Cartas a um Jovem Poeta
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Cartas a um Jovem Poeta é uma coleção de dez cartas escritas por Rainer Maria Rilke a Franz Xaver Kappus, um jovem militar que aspirava ser poeta.
De 1902 a 1908, Rilke oferece a sua orientação e revela a sua perspetiva sobre viver com incertezas, a superficialidade da ironia, a inutilidade da crítica, escolhas de carreira, a criatividade e a solidão.
Cartas a um Jovem Poeta é, assim, um manual de vida. A arte, disse Rilke ao jovem poeta na sua última carta, é apenas outra forma de vida.
Rainer Maria Rilke
Rainer Maria Rilke was born in Prague in 1875 and traveled throughout Europe for much of his adult life, returning frequently to Paris. There he came under the influence of the sculptor Auguste Rodin and produced much of his finest verse, most notably the two volumes of New Poems as well as the great modernist novel The Notebooks of Malte Laurids Brigge. Among his other books of poems are The Book of Images and The Book of Hours. He lived the last years of his life in Switzerland, where he completed his two poetic masterworks, the Duino Elegies and Sonnets to Orpheus. He died of leukemia in December 1926.
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Cartas a um Jovem Poeta - Rainer Maria Rilke
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Talvez todos os dragões da nossa vida sejam princesas que só esperam ver-nos alguma vez belos e corajosos. Talvez, em última instância, tudo o que nos horroriza
seja o desamparo que requer a nossa ajuda.
cartas a um jovem poeta
cartas a um jovem poeta
rainer maria rilke
tradução de pedro rodrigues
uma marca
info@culturaeditora.pt I www.culturaeditora.pt
–
© Rainer Maria Rilke e Cultura Editora
A presente edição segue a grafia do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Título original: Briefe an einen jungen Dichter
Título: Cartas a Um Jovem Poeta
Autor: Rainer Maria Rilke
Tradução: Pedro Rodrigues
Revisão: Isabel Garcia Pereira
Paginação: Ana Gaspar Pinto
Paginação: We Blog You
Capa e ilustrações: We Blog You
Arranjo de capa: Ana Gaspar Pinto
Edição em papel: outubro de 2020
Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, fotográfico, gravação ou outros, nem ser introduzida numa base de dados, difundida ou de qualquer forma copiada para uso público ou privado, sem prévia autorização por escrito do Editor.
Foi no final do outono de 1902 — estava eu sentado, a ler, debaixo dos castanheiros seculares da Academia Militar Wiener-Neustadt. De tão profundamente embrenhado no meu livro, mal me apercebi de que o único não oficial entre os nossos professores, o erudito e bondoso capelão da Academia, Horacek, se me juntara. Tomou o volume das minhas mãos, observou a capa e abanou a cabeça. «Poemas de Rainer Maria Rilke?» perguntou ele, pensativo. Folheou, depois, aqui e ali, passou os olhos por alguns versos, olhou ao longe, e finalmente acenou afirmativamente com a cabeça. «Então o nosso pupilo René Rilke tornou-se poeta.»
E fiquei a saber do rapaz enfezado, pálido, que os pais, há mais de quinze anos, haviam entregado à Escola Militar Elementar de St. Polten, para que se tornasse oficial. Nesse tempo, Horacek era capelão da unidade, e recordava com tácita precisão o antigo pupilo. Descreveu-o como um jovem plácido, sério, muito dotado, que gostava de se manter à parte, que suportava pacientemente o constrangimento da vida do internato e que passara com os outros, após o quarto ano, para a Escola Militar Superior, em Mahrisch-Weisskirchen. Aí a sua constituição mostrou-se indubitavelmente não resistente o suficiente, motivo pelo qual os seus pais o retiraram da instituição e o mandaram continuar os estudos na terra natal, em Praga. A configuração do seu posterior trajeto de vida já Horacek não sabia informar.
Depois de tudo isto, é facilmente compreensível que naquele mesmo momento tenha decidido enviar a Rainer Maria Rilke os meus experimentos poéticos e a pedir-lhe a sua opinião. Não tendo, ainda, completado os vinte anos e estando no limiar de uma profissão que sentia estar precisamente do lado oposto às minhas inclinações, esperava encontrar compreensão, se junto de alguém, então do poeta que havia escrito Mir zur Feier. E sem o ter propriamente querido, escrevi uma carta para acompanhar os meus versos, na qual me expunha a outro ser humano tão francamente como não antes havia feito, ou depois.
Muitas semanas passaram até me chegar a resposta. A carta, com lacre azul, mostrava o carimbo dos correios de Paris, pesava-me na mão, e mostrava no envelope os mesmos traços belos, claros e seguros em que o texto estava escrito da primeira à última linha. Assim começou a minha correspondência regular com Rainer Maria Rilke, que se estendeu até 1908, e que depois se foi progressivamente perdendo, porque a vida me empurrou para regiões das quais o cuidado caloroso, sensível e comovente do poeta me tinha querido guardar.
Mas não é isso que