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TIPOS DE IDEIAS
A ideia de alma e de Deus são ideias inatas – estão na mente desde o nascimento e
serão desenvolvidas pela razão sem o apoio da experiência. Só as ideias inatas são
claras e distintas.
As ideias adventícias (ideia de Sol ou maçã) são ideias que procedem da
experiência.
As ideias factícias são ideias forjadas pelo sujeito como é o caso da ideia de sereia
ou unicórnio.
Deus acaba por ser a verdadeira “raiz da árvore do saber” porque só a sua veracidade
garante a verdade dos conhecimentos que o sujeito pensante (a primeira realidade a
ser conhecida, mas não a realidade verdadeiramente fundamental) vai constituindo.
DAVID HUME
Encarregou-se de uma profunda investigação sobre a origem, possibilidade e os limites
do conhecimento.
TIPOS DE CONHECIMENTO
A distinção entre impressões e ideias diz respeito aos elementos do conhecimento.
A distinção entre os modos ou tipos do conhecimento:
o Conhecimento de ideias ou Relação entre ideias – proposições cuja
verdade pode ser conhecida por simples análise lógica do significado das ideias
que as compõem. A verdade das proposições que consistem em relações entre
ideias é independente da experiência: são verdadeiras ou falsas a priori, embora
todas as ideias tenham o seu fundamento nas impressões, podemos conhecer
sem necessidade de recorrer às impressões, isto é, ao confronto com a
experiência. As definições e proposições lógico-matemáticas são exemplos.
(Ex.: o triângulo tem 3 lados.) Tais conhecimentos são tautológicos, ou
seja, as proposições lógicas e matemáticas não dão novas
informações porque o predicado diz, implicitamente, o mesmo que
o sujeito.
o Conhecimento de factos – proposições cuja verdade só pode ser conhecida
mediante a experiência, isto é, temos de observar o mundo dos factos para
verificar se elas são verdadeiras ou falsas. Ex.: “Este martelo é pesado.” É um
juízo cujo valor de verdade não pode ser decidido pela simples inspecção a
priori, ou seja, temos de a confrontar com uma verificação experimental
elementar, isto é, a sua verdade ou falsidade só pode ser determinada a
posteriori.
Além da forma de determinar a sua verdade (a priori num caso; a posteriori noutro),
há uma diferença importante entre a relação entre ideias e os conhecimentos de facto:
ao contrário das relações de ideias, não há qualquer contradição na negação de um
conhecimento de facto. As proposições de facto podem ser verdadeiras mas é
possível que venham a revelar-se falsas.
PROBLEMA DA CAUSALIDADE
Todas as nossas ideias derivam de uma impressão sensível. A toda e qualquer ideia
tem de corresponder uma impressão porque as ideias são imagens das impressões. Do
que não há impressão sensível não há conhecimento. – Conhecimento de factos.
1. Observação de um facto: duas bolas de bilhar chocam. (conjunção
constante entre (A) e (B), que (B) sucede a (A).
2. Análise do Fenómeno:
Como consequência da conjunção constante ou sucessão regular de
(A) e (B) nasce na nossa mente a ideia de relação causal ou conexão
necessária. Dizemos então: Sempre que se dá (A) acontece (B).
Assim, pensamos que acontecendo (A) não poderá deixar de
acontecer (B). Quando dizemos isto estamos a falar de um facto
futuro. É aqui que Hume diz que ultrapassamos o que a experiência – a
única fonte de validade dos conhecimentos de facto – nos permite. Para
Hume o conhecimento dos factos reduz-se às impressões actuais e
passadas. Não podemos ter conhecimento de factos futuros porque
não podemos ter qualquer impressão sensível ou experiência do que
ainda não aconteceu.
A ideia de relação causal, de uma conexão necessária entre dois
fenómenos (“sempre foi assim, sempre será assim”), é uma ideia da qual
não temos qualquer impressão sensível. Como o critério de verdade de
um conhecimento factual é que a uma ideia corresponda uma
impressão sensível, não temos legitimidade para falar de uma relação
causal entre dados da nossa experiência.
3. Conclusões:
Nós inferimos uma relação necessária entre causa e efeito pelo facto de
nos termos habituado a constatar uma relação constante entre factos
semelhantes ou sucessivos. É apenas o hábito ou costume que nos
permite sair daquilo que está imediatamente presente na experiência
em direcção ao futuro.
A constante relação de contiguidade espacial e de prioridade temporal
entre os fenómenos A e B levam a razão a inventar uma conexão que
ela julga necessária, mas da qual nunca teve experiência.
A crença na ideia de causalidade tem um fundamento não racional. Tal
ideia não deriva da razão, mas de factores psicológicos – a vontade de
que o futuro seja previsível e, logo, controlável.
O principio de causalidade, considerado um princípio racional e
objectivo, nada mais é do que uma crença subjectiva, o produto de um
hábito, o desejo de transformação de uma expectativa em realidade.
Ideia de causa – a ideia de que há uma conexão necessária entre dois ou mais
eventos.
o Não há nenhuma impressão sensível da qual derive a ideia de causa.
o Contudo, observamos:
1. a contiguidade espacial;
2. a sucessão temporal e;
3. a conjunção constante entre dois fenómenos e chamamos causa ao que
precede e efeito ao que sucede.
o Ao observar que algum evento (A) tem até agora sido sempre sucedido pelo
evento (B), acreditamos que da próxima vez que ocorrer (A) sucederá (B).
Acreditamos que o futuro será igual ao passado.
o Da observação desta constante conjunção como formamos a ideia de causa?
1. Há um poder secreto na causa que faz com que o efeito lhe
suceda? Talvez, mas não o podemos observar.
2. A memória só nos dá informações sobre os acontecimentos
particulares que recordamos. Não nos diz que podemos esperar que a
mesma coisa aconteça outra vez.
3. Utilizando o raciocínio dedutivo? Não, porque não é contraditório que
(B) não suceda a (A).
4. O raciocínio indutivo? Não podemos afirmar que o futuro será como o
passado utilizando o raciocínio indutivo porque este assume que o futuro
será como o passado. Seria dizer que sabemos que o futuro será como
passado porque no passado o futuro era como o passado.
o A ideia de causa não deriva da observação de algo nos fenómenos, mas do
desenvolvimento de um costume ou de um hábito mental (desenvolvemos o hábito
de esperar que (B) aconteça mal vemos acontecer (A)).