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O Crime de Lord Arthur Savile
O Crime de Lord Arthur Savile
O Crime de Lord Arthur Savile
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O Crime de Lord Arthur Savile

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Em "O Crime de Lord Arthur Savile', o protagonista é apresentado por Lady Windermere ao Sr. R. Septimus Podgers, um quiromante, que lhe lê a mão e lhe diz que no futuro ele será um assassino. Lorde Arthur quer casar, mas decide que não tem o direito de fazê-lo até ter cometido o assassinato. Começa por tentar assassinar a sua tia Clementina. Fingindo que é um mero comprimido, Lord Arthur dá-lhe uma cápsula de veneno que ela deverá tomar apenas quando tiver um ataque de azia. Lendo o jornal, algum tempo depois, Lord Arthur descobre que a tia morreu e regressa a Londres para saber se ela lhe deixou alguma propriedade. Mexendo na herança, encontra a pílula de veneno, intocada; a tia Clementina, portanto, morreu de causas naturais, o que o coloca na necessidade de uma nova vítima...
LanguagePortuguês
PublisherKTTK
Release dateNov 30, 2018
ISBN9789897787416
O Crime de Lord Arthur Savile
Author

Oscar Wilde

Oscar Wilde (1854-1900) was an Irish poet and playwright who rose to global fame in the 1880s as a larger-than-life public persona with plays such as The Importance of Being Earnest, An Ideal Husband, and Lady Windermere's Fan. The author of countless brilliant epigrams that form part of our popular lexicon, he was sentenced to two years of hard labor in prison for having relations with men, which ruined his reputation and career. Upon his release he exiled himself in France, where he died penniless. Today Wilde is celebrated as a courageous crusader for free expression, gay love, and anyone oppressed by hypocritical conventions.

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    O Crime de Lord Arthur Savile - Oscar Wilde

    6

    Capítulo 1

    Era a última receção oferecida por lady Windermere antes da primavera. E, mais do que habitualmente, Bentinck House estava repleta de convidados.

    Vindos diretamente do Parlamento, depois de ouvirem a audiência do speaker, chegaram seis membros do Ministério, luzindo entre as suas comendas e grã-cruzes. As senhoras vestiam os mais belos trajes e, ao fundo da galeria dos quadros, encontrava-se a princesa Sofia de Carlsruhe, uma avantajada senhora de tipo tártaro, olhitos pretos e maravilhosas esmeraldas, falando, numa voz surda, um mau francês, e rindo constantemente de tudo o que lhe diziam.

    No salão, via-se uma singular mistura de pessoas: vaidosas esposas de pares do Reino conversavam delicadamente com violentos radicais; oradores populares misturavam-se com céticos famosos; um bando de eclesiásticos perseguia através das salas, como numa pista, uma gorda prima-dona; na escadaria agrupavam-se alguns membros da Academia disfarçados de artistas, e a sala de jantar, por momentos, esteve cheia de génios. Enfim, era um dos melhores serões de lady Windermere, e a princesa demorou-se para além das onze e meia.

    Logo depois da sua partida, lady Windermere voltou à galeria dos quadros, onde um famoso economista expunha, com modos solenes, a teoria científica da Música a um virtuose húngaro, que escumava de desespero. Lady Windermere pôs-se a conversar com a duquesa de Paisley. Estava maravilhosa, com o seu opulento colo de um branco marfíneo, os seus grandes olhos azuis de miosótis e os cachos dos seus cabelos de ouro. Mas d’or pur e não dessa espécie de tom palha-pálido que hoje usurpa o belo nome de louro; cabelos de um ouro como tecido de raios do sol ou embebidos num estranho âmbar; cabelos, enfim, que lhe emolduravam o rosto com um nimbo de santa, com qualquer coisa como a fascinação de uma pecadora.

    Era um belo objeto de estudo psicológico.

    Muito cedo descobrira esta verdade importante: nada se parece mais com a candidez do que a imprudência; e por uma série de alegres despreocupações — boa parte delas inteiramente inocentes — granjeara todos os privilégios de uma personalidade.

    Tinha mudado já várias vezes de marido. Com efeito, inscrevia já três casamentos no seu ativo; contudo, como conservava ainda o mesmo amante, o mundo há muito cessara de murmurar a seu respeito. Entretanto, atingia os quarenta anos sem filhos, mas com a paixão desordenada dos prazeres, que é o segredo dos que se conservam sempre jovens.

    Agora, no salão, olhou com curiosidade à sua volta e, numa voz clara de contralto, perguntou:

    — Onde está o meu quiromante?

    — O seu quê, Gladys? — inquiriu, por sua vez, a duquesa com um estremecimento involuntário.

    — O meu quiromante, duquesa. Já não posso viver sem ele.

    — Querida Gladys, você é sempre tão original... — murmurou a duquesa, esforçando-se por recordar o que seria, na realidade, um quiromante.

    — Vem ver a minha mão, normalmente, duas vezes por semana — continuou lady Windermere — e examina-a sempre com o maior interesse.

    «Meu Deus! — disse a duquesa consigo — deve ser uma espécie de manicuro. Que coisa verdadeiramente terrível! Espero, ao menos, que seja um estrangeiro; será um pouco menos desagradável...»

    — É indispensável que lho apresente — disse lady Windermere.

    — Que mo apresente?! — interrompeu a duquesa. — Quere então dizer que ele se encontra aqui.

    A duquesa olhou em redor, procurando o seu leque de tartaruga e o seu velho xaile de renda, como para estar pronta à primeira voz.

    — Naturalmente que está aqui

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