto de 1904, em Santa Rita do Passa Quatro ¢ veio para Sio Paulo com 10 anos. Zeloso dos valores de origem, confirma a trajetSria cortente de filhos de imigrantes na iniciagao a leitura. Minhas primeiras letras foram em italiano, O pr neiro livro que li foi I paladin’ di Francia, {.o] Na juventude It em Gabriele D’ Annunzio. Li quase todos os livros de Papini {...] Comprava-se esses livros na Libreria Iea- liana da Rua Xavier de Toledo, que importava da Itilia, Havia uns livreiros, os Fittipaldi, que comegaram a editar livros em portugues. Lia Histdria Universat de Cesare Cantu em portugués, editada por cles. Mesmo os italianos analfaberos conheciam a Divina Comédia Declamavam certos trechos transmitidos de pai para filho. Em 1928 comecei a lerem por- rugués: achei extraordinério Alexandre Herculano, Camilo Castello Branco, Minhas posses ram muito pequenas: tirava da biblioteca, emprestava de alguém (si. se muito no Br: aliano Quo vadis |} 22. Hem p62 73. Depoimento de D. Risolets, em Eeléa Bos, 9p. cit p. 371 74, Hew 9. 395. 95, Depoimenta de Se. Antonio, eles Rosi, ap. et. p. 287. E a leitura passou a ser atributo classificador, digno de admiragéo, pritica conferidora de status, D, Jovina, nascida em 1897, em Ribeirao Preto, filha de engenheiro dz Mogiana, que mais tarde até saiu na Revista Renascenga, rememo- rava a admiragao pela irma, leitora voraz. Eu tinha um entusiamo por elat Quando eu tinha onze anos, ela tinha quinze e havia ido 72 livros! Na época nao se tinka a facilidade de hoje para conseguir livres. [..) papai deu Dom Quixote para Preciosa ler nas férias. Deitou na cama com o livro e ria e achava tanta graga, mas tanta, que a cama com rodinhas de ferro ia para frente ¢ para trés.[..] lemos Joao Kopke, Silva Pinto... livros interessantes. [..] Uma vizinha, D. Mariquinha Marques, ime emprestava livros. [4.] Li pouco em crianga: Ros de Taneburge, Genoveva de Brabente, As Meninas Exemplares, As Férias, Os Desastres de Sofia, da Madame de Ségur”, Os professores em potencial passavam a existir entre os dotados de maior es- colaridade. Mesmo nas familias bem colocadas, na maioria das veres, oaprendiza- do se iniciava com a mae ou irmaos mais velhos, A mesma D. Jovina confirma: Em nossa familia os iemos mais velhos é que preparavam os mais novos para a Esco- a Normal. Em 1911 entrei para o primeiro grau ds escola Normal. Na escola havia um ginasium onde se praticava esporte e se estudava quatro anos de francés. [..] Todo mundo recebia catilogo de Paris: Au Bon Marche, Galerias Lafayette, Le Printemps. Vinham segio de blanche [lingeri@| com desenho de pegas ¢ 08 pregos. Os artigos agora me parecem barxtis- simos. Eu mesma mandei buscar um marabout de penas para por no pescogo. [...] Meu pai assinava revistas francesas: LTngéniewr, La Nature, Lillusiration, que exam lindas, no Natal vinham cépias de pinturas célebre: que se punham em quadro, Ele tinba admiragdo pela Franga, (por Voleaire, por Deuder. Liamos muito literecure fiancese tvaducida, Li Os Miseriveis em cinco velumes, Paulo e Virginia. Quando acabei Os Miseriveis caf em pranto. D. Aninha é que ‘me arranjou os livros. D. Aninha foi lavadeina de minha tia e lia, lia” Entre o romance folhetim ea revista, esta por vezes predominava, conforme se infere do depoimento de D. Alice. Nascida no Vale do Paraiba, filha de vitiva que trabalhou como doméstica em casa de advogado famoso, primeiro na rua Martin Francisco na infancia, depois, nos Campos Eliseos, estudou até o tereciro ano, e saiu da escola ao ser reprovada em matematica. Hoje, gosto de ler, mas nao lembro de livros, jornais, quando era crianga, nem ridio, No terceiro ano precisei sair do grupo, nio tenho nem o primério completo. (..] Nao fem- 76. Depsimento de D. Jovins, em Eelés Bos, 2p. ct, pp. 268-279, dem. 281. Gsifo oe, aaxequo) 2 o3x0f 206 Palaura 207 bro do jornal que chegava em casa, mas lias revistas Ex Sei Tudo, & Cigarra; as eriangas liana OTico-Tico. Nao lia jornal, mas lembro do crime da mata’. A segiiéncia de depoimentos, circunscritos a segmentos sociais diversos, revelou que as leituras correntes ainda privilegiavam os classicos internacionais, com pouca ou nenhuma mengio sos autores brasileiros; mais restritas ainda as lembrangas de periddicos. Em se tratando de leitura, a valorizacio era do saber livresco. Ao final da década de 1920, mencionavam-se leituras esparsas de revis- tas editadas no Rio de Janeiro que contavam com amplo sistema de divulgacao, representadas pela Renascenca e por Eu Sei Tudo, A Cigarra e O Tico- Tico. Aeescolarizagio tinha fins pragméticos. Tao logo se acabava o primério, encer- rava-se 0 ciclo de aprendizado. Com primério completo, se colocava no mercado de trabalho, se inseria na sociedade. Concomitante, prosseguir nos estudos nao era tarefa facil. $6 para aquinhoados da fortuna, confirmando 0 traco peculiar da iniciativa publica de educacao, que montara uma rede de ensino primério de proporgées consideriveis enquanto limitava sua intervencao nos campos do ensino médio ¢ superior. A democratizagao das oportunidades de escolarizagao restringiram-se 20 ensino elementar, subtraindo-se da populagao o ingresso a0 gindsio e ensino superior Infere-se, pois, que a valorizagao do ensino e divulgagio de aucores nacionais, disseminadas & exaustao nas revistas paulistanas, circunscreveram-se tio-s6 aos representantes de fragées de classe, em particular aquelas que freqitentaram as Escolas Modelos, aparelhos reprodutores do idedrio nacionalista republicano « servico do Estado. Cabe ressaltar que essas instituigées tinham sua imagem mag- nificada nas revistas, através da seqiiéncia de forografias dos recém-construidos, edificios escolares, implantados como poderosos templos do saber, configuradores de um “Estado Ilustrado”. Essa rede de ensino to veiculada pelo periodismo, a0 fim eo cabo, limitou-se ao usufruto de parcela relativa da populagao progressista ¢ laboriosa que as mesmas revistas cuidavam de divulgar. Na perspectiva do mercado da leitura, os resultados foram satisfatérios. Da zona rural & urbana, criaram-se escolas regionalmente adequadas para erradicar oanalfabetismo. A regio central ¢ 0 litoral, com maior densidade demografica e populagio urbana, apresentaram a mais elevada taxa de alfabetizagio, tanto para 78. Depoimente de D. Alice, em Eeléa Bos, op. cits pp. 100-117. Guifo nosso, 79, Ana Maia Infanto a populacio infantil como para a adults. Campinas se destacava, seguindo-se os mais populosos e prdsperos nticleos urbanos do Estado: Sorocaba, Jundiai, Itu, Piracicaba e Santos. Nao por acaso, para esta tiltima dirigia-se parte expressiva da produgio periédica paulistana®. De fato, potencializara-se 0 consumo de im- pressos de teor virio, sobretudo da revista periédica ilustrada. Independente da efetiva alfabetizacdo, a ilustrag4o garantia o circuito da mensagem, até para a populicéo analfabeta; nao obstante, o artigo de apresentagio da Arana, semand- vio critico, humoristico, de caricatura, de 1905, com diregao de Augusto Barjona, dimensionara com ironia a populagio leitora. (© Arara nao vem preencher ume lacuna na imprensa da capital artistica: os jomais que existem so demais para a parte da populagio que lé". Producio, distribuicao e consumo alicercavam agora o tripé da inchistria pe- rigdica. Embora os custos da producio ainda fossem elevados, sobretudo pela importaco do papel, a otimizacao das tipografias e complexos grficos assegu- rava a parce inicial do processo. O outro extremo, 0 do consumo, estava poten- cializado, pela difusio do ensino primério, da alfabetizagao. Os entraves que ainda subsistiam relacionavam-se & caréncia do papel ¢ ao sistema de distribuigio, bas- tante precirio. Suprir a lacuna da matéria-prima, 0 papel, foi mais um empreen- dimento daquela virada do século. 80. Ana Maria lafancos, op cit, p. 59. relgho coincide com as cidadles que receberam Gabinetes de Leitura nna provincia, Ver Ana Luiza Martins, op. cit, BL, Arana semandrie eric, bumervice, de saricetuna, Sto Paulo, Fev. 1905, n.1. yxaydo) @ ojxe] Ofieinas 42 Palaura 209 Na Ciranda do Papel A célere transformagio econdmica paulista correspondera crescimento de- mogeéfico, 0 avango técnico dos meios de comunicagio, 0 moderno aparelha- mento das miquinas impressoras, a profissionalizagao do setor a servico da e: pressiva produgio editorial periédica, mudangas que se deram em paralelo a0 aumento da populagio leirora. Esse complexo, em franco desenvolvimento, pe- cava pela base, desenvolvendo-se praticamente no ar, dependente que era da im- portagio do papel. O principal suporte da indistria do impresso, na sua quase totalidade provinha do mercado externo, sujeito a taxas onerosas de alfindega €, até mesmo, & burocracia complexa para importagao, O encarecimento conti- nuo do produto ¢ a instabilidade do editor, & mercé das oscilagdes de precos ¢ forecimento, constituiu-se no maior empecilho 4 otimizacao do setor. Para 0 varejo até que havia alguma facilidade de aquisigao, conforme anincio da Casa Garrawe Garratecdispe de papel Hollanda, Florete, canson, almaso liso — para repartigbes pui- blicas, papéis coloridas para capas de livros, mata-bo:rio, mata-moscas" Dificil ¢ dispendioso era o papel de consumo grafico, mercadoria de custos sempre em alta, dependente de importacao, sujeita 4s vicissitudes da economia de mercado; acrescente-se que 0 artigo vinha na ordem do dia, na cidade que nao parava de crescer. Antes da elevagao da demanda, 0 produto jé era restrito, ‘82, Paulo Céar A, Goulart ¢ Adriana Manfiedioi, “A Historia da Papelaia no Brasil, Revita Lojas, Papelera & Ga, S20 Paulo, maio 1994, p. 31 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Oficinas 4a Palaure ‘ao de algumas delas. A comecar pela de Salto de Itu, em 1889, anunciada pelo Ditrio Popular pel’ A Plateia: [..J Ilustres Srs, Melchert, Irmao & C., inaugurando, segunda-feira passada, na pe- quena vila de Sslto, uma importantisims Fibriea de papel, a primeira que se extabelece em. toda a América do Sul.[..1 Falando dessa importante fabrica, & justo que conversemos também sobre o seu produ to, que por enquanto limica-se 20 papel de imprensa, excelente, como os leitores jd viram, pelo Didrio Popular, que foi nele impresso no dia 17 do eorrente. Um dia antes, ambém a Gazeta do Pova publicou cem exemplares no mesmo papel. € assim ficou com a gloria de ter sido o primeiro jomal impresso em papel fabricado na Amé- do Sul", A produgio voltava-se, efetivamente, para papel de embrulho, e episodica- mente imprimia jornais ¢ almanaques, como se deu ne ano seguinte, com a im- pressio do Almanague para 1890, anunciado em “legitimo papel nacional”. Se- guiu-the a Osasco Cia. Industrial de Papéis ¢ Cartonagens 6, em 25 de janeiro de 1890, 0 Correio Paulistano noticiava em primeira pigina a nova Fabrica de papel em Santos, Fabrica de Papel. Quase todas as agoes da filbrica de papel que se vai fundar em Santos estio tomadas. A Fabrica deve comesar a funcionar dentro de dois meses" Esses feitos, contudo, tiveram percurso dificil, quando nao baldados. Coube 4 Antonio Proost Rodovalho", arguto empreendedor dos servigos de infra-estru- sura urbana da Capital, encetar com sucesso 0 cometimento, valendo-se das ex- periéncias bem-sueedidas de Emilio Ascanha, morador nas imediagoes de Sao Paulo, entre Bom Sucesso ¢ Monjolinho. Pratico engenhoso, Ascanha obtivera bons resultados produzindo arcesanalmente pasta de papel, pela mistura de guarand e samambaia, processado em olaria, com tina, peneira e alguma fibra. O 84, A Platt, Sio Paulo, 1889, ano Hl, n. 6S. Ver Anicleide Zoyuink, Papel de Salta: 110 Anos de Beals ¢ Tecnologia (1889-1990), Saleo, Papel de Salto, 1999. 85, PTA. Conair © A. Manfredi, op. cit, pp 41-42. 86, Antenio Pros: Rodovalho nssceu em Sto Paulo, em 27.1.1838, rabalhaedo desde rapa no comécio my 1875 foi nomeado gerente-tesoureum da cana fillal do Banco do Brasil a partir de entio envolveu-se com as grandes reaizagées econdmicas ds Provincia. crianlo Companbias e/ou administrando outras, como a Estrada de Ferro da Ca, Sio Paulo e Rio de Janeiro. Atingiu 0 coronelato, pelos tabalhos presta- slos 3 Guerta do Paragua.. Crow a Companhia Melhoramertos de Sao Paulo, para atendes a0 servigo de infi-eserutura urbana da capital. Faleceu em 30 de dezembro de 1913. Hemini Donato, op. cit, p31 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Ofisinas da Patavra nacional nao era recomendado; para consumo de papel-jornal, 0 prego do im- portado, por incrivel que parega, era mais convidativo. Em 1897, contudo, a taxa por quilo de “papel-jornal” importado, passou de 60 réis para 10 réis por quilograma. A esta medida, correspondeu 0 aumento das tiragens periédicas populares na virada do século, privilegiando as publicay de feitura menos elaborada, de custo mais baixo; medida que facilitava a obten- 20 do papel-jornal, em termos... A burocracia para aquisigio do produto era imensa, exigente na selegao dos beneficiados, sujeitos & papelada comprobatéria de sua situags Tema de interesse imediato para a existéncia do periddico, sao as prdprias re- vistas que no iculdades do setor. Em geral, de forma indireta, para justificar 0 aumento do exemplar, conforme se infere da Sao Paulo Hustrado, br giio do jornal O Eseado de ‘ cs no mercado. iam as Paufo, caja tiragem expressiva tornava-a mais sensi vel as oscilagées desse mercado. Outras, como a Revista de Comércio e Industria, publicagio oficial da Associagio Comercial de Sao Paulo, de carster informative sobre © ramo, ia mais longe. Esclarecia quanto ao fabrico do papel, a situagio dos fornecedores, os balances de sua importacao, sugerindo e prestigiando as ini ivas de auto-suficiéncia da area. Diga-se que a Revista de Comercio ¢ Indiis- ria, nascida em 1915, logo apés o inicio da guerra, resultou na porta-vox do usudrio mais atingido: aquele da indis io. Espelhou suas dificul- dades, veiculando também os entraves ¢ as possibilidades do ramo papeleiro. Suas matérias cobriram pari passu a crise, que nio era sé do Brasil. Debatendo-se pelo sucesso do produto nacional, divulgou artigos de Pio Correa” sobre as descobertas favoriveis, objeto constante de pesquisas entre a gama diversificada de vegetais aproveitaveis. Gragas ao emprego do palmito, guarand e da guanxuma, por exemplo, chegou-se & produgio de papéis mais sim- ples, enquanto para a produgao qualificada recorreu-se ao uso de trapos bran- queados, aparas de papel, palha de arroz brangqueadas, bambti ¢ v4 de capim. Entusiasta, a Revista do Comércio e Indistria acreditava na potenciali- dade de nossa matéria vegeral, as madeiras brancas que serviam para o seu fabri- co, admitindo que © pinho do Parané nada ficava a dever ao pinho da Suécia. Ja ciat edo come ias especies 89. Pio Loutengo Corton, mascide em Araraquara om 1475, polite « jormalinta,expecialiada em lingua vernicul, especialmente nos diletos tpi-gaararé¢ a chamada lingus gerl. Coordenon o Dicionicio de Plans do Bras, a obta mais completa no genera, A. C. da Silva Teles, "O Papel” Revita de Engenharia, jan, 1905, 9,2, pp. 71-74 © mar, 1908, 9.3, pp. 120-124 para a produgéo da celulose quimica nacional, investimento de monta, « ampa- ro do governo parecia-lhe fundamental. Nao obstante as iniciativas para incre- mento do produto em varias instincias, do estabelecimento de fibricas & redu- io de taxas, o setor sempre atuou com dificuldades. Mais ainda, ao eclodir a Primeira Guerra, conforme insistia a Revista de Comércio ¢ Industria, em 1916. Poucas indiistrias [...] terdo sido tio duramente maltratadas como cla pela guerra”. O circuito de importagio do papel cra complexo. A Suécia, 0 mais tradicio- nal producor do mundo, abastecia especialmente © mercado curopeu, enguanto os Estados Uni juntura internacional belingeraate acabou por abalar drasticamente ambos os los, 08 maiores produtores, supriam a demanda brasileira. A con- tra sitos comerciais. Nas piginas da Revista do Comércio e Indiistria de 1915 vei- culou-se estatistica reveladora do brutal declinio da importacio de papel e deri- vados no Brasil, relativa a0 primeiro ano da guerra, Entre 1913 ¢ 1914 asimpor- tagdes que abrangiam o espectro papeleiro caéram pela metade O contraste dos niimeros entre 1913 ¢ 1914 fala por si. Confirmam-se, para essa segunda metade da década de 1910, as imensas dificuldades com os quais se defronrou 0 ramo periddico. As poucas fabricas nacionais nao correspondiam & quantidade ¢ 4 qualidade exigida pelo impresio, ¢ a importagio encontrava-se parcialmente invibializada. Noquelas circunstancias adversas, o cireuito do papel em crise reforgou um circulo vicioso, extremamente prejudicial a0 periodismo, qual seja: o alto custo daquele exigia redugao de seu consumo, enquanto a situaao internacional be- lingerante demandava maior espago da imprensa para divulgagdo de noticias, es- pecialmente nos jornais ¢ revistas, Concomitantemente, 0 suporte econdmico que advinha dos antincios nos per xlicos retraira-se, dificultando ainda ma a sobrevivencia do produto. A Revista do Comércio ¢ Indistria confirmava a escassee da matéria-prima da mio-de-obra do setor, enquanto a procura pelo impresso, 10 contririo de di- minuir, muito pelo contririo, aumentava”. Insistia na ma qualidade do produto que circulava na praca, inadequado até mesmo como papel de embrulho. 90. "A Guerre @ Comercio de Uap”, Revit de Conti Indi op cit 1916, n. 17. sp 1, Rea de Comercne Inara opt, ING. m1. oyxayue) > orx9l Ofieinas 4a Palaura roe ohana Oana PAPEL E SUAS APLICAGOES wis lot Livros, impressos, jomais, revistas, msicas, {6230658000 5115498000 imipas ou cartas geogriicas, hidrogrificas emelhantes Obras impressas ou litografadas, circulars, facturas, conhecimentos, cartazes, cartoes 221:7858000 109:1858000 postin, reulos, folhiahas eve Papel para uso nio identificado 1.127.9838000 537:7898000 Papel para escrever 42954008000 145:9768000 Papel para impressio 2.0245838000 _1.300:651$000 Papelio e eartio 585:0375000 163:371$000 Manufituras nao especificadas 389,2815000 182:0348000 Temos agora uum papel que de papel rem apenas uma vaga aparéncia, pois que a pasta de madeira que o constitui se acha por assim dizer no estado quase bruto em que 2 deixou uma grosseira manipulacio, Nem para embrulho serve esse novo produto da crise, pois que se rasga com a mais desesperadora facilidade” E no mesmo tom de critica pelo poder, que realizavam verdadeitos “milagres”, mantendo a qualidade do pa- pel, oferecido a um piiblico que ignorava os problemas da Area incidia sobre grupos da imprensa privilegiados Indiretamente, acusava o veiculo beneficiado de furtar-se a um dever que lhe cabia como érgio de divulgacao, isto é, informar o leitor da crise para que com- ma do Pais, abrindo mao de uma qualidade de papel partilhasse com 0 dra invivel para a época. atague frontal ditigia-se a 0 Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro. © Jornal do Comercio |.) continua ai ra, luxo mais que asid 10 € provaivel que cle passe quase despercebido a quase totalidade dos lcitores, os quais ace iprimir-se no seu magnifico papel de antes da s atuais ¢ tanto mais digno de reparo quan- 92. Revita de Comircioe bndisria, op. cit, 19N6, tam geralmente o que se thes cké como coisa devida, sem importarem com os secrificios que tal didiva representa E necessario que 0 leitor tome sua parte nos sacrificios que a situagao impde e se habi- tue idgia de ter de pre: es do que os atuais” sir também um pouco do luxe a que foi habitwado, em tempos: No desenrolar da guerra, a situagao agravou-se. Enquanto no Brasil nao se registrou nenhuma medida oficial de alerta, menos ainda por parte da imprensa periddica didria, nos Estados Unidos ¢ em paises europeus, no ano de 1916, vei- culava-se a retragio do setor, com fechamento de fibricas, suspensio de publica- es, diminuisao de ntimero de paginas ¢ ~ medida extrema que nos afetava di- retamente ~ a possibilidade de cancelamento das exportagoes. nos sobre © assunto noticias cada vex mais desanimadoras. A Do estiangeiro chega National Paper & Type Company, de Nova York, enviou uma circ tes no exterior comunicando set «Ho grave a situagio da indiistria do papel nos Estados F 208 seus representan- Unidos, [..4 que muitas Fibricas fecharam, varios jomais suspenderam a publicagio ¢ ou- {ros diminuirarn o nximero de paginas € elevaram o prego dos antincios ¢ da venda avulsa, € varios interessados realisaram uma reuniéo para pedir a0 goxerno a proibisio de saida de papel para o estrangeiro, Na Italia, [..] » Riorgimento Grafico, a Associagio dos Livreiros ¢ Editore: pedi. ambém 20 Governo que proibisse a exportacio de papel de todas as quali- dades. Um outro periddico, 0 Caxtox Magazine, constata que a maior parte dos jornais eu- a Franga, o Governo deliberou suspender a cobran ria para fabricé-lo, ropeus ceduziu o mimero de paginas. cade direitos sobre o papel e a macé intolers uprima neces ie rise que se tornava cada vex mi ntudo, na ciranda do “vai café do Brasil ¢ vem produto industrializado dos Estados Unidos”, nao se descartavam investimentos externos em nosso mer- cado, cogitando-se nesse mesmo ano de 1916 sobre a instalagao de grandes de- positos de papel de fibricas norte-americanas no Rio de Janeiro, Sao Paulo, Para, Buenos Aires ¢ Santiago. Mercadoria valorisada em tempos de crise, 0 papel pas- sou a ser bom negécio para investidores gratidos, estrangeiros na sua maioria que, em parceria com brasileiros de forsa politica, partiram para a instalagio, inclusi- ve, de novas Fibricas. Capital estrangeiro com representagio nacional de peso politico, ninguém menos que José Bezerra, entio ministro da Agricultura 93. tdem, 1916. p. 125. 94, Hem 1916, ano Hon 18, 158 eyxaids) © oyx0] 216 Ofieinas da Palavra Instalam-se no Brasil novas fibricas de vaPets em Jaboatéo, tendo a frente o Sr. Osmunem, presidente de um grande sindicato escandinavo, O mais forte acionisca brasi leita é 0 Sr. José Bezerra, Ministra da Agsicultura, Em Séo Fidélis,o Dr. Alencar Lima, que acaba de instalar no municipio fluminense grande manufatura de papel, contratando com a Prefeicura de Campos 0 aproveitamento da selegio do liso daquela cidade como mat prima paraa nova industria’, ‘Todavia, conforme o mercado se ampliava, suas regras escalonavam-se de tal forma que s6 restava espago para empreendedores sélidos. Em 1916 as taxas favorecidas de importagio de papel sé valiam 20s periddicos que provassem ter mais de dois anos de efetiva existéncia no Pais: assim como para as revistas tificas, literdrias, politicas e artisticas que contassem mais de dois anos de circu- lacio consecutiva, quais sejam, as publicagées infensas a0 “mal dos 7 ntimeros”, produto raro no mercado Enquanto a Klabin entendia que as dificuldades da indiistria do papel advinham também da falta de amparo do governo, Joaquim Pinto Pereira de Al- aa Revista da Indistria e meida, superintendente da Melhoramentos, em entre Comercio tefurava, indo ao itmago da questio: « concorréncia desleal. Nao ¢ que 4 indkistrie do papel no seja protegids no Brasil. Fla é até bastante prowegi- da, nao sendo licito esperat-se maior protecio. Mas a concorréncia desleal campeia desassombradamente” © superintendente expunha, claramente, sobre a existéncia das fraudes do setor, ainda que favorecido com taxas preferenciais: ‘Ao lado, porém, dessas caxas protecionistas, existe a taxa de 10 réis por papel de jornal, destinada a favorecer a industria jornalistica. Essa taxa era de 60 réis por quilograma, tendo sido reduzida a 10 réis em 1897. Com essa diminuicio, foram ainda concedidos grandes favores ao papel de jornal estrangeiro, que além de estar isento das despesas de armszenagem, eapata 1c, gozado bencficio do despacho sobre dgua Nada temos a dizer contra esses favores destinados a incrementar o jomalismo nacional. Infelizmente, porém, nao hé do que nao se abuse em nosso pais: as disposigdes da Ta rifa [..] passaram a ser burladas clamorosamente, em prejuizo do Tesouro e da indsistria we taxa de expe 95, fdem, 1916, ano Ul p. 172. 96. Em 1918 sau circular, 3 do Minstétio da Fazenda, mais minuciosse restritiva part o registro fsa ayo de pape vss de dircnas, er Revue de Comic e Dadi, op ety LOB, 1,1. 37s p 6. 97. Reviga de Comercio e bndistra, ap. cit, YONG, Us 18. p. 153, Sob a capa dessa tarifa protecora, importa-se em grande escala papel dejornal, ‘os misteres muito diferentes, como sejam, embrulhos, encadernagio ete... Casts h as para no Rio de Janciro, que importam: papel brance acetinado, como sendo para impresto de jormal eo ver dem inieiramense transfarmada em cores e até cm carpo pela juneéio de duas fothas numa id E nem ao menos existe certo recato na fraude, pois que de ordinirio nao sé os importadores ‘mas as proprias empresas jornatistcas epevulam com os favores de que gozam, e anunciam em Jetna redonda a venda nas priprias oficinas de papel para embrulbo!™ A essa posicao de Joaquim Pinto Pereira de Almeida, publicada no n. 18 da Revista de Comércio e Indstria, seguiu-se a divulgacéo da Circular n. 55, jé no n. 20, do més de agosto de 1916, ref Calégeras, entio indo-se 4 importagio de papel. Joao Pandi inistro da Fazenda, tentava regulamentar aquele fornecimen- to, mediante 6 langamento de novas taxas ¢ maior controle administrative sobre 0 fornecimento do produto. Tendo cm vista as reckamagées feitas por varias empresas jornalisticas quanto aos direi- tos a pagar pelo papel que empregam [...] Nenhuma empresa jornalistica insctita no regis~ 110 poders dispor de papel acetinado ou de qualquer outra qualidade propria para a im- pressao sem pagar previamente a diferenca des direitos, mediante tequerimento & respectiva repartigio” Letra mora, a Circuler néo fancionou, Prevalecia a fraude das alfindegas, dos consumidores de porte, quando o preco do artigo subiu, extraordinariamente, Em 1918, Monteiro Lobato, que vinha potencializando 0 mercado do im- presso com hibeis estraté Godofredo Rangel: “A alta do papel impede-me de lucros maiores na revista € nos livros”. Ao publicar Vida e Morte de J. M, Gonzaga de Si, de Lima Barreto, justificava ao autor a m4 qualidade da ed [...] € maiadinha porque conti- nua a crise do papel”. as para colocagio de seus produros, confidenciava a Diga-se que a elevacao de precos prosseguiu no pés-guerra, acrescida de exces- siva burocracia para importagao ¢ fornecimento interno do produto. Em 1921, como conseqiiéncia da crise, seria extinto O Exadinho, a edigio vespertina de O Estado de 5. Paulo, criada em 1915 para noticiar as fami is de ascendéncia italiana 98. Joaquin Grila nove. 99. fen, V916, le. 20, p. 239, Lon, Moncciee Lobawo em cata a Godoficae Rangel de 8.7.1918, ems A Baro de Glee ops cit, vol I, pA. LOL. Edpatd Cavalhcico, A Corrpandéucia nore Lobat ¢ Lima Rio de Janeiro, MEC, 1955, p. 25. Pingo Percira de Alcs, Ver Revista de Comércine tdistia, op. cit, 196, pets, 0312300) @ ojxe] & Ofizinas 4a Palaura o da Itélia na Primeira Guerra. A atuacio na rea tornava-se precéria, sobrecarregada com 0 aumento das matérias-primas, quatto vezes mais caras"™. Em 1920, a revista Sizo Paulo Hustrado, em ayiso impresso na contracapa, anunciava a nova taxa para importagéo, incidindo em dois valores sobre o papel de embrulho, com vistas a favorecer a produgao nacional. a particip, Sendo 0 papel de embrutho o tinico que as nossas fibricas podem produzir acualmente em condigées vantajosas no intuito de proteger a nossa indiistria nacional, com muito acer- to a nossa tarifa aduancira estabeleceu a taxa de 200 réis para papel de embrulho ordinirio ea de 500 téis para o de qualidade superior nada a opor, esss taxas visam encorajar os industriais brasileitos ¢ permitir que se organize definitivamente no pais a inddistria do papel" jo taxas justas, contra as quais ninguém tem A dependéncia do mercado externo foi a tonica restritiva, lamento perma- nente veiculado naquele periodismo, O jornal O Estado de S. Paulo, por meio de sua revista So Paulo Hustrado™, trazia esclarecedor aviso, demonstrando a im- possibilidade de mancer os custos da assinatura pela alta quadriplicada dos pre- gos durante a guerra, Ao esclarecer a divisio de custos da cevista revelava 0 graut de profissionalizagao do setor, Funcionando agora com tarefas compartimentadas, que compreendiam a producdo tipogrifica, 0 trabalho fotogrifico dos clichés, a redacao, a administragao, 0 despachante ¢ 0 vendedor. Ua Lest, Expticagio aos NOwos LPTORES As revist guerra A esse tempo, o papel “comum” de jornal custava 160 réis cada quilo, ¢ 0 papel “glace” 2-700 réis cada q Hoje, além do enorme encarecimento das tintas, da mio-le-obra etc. - 0 papel comum de jornal custa 2 28000 cada quilo, € 0 papel glace de 700 réis pasou a 23800 por quilo! Perguntamas, lealmente, aos nossos leitores: ~ acham possivel vender pelo mesmo pre~ {G0 antigo uma mercadoria cujo custo ENCARECH QUATRO VEZES Por certo que nio. Se sustentamos até a pouco 0 preso de 400 1s. por ntimero avulso ~ perdendo, como fcil provar, 250 rs. em cada exemplar ~ foi porque So Palo Iustrado tinha wnna tieagem modesta, ilustradas eram geralmente vendidas 2 400 réis 0 miimero avulso antes da 102. Ver“O Prego do Papel", Revista de Comercio ¢ Indiseria, 1920, n. 71. p. 546, 103. Sao Pando Usd, op. cit,1920, m0 1. jul 1920, n, 21 10. Idem Hoje, porém, com 0 aumento extraordinario de nossas edigdes, somes forcados a pro- curar atenuar © nosso prejuizo na vends avulsa, Creta o puiblico que a revista que oa Ihe vendemos por 600 réis {dos quais s6 recebemos 400ss., porque 50 rs. ganha o despachante © 150 1s. 0 vendedor}, fica-nos em 500 15. cada =, sem levar em conta @ custo do trabalho foroge emplar ~ somente de despesa tipogrifica ico dos clichés, da redagio, da adminis- tragio ete, “Todo esse desequilibrio é devido a0 custo do papel. Baixando o papel, baixsremos o prego da revista Para de algim modo compensar, entretanto, a elevacio do prego, aumentamos 0 nosso riimero de paginas, aumentamos 0 miimero de ilustragées, aumentamos a nossa reporta- gem, e iremos, dia a dia, com sincero esforgo, melhorando a noss revista, que hoje, como se sabe, é a UNICA publicagio semanal deste género em Sio Paulo. que isso representa de trabalhos ¢ de sacrificios s6 0 podem avaliar aqueles que mili- tam no mesmo ramo jornalistico. Prego tinico de Sito Panlo Mluserada, a partir de hoje, na capital, no intetior © nos Estar dos: 600 1s. O Estado de S. Palo, So Paulo, 1920, n. 21. Nio obstante o arrocho do segmento, verificou-se a abertura de novas firmas do ramo. Enue segistros de armax 3 de secos ¢ molhados, farmicias, casas de moda, surgiram na junta Comercial mais registros de estabelecimentos ligados a0 setor papeleiro. Em 1915, a mesma Revista da Indistria ¢ Comércio criava uma segio para divulgar a abertura de firmas. Seu informe permite apreender as di- mensées do universo papeleito, especialmente naquele ano de 1915". Folheando as revistas nessa perspectiva do fornecimento do papel, constarou- se pele textura e qualidade daquele produto, as oscilagées da politica da drea. Fox Ihas ainda brilhantes, de gramatura consideravel ¢ impressao nitida podem ser percebidas nas revistas Via Ldctea (1903), O Pequeno Polegar (1904), Vera Cruz (1904), Vida Moderna (1905), O Criador Paulista (1906), Sio Pauls Magazine (1906), O Fazendeiro (1908), A Farpa (1910), A Lua (1910), Rosa D'Amor(1912), Revista Teatral( 1913), eainda n'A Cigarra, de Gelésio Pimenta, langada em (1914). Nas revistas que circularam entre 1914 ¢ 1918, 0 resultado fisico do impres- 105.0 valor inical pata abertura de uma lsrats, poe excmpl no atingia cis excewira, Numa corrsagio igis-se a taxa de 5008000, de 2*, 2008000; pata restauraete, a importincia sobia para 1820; quanto 5 Terria de 14,0 valor era de 2008000 de 25, NOUSOOG. CE Fieaitce Industrial do Brasil pare 1911, 1912, 1913, op. cits p.299. com outros negécios, para hotel « hospedaria de 1 class oyeagdo) 2 ojxa] aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Nessa observagio tatil, a ma qualidade do papel nio foi exclusiva da quadra 1914-1918. Conforme se adiantou acima, 2 politica de importagio da matéria- prima do ramo prosseguiu com imensas dificuldades, ea despeito do fim da guer- ra, 0 setor grifico passou a enfrentar dificuldades antes desconhecidas. Nao era mais tdo simples criar-se um periddico, pois as regras passaram a se inscrever num quadro de profissionslismo ¢, sobretudo, de muita competicao. Nao se bancava ma uma revista ou pequeno jornal as préprias expe: ou com apoio de al- guns “figurdes”, O empreendimento requeria planejamenwo € capitais sélidos; 0 anunciante, elemento fundamental no circuito periédico, tornara-se mais exigen- te. Naquele mercado de tantos desafios, a colocagio do produto demandou a otimizigio das estratégias de venda, investinds macigamente no aporte da pro- paganda e da publicidade. oyxayo) 2 03%e| 222 4 Judo pelo Coméreio Faacio bos ParsOes As Massas Castande muito dinheira as viagens em estrudas de ferro © as estadias em hats, resolvemes substiuir of nose 40s caiseiras viajantes de chepéu mole e botas, por este de papel, muito menos dispendioso e que fard as suas excur- ies sem reeeio de ser ascaltado por bandidas ou por ter as jpernas quebradas em consegiténcia de um descarvitha- mento ou wlavance de nossas boas vias frre. OCaixcito propagendeard a Papelatia Guarany, da qual serd fel ropresentante ¢ dar-se-é também ao honro- s0-cargo de tornar conhecides outros estabelecimentos co- aerciais, industriais,e tudo que cabe em ces, desde que the untem as méos ou as ...colunas. Revista Caixciro Viajante, 1895, da Papdaria Guarany' 1. Caiseiro Viajante,exgio de propaganda comercial, Sto Paulo, Pa pelaia Curarany, 1895, em Afonso A. de Freitas, gp. cit, p. 744. Formulas de Sueesso A colocagio da revista no mercado vinha como um dos maiores desafios do empreendimento, A complexa rede que envolvia sua produgao ~ da convocagao de colaboradores 2 obtengdo do papel, escolha de tipografia, registro da publica- imento da sede de um eserits io na Junta Comercial ¢ estabe! de sua distribui io ~seguiase a tarefa tio ou mais dificil inaturas. Jo, acomesar pelo angatiar dasa A assinatura, modalidads idico, re- inaugural da venda e divulgacio do peri sulava no primeiro passo para efetivar sua propria fundagio, garantia da exis- téncia da publicagio, pelo menos por um ano; au como infere Faria Cruz, “a venda adiantada de um mimero rasoavel de assinaturas era a estratégia funda- mental desu sustentagio financeira”; ou ainda, como demonstrou o lider anar- quista Neno Vasco, 20 propor 2 criacao da revista Aurora, sem fins Iucrativos, ia auto-sustentar- mas que dev |... decidimos fundar uma revista mensal, de 16 paginas, in 8°, Esta revista terd vida 54) assinaturas [28000 por semestre: 48000 por ano] apoiar-nos, traba asscgurada com que € pos sivel atin Iharem eficaz- mente para esse fim [sid vir esse mimero, se os camaradas, que quisere No Brasil, esse procedimento fora corrente. Em 1860, a obrengao de assina- turas motivou a Peregrinagiio pela Provincia de Sao Paulo’, empreendida pelo jor- nalista portugues Zaluar, radicado no Rio de Janeiro, que resultou em publica 2. Helos Faria Caz, Ma Cidade, sobre a Cidade. Calin Letrads, Priodionae Vide Urbina, Sto Peulo 1890 1915, Sao Paulo, Doutorado Histia-USP, 1994, 156. 3. Nene Vie cm O ini le Sor 1904, dle 4, Augusto Emilio Zalsar, Pereinapi pels Pr ine de Sto Paulo, S30 Paulo, Mains Edivora, 1954, ayreytic) © 9x2 Tudo pelo Coméreio do com 0 mesmo titulo. Naquela incursio, Zaluar estava mais interessido em auras para a revista que pretendia criar, do que exatamente produ- ir matétia sobre a entdo préspera Provincia, Sabe-se que a valorizacio de cida- des ¢ personagens naquela obra procedeu, sobretudo, das respectivas generosida- des em prol de seu projeto editorial Nio obstante pritica antiga, a difusio do i da cra deficiente, sujeita a atrasos ¢ extravios de um servigo de correios precério, sobretudo a longas distancias, A instalago da primeira estrada de ferro da Pro- vincia, a partir de 1868, foi decisiva nesse processo, quando o escoamento do caié e do produto impresso beneficiaram-se conjuntamente. Na virada do sécu- presso através da assinatura lo, nas ubgtrimas terras paulistas, os trilhos da rede ferroviaria, que, no espago de duas décadas, como uma grande mio espalmada atingieam 0 sertio longinguo, transportavam e deixavam em seu rastro simbolos da “civilizagao”; entre esses, jomais e revistas que atingiam a boca do sertio, mercadorias freqiientes, vindas de encontro 4 nova sensibilidade de grupos sociais que buscavam a Tlustrasao. Iga der da divulga dismo do interior’. No plano internacional, a navegagao a vapor ¢ o telégrafo submarino encurtaram as distancias, propiciando que a cidade de Santos, abri- gando 0 maior porto de café do Pais, constituisse expressivo mercado periodista, cuja populagio cosmopolita garantia a aquisigéo de revistas de toda ordem’. Diga- mesmo remediado da sociedade, sobretudo, aquele leitor que nao prescindis do jornal disrio, O seu contetido pragmatico, a necessidade de atualizagio nos ne- gécios, a circulagio cotidiana e o custo menor em relagao as revistas levavam-no mente 0 telégeafo, servindo As novas estagdes de ferro, corraborava a rapi- 1 de noricias, alimentando o incipiente mas significative perio- que a pritica da assinatura era habitual para o segmento abonado ¢ um puiblico maior, que jé adquirira o habito da leitura didria do jornal. Ainda assim, a tiragem de 40,000 a 50.000 exemplares de O Estado de S. Paulo, consi- derado o de maior circulagao de Sao Paulo, era pequena no quadro do jornalis- mo internacional. A despeito das realidades diversas, oportuno cotejar com as seguintes tiragens dos jornais londtinos: Daily News, em 1871, 150.000 exem- plates; Daily Telegraph, de 1888, com 300.000 exemplares’, levando-se em conta 5. Gasso Thomse de Alimea,Inprensa no Inwrion: Un Earn Prlminen, Sie Paslo, Inesp/Dacep, 1983, {6 Olan Rodrigues, Hudrie da Improwsa de Santas, Sancos, Ed. do ator, 1979, IM, Charlot e 8 Mars, Londiet, 1851-1901. A Ent Vitorans ov 6 Trin das Desigualdades, Rio de Janet ros forge Zahor Fdior. 1993, p. 162. a expressi io urbana de algumas cidades inglesas. Relativamente, con- a popula tudo, nao eram despreziveis as tiragens das edigées pat amas. A capa aos assinantes passou a ser uma obsessio, procedimento que viabilizava a criagio de periédicos ¢ que, na seqiiéncia, vinha de encontto ao projeto dos autores, que se queriam ver em letra impressa, Lima Barreto, contumaz nessa pritica, edo logo obtinha subscrigées, agilizava as cobrangas, conforme carta a Levi Carneiro, de 1907: Arrangei dois assinantes pagantes para trés meses. [4] Mandaras cobrar ao primeiro no Gabinete da Recebedoria do Rio de Janeiro ao segundo nas Obras do Porto, Edificio das Docas Nacionais', Amadorismo ¢ improvisagio presidiram grande parte das iniciativas do setor, Monteiro Lobato, indignado com procedimentos intempestivos, reclamava a Rangel: Reccbi carta dos fundadores dum semanitio ilustrado em Sio Paulo, género Fon-Fon, pedindo colaboragio. Hsses(...] montam as revistas e saem com o pires [..”. Aos poucos, técnicas expetimentadas de venda nortearam os empreendimen- tos. A obtengio de assinaturas se fazia através de sutil mecanismo, indiretamente impositivo, através do envio “descompromissado” de exemplar pana apreciagito Senio devolvido, considerava-se a assinatura aceita, procedimento observado na maioria das revistas, de A Capital Paulista, em 1899 4 Revista Feminina, em 1915. Algumas acrescentavam, ao enviar o exemplat, a solicitagio de enderegos de co- hecidos para remessas de amostras, com o mesmo fim de “angariar assinaturas”. A Universo, de 1906 ~ que se anunciava literria mas redundava em verdadeir« catilogo de vendas de producos importados, com tiragem de 10.000 exemphares, impressa em Paris -, ¢ a bem-sucedida Chécaras ¢ Quintais, de ampla divulg, 40, valeram-se desse recurso, Na primeira, 0 atilado comerciante de vinhos ¢ re- vistas Charles Hu, argutamente inseria 0 comunicado, primeiro passo para cooptar o futuro assinante page: AAs pessoas que nos enviarem seus enderecos por escrito f Universo | neteremos todas os meses 0 Accitamos a colaboracio da mocidade estudiosa nas duas nguas portuguesa italiana’, 8. Lim: Bartto, Corrapondincie, Sao Paulo, Brsiiense, 1956, ¢. 1p. 140, 9. Monteiro Lobsto, A Barca de Glen, op. cit, vl. Lp. 273 10, Univer, Darin. Chsles a & Cia, 15 eel ead WA od a aoe ooo ce ee eet “UM. UM VERDADEIRO- SUCCE: SSO © ECBO, a revista do futuro A segunda tinha o hal o encarte da assinatuca, condi pra imediata. Uma ver obtida a p 10 de enviar o exemplar para anilise, juntamente com nando o interessado 20 compromisso de com- neira assinatura, a revista punha em pritica uma série de expedientes para cativar o leitor, garantindo sua posterior depen- déncia do periddico: brindes, concursos, precos especiais para anunciantes, jo gos ¢ charadas, suplementos infantis e de moda. A incidéncia de cobrangas das prestagoes atrasadas de assinantes no intetior da publicagéo, confirmava qu explicitadas revista, de fato, também dependia de assinaturas pagas para sobreviver. A geréncia recorria a apelos de toda ordem para receber 0s atresados ~ aos brios moras do assinante, ao fornecimento de brindes sedutotes , avisos contundentes que, em tltima instincia, se atendidos, amorti- zavam parte dos prejuizos. A revista Sdo Paulo Magazine, comercial por excelén- cia, usava muiltiplas técnicas, entre elas 0 envolvimento do assinante com alguma novidade do mercado como brinde. Oferecia aos pagantes “um magnifico crou metro patente em nikelargento, garani 10$000”, acrescentando através de chamada em destaque, com grifo: Jo por dois anos, cujo valor comer Aviso Iueorran te! © prémio anunciado tem em vista facilitar o pagamento das assinaturas. Declaramos ais a todos os nossos assinantes que stapenderentas a remessa da Magazine a toda a assina- 1 de novembro préximo. Sendo todas as despesas da impressio ¢ Redacio do Magazine pagar 4 tris necessitamos do auxitio do publico para fazer subsiscir a publicagao {si]" unt que nio for ligdidada na nosso eseritdria por vales-postais ou pesoalmen O valor da assinacura anual e/ou semestral oscilava em fungio do acabamen- dade, retaguarda de papel. Na década de 1890, os pregos eram elevades, pela novidade e custos dos to grafico da publicagio, periodi nunciantes ¢ custo do experimentos técnicos, proporcionando ilustragdes, impressio em cores, confor- me se infere das mais sofisticadas & época como, Mlustragao Paulista [1893], 185000; A Boémia [1896], 243000, no mesmo ano A Paulicéa, 308000 ¢ Capi- tal Paulista [1899], 60$000! A partir de 1900, os custos baixaram, correspondendo ao inctemento de anunciantes nas paginas periddicas, que perceberam a revista como recurso pus 11, Sito Pale Ma indiverias, Si Vasa, es, 1987, in, revina bnwslena universal de aruaidads, are, berarana, siagens, sport agriculture ayxequo) 2 orxal Jwdo pelo Coméreio blicitario eficaz, conforme se infere da luxuosa Mustraciio Brasileira [1901], no valor de 248000, importincia relativamente baixa tendo em vista seu acabamen- to ¢ piblico-alvo, isto & a elite econdmica leitora. As demais mantinham valor acessivel: O Sportsman (1902, 10S000; Revista de Sio Paulo [1902], 148000; Nova Cruzada [1903], 108000; Paulépolis [1903] 128000; Via Lactea [1903] 48000; Anidrtica Iustrada [1910], 10$000; France Brésil [1910], 168000, no qual estava embutido o fiete da vinda da Franga; Arava [1905], 158000; 2 socialista Aurora, sintomaticamente ao prego de 4$000; a lite- aria Fris, 128000. Em 1908, varios titulos de periédicos em papel cuché, circula- ram ao valor de 20$000 a anuidade: A Paulistana, O Fazendeiro, Revista dos Fsta- dose Ronda, Pregos que se mantiveram nas décadas que precederam a guerra, conforme aparecem em Gazera Artisticae O Alarme de 1909, ambas a0 custo de 208000 a anuidade. As mais populares, cm 1910, come O Bicho, saiam por volta de 10000, num crescendo em fungio da qualidade: A Lea, 15$000, A Ferpa, 188000 e surpreendentemente a Chécaras ¢ Quintais, por 10$000, quantia talvez determinada pelo papel-jornal empregada, grande consumo e larga t agem. No decorrer da Primeira Guerra, em 1916. ida. a0 poderoso grupo do jornal O Estado de S. Paulo, saixa Revista do Brasil, ao custo de 208000: j& A Cigarre Expor- tiva, popularizava seu prego para 15$000, com vistas a sua maior difusio; em 1917, 0 luxuioso Album Imperial, publicac3o de grupo ligado aos salesianos, in- clusive impresso em suas grificas, estabelecia uma anuidade de apenas 10$000, valor relativamente baixo se comparado aos demais ¢ a fatura da revista. No pés-guerra, prosseguindo a crise do papel, o fechamento de alguns petié- dicos foi inevitével. Aqueles que sobreviveram ou entao corajosamente se langa- ram, traziam precos elevados, garantia econdmica da publicagio. Em 1919, a ele- gante Sport, com capa de Rasmussen, a despeito do tema popular, voltava-se para a dite, ao custo de 168000 anuais; em 1920, saia a literiria Pupel ¢ Tinta, de Oswald de Andrade, por 258000 anuais, enquanto Sto Paulo Mustrado © Terra Paulista, por 208000, Em 1921, A Garoa fer a procza de cobrar apenas 128000 a anuidade! havia puiblico para projetos mais ambiciows. No to obstante, j Rio de Janeiro, em 1923, a revista Frou-Frou, em cuché ¢ capa com relevo a ouro, lade de 368000! custava a espetacular an Pontos de Venda A existéncia do jornal e da revista dependia, fundamentalmente, da assinatu- ra, No caso da revista, contudo, a alternativa de venda em locais fisicos e/ou pon- tos geogrificos da cidade reforgava sua colocasio, sobretudo em se tratando de publicagdes menores, cujo possivel consumidor desconhecia o hébito de assinar, ou nao dispunha de condigses para fazé-lo. De mio em mio, ou propagada de boca em boca, a revista circulavs, especialmente, entre amigos ¢ grupos afins. No caso da revista literdria, novamente o depoimento de Lima Barreto é esclarece- dor, a0 rememorar sua participacao na revista Lux, do Rio de Janeiro: [..J De fato, eu havia escrito nessa pequena revista uma cousa sem valor algum; e aquele rapaz. que me filava a tinha lide, por ser amigo do edicor da publicagio”. inda O autor confirmava que a divulgagio da revista, sobretudo cultural, era restrita,limitada & roda de amigos ou profissionais afins. A diversificagio dos pontos fisicos de venda redundou em maior citculagéo daquele produto, até entio distribuido fraternalmente entre comenstis dos cafés da moda, impingido entre amigos, nao raro adquirido por algum mecenas para amortizar os custos e/ou prejuizos do investimento, em troca de sua estampa no petiddico, Enquanto 0 jornal contava com meninos jornaleiros que, aos berros, anundavam nas ruas do Tridngulo as noticias de impacto, as revistas, em geral de contetdo menos sensacionalista, eram distribuidas em pontos comerciais estra- censificagao da vida urbana, logradouros tégicos: especialmente em locais de 12, Lima asreta, Comicria dos Vines. Memrias Sio Paulo, Briliense, 1956, p. 208 oyviUe) 9 04x9 Judo pelo Coméreio a mais freqiientados, nas charutarias, hotéis, estaySee ferrovidrias, teatros, as pou- cas livrarias da cidade. ‘As mais concorridas eram as charutarias', pequenos halcées de meia porta, que comercializavam artigos ligeiros, de pouca monta onde, entre o rapé ¢ 0 ci- garro, vendia-se de quebra 0 jornal, por vezes a revista, em torno de médicos 2008 res. Essa circunstancia induzia o consumidor 4 aquisigao do impresso, em particular a revista, atraente pela ilustrago, pritica pelo formato, vitil pelas in- formacées ¢ valorativa de seu possuidor. As charutarias mais freqiientadas, por volta de 1903, anunciadas nas préprias revistas como local de venda, funciona- vam nos cafés e confeitarias da moda: Brasserie Paulista e Casteldes, no Largo do Rosério; Ideal, Guarany e Casa Mignon, na XV de Novembro; Predilecta ¢ Charmaria XPTO na rua Direita; Casa Acreana, Havaneza e Charutaria Lealda- de, na rua de Sao Bento, todas no Tridngulo™. As livnarias concortiam com aquelas, de publico mais limitado, circunscrito ao livro, A Hustragao Brasileira, em 1905, anunciava a venda de sua luxuosa re- vista, com agéncias nas principais cidades do interior ¢ nas seguintes casas da Capital: Livraria Garraux ¢ Livraria Laemmert na XV de Novembro; Casa Mofreita, rua do Rosirio; Livraria Magulhaes, rua do Comércios ¢ nas supra ci: tadas charutarias", No espago das estasées ferrovidrias os periddicos se colocavam com sucesso. , a compra do jornal e da revista se tornara quase um ual aqueles que aguar- davam 0 trem para embarque ou baldeaydes, estas tio freqiientes nos primérdios da ferrovia. A Sao Paulo Ilustrade, revista do jomal O Estado de S. Paulo, possuia vendedores em todas as estradas de ferro, além de nomear agentes nas principais cidades dos Estados de So Paulo, Minas Gerais e Parand. Diga-se que a Sio Paulo Thustrado, resultado de uma empresa jornalistica sélida, experimentava vitias for- mas de divulgagio, em pontos estratégicos da cidade. Para 0 Largo do Tesouro, por exemplo, eram despachados todas as noites vendedores especiais, que se tor- naram referencia da venda de periddicos no Triangulo, figuras marcantes da pai- sagem urbana local. 13, As charuterias nto devem ser confundids com os quiosgues de vendas de café, bolinhos ¢ mesmo verdaras, ‘em geral de portugueses. 14, ViacLdete. Revista ustrada de assenas gers, aruaidade, are ¢ ciéncia, Sto Paulo, 1903, 1,1, slp Hstra- (a Brasilia, Sao Paslo, ago. 1905, n. 18 ¢ 19, p. 286 15, tusaagaa Brasileira, op. ct, p. 286. Diga-se que 0 bambino, garoto vendedor, geralmente de procedéncia italia- 1na, em seus rotos andrajos, a apregoar jornais e revistas, foi figura tipica daquela Sao Paulo que se cornava Metrépole. A documentacao fotogrifica da época pri- vilegiou-o no cenério urbano, conforme reproduzido por Gaensly, na tomada da avenida Sio Jodo ¢ da rua XV de Novembro, em 1900" ou na capa da revista A “43°; ou na tela de Georgina de Albuquerque, intitulada Saudade de Népo- es, que estampava um bambino de perfil similar a0 do menino jornaleiro. Na seqiléncia, resultavam como locais de consumo, as boticas, as barbearias, (0s cafes, as associacaes culturais, recreativas © clubes de toda ordem; nao exatamen- te pela venda, por vezes garantida tio-s6 ao propriecério do estabelecimento, mas pela Icitura por piblico maior, derivada da froqiigncia didria de usuarios. Em contrapartida, aqucles estabelecimentos tinham sua fregucsia ampliada ¢ concor- rida, quando o periddico Funcionava como chamariz para a clientela. Todavia, entre os espagos criados pela agitada vida urbana da Capital, aquele dos hotéis figurou como referencial do estigio cosmopolita da Paulicéia, onde as revistas ¢ 0s jornais eram procurados ¢ avidamente consultados. A partir de 1900, 0 aumento € sofisticagao dos estabelecimentos horeleiros conferia & cidade aren- dimento de primeira ordem para usuarios diversos, desde héspedes em trinsito a personalidades locais, que privavam de seus restaurantes categorizados ¢ demais servigos. Entre estes, a possibilidade para figuras ji credenciadas desfrutarem da Jeirura de jorn: ios ¢ revistas espalhados pelos salées, revistas que também anunciavam as melhorias do ramo. O antigo Hotel de Franga, na Libero Badaré, comunicava que aumentara seus comodos; 0 Grande Hotel tinha como rival 0 Grande Hotel Paulista, na rua Boa Vista com a Sao Bento; em 1920, 0 Grande Hore! Rotisserie Sportsman superava a todos, preferido pelo governo para ban- quetes ¢ comemoragies. Diga-se que nio s6 0s hotéis de Sao Paulo absorviam tais publi \sBes, mas a rede ampliada que se estendia pelas cidades do trajero da ferrovia, os tradicionais horéis de heira de esta . os preferidos dos caixeiros- viajantes. E mais, Revistas brasileiras espalharam-se pela rede horeleira interna- cional, distribuidas naqueles estabelecimentos de agrado da elite econdmica em constante sejour pelas capitais do mundo. Na primeira década do século, a Sao Paulo Magazine, com sede na elegante praga Antonio Prado, trazendo a legenda “brasileira ¢ universal”, atingia os mais 16, Bort Rosey: Sie Palo, 190, Sao Paulo, CPO, 1990, 17, AAS Revita dv Tenents, Sio Paulo, ILS, a 12 opaque)» 0x0) Judo pelo Coméreio afamados hotéis da Europa, enderecos da alea bu:guesia em prolongadas esta- das no exterior, especialmente durante a entressafra do café. No rastro da Sito Paulo Magazine, 0s enderecos daquela preferéncia, estabelecimentos graduados até 0 presente: Lal em Lisboa, no Avenida Palace; no Porto, Hore! Braganga; em Madvid, Hotel de La Paix, em Bordéus, Grand Hotel de France em Paris, Granal Hotel, Cecil Hotel, Savoy Hotek em Marselha, Hotel de Noailles, em Milao, Hotel Cavour, em Roma, Excebior Hotel, Gran- de Hotel, Hotel Quirinak. em Napoles, Grande Hotel, em Berlim, Bristel Hotel, Roma Hotel, Kaiserinf. Hamburgo, Hamburgerhof em Zurich, Hetel Bellevue, Hotel Bauer Au Lac, em Viena, Zacher Hotel, Hotel Bristok em Budapest, Hungarian Hotel Confirmando o poder de divulgagao do periodismo, firmas comerciais de ex- pressio no mercado paulistano idealizaram revistas que, em tiltima instincia — entre poemas, crénicas, sonetos ¢ charges -, resultaram em veiculos efetivos de propaganda de seus negécios. O retorno de piblico propiciado pelo drgio pu- blicitério justificava sua distribuisdo gratuita, A solugdo engenhosa e rentével am- jou os pontos informais de distribuicio, atingindo saguoes de seats ¢ balies de lojas. Desde 1902 foram distribuidas gratuitamente A Ajave, revista Tiversiria, © A Tarquez, humoristica; em 1903, A Esperanga, 0 Jornal da Tarde © a Arte ¢ Sport, este tiltimo, semandrio de reclame, com tiragem de 5.000 exemplares, de proprie- dade de Conrado Egisto Pucciarelli, diretor proprietério do teatro O Lirico: em 1906, O Bromofirmio, do Chaves Laboratério ¢ Farmacia Santa Cecilia. A revista Variedades era distribuida gratuitamente no Brasil Cinema, na Bardo de lraperi- ninga, no Teatro Marconi, na rua Correa de Mello, no Iris Teatro, no Gasémerro, 10 Bocaitiva, no Roma Teatro, na Barra Funda e no Eldorado loc trito Triangle, em 1908, A Paulicéa, também gratuita, era érgio de publicidade da “grande” Fabrica a Vapor de Biscoitos Finos ¢ Conservas Alimenti Na década seguinte, duas publicagées no género, com tiragem de 5.000 exemplares, confirmavam o sucesso da formula: O Eco, da Casa Edison, em 1915 ema, na Quir is de freqiiéncia popular, pontos considerados distantes do consagrado e res- ¢ O Ypiranga, do Laboratério e Farmacia Ypiranga, em 1919. J4 no século XX, a figura do agente, delineada em algumas empresas periédi- cas, concretiza-se a servigo dos principais érgaos. O Album Imperial, de 1906, 18, Sao Paulo Magazin. op. cit. 1906... 2 além de anunciar a venda nas livrarias Garraux, Laemmert, Francisco Alves, Ci vilizagio e Magalhies, acrescentava: {..] petcorte as linhas paulista, sorocabana ¢ ituana o Sr. Joaquim Luiz, Cie representantes; Santos, Botucatu, Piracicaba, Uberaba, Carlos do Pinhal, Belo Horizonte, Santa Rita do Passa Quatro, Jacarei, Santa Cruz da Estrela e Sio José do Rio Pardo” lades com indamonhangaba, Guaratinguetd, antincio da chegada de “representante” se intensificou nas paginas perié- dicas, até como medida preventiva, evitando que elementos estranhos se apre- sentassem naquela funcio. Em 1920, a So Paulo lustrade, com direcio de ‘Anibal Machado, adiantava a viagem de seu agente, formalizando sua atuac: Em viagem de propaganda de So Palo Hlustrada, partié por estes dias para o int percorrondo cm pri dacio Sr. J. B. efecuar recebimentos entabular quaisquer negécios para esta revista. Recomendamo-lo muito especialmente aos nossos amigos do interior”. cito lugar a zona servida pela Mogiana, 0 nosso companheiro de re- ‘igueiredo Sobrinho, que tem aurorizacio nossa para anguriar assinaturas, em Com o passar dos anos, a representagio das sevistas passou a ser modestos pontos comerciais do interior, lojas de armarinhos que vendiam de aviamentes a jornais ¢ revistas; de quebra, se podia tomar a assinatura daqueles periddicos. Aré 0 surgimento dos quiosques e/ou bancas de revistas, na virada dos anos trinta para os quarenta, coube aos representantes, a tarefa de divulgar 0 impresso periddico e “vender” suas assinaturas. 19, Album npr Quinceniro Pole Litera Sio Polo, 1906. 20, Sao Pauls Murad, revita temanal de atuaidade, Sa Past, Oficina de O Eitade de S.Pasl, 1920, 131 oyxayU0) 9 oyvel g Jude pelo Coméreic 237 Ineriveis Estratégias ‘A assinatura ¢ a venda nas charutarias, livrarias, estagies de ferro e hotéis, somadas a figura do agente-tepresentante converteram-se em expedientes corti- queiros de colocasao efetiva do periddico no mercado. Uma ver langado, impor- tava condicionar o leitor ao seu consumo, vincuki-lo as segdes, torné-lo depen- dente do jornal efou revista, garantindo a renovagio da assinatura, a conquista definitiva do cliente leitor. Estratégias de coda ordem foram experimentadas pe- los editores, muitas delas reveladoras do interesse do momento, de valores em curso, de atrativos em voga. As revistas mais s6lidas anunciavam a existéncia de agentes espalhados pelo Estado ou pelo Pais, quando nao pelo mundo, facilitando ao interessado a aqui- sigio individual ow a tomada de assinatura, © expediente foi observado especial- mente no conjunto de revistas editadas na Franga da virada do século, voltadas para o Brasil, dispostas a colocar seus productos no convidative mercado da terra do café. Seus agentes espalhavam-se pelos paises de lingua portuguesa, garani do 2 ampliagio do consumo. O enearte para asinatura na propria revista, com vistas a facilitar 0 pedido, foi dos recursos mais freqiientes. A sdlida Frmice-Brésil procedeu nesse sentido, solicitande apenas o endereso para remessa do exemplar, simplificando ao méxi- mo a operagio, que se completaria através do envio de vale-postal. A mais eficiente nese propésito foi Chicaras e Quimais. Fm suas primeiras paginas sucediam-se varias opcSes para assinatura, facilitadas pelo prospecto encartado, com apelos aliciantes que confirmavam a exceléncia da publicagao e acenavam com almana- ques ¢ outros brindes. A redagao bilingite do petidcico, em italiano ¢ portugues, por vezes em fran- cés ¢ portugués, garantia a ampliagio de pablico consumidor, pois a populacao leitora ¢ com habitos de leitura periddica era significativamente representada pe- los estrangeiros das citadas nacionalidades. A distribuigao gratuita anunciada na propria capa vinha como apelo irresist vel Intensificava o consumo e atrafa anunciantes, que acreditavam na efetiva cir- culagao do impresso publi dona publicagio. Com esse propésito langaram-se: A Aljana, A Targuez, A Experanca, O Bromofirmio, Arte e Sport ¢ Nova Cruczada, A solicitasito de artigos 20 grande piblico, como fez A Eschola Publica em 1889, aproximava o leitor ou possivel colaborador do periddico, estimulando sua compra efou assinacura por parte do as io, inves inte as letras, Assim como angariava piiblico a encomenda de verses e soneios para publicidade de produros do mercado, conforme requisitou a revista A Violeta. O recurso de cleigio de vitimas perpétuas, sobretudo de figuras da politica, por meio da sitira e da caricatura, mantinha a curiosidade em alerta permanen- te, vinculando o |. a da ex- ir a uma seriagio de suspense ¢ troga, muito préx pectativa sincopada do folhetim. No Pirralho, esse engenho esteve a cargo de izados do coti- Voltolino ¢ Jué Bananére, responsaveis pela criagao de tipos sa diano da cidade ou da cena politica. Com mais freqi cia se dava contrério, isto é, revistas que rendiam home- nagens aos homens de negécio e politicos do momento, estampando-lhes a foro € magnificando-lhes os feitos, no propdsito tinico de obter recursos para suas publicagdes. Industriais ¢ fazendeiros abastados foram festejados naquele petio- dismo, em exposigées contraditorias de suas obras. No caso dos industriais, en- quanto se estampavam maquinério moderno ¢ amplas instalagdes dos estabeleci- mentos, reproduziam concomitantemente 0 quadro de funcionérios, no qual a presenca do menor operirio constituia-se numa constante. O elogio aos figurdes da industria e comércio era continuo, especialmente se contribuissem em espé- cie para com o periddico, o que era freqiiente. O aniincio de fascteulos para colecionar foi chamarie. corrente, sobretudo quando se passow a estampar nas capas, ou em encartes, forografias de atletas, atores ¢ atrizes do cinema. Mais estratégico ainda, quando a numeragio da revis- ta vinha em ordem crescente, paginagio seriada para formar dlbum, pronta para encadernagio a0 nal da colegao, como se deu em A Créniea, de 1908; ou, como o3x0480) » oprel Judo pelo Coméreio se inferiu do cardter de colegio da Revista dos Educadores, em 1912, cuja nume- racio crescente ininterrupta dificultava a quebra no hébito de adquiri-la. /ris, de Alvaro Guerra, em 1905 anunciava-se como “revista em forma de fasciculos para colegio”, adiantando: [..-] matérias de ocasito devem ser destacadas do texto, quando houver de encadernar A inclusio de indicadorese classificados resultou em atrativo para o periddico Paginas com indicadores comerciais tteis encontravany-se em Tribuna Brasileira, de 1908, ¢ Gavroche, de 1912s servigas de informagao de setores especificos ofe- reclam-se em Revista do Comercio e Industria, como a cotagio da bolsa; na Revise ta Agricola, as dividas do ramo eram sanadas por consaltores especializados. Na Sao Paulo de tantos novos servigos, os horarios, enderesos, pregos ¢ cabelas potencializavam © apelo pat finar-se as paginas do Admanague, publicagio dotada desse carter especifico de ‘1 aquisicao da revista, recurso que acabou por con- balango anual de classificados. Allis, © Admanague acabou por conyerter-se em esvategia de venda da revista, seu instrumento de propaganda, beneliciando-se ambos, em reciprocidade, Exemplo maior, da Chhicanes ¢ Quintais, que anual- mente langava seu disputado Abmanaque Agricola. A publicagio, de ampla dade para o homem do campo, acabava por difundir « revista ¢ vice-versa, uma ver que as respectivas propagandas se estampavam num € noutro periédico. Dascontos em livros elow colegées encartados nas revistas foi recurso de suceso. O proprietario de O Fazendeiro de 1908, Lourengo Granato, autor de obras de 's no mercado por mei avam ao assinante a aquisigio da obra, Nessa mesma linha, causava re- agricultura pritica, colocou de aniincios daquela revista que fa como a divulgaco de livros e/ou “bibliotecas” nas paginas de periddicos de te- miticas afins, como se deu com a Revista dos Educadores, em 1912; em 1915, a Revista do Comércio ¢ Indiistria criou a Biblioteca sobre Assuntos Econimicos, di- vulgando os autores nacionais da érea, facilitando sua aquisigao, conformando a edigao aos interesses ¢ recursos de seus Keitores. No caso das revistas literitias, o antincio de langamente de livros novos foi ve- corrente, resultando aquelas paginas em viirines de livros, um dos raros espacos 21, Sri, Revita Mena de Leas, Ciéncia e Artes dedicada is femlias « mocidade das wcolas, Sto Paulo, Ardea dee Mello, 1905, ane 1.0.1 de publi em periddicos de todo o teor divulgavam-se obras literdrias ou de assuntos perti- nentes aquele publico-alvo. idade para autores nacionais. Aliés, nao s6 em revistas literdrias, mas ‘Ao mesmo tempo, a estratégia do folherim do jornal passou para a revista. O Iangamento de livros inéditos nas paginas da revista periddica, na seriagao do fo- Ihetim, garantia a0 editor maior consumo, enquanto permitia ao autor colocar- se no mercado. O romance A Ilustre Casa de Ramires, de Bga de Queirés, conce- bido especialmente para figurar na Revista Moderna, de Martinho Botelho, foi estratégia premeditada que beneficiou a ambos. Garantiu a receptividade da re- vista e permitiu ao escritor portugués mais um langamento, oportunidade dis- putada também no mercado europeu, mesmo para autor de seu porte. Lima Bar- reto langou sua Floreal, no qual pode publicar os primeiros capitulos de Memérias do Escriviie kaias Caminha. Jao recurso da fotografia motivou uma série de especulacoes comerciais de efeito garantido. Solicitar retratos de criangas para divulgagao na revista tina re- corno rapido, obrigando a compra do periddico pelo inceressado ¢ até sua assinacu- ra, Em 1908, a Ronda se utilizou com sucesso do expediente. Mais atraente ainda, a ampliagdo em 40 x 50 cm da fotografia do leitor, enviada como brinde, como fez A Garoa, em 1921, “incluindo embalagem, registro ¢ porte, podendo o trabalho ser retocado a erayonou sépia”. Em tempos de descoberta evalorizacio da imagem, premiar os leitores com ravissantes gravure, impressas em cores em afamados la- boratSrios europeus, foi solugao experimentada por impressos de capital mais s6- lido, como se inferiu desde 1897, através da Revista Moderna, impressa em Patis. Apelo invaridvel naquele periodismo resultava do ufanismo com que aborda- vam o langamento do 1° nimero, impresses veiculadas, em geral, no seguinte riimero da publicagio, dando conta da sua receptividade na praga e da excelén- cia do novo impresso. Amplamente divulgados, também, os elogios recebidos pela grande imprensa, correntes quando do langamento de cada novo periddico € reproduzidos na propria revista, & guisa de agradecimento. A autovalorizagio da publicagao também foi pratica constante. A Revista de Comercio ¢ Industria, de Olegario Ribeiro & Cia, anunciava-se “a revista de maior circulagao no Bra- sil". A Cigama, de Gelisio Pimenta, em 1914, divulgava seu triunfo, pois “em menos de 2 anos chegou 2 Europa”, Superestratégico O Merctirio, érgdo mensal de propaganda comercial, de 1906, que desafiava o leitor a comprovar pessoal- mente suas tiragens. 2 onal 2yx2qUo0) 240 pelo Coméreio Tudo J um jomal ianque ~ gratis, leirura variada e amena, ilustragées,fatos do més, litera- cura, espléndido folhetim, prémios diversos ¢ oitocentos mil réis em esmolas! [a tiragem € de 60.000 [..] quem quiser comprovar que vi a Tip. Heennies Irmaos na rua do Riachuelo, desde o dis 12 de cada m Do apelo filantrépico a0 concurso literirio, a revista praticamente reunia em uma sb publicacéo virios expedientes de venda da época: Cupom d°O Merctrio: 20 réis em géneros alimenticios que a vista deste pagaremos 20s, pobres da Sociedade Sao Vicente de Paula. [...] Prémio literdrio [garrafas de néctar Beltran] 2 quem nos mandar um final exato para © conto absixo. O final nao deve exceder a cinco inhas ¢ deve ser enviado até 30 de junho & redacao d’O Meretiria [...!°, Acstratégia mais eficaz ¢ modismo de ¢poca, contude, resultou das Competi- ves Literérias elow Concursor. Nas revistas infantis © procedimento foi corrente, Em 1905, O Pequeno Polegar, com diregio de Amadeu Amaral, anunciava com P nal da infimeia®™ Essa consumidor representado pela populacio escolar. Igualmente para a mulher de “des literirias em seu programa; o mesmo fazia em 1906 a revista Nené, jor- iciativa tinha puiblico certeiro e retorno garantido do expressive filo letras, a participagao nos concursos foi um dos caminhos para divulgacio de seus escritos. Os mais diversos temas prestavam-se para aquele fim. De Concusos de Bele- 2a, como se deu em Folha Nova, drgdo de literatura e interesse prblico, de 1910, a0 Concurso de Palpites Politicos, imtensificados em época de eleigBes, quando se enyiava um agente da revista para o interior, provavelmente cabo eleitoral do can- didato representado pelo drgio. Em 1905, a versio paulisea da Ilustrasio Brasi- ursos, contando no jiiri com figuras leira ji anunciara, num s6 ano, cinco & de expressio social, acenando com pri nios atraentes e sugestivos. 1: Mustracto Brasileins de Beleza Infantil, com medalha de ouro em alto relevo, co- misio de senhoras e senhoritas da sociedade paulistana, 20: Teélia Brasil — de amor Filial a senhorita que é mis devora a seus pais, contribu do-thes com seu tribatho, com prémio de 50 libras esterlinas. O jiiri seria presidido por Veridiona Prados 2. O Merce, diego remal de propaganda comercak Sav Paulo, 1996, ano Ie. 2 23. Idem. 24, Noni, jomal dei “i, Sio Paulo, Tip. Meal de F. Canton, 1906, ano Tea. 4 3°: Beethoven, melhor amadora de piano com um piano de prémio, julgado por co- misao de musicistas locais. 4%: Imprensia Paulista, de beleza feminina, cujo prémio seria valieso objeto de arte € 0 retrato do tamanho de uma pigina da Husmagdo, gravade em nosas oficinas. 50: Robustee fica masculine, com premio de arvstica medalha de ouro, compondo 0 juiri presidentes das associagses esportivas de Si0 Paulo”, O Momento, de 1914, trazia cupons para os concursos mais estapafiirdios, nao obstante espharem tipos e priticas sociais em voga naquela sociedad. A COSTUREIRA MAIS BONITA DE SAO PAULO Bo EM QUE CASA TRABALHA, ASSINATURA. E assim sucediam-se os certames, com as indagag6es: a senhorita que melhor danga? O mogo que melhor danga? A melhor Sociedade Recreativa? A melhor Até 0 poeta Ricardo Goncalves, do grupo de Monteiro Loba- marca de cigartos’ to, de tendéncias anarquistas, ganhou concurs promovido pela revista O Pir- los de 1912. Aleance maior rendia 0 Concurw de Campeies de Futebol, conforme promovido ratho, escolhido como o rapaz mais interessante da Paulicéia nos pela A Cigarne Esportiva, em 1917, trazendo encarte com © nome dos candidatos, de ficil proenchimento. Em 1920, Sia Rettlo Hustrado langava 0 Grande Concurso de Palpites para Secresiries de Governo, quando da deigio de Washington Luiz. Todos esses ardis de divulgacio nada mais foram do que ensaios de técnica de venda ¢ propaganda, tentados intuitivament izara da importincia da publ enquanto o comerciante brasi- lade, veiculada em moldes de “propaganda da publicidade”, o anunciante se com- leiro nao se consi profissionais. Apés ani penetrava no slagan ja usado por Egisto Puicarelli, em O Lirico, de 1903: “O re- clame é a vida do comércio!”. Ou aquele, anterior, de 1900, hoje ao dbvio, de O Garote’”, principal anuncia lade: “As casas que anunciam cém mais freguesia, crédito e prosperidade”. Em 1918, a célebre indagacio de Monteiro Lobato, a comerciances de todo 0 Pai nce de loterias da ci “Vocé quer comprar uma coisa chamada revista?”, foi o comego de tudo. 25, Hluaracto Braieira, Sto Paso, abe. 1905. 26. O Momett, Sia Paulo, 1914. 27. O Garo. semandris burriea, Sto Paulo. 1900, an0 1.84 oyxoylo) 2 04x aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is 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Bolttim de Agicultura, 102, 293 Borbolete, A, 16, 172, 174, 317, 373,421, 429, 529 Brasil Aggicols, 269 Brasil Artistico, 186 Bail Isstrado, 209 Brasil Médica 269, 327 Brailes, 539 Broil, Le, 83 Bromoftrmio, O, 122, 235, 238,421, 467 Bruca, 4, 87 Buenadicha em Aor, 159. Cae L173. 400 Gabrigo,41, 61, 78. 22, 406, 407, 421, 427 Cafe, 0,293, 294, 301 Gatseiro Viajente, 225, 244 sia, A, \O4, 372, 374 Camaledo, O, 173 Capital Paulita, 228, 230, $07,427, 442, 486, 500 Lamas y Careta, 98 Caniter, 0.387 Gareta, A, 72. 132, 145, 186, 269 caridade, A, 367 Cutitice, O, 366 Cena Muda, A, 204, 405 Cenéculo, O. 264, 265 Chicaras ¢ Quintais, UA, 228, 231, 237, 239, 280, 298, 299, 301, 302, 467, 558, 560, 565 Chromo, O, 375 Cidade de Braganga, A, 427, 443 Cidade de Sao Paulo, A, 486, 487 Gitweia ¢ Arte, WD. Ciewcias Pais e Medicina Legal 328 Cigana, A, 344, 380 Cigarea Exponina, 221, 231, 242, 342, 344, 347, 348 Cigarea, A, LAL. 4, 156, 195, 207,220, 221, 240, 252, 348, 427, 433, 434, 932, 533 Clima, 71, 419 Cube de Engenharia, 333 Cobibri 0, 825, 443, 467 Colombo, 173 Comarca de Mogi Mirin, A, 827, 443 Combatente, O. 141 Comircio de Sio Paulo, 0. 189, 356, 396, 421, 425, 441, 443, 446, 451, 453, 933 Consitucional de Macaé, O, 425, 443 Cordio, O, 482 Corrio Bresiliense, $2. 48 Correo da Mawhd, 132, 138. 188, 431 Correio da Noie de Campinas, 427, 443 Correio do Pave de Campinas, 827, 443 Correio Nicional, O, 126 Corrio Paulistono, 87, \S2. Y2D, 210, 211 302, 347, 425, 427, 431, 436, 437, 442, $43, 446, 463, 481 renga, A, 358, 360, 365, Criador Panties, O, 123, 220, 269, 295, 486, Cri-Gri, 410, 411 Crisilida, A, 373 . 374, 425, 434, 436, 514 Cronica. A, Crna. A, 366 altura Pltca. 419 Daily News, $0, 227 Daily Telegraph, 227 Destino, 0, 12. Dewoche Zeitung, 126 Dita, O, 118,427, 442 Diabo Coxe, 41, 59, 28. 120 Diabo, 0.104 Diria da Manhst. 427.451 Ditrio de Santor, O, 427. 442 Dirio dos Mensageiros, 8 Diario Mercantil, 0, 423 Didrio Popular 87, \ZLDN1. 436, 437, 467 475, 481, 542 Diirio, 0.442 Dom Quizote, 87, 139, 14S. 269 Domingo, O. 372 Echo Fomographico, 158 Fecha, O. 3, 382, 404, 410, 497, 515, 520, 537, 547 Eco das Damas 372 Eden. 399, 400 eysinoy we seyeiney & & jiee Remissivo de Revistas Consuitadas Eedinburgh Review, 38, 39 Eeducagie, 304, 310, 311, 312,313, 374,427, 463, 467 Fnisio, O, WD. 124. 316 ca, ALB a Piblica, A, 122.238, 304, 306, 307 308, 309, 311, 312, 406 Bfercader, 0.370 sfc Grist, 0.370 Esmeralda, A, 373 Explho, 0, 373 Expenangt, A235 Extagio Teatral, A, 72 Etagio, A, 78,79, 81 Estadinko, O, 218, 439 Estado de S. Paulo, O, $8, 68, 87, 96, 98. 123. 180,133, 13 La 157, Lan. 174, 183, 188, 199, 213, 218, 219, 227, 231, 233, 256, 268, 301, 356, 393, 399, 436, 437, 499, 441, 444, 445, 447, 498, 492, 453, 455, 462, 481, 498, 519, 524 Extandrte Catélien, O, 357, 306 Estrela do Mar, 367 Eu Sei Tudo, 96, 204, 207, 269, 32 Evolusto Agricola. A, 295 ilia, A 373, 467 Eanfla, 126, 204, 205, 458, 475 Faro Paslistano, O, (21s 120 Karo, 0, 358, 959, 360, 362, 366 apa. A (30, LBL 133, 152, 153. 173, 220, 231, 252, 400, 444, 448, 485, 496, 558 Fazendeira, O, \6, 130, 44, 123, 220, 231, 239, 280, 286, 287, 288, 289, 299, 301, 337, 431, 558 Fiat Lue 12 igras & Figures 95. Kim do Sécule. V6, U8 Fischiette, 97 Planme, Lay 72, 103 loreal, 72, 104, 119, 120, 145, 161, 240, 429, 559 Folha Nevis VL. \72s 123, 124,241 Fan-Fon, 72.106, 139. 186, 228, 269, 565 France-Brésil, 91, 231, 237, 931 Frow-Frow, 231 Grog, A, 193.191, 231, 240, 248, 249, 344, 431, 445, 505, $10, 523, Garo, O, 242, 254, 348, 457 Gavrache, 173,239, 344 Gazeia, A, 138, 170, 189, 453 Gacene Aristce, A, 231, 253, 374, 398, 44 Gazeua de Capivari, 446 Gazeua de Noticias, A, 138, 188, 423, 442, 447 Gazexa de Uberaba, A, 27 Gacens do Povs, 211, 427 Gazera do Rio de Janeiro, GT Gazeus Liveriria, 72, 103, 545 Gazeta Midica, 32° Giornale de Letterati, 39 Gli Shia Bianchi, 39% Grinalda, A, 373 Grito do Povo, O, 391, 392 Giuanabars, 61 Guarani, 0, 396, 431, 507 Hacienda, La, 280, 296, 297, 299, 300, 301 “Iu, 342, Wsteaion Francaise, 28, 89, 206 Mustracdo Brasileira, $8. 122. 143, LG 186, 191, 192, 231, 233, 241, 252, 266, 344, 398, 407, 411, 425, 427, 428, 434, 441, 451, 463,467, 531, 561, 363 Iustracto de Sao Paulo, 92. 9, 221, 486, 500, Iustraco Fotogrifice, 504 Museragao Paulsta, A, 92, 131, 1%, 230, 295, 398, 410,486, 519, 532, 533, 535 Império, 400 Imprensa Médica, 383 IndusrialPaulitano, 0.283 Internacional, A, 825, 429, Sih, AA? Iracema, 139. Iris 24, 159, 172, 189, 190, 191, 231,239, 337, 425, 429, 444, 447, 530 Je Sais Tom, 96, Jockey 0.221. 346 ito mais. E uma obra de referéncia que garante 7 Wey tee ieee nee 0s impressos ilustrados seu lugar na histéria da cultura brasileira e na histéria da leitura no Brasil. Res indo © jargio empregado pelas revistas ilustradas da virada do século, este estudo diz, por si sé, “a Fe quese deve”, « Envol la com o texto e contexto das revistas ilustradas, a autora recupera os novos hibitos criados pela cultura do impresso nos tempos da velha Reptblica (1890-1922), atenta a velocidade com que nossa meméria se desmancha no ar. Dai o registro detalhado do tempo de produsio do impresso periédico, dos seus miltiplos ¢ coloridos contetidos que privilegiaram Sao Paulo como “cidade-mercadoria”. ivro nao se prestaapenas a ser lido: é também para folhear ¢ admirar, permitindo-nos um verdadeiro Ear te See cerry ¢ “embalagens da propaganda eda publicidade”. O corpus docum recupera o mercado do impresso, a politica editorial ¢ 0 papel social do periodismo, enquanto de representagio ¢ legitimagao de individuos, grupos ¢ idéias. Direc aa produgio paulistana, © estudo de Ana Luiza Martins assume a forma de um conjunto lidico que torna o livro verdadeiramente I as revistas: “um nareético habitual com que se entretém o Ieitor”. CRUNK ORT eee eo

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