Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
PSICOLOGIA
Relações
Precoces
II
SUMÁRIO
• R.
Spitz
e
a
Síndrome
de
Hospitalismo
• H.
Harlow
–
as
Experiências
com
Primatas
• M.
Ainsworth
e
as
Observações
com
Bebés
Humanos
• A
Importância
da
Resiliência
OBJECTIVOS
Expor
os
contributos
de
René
Spitz,
Harry
Harlow
e
de
Mary
Ainsworth
para
a
teoria
da
vinculação.
Reconhecer
o
papel
insubsUtuível
da
relação
precoce
na
organização
dos
espaços
intra
e
interpsíquico
do
ser
humano.
Explicar
o
conceito
de
resiliência
Jorge
Barbosa,
2009
PSICOLOGIA
Contributo
de
René
Spitz
Spitz
–
A
Síndrome
do
Hospitalismo
Consequências
que
Resultam
da
Perturbação
da
Relação
Precoce.
1. Depressão
AnaclíUca
–
Resulta
da
privação
afecUva
parcial
2. Síndrome
de
Hospitalismo
–
Resulta
de
privação
afecUva
total
e
duradoura.
Spitz
–
A
Síndrome
do
Hospitalismo
Depressão
AnaclíUca.
1. No
princípio
do
Século
XX
a
principal
preocupação
com
as
crianças
era
a
higiene,
nutrição
e
salubridade
dos
espaços.
2. Não
se
reconhecia
qualquer
relação
causal
entre
desenvolvimento
\sico
e
biológico
e
as
roUnas
que
favorecem
os
laços
afecUvos.
Spitz
–
A
Síndrome
do
Hospitalismo
Depressão
AnaclíUca.
3. Foi
Spitz
quem,
pela
primeira
vez
de
forma
clara,
chamou
a
atenção
para
a
Dor
Psíquica
(depressão)
em
fases
precoces
do
desenvolvimento.
4. A
Depressão
AnaclíUca
(Spitz,
1961)
é
a
que
resulta
de
privação
afecUva
parcial.
Spitz
–
A
Síndrome
do
Hospitalismo
Síndrome
de
Hospitalismo.
1. Resulta
da
ruptura
total
e
duradoura
da
relação
afecUva
precoce,
durante
os
primeiros
18
meses
de
vida.
2. Caracteriza‐se
por
atraso
global
de
desenvolvimento
(psíquico,
relacional,
mas
também
\sico
e
biológico).
Spitz
–
A
Síndrome
do
Hospitalismo
Síndrome
de
Hospitalismo.
Os
efeitos
depressivos
do
Hospitalismo
desenvolvem‐se
sequencialmente:
1. No
primeiro
mês
de
separação,
a
criança
abandonada
chora
e
procura
a
proximidade
e
o
conforto
de
outros
seres
humanos.
Spitz
–
A
Síndrome
do
Hospitalismo
Síndrome
de
Hospitalismo.
Os
efeitos
depressivos
do
Hospitalismo
desenvolvem‐se
sequencialmente:
2. No
segundo
mês
de
separação,
o
choro
congnuo
vai
dando
progressivamente
lugar
ao
lamento
e
ao
gemido;
a
criança
perde
peso
e
o
seu
desenvolvimento
psicomotor
é
interrompido.
Spitz
–
A
Síndrome
do
Hospitalismo
Síndrome
de
Hospitalismo.
Os
efeitos
depressivos
do
Hospitalismo
desenvolvem‐se
sequencialmente:
3. No
terceiro
mês
de
separação,
a
criança
evita
o
contacto
humano
e
a
acUvidade
motora;
passa
longas
horas
deitada
(marasmo)
e
sofre
de
insónias.
Jorge
Barbosa,
2009
PSICOLOGIA
Contributo
de
Harry
Harlow
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Experiências
com
Primatas.
Dois objecUvos:
1. Primeiro
ObjecJvo:
analisar
em
que
medida
vínculos
apropriados
em
etapas
adequadas
do
desenvolvimento
da
cria
condicionam
o
comportamento
socioafecUvo
do
adulto.
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Experiências
com
Primatas.
Dois objecUvos:
2. Segundo
ObjecJvo:
provar
que
a
invesUgação
de
primatas
não
humanos
poderia
fornecer
contribuições
importantes
para
a
psicologia
do
desenvolvimento
e
para
a
psicopatologia.
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Experiências
com
Primatas.
Hipóteses exprimentais:
1. A
necessidade
de
conforto
é
uma
necessidade
inata.
2. A
necessidade
de
conforto
e
afecto
cria
um
vínculo
mais
forte
com
a
figura
materna
do
que
a
saJsfação
das
necessidades
básicas
de
nutrição
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Experiências
com
Primatas.
Manipulação Experimental:
1. A
manipulação
experimental
mais
uUlizada
pela
equipa
de
Harlow
foi
a
privação
específica
(o
isolamento
total
ou
parcial
durante
os
primeiros
tempos
de
vida).
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Experiências
com
Primatas.
Observação que dá Origem ao Estudo:
1. “Porque
Unha
perdido
muitos
macacos
Rhesus,
por
doenças
infecciosas,
Harlow
decidira
separar
60
bebés
macacos
da
mãe,
6
a
12
horas
após
o
nascimento,
e
criá‐los
num
isolamento
total.
2. Observa,
então,
que
os
bebés
macacos
se
apegam
às
mantas
que
cobrem
o
chão
da
jaula;
os
que
estão
em
jaulas
nuas
não
sobrevivem
além
de
uma
semana.”
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Experiências
com
Primatas.
Experimentação:
1. “Separa
da
mãe
8
macacos
Rhesus
pequenos
e
cria‐os
em
jaulas,
sós,
com
duas
mães
subs-tutas:
a) Uma
é
um
bloco
de
madeira,
suavizado
com
esponja
e
coberto
de
algodão.
É
desenhada
uma
cara
circular
com
grandes
olhos
e,
no
interior,
uma
pequena
lâmpada
gera
calor.
b) A
outra
é
feita
unicamente
de
arame
mas
também
tem
uma
cara;
esta
úlUma
está
munida
de
um
sistema
de
alimentação
que
termina
numa
teUna.”
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Experiências
com
Primatas.
Experimentação:
2. “Observa
que
os
bebés
macacos
passam
o
seu
tempo,
até
16
a
18
horas
por
dia,
agarrados
ao
subsUtuto
coberto
de
pano.
a) Este
laço
mantém‐se
mesmo
depois
de
longas
separações;
b) Quando
sujeitos
a
uma
diversidade
de
esgmulos
desconhecidos
(...)
começavam
por
se
precipitar
para
a
mãe
de
pano
a
agarravam‐se
a
ela
até
se
acalmarem.”
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Experiências
com
Primatas.
Conclusão:
1. A
necessidade
de
conforto
afectuoso
é
uma
necessidade
não
aprendida;
2. A
saUsfação
da
necessidade
de
conforto
é
mais
forte
do
que
a
saUsfação
da
necessidade
de
nutrição.
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Consequências
da
Privação
Específica:
PRIVAÇÃO
ESPECÍFICA
CONSEQUÊNCIAS
NO
DESENVOLVIMENTO
Isolamento
total
Reacções
de
medo
e
de
fuga
ao
serem
colocados
em
durante
os
três
conjunto
com
outros
indivíduos
criados
normalmente.
Alguns
primeiros
meses
de
morreram
com
anorexia,
mas
a
maioria
sobreviveu,
vida.
aprendendo
e
adaptando‐se
à
nova
situação.
Os
jovens
isolam‐se,
são
incapazes
de
interagir,
abraçam‐se
e
embalam‐se
a
si
mesmos,
mostram
reacções
de
terror
e,
ao
Isolamento
total,
nos
contrário
dos
primeiros,
revelam‐se
inábeis
para
aprender
e
primeiros
tempos
de
para
se
adaptarem
à
nova
situação.
vida,
por
um
período
Ao
chegarem
à
adolescência,
estes
animais
tornam‐se
de
seis
meses.
extremamente
violentos
em
relação
aos
indivíduos
da
sua
espécie,
inclusivamente
em
relação
às
suas
próprias
crias
que
chegam
a
agredir
até
à
morte.
Harlow
–
Experiências
com
Macacos
Consequências
da
Privação
Específica:
PRIVAÇÃO
ESPECÍFICA
CONSEQUÊNCIAS
NO
DESENVOLVIMENTO
O
Isolamento
por
um
período
de
12
meses
(equivalente
a
Isolamento
total
cerca
de
cinco
anos
de
vida
de
uma
criança
humana)
resulta
durante
os
doze
em
apaUa
e
indiferença
completa
em
relação
aos
outros
primeiros
meses
de
indivíduos,
ou
seja,
em
ausência
de
qualquer
comportamento
vida
de
interacção
social
posiUvo
ou
negaUvo.
Jorge
Barbosa,
2009
PSICOLOGIA
Contributo
de
Mary
Ainsworth
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Três
Abordagens:
1. Observações
Naturalistas
–
observação
das
relações
precoces
numa
população
comum
no
Uganda;
2. Estudos
Experimentais
–
planeamento
e
desenvolvimento
de
uma
situação
experimental
designada
“situação
estranha”
em
BalUmore;
3. Alargamento
do
quadro
conceptual
–
inclusão
na
teoria
de
Bowlby
do
conceito
“base
de
segurança”.
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Estudos
no
Uganda:
1. Observou
e
registou
o
comportamento
dos
bebés,
o
seu
processo
de
desenvolvimento
e
respecJvas
aquisições;
2. Observou
e
registou
os
cuidados
maternos
e
as
interacções
mãe‐filho
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Estudos
no
Uganda:
1. Constatou:
a) O
papel
acJvo
da
criança
na
relação
de
vinculação;
b) A
capacidade
dos
bebés
para
discriminarem
e
hierarquizarem
as
diversas
figuras
de
vinculação
c) Que
a
as
mães
fornecem
à
criança
uma
base
de
segurança
que
lhes
permite
a
exploração
do
meio
sem
ansiedade.
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Conceito
de
Base
de
Segurança:
1. O
conceito
de
proximidade
csica
torna‐
se
progressivamente
num
conceito
mentalizado
e
emocional
que
se
associa
ao
de
acessibilidade.
2. Se
a
criança
construiu
uma
base
de
segurança,
pode,
então,
explorar
o
mundo
que
a
rodeia,
confiante
na
disponibilidade
da
figura
de
vinculação.
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Conceito
de
Base
de
Segurança:
Em
condições
normais,
quando
aprende
a
gaUnhar,
a
criança
inicia
pequenas
expedições,
usando
a
figura
de
vinculação
como
base
para
explorar
o
meio
ambiente
que
a
rodeia:
• De
tempos
a
tempos
retorna
à
figura
de
vinculação
para
se
cerUficar
da
sua
presença;
• Se
se
magoar
ou
assustar,
a
exploração
é
interrompida
e
a
criança
procura
rapidamente
a
proximidade
e
o
conforto
da
figura
de
vinculação.
Comportamento
de
vinculação
e
comportamento
exploratório
são
conceitos
interdependentes
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Estudos
Experimentais
(BalUmore,
EUA):
A
situação
experimental
inclui
três
elementos
geradores
de
ansiedade
(variáveis
independentes):
• Local
estranho;
• Interacção
com
uma
pessoa
desconhecida;
• Separação
da
figura
de
vinculação.
• Procedimento
experimental
compunha‐se
de
oito
episódios
de
três
minutos
cada:
implicava
observar
o
bebé,
a
mãe
(ou
quem
a
subsUtuísse)
e
um
adulto
amistoso
desconhecido
da
criança,
numa
sala
de
brinquedos
de
um
laboratório.
• No
decorrer
dos
oito
episódios,
a
criança
experimenta
crescente
ansiedade
e
maior
necessidade
de
proximidade
da
figura
de
vinculação.
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Estudos
Experimentais
(BalUmore,
EUA):
A
situação
experimental
permite
avaliar
o
equilíbrio
(variável
dependente)
entre
vinculação
e
exploração,
através
das
dimensões
de:
• Comportamento
exploratório
do
bebé;
• Funcionamento
da
mãe
como
base
de
segurança
• Reacção
ao
estranho
(na
presença
e
na
ausência
da
mãe)
• Protesto
de
separação
e
comportamento
na
ausência
da
mãe;
• Reunião
com
a
mãe.
As
reacções
das
crianças
foram
minuciosamente
observadas,
registadas
e
cotadas
e
os
episódios
repeUdos
milhares
de
vezes,
afim
de
permiUr
a
idenUficação
de
constantes
comportamentais.
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Conclusões
–
Três
Upos
Principais
de
Reacção:
ESTILO
DE
VINCULAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO
•
O
comportamento
exploratório
evitante
não
parece
ser
afectado
nem
pela
parUda,
nem
pelo
regresso
da
mãe;
• Caso
a
criança
demonstre
perturbação,
é
facilmente
consolada
pelo
desconhecido;
PADRÃO
A
• Quando
se
aproxima
da
figura
de
vinculação
fá‐lo
de
forma
Vinculação
Evitante
hesitante;
(20
a
25%
das
crianças)
• Aprendeu
a
reprimir
os
seus
senUmentos
e
a
sua
necessidade
de
vinculação,
mostrando‐se
autónoma
precocemente.
Predomínio
do
comportamento
exploratório
sobre
o
de
vinculação.
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Conclusões
–
Três
Upos
Principais
de
Reacção:
ESTILO
DE
VINCULAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO
•
A
criança
segura
brinca
e
é
amistosa
com
o
desconhecido
enquanto
a
figura
de
vinculação
está
presente;
PADRÃO
B
• Protesta
com
a
parUda
da
mãe
(choraminga
ou
chora
e
dá
Vinculação
Segura
sinais
de
procurá‐la)
(cerca
de
65%
da
• Procura
conforto
e
proximidade
no
regresso
da
mãe
e
é
amostra)
rapidamente
consolada.
Alternância
equilibrada
entre
comportamento
de
exploração
e
de
vinculação.
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Conclusões
–
Três
Upos
Principais
de
Reacção:
ESTILO
DE
VINCULAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO
•
A
criança
insegura
revela
ansiedade
durante
todo
o
teste;
• Agarra‐se
à
figura
de
vinculação
ao
entrar
na
sala
pela
PADRÃO
C
primeira
vez
e
fica
inconsolavelmente
perturbada
no
Vinculação
Insegura
ou
momento
da
separação;
Ansiosa/Ambivalente
• Manifesta
comportamentos
de
aproximação‐hosUlidade
no
(cerca
de
10%
a
15%
da
regresso
da
mãe
(por
ex.:
pede
colo,
mas,
de
imediato,
luta
amostra)
no
senUdo
de
ser
libertada).
Predomínio
do
comportamento
de
vinculação
sobre
o
de
exploração.
Ainsworth
–
Observação
de
Bebés
Conclusões
–
Três
Upos
Principais
de
Reacção:
Os
esUlos
de
vinculação,
definidos
por
Ainsworth,
nem
sempre
correspondem
a
crianças
concretas.
Pode
acontecer
que
a
mesma
criança
mostre,
em
diferentes
condições,
ou
em
diferentes
momentos
da
sua
vida,
diferentes
esUlos.
Há
também
variações
de
esUlos
de
vinculação
associados
a
diferenças
culturais.
Nenhuma
destas
críUcas
invalida,
no
entanto,
a
tese
central
de
Ainsworth:
• A
noção
de
base
de
segurança
está
inUmamente
associada
às
competências
relacionais
da
criança
e
à
sua
capacidade
exploratória.
Resiliência
Capacidade
de
Adaptação
PosiUva
a
Situações
Humanas
ou
Naturais
Adversas:
Engloba
dois
conceitos
fundamentais:
1. O
risco
–
onde
se
incluem
caracterísUcas
da
personalidade
e/ou
ambientais
2. Factores
de
Protecção
–
(de
ordem
psicológica,
familiar
e
ambiental)
que
permitem
fazer
face
à
situação
de
risco
• Não
há
possibilidade
de
resiliência
se
não
exisJrem,
ou
se
o
sujeito
não
encontrar,
factores
alternaJvos
de
protecção.
Não se esqueça de fazer os exercícios em:
http://jorgedelainho.com/moodle/