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A Viúva e o Testamento
A Viúva e o Testamento
A Viúva e o Testamento
Ebook397 pages5 hours

A Viúva e o Testamento

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About this ebook

Quando Tess Kingston se torna tragicamente viúva no dia do seu casamento, os misteriosos segredos de seu marido fazem dela a número um na lista de suspeitos de seu assassinato. Ela recorre ao brilhante advogado, Hudson Marks, para encontrar a evidência que a inocentará e a salvará do verdadeiro assassino, tudo isso enquanto tenta processar sua dor e perda. Mas quando conhece o irmão dele, Ford, o investigador bonito e sexy, inesperadas faíscas surgem entre eles. Será que ela irá encontrar o amor? Justiça? Ou ambos…

LanguagePortuguês
PublisherJ.A.
Release dateMay 23, 2018
ISBN9781507183885
A Viúva e o Testamento

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    A Viúva e o Testamento - J.A. Thomas

    A Viúva e o Testamento

    J.A. Thomas

    ––––––––

    Traduzido por Caroliny B. A. Dellaparte 

    A Viúva e o Testamento

    Escrito por J.A. Thomas

    Copyright © 2017 J.A. Thomas

    Todos os direitos reservados

    Distribuído por Babelcube, Inc.

    www.babelcube.com

    Traduzido por Caroliny B. A. Dellaparte

    Design da capa © 2017 James at GoOnWrite.com

    Babelcube Books e Babelcube são marcas comerciais da Babelcube Inc.

    A Viúva

    e o

    Testamento

    ––––––––

    J.A. THOMAS

    Outra obra de J.A. Thomas

    The Widow and the Rock Star (ainda não traduzido)

    Título original: The Widow and the Will

    Tradução: Caroliny B. A. Dellaparte

    Copyright © 2015 J.A. Thomas

    Capa: James, GoOnWrite.com

    Foto da Autora: Chasing Light Photography

    Todos os direitos reservados.

    Primeira Edição do eBook: Setembro de 2015

    Segunda Edição do eBook: Abril de 2016

    A história desta obra é fictícia. Qualquer semelhança dos personagens com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. A autora assume total responsabilidade por quaisquer erros e detém o direito exclusivo sobre este trabalho. É proibido fazer a cópia deste livro sem autorização.

    Este eBook é autorizado somente para o uso pessoal e não pode ser revendido ou disponibilizado a outras pessoas. Se você gostaria de compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, compre uma cópia para cada leitor. Obrigada por respeitar o trabalho duro desta autora.

    Mais informações:

    http://www.jenniferathomas.com

    Súmario

    Dedicatória

    Agradecimentos

    Capítulo 1

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Capítulo 13

    Capítulo 14

    Capítulo 15

    Capítulo 16

    Capítulo 17

    Capítulo 18

    Capítulo 19

    Capítulo 20

    Capítulo 21

    Capítulo 22

    Capítulo 23

    Capítulo 24

    Capítulo 25

    Capítulo 26

    Capítulo 27

    Capítulo 28

    Capítulo 29

    Capítulo 31

    Capítulo 32

    Capítulo 33

    Capítulo 34

    Capítulo 35

    Capítulo 36

    Capítulo 37

    Capítulo 38

    Capítulo 39

    Capítulo 40

    Capítulo 41

    Capítulo 42

    Capítulo 43

    Capítulo 44

    Capítulo 45

    Capítulo 46

    Capítulo 47

    Capítulo 48

    Capítulo 49

    Capítulo 50

    Capítulo 51

    Capítulo 52

    Capítulo 53

    Capítulo 54

    Capítulo 55

    Capítulo 56

    Capítulo 57

    Capítulo 58

    Capítulo 59

    Capítulo 60

    Capítulo 61

    Epílogo

    Conecte-se Comigo!

    Sobre a Autora

    Nota da Autora

    Dedicatória

    ––––––––

    Para Tuesday,

    Eu tinha medo de que um livro tivesse que ser o suficiente. Mas o seu encorajamento, o seu apoio e a sua em mim foi toda a confiança de que eu precisava para continuar.

    Agradecimentos

    Um sincero agradecimento às seguintes pessoas:

    Minha mãe, minha irmã e meu irmão. Vocês me ajudaram de tantas maneiras que, às vezes, nem mesmo perceberam, mas eram gestos valiosos ​​para mim.

    O Write Club, como de costume, foi o combustível para manter o fogo acesso durante todo o processo. O Powerhouse: vocês são as pessoas mais inspiradoras e estimulantes que eu poderia ter encontrado. O que eu faria sem vocês?

    Jason Dandy, obrigada por responder a todas as perguntas relacionadas à advocacia e também por me mostrar quais perguntas não eram específicas da área (mas respondendo mesmo assim). Você está contratado!

    O detetive aposentado Howard Butch Isham e o detetive Kevin Kimm do Departamento de Polícia de St. Clair Shores, os seus conselhos e informações foram inestimáveis ​​para a veracidade desta história. Ainda, ao policial Jeremy Scicluna por responder às perguntas relacionadas à SWAT que eu não teria pensado em perguntar e sou grata por seu conhecimento e experiência.

    Gale Deloney, enfermeira, você foi fundamental com todas as suas pesquisas e conselhos. Obrigada por me ajudar a escrever tudo certo.

    Um agradecimento especial com direito a estrelas de ouro na testa para Bailey K. Perkins e Natalie Rhymer por uma ótima revisão e edição. Vocês foram os cérebros extras nos bastidores. Obrigada por saberem e cuidarem das vírgulas (e muitas outras coisas) para que eu não tenha que me preocupar com isso.

    Capítulo 1

    A marcha nupcial começou a ser tocada e as portas da igreja se abriram como se fossem empurradas pela força do ar que saía das tubulações.

    Jack Kingston prendeu a respiração ao ver sua bela noiva caminhando lentamente em sua direção. Ele não imaginou que Tess estaria tão deslumbrante. Seus olhos azuis estavam brilhantes e se destacavam atrás do véu branco. Seu cabelo loiro em tom de mel, que geralmente ficava solto e ondulado, estava preso em um coque alto com cristais em volta. Talvez fosse todo o fenômeno do casamento, mas Jack não se importava. Ele se lembraria dessa a imagem pelo resto de sua vida. Essa é a minha garota.

    Antes da entrada memorável de Tess, Jack estava conversando nervosamente com o seu padrinho e irmão, David. Ele também cumprimentou as pessoas enquanto elas entravam e se sentavam nos bancos da igreja. Ele perguntou várias vezes a David se ele estava com o anel. Mas a atenção de Jack era atraída o tempo todo para sua mãe que estava com o rosto aflito e pálido. Ela parecia doente, ao invés de feliz, e ele não conseguia entender o motivo.

    – O que houve com a mamãe? – ele perguntou a David.

    David se virou e olhou para a primeira fila à sua esquerda, procurando ver sobre o que o seu irmão mais novo estava falando.

    – Não sei, mas não se preocupe. Ela só está chateada por estar perdendo você, que é o bebê dela.

    Quando o pai de Tess levantou o véu e beijou a bochecha dela, Jack se esqueceu de sua mãe e de todas as outras coisas do mundo. Ao ver os olhos de Tess, todo o seu nervosismo desapareceu. Ele segurou a mão dela e se virou para o padre, Jack sentia uma sensação de paz, pois estava se casando com sua melhor amiga e a pessoa que mais confiava no mundo.

    * * * * *

    – Jack e Tess, em virtude de suas promessas de fidelidade e companheirismo, eu vos declaro marido e mulher – declarou o padre com alegria.

    Tess se inclinou na direção de Jack e colocou as mãos nas costas dele para receber o primeiro beijo de casados. Foi um beijo gentil e breve para satisfazer os convidados, mas foi suficiente para enviar arrepios por sua espinha e fazer os pelos de seus braços se arrepiarem. Os familiares e os amigos aplaudiram e felicitaram o casal, e Tess sentiu uma alegria que não esperava. Ao longo dos últimos dias, ela esteve com receio de continuar com o casamento. Porém, agora, ela pensou que estava tão contente como uma criança no dia de Natal. Talvez fosse apenas um nervosismo antes do casamento. Ela realmente esperava que sim.

    Afastando-se para olhar nos olhos de Jack, Tess sorriu abolhada. Ele deu uma risada e pressionou sua testa na dela.

    – Olá, Sra. Kingston.

    – Olá, Sr. Kingston.

    Segurando firme a mão de Tess, Jack se virou para os convidados. Houve muitos gritos e aplausos, que ficaram mais fortes quando ele ergueu suas mãos unidas. Eles compartilharam outro beijo rápido e, depois, o casal feliz andou rapidamente pelo corredor da igreja. No átrio da igreja, eles se abraçaram de novo e sua felicidade estava no seu ápice. Em seguida, cada um pegou um dos lados da porta para fechá-la e poderem ficar um pouco separados das outras pessoas.

    – Conseguimos e ninguém se opôs ao casamento – brincou Jack, abraçando Tess e girando com ela em seus braços.

    – Não, mas quem iria? Não temos ex-namorados que poderiam aparecer e se oporem – Tess deu uma risadinha e beijou Jack mais apaixonadamente naquele momento de privacidade.

    Jack e Tess deram ordens expressas a suas famílias para deixá-los sozinhos por alguns minutos após a cerimônia. Haveria muito tempo para festejar, tirar fotos, cumprimentar e abraçar os convidados. Eles queriam aproveitar os primeiros momentos de casados para absolver essa nova fase de suas vidas sem ninguém por perto. Eles até incluíram a assinatura da certidão de casamento durante a cerimônia para que pudessem ficar sozinhos.

    Jack dançou com ela em uma melodia que só ele podia ouvir. Seus olhos ternos da cor de chocolate refletiam todo o amor que ambos sentiam naquele momento. Tess mal podia acreditar no quanto ele estava lindo com o seu smoking. Ele estava bem diferente do seu estilo usual com calças jeans e camisetas. Ela olhou para os pés dele e sorriu ao ver o tênis vermelho da All Stars. Ela não teve como discutir quando ele insistiu que os padrinhos e ele usariam sapatos confortáveis.

    – Ah! – Tess ofegou, momentaneamente, e interrompeu a valsa. – Eu me esqueci de mostrar! – Ela deu um passo para trás e levantou a bainha de seu vestido de noiva. Para fazer uma surpresa, ela também colocou seu tênis All Stars favorito. É claro que eles foram personalizados com a cor branca, bolinhas pretas e laços vermelhos para combinar com Jack.

    A familiar risada de Jack encheu a pequena área, ele levantou a mão e disse:

    – Incrível, querida!

    Enquanto ela levantava sua mão na direção da dele, Jack parou abruptamente de rir. Seu rosto assumiu uma expressão perturbada, o que fez Tess congelar.

    – Amor? Qual é o problema? – ela aproximou sua pequena mão do braço dele enquanto observava a cor sumir de seu rosto.

    – Uh! – os olhos de Jack se fecharam e ele engoliu em seco. Quando reabriu os olhos, estes estavam vidrados. Ele deu um passo a frente e caiu no chão.

    Tudo o que Tess conseguiu fazer foi gritar.

    * * * * *

    As mãos gentis de sua mãe e de sua irmã ajudaram Tess a tirar o seu vestido de casamento. Essas mesmas mãos estiveram ao seu lado durante o dia inteiro. A voz abafada de alguém chegou até seu ouvido e, em seguida, uma camisola foi colocada sobre sua cabeça. Ela sentiu a camisola sendo colocada em seu corpo. Tess sabia que fisicamente estava no quarto de infância na casa de seus pais, mas seu cérebro ainda estava na igreja, aproveitando aquele beijo suave. Sua mente ainda estava naquela dança no átrio. Sua cabeça ecoava o som de seu próprio grito.

    – Tess.

    Era a voz de sua mãe. Tess virou a cabeça na direção do som e piscou várias vezes, tentando fazer os olhos se focarem.

    – Querida, tome isso.

    Ruth Langford estava em pé segurando um copo de água em uma das mãos e tinha um comprimido na cor rosa e branca na outra.

    Tess ficou olhando sua mãe por alguns segundos antes de pegar os itens. Ela estava hesitante, mas a voz de Jack surgiu em sua mente. Está tudo bem, Tess. Você pode tomar dessa vez.

    – Vá em frente, querida – encorajou Ruth. – Você precisa dormir.

    Depois de anos obedecendo aos pais, Tess superou sua hesitação e colocou o comprimido na boca. Bebendo um gole de água, ela levantou o queixo e engoliu o remédio. Ruth pegou o copo e o colocou no criado-mudo ao lado da cama.

    Tess não se mexeu. Ela continuou sentada na beirada da cama, olhando fixamente para suas mãos. O anel de noivado de diamante estava na mão direita e a aliança de casamento estava na esquerda. Ela começou a chorar e as lágrimas borraram sua visão, fazendo com que o brilho dos anéis criasse um prisma em torno deles. Eu me esqueci de colocar o anel de noivado na outra mão.

    Ruth esperou um minuto ou mais, depois a segurou pelos ombros e a empurrou gentilmente para deitar na cama. Tess retirou os pés do chão e se encolheu na posição fetal. Sua mãe a cobriu com uma colcha e, em seguida, saiu do quarto sem fazer barulho.

    – Um ataque cardíaco – sussurrou Tess. Um maldito ataque cardíaco.

    Tess tentou fechar os olhos, mas eles estavam doloridos pelo choro e por tê-los esfregado. Com remédio ou não, as imagens horríveis após o colapso de Jack estavam gravadas em sua mente e não teriam permitido que ela dormisse. Depois que gritou, uma confusão de pessoas entrou correndo no átrio. Ela foi levada para longe do corpo de Jack enquanto alguém tentava fazer os primeiros socorros com a reanimação cardiorrespiratória. Várias pessoas ligaram para a emergência pedindo uma ambulância e, depois, houve a espera interminável pela chegada dos paramédicos. As coisas desagradáveis que disse a quem tentou impedi-la de subir na ambulância para ir junto com Jack. A culpa que ela carregava por querer adiar o casamento horas antes da cerimônia.

    Na sala de espera do hospital, ficou sentada aguardando por qualquer notícia que poderia mudar o rumo dos acontecimentos, mas a resposta dos médicos não foi o que se esperava. Muitas pessoas ficaram do seu lado enquanto ela não parava de chorar, pois era incapaz de acreditar que tal tragédia tinha acontecido justamente naquele dia. Ela se lembrou de ter visto sua mãe, seu pai, sua irmã e sua nova família, os sogros e o cunhado.

    Voltando ao presente, Tess tentou chorar em silêncio, mas desistiu quando as lágrimas aumentaram e sua respiração ficou mais pesada, transformando-se em gemidos e lamentos. Ela pressionou o rosto contra o travesseiro para abafar o som, pois sabia, dentro do seu coração, que estava assustando os seus pais, mas não conseguiu parar com aqueles sons horríveis. Finalmente, ela foi dominada pela exaustão e mergulhou em uma piscina de pesadelos.

    Capítulo 2

    Demorou mais de um ano para planejar o casamento e menos de uma semana para fazer o enterro de Jack.

    Capítulo 3

    Um pouco mais de seis meses depois de enterrar o marido, Tess estava na pequena sala de seu apartamento de dois quartos e examinava a montanha de presentes de casamento bem embrulhados sob o sol do início da manhã. Uma camada fina de poeira e alguns pelos de gato cobriam os presentes. O estômago de Tess se apertou, pois sabia que já devia ter devolvido todos. Não importava que sua mãe e sua irmã, Lilly, assegurassem que ela poderia demorar o tempo que precisasse, Tess não podia deixar de se sentir culpada. E se as pessoas pensassem que ela ficou com os presentes e gastou o dinheiro? No entanto, esse medo também não a motivou a se mexer e resolver tudo. Timothy, um gato malhado, apareceu ao seu lado e se enroscou nas suas pernas.

    – Miau.

    Olhando para baixo, Tess suspirou.

    – Eu sei. Tenho que resolver isso.

    – Miau!

    – Se tivesse polegares, eu obrigaria você a fazer isso – murmurou, levantando o pé para coçar a barriga dele. Com o coração pesado, ela se afastou, tentando não se lembrar do horror que foi os últimos meses. Ela se arrastou para o sofá na sala de estar e se deixou cair sobre as almofadas macias.

    A verdade era que qualquer coisa trazia muitas lembranças e a falta que Jack fazia era muito grande. Os dois trabalhavam em casa, ele como freelance de designer gráfico e ela como transcritora na área de medicina. Desde o dia em que se apaixonaram aos dezesseis anos, eles não tinham passado mais do que algumas horas longe um do outro. A história do romance deles era quase como um conto de fadas, eles se conheceram quando tinham oito anos de idade e foi amor à primeira vista, pelo menos, para Tess. Ele parecia com os príncipes das histórias que sua mãe lia, e ela sabia que se casaria com ele algum dia. Mas Jack não tinha tanta certeza. Demorou cerca de cinco anos para ele enxergar Tess como uma garota e não como um de seus amigos. Ah, mas quando ele a notou pela primeira vez, ela adquiriu uma confiança que tanto esperava desde o terceiro ano na classe da Profa. Grabowski.

    Aos dezesseis anos, Jack deu a Tess um anel de compromisso e ela aceitou com muito prazer. Eles eram o típico casal de namorados do ensino médio, participando de todos os bailes e fazendo tudo como um casal. Após a formatura, eles se mudaram e foram para a mesma faculdade, onde se formaram ao mesmo tempo quatro anos depois. Quando voltaram para a cidade natal de St. Clair Shores, eles decidiram morar juntos. Ao se estabelecerem em seus empregos e estarem felizes com suas vidas, eles ficaram noivos com vinte e três anos. E o planejamento era se casarem com vinte e cinco anos e começarem uma família com trinta anos.

    Acabou tudo. Não havia mais nada. Um maldito ataque cardíaco acabou com tudo, porque Jack não conseguia parar de beber aquelas bebidas energéticas. Um problema no coração o tirou de Tess, deixando-a com um coração partido.

    A mente de Tess ficava voltando aos dias antes do funeral, mas era tudo confuso. A única coisa que conseguiu com isso foi continuar na fase da negação. Foi somente quando ela teve que encarar o caixão com o corpo de Jack que o seu estado de negação terminou. A lembrança daquele momento ainda fazia a barriga de Tess doer e a cabeça palpitar. Mesmo agora, as ondas de náusea eram muito fortes como o oceano na maré alta.

    Se não tivesse sido por sua mãe e Lilly, ela poderia ter sofrido um colapso nervoso durante o funeral. Elas tinham segurado sua mão e sussurrado em seu ouvido que tudo ficaria bem. Essas palavras foram repetidas várias vezes até que Tess foi capaz de se acalmar, esquecendo a vontade de gritar e fugir da igreja. Menos de seis dias atrás, seu casamento tinha sido realizado naquela mesma igreja e com o mesmo padre; agora, ela estava lá para o funeral de seu marido.

    Nas semanas seguintes, Tess chorou muito e não comeu, nem dormiu. De repente, houve uma reviravolta e ela começou a dormir o tempo todo e a comer qualquer coisa que estivesse ao seu alcance. Somente o choro permaneceu constante. Sua família deixou que ela lidasse com o luto a sua maneira nos primeiros meses, esperando que se recuperasse sozinha, mas, quando isso não aconteceu, Lilly resolveu intervir. A irmã mais velha assumiu o controle e forçou Tess a levantar da cama, tomar um banho, sair do apartamento e voltar ao trabalho. Lentamente, as coisas começaram a melhorar e Tess finalmente conseguiu se sentir um pouco mais feliz de novo. Ela fingiu se sentir melhor até que realmente sentisse. Fingiu não se sentir solitária até que realmente não sentisse. Agiu como se sua vida estivesse de volta até que realmente estivesse.

    No entanto, a única coisa que não conseguia superar era a culpa. Isso era o que realmente estava matando Tess. Durante várias semanas antes do casamento, ela estava cheia de dúvidas e medo, perguntando a si mesmo se estaria cometendo um erro. Mesmo sabendo que o amava, Tess não podia deixar de sentir que eles estavam se casando só porque era o próximo passo lógico. O casamento era algo que eles haviam sonhado por tanto tempo que mais parecia algo inevitável, ao invés de um desejo mútuo. Em mais de uma vez, Tess pensou em adiar o casamento. Conforme o dia ia se aproximando, o constrangimento de um cancelamento superou o seu medo, porém, mesmo quando estava se arrumando, ela chegou a pensar em não aparecer.

    As dúvidas não eram sobre querer sair com outras pessoas. Ela não achava que poderia encontrar alguém melhor. Tess sabia que Jack era muito mais especial e maravilhoso quanto ela poderia esperar. Porém, não importava o quanto tentasse, ela não conseguia entender qual era o motivo dessa incerteza acerca do futuro.

    Com quem ela poderia dividir todos esses sentimentos? Ninguém. Nem mesmo com a sua irmã. Lilly estava sempre falando que Tess tinha muita sorte e que deveria ser muito grata por ter achado seu príncipe encantado. Tess considerava muito importante a opinião de Lilly, porque sua irmã era a mulher mais azarada do mundo quando se tratava de se apaixonar. No histórico romântico de Lilly, havia um divórcio e também abuso emocional e mental de seu último namorado. Para cada momento perfeito que ela vivia, a experiência de Lilly era completamente o oposto.

    Tess carregava a culpa e a vergonha presas em seu coração, como se houvesse uma algema em volta do pescoço. Todos achavam que ela estava chorando e sofrendo pela morte de seu marido, e realmente estava. Principalmente, porque lamentava não ter feito nada para mudar o rumo dos acontecimentos. Se ela tivesse cancelado o casamento, será que Jack ainda estaria vivo? Teria o estresse de um grande evento e um compromisso sério causado o ataque cardíaco que o matou?

    Essas perguntas nunca seriam respondidas, mesmo que ela estivesse se perguntando isso constantemente desde a noite em que saiu do hospital. Quando deixaria de se fazer aquelas perguntas? Quando finalmente se sentiria normal de novo? Tess se sentia doente e cansada por ter que lidar com um dia de cada vez. Ela queria sonhar com um futuro novo. É claro que nunca deixaria de amar e sentir saudades de Jack, mas queria se sentir feliz e esperançosa novamente. Qualquer coisa seria melhor do que apenas tristeza e luto.

    O miado de um gato ignorado e faminto trouxe Tess de volta ao presente, Spencer estava chamando na entrada da cozinha. Seus olhos amarelos se destacavam no seu pelo escuro e imploravam por atenção. Ela virou a cabeça e viu que a tigela de ração estava quase vazia. Sentindo-se exausta, ela se levantou e foi colocar mais comida na tigela. Timothy resolveu aparecer e se juntou ao miado descontente de Spencer.

    – Sim, já sei. Estou quase acabando. – Eles reclamavam como se não tivessem sido alimentados por vários dias, e Tess despejou a comida de gato na tigela até quase transbordar. No momento em que deu um passo para trás, eles atacaram a comida, ficando com suas cabeças lado a lado. Logo depois, ambos se viraram e olharam para ela como se dissessem: Obrigado, mãe.

    – De nada, garotos – ela respondeu, enquanto os observava comer a montanha de ração.

    Tess respirou fundo e soltou o ar aos poucos. Estava tão cansada e exausta por ficar revivendo os acontecimentos em sua cabeça, fazendo as mesmas perguntas várias vezes ao dia. Ela queria dizer a si mesma para parar com isso, para acabar com aqueles questionamentos, mas não sabia como. Enquanto continuava a observar os gatos, ela pode ver quando Spencer pegou um pedaço de ração, sentou e depois cuspiu. Ao se levantar e se afastar da tigela, ele se sentou em um lugar com sol e começou a lamber suas patas. Logo em seguida, Timothy fez a mesma coisa: deu uma mordida, cuspiu e se afastou para começar o seu próprio banho.

    Ao analisar o que tinha visto, Tess deu um pequeno sorriso. Os gatos ficaram cheios e decidiram parar de comer, mas parecia que eles não pensaram muito sobre aquilo, apenas agiram de acordo com os seus instintos.

    Tess fechou os olhos e visualizou a imagem de Jack, com o seu cabelo castanho e despenteado, seus olhos alegres e seu sorriso bonito. A pontada que sentiu em seu coração não foi igual à sensação penetrante que ela estava acostumada sempre que o imaginava em sua mente. Foi mais como uma dor fraca. Apenas faça isso. Deixe tudo para trás, ela pensou. Tome uma decisão de uma vez por todas.

    Ao abrir os olhos, Tess piscou diante da luz do sol que entrava em seu apartamento e produzia um brilho nos embrulhos dos presentes. Estava na hora. Ela pegou seu celular que estava no balcão da cozinha e mandou uma mensagem para Lilly, pedindo para vir a sua casa, se não estivesse ocupada. Estava na hora de enfrentar essa última tarefa. Tess decidiu que, ao lidar com os presentes de casamento, finalmente fecharia o capítulo sobre seu casamento e sua viuvez.

    Capítulo 4

    Hudson Marks chegou a seu escritório prontamente às sete da manhã, como era de sua prática habitual. Estava vestido impecavelmente com uma calça brim na cor cáqui e uma camisa polo vermelha, mas não precisava usar um terno no escritório naquele dia, embora ele fosse um advogado. Isso porque não havia nenhuma audiência no tribunal agendada e nenhuma reunião com clientes. Hudson gostou do dia tranquilo que iria ter.

    Quando destrancou a porta e entrou no pequeno escritório com dois cômodos e um banheiro, ele levou a mão ao interruptor para acender as luzes. O som de um ronco ecoou no ambiente e ele olhou para o sofá encostado na parede à direita. O seu irmão mais velho, Ford, estava esparramado no sofá, desmaiado, e cheirava a álcool e cigarros. Que droga.

    Suspirando, Hudson soltou a sua pasta de modo que batesse em um dos lados do sofá. Porém, isso não afetou o homem adormecido.

    – Ei! – ele gritou e isso produziu o efeito esperado. Ford bufou e se sentou, assustado. Ele fechou os olhos de novo diante das luzes acesas e colocou as duas mãos na cabeça, gemendo o tempo todo. Hudson sorriu contentemente. Isso é o que você merece, irmão, ele pensou, mas não disse em voz alta. Seu irmão não precisava ser tão idiota.

    – Que droga, cara, por que fez isso? – Ford sussurrou.

    Hudson balançou a cabeça e revirou os olhos.

    – Porque você não deveria estar desmaiado no escritório. Onde você deixou a sua moto?

    Ford esfregou o rosto e a cabeça.

    – Não me lembro.

    – Pelo amor de Deus, Ford – Hudson elevou o tom de voz, fazendo o seu irmão se encolher.

    – Dá um tempo, tá bom? – Ford se levantou bem devagar e tombou para a direita, mas se equilibrou. – Não dirigi ontem à noite, peguei carona com Joe. Ele deve ter me deixado aqui e não em casa.

    – Você acha? – Hudson resmungou enquanto tirava as chaves da caminhonete do bolso. – Você ainda está bêbado?

    Ford abriu um olho.

    – Sim, um pouco, eu acho.

    – Droga – Hudson colocou as chaves de volta no bolso. – Eu ia falar para você pegar minha caminhonete e ir para casa, mas não quero ter você como cliente. Volte a dormir, ainda é cedo.

    Ford o ignorou e se arrastou até o banheiro. Hudson suspirou de novo, pegou sua pasta e atravessou a sala, que era uma espécie de sala de espera com sofá, a mesa da secretária e um pequeno armário que continha a cafeteira, para entrar no seu escritório privado nos fundos. Ele colocou a pasta na cadeira em frente a sua mesa e depois voltou para a área principal. Enquanto esperava que Ford saísse do banheiro, Hudson foi preparar a cafeteira para fazer um pouco de café. Sim, ele estava irritado por encontrar seu irmão dormindo como um bêbado no escritório, mas isso se tornou tão corriqueiro que não poderia realmente ficar com raiva. Apesar de sua tendência em beber, Ford foi bastante responsável por não pilotar a moto quando não estava sóbrio. Hudson preferia encontrá-lo no sofá, são e salvo, do que morto no necrotério ou preso na cadeia. Ele encheu a cafeteira com a água do refrigerador, colocou o pó de café no coador, clicou no botão de ligar e esperou o elixir da vida sair da máquina.

    Passaram-se dez minutos e nenhum som saía do banheiro. Não havia barulho de água e nem de descarga. Quando Hudson ia bater na porta para se certificar de que Ford não desmaiou novamente, seu irmão saiu parecendo pálido e suado.

    – Você vomitou aí dentro?

    Ford olhou para ele e respondeu:

    – Sim, foi mal. Pode deixar que eu limpo.

    Hudson resmungou.

    – É melhor mesmo. – Ele olhou o seu irmão de cima a baixo e balançou a cabeça. – Você está péssimo. Vou chamar um táxi e você pode ir para casa.

    – Ficarei bem. Vou tomar uma xícara de café e depois pego emprestado sua caminhonete.

    – Pouco provável.

    Os irmãos ficaram em silêncio, cada um de um lado da sala, enquanto o cheiro de café fresco encheu o ar, disfarçando o cheiro de desinfetante que vinha do

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