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A lngua: uma produo social

(...) A lngua produzida socialmente. Sua produo e reproduo fato cotidiano, l calizado no tempo e no espao da vida dos homens: uma questo dentro da vida e da mo rte, do prazer e do sofrer. Numa sociedade como a brasileira que, por sua dinmica econmica e poltica, divide e individualiza as pessoas, isola-as em grupos, distri bui a misria entre a maioria e concentra os privilgios nas mos de poucos -, a lngua no poderia deixar de ser, entre outras coisas, tambm a expresso dessa mesma situao. Misria social e misria da lngua confundem-se. Uma engendra a outra, formando o quad ro triste da vida brasileira, vale dizer, o quadro deprimente da fala brasileira . A economia desumana praticada no Brasil mata antes de nascerem milhares de fut uros falantes. A taxa de mortalidade infantil do Brasil uma das maiores do mundo, a voz de milhares de brasileiros calada antes mesmo de conseguir dar o primeiro choro . Mas alguns ainda conseguem chegar at os dois anos e a apropriar-se de um instrum ental importante, a lngua, a linguagem. Para os sobreviventes comea uma nova luta. Uma boa parte no ter muito tempo para fa lar. No mercado da misria, alguns reais a mais no salrio representaro certamente al guns anos de sobrevida. Por exemplo, segundo o IBGE, 1984, para quem ganha at um salrio mnimo, a es perana de vida de cinquenta anos e oito meses, mas para quem ganha mais de cinco salrios mnimos, a esperana de vida aumenta para sessenta e nove anos e seis meses. Portanto, salrios mnimos a mais representam anos de vida a mais. Vemos que conseguir falar, hoje, j uma proeza fantstica para a multido que no desfruta das ri quezas econmicas (que ela mesma produz). Agora, as perguntas se seguem: esses sobreviventes conseguem mesmo falar ? No meramente grunhir uns sons para suprir necessidades bsicas; falar mesmo, dize r o mundo, suas vidas, seus desejos, prazeres; dizer coisas para transformar, di zer o seu sofrimento e suas causas, dizer o quefazer para mudar, lutar. GERALDI, Joo Wanderley (org). O texto na sala de aula. Ed. tica. So Paulo. SP. 2004 . pg. 10-14)

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